– Bem vindos à Toca. – Morpheu tocou a mão de John – Nossa! Jamais imaginei que você viria aqui. – E tocou a mão de Stephen.

– Qual dos dois?

– Os dois! – Morpheu sorriu. – Meu nome é Morpheu e essa que trouxe vocês é minha namorada Selena. Então, o que os trazem aqui?

John e Stephen se olharam sem entender muito bem o que estava acontecendo ali.

– Senhor. Sou John, esse é Stephen.

– É eu sei. Então, como vai Roger, Stephen?

– Bom... Ele está morto.

John se encolheu como se tivesse levado um tapa no ombro e Morpheu ficou boquiaberto.

– Meus pêsames. – Morpheu suspirou

– Nós queremos saber porque você chamou John aqui.

– Eu chamei? – Os dois ficaram encarando Morpheu, que pareceu pensar por um instante. – Hm, acho que já entendi o que está acontecendo. Selena, por favor, peça para trazerem bebida e comida para nossas visitas. Temo que a conversa seja longa. – Morpheu lançou um olhar pesado sobre os meninos – Sentem-se, por favor. Me contem, o que eu disse à vocês?

John e Stephen contaram tudo à Morpheu, que ficava perplexo à cada palavra que saía da boca dos dois. Foram interrompidos rapidamente quando a comida e as bebidas chegaram, mas logo voltaram ao assunto principal. No fim da conversa, Morpheu serrou os dentes e suspirou profundamente. Os dois visitantes dA Toca não gostaram muito da expressão no rosto do novo amigo.

– Pela descrição de vocês, eu devo ter voltado um, talvez dois meses – Morpheu parecia estar falando mais consigo mesmo do que com os meninos – Descobrir o que é ou o que vai causar essa destruição vai ser impossível. Não sei se consigo fazer uma viagem...

– Morpheu.

– Sim?

– Você pode nos explicar o que está acontecendo? – Perguntou John, ansioso por respostas.

– Sim, claro. Onde estão meus modos? – Morpheu sorriu sem jeito – Eu não sei se você sabem, mas os Seres Do Amanhã, como Roger gostava de chamar, podem expandir seus poderes. Alguns fazem isso com tanta facilidade que acham que são especiais. Bom, de fato são, mas não deveriam se achar melhores do que os outros só por isso. Stephen, você também pode parar o tempo?

Stephen fez que “sim” com a cabeça, um pouco receoso.

– Bom. Isso não é uma habilidade extra. É apenas uma extensão da sua telecinese.

– Como assim? – Stephen perguntou confuso.

– Vamos fazer de conta que o tempo seja um ser vivo, ok? – John e Stephen acenaram com a cabeça – Você simplesmente faz tudo se mover lentamente com a sua mente. É como se você jogasse uma cadeira em mim, só que em câmera lenta, ou simplesmente tentasse mantê-la no ar. Entendem?

– Acho que sim. Mas onde você quer chegar com todo esse discurso sobre nossas habilidades?

– Calma, Stephen, vou chegar lá. Existem pessoas da nossa espécie que tem o poder de persuasão com o toque.

– É, conhecemos dois caras assim. – Disse John tentando poupar mais discursos.

– Ótimo. Aquilo é simplesmente uma extensão da telepatia. A pessoa entra na mente da outra e coloca coisas que não estão lá de verdade. Podendo criar ilusões... Vejam, pessoas como eu e Stephen, não percebem isso, acham que é uma habilidade extra, então não precisam fazer muito esforço para executá-las, mas se alguém como você, John, tentar parar o tempo pode acabar explodindo o próprio cérebro. Não digo que seja impossível, mas...

– Espera... “Stephen e eu”? O que você faz? – Perguntou John, curioso.

– Eu viajo no tempo.

Os meninos arregalaram os olhos simultaneamente.

– Então por isso Cara disse que você estava em dois lugares! O Morpheu que eu vi era de outro tempo. Então é por isso que você me chamou aqui. Tudo faz sentido agora!

