Segredos de sangue

Não olhe pra trás


Chris Redfield

Chris Redfield é conhecido por sua competência e personalidade forte, é inabalável em qualquer situação, sempre muito intransigente e leva muito a sério seu trabalho, além de ser muito honrado em suas palavras. No entanto, sua personalidade forte no passado fez com que ele batesse de frente com seus superiores e, por seus desentendimentos constantes, acabou afastado da Força Aérea Americana. Mas, sua capacidade de observação e percepção também fazia dele um grande soldado com ampla experiência em armas de fogo e excelente no combate corpo a corpo. Barry Burton que já conhecia a família Redfield há anos e sabia de suas habilidades incríveis, foi o responsável pelo recrutamento do jovem aos S.T.A.R.S, onde ele ganhou grande destaque em sua equipe, com um desempenho exemplar. E assim, como parte da equipe, ele conheceu Jill Valentine.

Jill Valentine poderia parecer frágil e delicada, mas é só aparência. Sempre durona, corajosa, leal, muito inteligente e decidida, de personalidade forte Jill sofreu pra conquistar seu espaço na RPD. No começo passou por preconceitos tanto por ser a única mulher da equipe, quanto por ser filha do ladrão Dick Valentine. Apesar disso, Jill nunca desistiu de ganhar o respeito e seu próprio espaço dentro do time. Logo, fez amizade com Barry e depois com o recém-chegado Redfield, uma amizade que fortaleceu ainda mais, após os acontecimentos da Mansão Spencer, da qual ambos sobreviveram.

Em 1998, Imediatamente após o retorno da mansão, Chris começou a investigar a Umbrella. Ele enviou diversos relatórios a Brian Irons, relatando as atividades ilegais da Umbrella na mansão Spencer nas redondezas de Raccoon City, porém suas tentativas foram totalmente inúteis, já que Irons recebia subornos constantes da empresa para inibir investigações e encobrir suas atividades ilegais. A Umbrella, em contrapartida, fica sabendo das tentativas de Chris e dos outros membros dos S.T.A.R.S. de incriminar a empresa, e em consequência disso, Chris, Barry e Jill, acabam sendo afastados da RPD e acusados de má conduta.

Sem nenhuma credibilidade, os três parceiros decidiram seguir sozinhos lutando na clandestinidade com o objetivo de desmascarar a Corporação Umbrella. São anos de muita luta incessante até que a Umbrella tem a sua queda definitiva.

E a cada batalha Jill e Chris estiveram juntos, lutando lado a lado, traçando um caminho com muitos perigos e sobrevivendo pra continuar sua luta contra a Umbrella, Wesker e, posteriormente, o bioterrorismo. E com o auxilio de Trent, fundaram a BSAA. Assim, ambos criaram um laço muito forte de confiança, lealdade e um sentimento que ambos, sempre deixaram em último plano, embora sempre existisse uma faísca entre eles. Uma faísca que estava muito visível pra qualquer um ver, mas que eles iriam negar até o fim.

Agosto de 2006

Chris e Jill haviam acabado de retornar de mais uma missão com sucesso e passado o fim de semana com a família Burton, Claire e Sherry. Ambos os ex- STARS faziam parte agora da BSAA que combatia o bioterrorismo pelo mundo.

Naquele fim de semana, tudo tinha sido tranquilo e divertido e tão normal. Por um instante, Chris havia vislumbrado um momento de paz e normalidade que lá no fundo ele sentia falta. Ele aproveitou pra fazer as pazes com sua irmã, a quem ele sempre negligenciava, eles conversaram sobre tantas coisas sobre o Salve Terra, sobre novos sonhos e planos, sobre Sherry que estava decidida a fazer parte da BSAA e nada poderia fazê-la mudar de ideia. Mas, também teve momentos onde ele pode se vangloriar de mais uma missão concluída com êxito e, claro, do orgulho de ter como companheira Jill do seu lado.

Aquele dia ensolarado de domingo iria ficar marcado em sua vida, como a ultima vez que ele sentiu aquela sensação de estar em casa e de normalidade. De sentir como era estar em família sem ter que pensar o tempo todo em missões e mais missões.

Foi também, a sua única chance de se deixar levar por um desejo de ter Jill em seus braços e viver por um instante, a alegria de ganhar essa chance.