John mordeu o lábio inferior tentando controlar a ansiedade que percorria seu corpo. Stephen ficou encarando Morpheu, com dúvidas. Persuasão e parar o tempo tudo bem, mas viajar pelo tempo?

– É uma extensão do teleporte e é a habilidade mais difícil e complicada de se usar. Queria não ter nascido com ela.

– Então porque você voltou? – John o encarou. – Você poderia mudar a história da humanidade. Acabar com essa guerra da Ultra...

– Você acha que eu já não tentei? – Os meninos se assustaram com o tom na voz de Morpheu. Pareceu que John tocara na ferida do grego. – Você tem idéia de quantas guerras civis eu já evitei por aqui voltando no tempo? Você ao menos uma vez parou para pensar que seus atos poderiam formar uma dimensão paralela? Isso parece ridículo, mas às vezes um pequeno espirro pode desencadear uma ordem de acontecimentos inesperados que podem destruir o mundo.

– Desculpe. Eu não imaginava que viagens no tempo fossem tão...

– Insanas? Eu não preciso ler sua mente para saber que agora você pensa assim. – Morpheu suspirou – Agora, qual foi a primeira vez que você me viu?

– Quando eu decidi beijar Stephen.

– Deve ser algo ligado à isso que devemos impedir. - Stephen franziu a testa. Não estava gostando do rumo daquela história. – Talvez o namoro de vocês signifique, ou vai significar alguma coisa.

– Jedikiah poderia usar isso contra Stephen e exterminar os Seres Do Amanhã. Você contou pra alguém que estamos namorando?

– Só para minha tia, minha prima e pra Astrid. Minha mãe e meu irmão estão limpos.

– De qualquer forma, não podemos fazer muito além de formar teorias. Eu teria que ver com meus próprios olhos o que está acontecendo para saber o que fazer.

– Ótimo, vamos com você para o futuro, vemos o que está acontecendo e acabamos com isso de uma vez. – Sugeriu Stephen fazendo tudo parecer simples.

– Temos alguns problemas. O primeiro deles é que, dependendo de quantos dias eu vou viajar, mais cedo eu tenho que voltar. Viajar no tempo me desgasta. Eu fico fraco.

– Isso explica o seu “fantasma”. – Concluiu John – E se Stephen pudesse parar o tempo? Damos uma olhada no lugar e quando vermos um de nós por lá Stephen deixa o tempo correr normalmente, descobrimos com um de nós o que vai acontecer, e voltamos.

– Esse é o segundo problema. Não podemos ser vistos. Coisas ruins acontecem com quem mexe com o tempo.

– Ótimo, então procuramos por você. Se você viajar no tempo e ver você mesmo talvez possamos conversar, porque você saberia que é uma viagem. A sua versão futura pode nos contar como tudo acontece e o que temos que mudar.

– Eu prefiro esse plano. Eu não sei como faço pra pausar o tempo. – Disse Stephen mais tranqüilo, já que, de fato, não sabia exatamente como fazer para parar o tempo.

Morpheu sorriu.

– É o melhor que temos até agora. Não posso ajudá-los sem informações, então, sinto muito, mas vamos ter que viajar. – Morpheu se levantou de um salto – Bom, deixando de lado toda essa conversa chata de ciência, vamos fazer uma festa. Ao filho de Roger e ao cabeção!

– Maldito...

Os três ouviram um barulho de explosão e sentiram a terra tremer. Saíram rapidamente da barraca e viram estalactites caindo e um enorme buraco no “teto”. Dois agentes da Ultra estavam parados ali, observando A Toca do alto.

– Agentes da Ultra. Devem ter me seguido. – Disse Stephen com medo de que Morpheu o considerasse traidor por levar agentes da Ultra até A Toca - Desculpa Morpheu.

– Tudo bem. Vocês estão em condições de lutar?

– Eu estou precisando. Fiquei muito ansioso com toda essa história de viagem no tempo.