"Ambos precisam de um pouco de folga. São muito jovens pra viver apenas em ação, sem um pouco de calmaria. Afinal, todos precisam de um pouco de amor na vida. Mas, principalmente de um pouco de diversão. E dane- se o resto! Só por um momento... Um momento que você tem que fazer valer a pena." Chris ainda se lembrava das palavras que Claire lhe disse mais cedo naquele dia e pensando nisso, ele decidiu seguir o conselho da ruiva.

No momento que se encontrava apenas ele e sua parceira, sem pensar em mais nada ele apenas a olhou no fundo dos seus olhos que refletia o mesmo desejo que lhe queimava por dentro.

"Eu vou fazer valer a pena." Ele murmurou antes de grudar seus lábios nos dela. Um beijo desesperado e avassalador que ela correspondeu com a mesma intensidade. Eles se beijaram várias e várias vezes ousados e apaixonados. Eles se entregaram de corpo e alma, sem pensar no depois. Nos braços um do outro eles se amaram descontrolados naquele quarto que, por muitas vezes, era sinônimo de frio e solidão, mas que naquele momento estava aquecido pelos seus corpos nus unidos e queimando de prazer. Eles se libertaram de suas próprias incertezas, temores e perdas.

Ali nos braços um do outro, eram apenas Jill e Chris, dois amantes que estavam satisfazendo um desejo voraz que havia nascido e se desenvolveu em algo mais forte. Um caminho traçado de respeito, admiração mutua e cumplicidade que havia se transformado em um grande amor. Em que momento isso havia acontecido, ninguém saberia dizer. Porém, foi ali nos braços dela, que Chris havia encontrado sua felicidade.

Uma felicidade que fora rompida abruptamente dias depois...

A partir de informações obtidas por Trent, Chris e Jill descobrem o paradeiro de Ozwell E. Spencer. Os dois se dirigem à mansão em um local remoto da Europa para prendê-lo e aproveitariam para tentar descobrir informações sobre o paradeiro de Albert Wesker.

Os agentes conseguem chegar aos níveis superiores da mansão e encontram o velho Ozwell E. Spencer morto, jogado ao chão ao lado de Albert Wesker. Jill e Chris iniciam um confronto violento contra o ex-capitão dos S.T.A.R.S, mas Wesker é quem leva vantagem com seus poderes sobre-humanos e a luta termina tragicamente quando Jill prevendo o fim fatal de Chris (que já estava muito debilitado) desesperada salta sobre Wesker e cai de uma janela direto para o abismo.

Três meses depois, aB.S.A.A decide encerrar as buscas pelo corpo de Jill e a agente foi dada oficialmente como morta. E a dor pela perda só aumentou e transformou totalmente a vida do soldado. Houve a culpa, o ódio incontrolável por Albert e até ele mesmo por ter falhado com ela.

Março de 2009

O falecimento de sua parceira foi um estímulo para que Chris se envolvesse ainda mais na luta contra o bioterrorismo. Ele se envolveu em tantas operações que logo acumulou mais missões do que qualquer outro membro da B.S.A.A. Ele passou a viver somente para as missões e nada podia detê-lo.

Todavia, um vislumbre de esperança havia chegado até ele, em 2009. Foi durante uma missão em Kijuju ele havia a reencontrado. Wesker estava vivo e havia salvado a agente da queda fatal e durante três anos estava usando Jill como seu soldado, ou uma marionete, sempre controlando as suas ações através de um implante no peito de Jill, que liberava um composto chamado P30. Chris e uma Jill descontrolada sob o efeito do P30 chegaram a travar uma batalha contra o outro, mas no fim Chris consegue destruir o dispositivo que a controlava e, ainda derrotar de vez, Wesker. Ele, então, consegue traze-la de volta pra casa esperando que tudo fosse ficar bem.

Entretanto, os traumas estavam lá pra marca-los pra sempre, fazendo Jill parecer quase insana, capaz de atacar quem ousasse toca-la. Ela estava tão desorientada, tendo pesadelos constantes com Wesker e quando não era ele, era Chris que lhe perturbava a mente durante esses pesadelos terríveis. Ela temia o seu próprio parceiro de longos anos, Jill não confiava mais em Chris. Wesker havia feito um enorme estrago em sua mente, algo que ficaria marcado para resto da vida. E assim, ela já não estava mais apta a estar em campo. Chris havia perdido sua grande parceira leal e forte, sua base de apoio o deixando solitário.