– Eu queria evitar, mas estou dentro.

Selena se aproximou rapidamente do namorado e os dois trocaram palavras que Stephen e John não entendiam. Poucos segundos depois a jovem saiu correndo em direção aos outros moradores do local.

– Ela vai abrigá-los na minha barraca, que é mais forte do que aparenta. Enquanto isso, vamos acabar com esses caras.

Morpheu abriu os braços, fazendo John, Stephen e ele mesmo levitarem e passarem através da clarabóia.

Os três “pousaram” no campo acima dA Toca, enfeitado por pedras e flores de todos os tipos. Um dos agentes usava um óculos escuro e o outro portava uma arma.

O de óculos escuro estendeu a mão fazendo o terreno explodir gradativamente até se aproximar dos três, que se teleportaram evitando o ataque. Morpheu desviou-se para o lado, de um tiro do agente sem óculos enquanto o outro levitava Stephen e o “arrastava” para perto. John, vendo a cena, se enfureceu.

– Fique longe do meu namorado! – Duas enormes pedras que estavam ali voaram na direção do agente de óculos, que se desviou teleportando-se.

John o surpreendeu aparecendo do seu lado e enchendo-o com golpes de todas as direções. Sem forças, o homem caiu no chão, com o rosto ensangüentado.

Não muito distante, Morpheu lutava corpo a corpo com o agente, também deixando-o e inconsciente.

Quando percebeu que a luta tinha acabado, John correu para ajudar Stephen a se levantar.

– Tudo ok?

– Estou inteiro. Não sabia que você ficaria assim por mim.

– Ninguém mandou ele mexer com você.

Os dois se beijaram demoradamente e se abraçaram.

Morpheu se aproximou, trazendo os dois agentes neutralizados pelo colarinho.

– Ei, bonecas. Precisamos alterar as memórias desses caras. Alguém disposto a ajudar? Telepatia não é muito a minha “praia”.

– Eu posso tentar. – Sugeriu John. – Sei como os agentes da Ultra pensam, além disso, posso ver o quanto eles sabem e como nos seguiram até aqui.

– Ótimo. Vou deixar isso com vocês então. Vou voltar lá para baixo pra arrumar a bagunça. Depois vou arrumar a festa e amanhã nós viajamos.

Stephen suspirou.

– Uma viagem atrás da outra. Quando isso vai acabar?

John sorriu para o namorado.

Mais tarde, toda a bagunça já tinha sido arrumada. Morpheu deu um jeito de transformar o buraco extra no teto em uma segunda clarabóia, no entanto, mais enfeitada e coberta. Todos festejavam nA Toca, sob as luzes das tochas e do luar.

Morpheu festejava ao lado de Selena e amigos, enquanto John e Stephen estavam sozinhos em uma barraca que Morpheu lhes oferecera, aproveitando os últimos momentos antes de se juntarem à loucura do homem e sua viagem no tempo.

– Você acha que o nosso namoro vai ser a causa de toda aquela destruição que você e Cara viram?

– Não sei.

– Obrigado por me salvar hoje.

– Não foi nada. Tenho certeza de que você faria o mesmo por mim.

– Hm, não sei...

Os dois riram um do outro.

– Eu te amo.

– Eu te amo.

E se beijaram mais uma vez. Stephen puxou John, abraçando-o. Queria senti-lo mais uma vez. Deitaram-se em uma cama de madeira, fazendo-a ranger. Os dois riram do barulho e voltaram a se concentrar nos beijos e nas carícias que faziam um no outro.

Stephen percebeu que John estava excitado e desceu sua mão até a calça do namorado, esfregando-a com força sobre a calça enquanto o beijava. John recebia de olhos fechados com a cabeça inclinada para cima, sentindo-se cada vez mais excitado.

John tirou a camisa e ajudou Stephen tirar a dele também. Pouco depois, os dois tiraram bem mais do que só as camisas, se amando pela noite toda.