Ela continuou o repelindo, não querendo a sua presença. Então, tudo o que ele podia ter era algumas visitas na base da BSAA, onde ela era mantida em observação constante, mas ele não podia estar perto dela, ou toca-la, assim, se contentando apenas a vê-la de longe. Isso também causou um efeito negativo em Redfield, que sentia culpa e fugia para missões no intuito de dar tempo a ela e, também, afastar seus próprios demônios. Até certo ponto isso foi suficiente até que quando ele retornou de uma missão ele acaba se deparando com outra realidade. Ele havia retornado cheio de saudade e expectativa que, talvez, durante a sua ausência, ela sentisse sua falta e o quisesse por perto pra se sentir segura e confiasse nele de novo como antes. No entanto, nada disso aconteceu.

Carlos Oliveira, o ex mercenário, também sobrevivente de Raccoon City e que havia ingressado na BSAA a pedido de Trent, estava ali com ela lhe dando pacientemente o seu tempo. E, a partir daquele momento, o agente da BSAA viu Carlos se inserir pouco a pouco na vida de sua ex-parceira, ganhando sua confiança e sua amizade, que com o tempo, transformou-se em amor. Um amor que Chris desejou pra ele. Um amor que ele estava disposto a ter nem que pra isso ele abrisse mão de sua posição e das missões pelo mundo, só pra estar com ela.

Mas, ele havia chegado tarde demais. Já não havia mais espaço na vida dela pra ele. E no fim, ele sofreu calado, ele lhe desejou felicidades porque no fim ela merecia isso, mesmo que não fosse com ele. Tudo o que importava era Jill sorrindo feliz e segura, mesmo que não fosse em seus braços.

Ele a deixou ir e tomou uma nova decisão: sua vida agora iria se resumir apenas nas missões que iria cumprir sem parar. Ele deu adeus as suas frustrações e planos bobos pra focar em lutar contra o terrorismo. Sua família agora era seus soldados e sua casa era o campo de batalha e isso era a sua vida, o que lhe fazia feliz. Uma vida que já não tinha tanto espaço para inserir sua irmã ou a família que ela havia construído com Piers Nivans seu cunhado e atual parceiro de guerra. Alguém que só estava aqui ao lado dele nas missões, mais pra mantê-lo na linha e um lembrete doloroso de que Piers o fazia lembrar de suas promessas a Claire, entretanto, Redfield já tinha outras prioridades.

Chris se tornou o capitão da BSAA admirado por seus soldados, obcecado por suas missões e movido por uma promessa:

Nunca mais ele iria falhar. Agora ele seria implacável!

Waiyip - Província chinesa de Lanshiang, Julho de 2013

"Eu não posso continuar fugindo. Eu tenho que encarar a verdade, aceitar a responsabilidade. Essa é a única maneira que eu sempre vou lembrar. A única maneira que eu vou ter a minha vida de volta." Chris diz a Jill ao telefone enquanto ele se prepara pra voltar à luta, depois de seis meses vagando sem sentido.

Os ex-parceiros de guerra agora haviam seguido caminhos diferentes, Chris como capitão da BSAA continuou determinado a lutar contra o bioterrorismo, custe o que custasse, enquanto Jill se casara com Carlos pra viver uma vida pacata e deixar o calor das missões, no passado, embora para a sua surpresa seu marido ainda vinha mantendo segredos dela ao continuar trabalhando clandestinamente para Trent.

"Eu tenho que ir agora." Dizia Chris apressado. "Espero que Oliveira se recupere logo e... se cuida." Jill havia viajado para China ao lado de Piers e Chris para ver seu marido, de lá o casal seria transferidos por um avião particular da BSAA para uma área segura, onde o marido de Jill receberia tratamentos médicos.

Carlos Oliveira que fazia parte também da The Shadows e já tinha trabalha lado a lado com Daryl e até Ada Wong, tinha como sua última missão ser o guarda-costas do diplomata da ONU, mas acabou sendo ferido gravemente por um ataque de um J'avo.

"Tudo bem, você também se cuida. E faça-os pagarem!" Jill diz com um tom sombrio do outro lado da linha se referindo a Neo-Umbrella a responsável pelos ataques bioterrorista tanto na Edonia, quanto em Lanshiang.

"E eu os farei. Vou caçar um por um até chegar a Ada Wong." Após se despedirem ele volta a prestar atenção ao seu redor. Ele se encontrava numa base improvisada aos arredores de Waiyip, onde seus soldados se preparavam pra entrar em ação.

Era hora de acertar as últimas estratégias, Barry Burton também está ali ajudando a planejar toda a missão. O Alfa Team comandados por Redfield tinha como missão dois objetivos: resgatar os membros da ONU que foram capturados e estavam sendo mantidos como refém por bioterroristas no edifício Ace of Spades e, a partir disso, causar uma grande distração enquanto Sherry Birkin com o Beta Team colocariam o segundo objetivo em ação, cuja missão era se infiltrar nas instalações da Neo-Umbrella e conseguir informações importantes sobre o C-Vírus e, também, resgatar Jake Muller.

"Você está pronta pra fazer isso?" Chris pergunta a Sherry enquanto todos já estão em suas posições, prontos pra entrar em ação.

"Sim, capitão. Eu tenho que fazer isso. Ele nos ajudou na Edonia e ainda me salvou daquela criatura horrível comandada por Ada Wong. Se ele quisesse ele poderia ter denunciado minha posição e... talvez, eu já estaria morta ou..."

"Eles poderiam ter capturado você pra servir de cobaia." Chris diz em alerta observando seus soldados aguardando seu comando.

Segundo informações secretas, Jake estaria sendo usado como cobaia por meses pela Neo-Umbrella.

"Bom capitão, você precisa ter mais fé em mim. Assim como todo mundo tem em você." Os dois se entreolham antes de voltar a se concentrar na missão. Alfa Team e Beta seguem para seus objetivos.

Cruzando as ruas, Alpha Team imediatamente acaba em confronto com um J'avo que estava se transformando, o mesmo tipo de BOW que eles enfrentaram na Edonia. Os barulhos de metralhadoras são ensurdecedores, mas nenhuma consegue parar o J'avo que acaba sofrendo uma nova mutação o tornando ainda mais resistente e volátil, atacando todos os soldados que cruzavam seu caminho até que Chris e Piers abrem fogo e consegue dar um fim a criatura. Mais a adiante, aproximando-se do Ace of Spades através dos telhados, Chris e sua equipe conseguiram neutralizar a entrada dos infectados.

Enquanto isso, Sherry entrava em ação, pronta pra resgatar Jake Muller, o filho bastardo de Albert Wesker.

Segundos depois, Chris ao lado de Piers já estavam travando uma batalha complicada com vários J'avos mutados e agressivos até que eles conseguiram acabar com um por um e conseguir resgatar os reféns.

"Capitão Redfield, você voltou?" Diz Trent que estava com uma expressão abatida, mas aliviado ao mesmo tempo por ser resgatado.

"É... tenho umas contas a acertar." Sua voz era sombria e firme fazendo suas palavras soarem afiadas para Piers que sabia exatamente ao que seu capitão se referia.

"Vejo que vocês fizeram um belo estrago." O diplomata diz avaliando todo o lugar cheio de restos mortais.

"Barry está nos esperando em um lugar seguro." Mas, Trent não desejava um lugar seguro. Ele não poderia mais ficar de braços cruzados com o pandemônio que estava lá fora. Mas, principalmente ele tinha que impedir que Mei levasse até o fim seus planos doentios.

Trent tinha que fazer uma difícil escolha. Ele não poderia ficar de braços cruzados enquanto ELAS, iriam se confrontar.

Seus pensamentos são interrompidos quando alguns soldados que estavam aos arredores cuidando do perímetro, retornam dando um alerta de perigo.

A alguns metros dali, as ruas foram dominadas por casulos. Casulos que estavam prestes a eclodir e juntos trazendo uma nova ameaça.

"Mais que merda é essa!" Piers diz tomando a frente do grupo.

"Fiquem em alerta!" O capitão disse tenso a espera de uma nova ameaça.

Repentinamente, as Crisálidas começaram a eclodir...

Catedral de Tall Oaks, Julho de 2013

Quando a passagem secreta sob o altar se abriu, houve sussurros arrepiantes, junto com um cheiro estranho. Cada célula do seu corpo gritava em alerta. Ela sentiu o perigo.

"Se afastem!" Foi a única coisa que Ada disse antes que uma criatura horrenda saísse da escuridão, com sua pele pálida e seus braços e pernas longos e finos.

Ali estava a Lepotitsa com seu corpo coberto por grandes poros que expelem um gás mortal. Ao inalar o gás, a vítima morre instantaneamente e é reanimado pouco tempo depois como um zumbi. Assim, um por um dos sobreviventes que se abrigavam na Catedral foram sendo exterminados e transformados em mortos-vivos sedentos e descontroláveis.

Leon e Roxton se dividiam por ali tentando conter a criatura e os vários zumbis, enquanto Ally ficou encarregada de cuidar da pequena Amber e seu irmão (que a menina havia acabado de reencontrar refugiado na catedral) tendo que se abrigar numa sala no segundo andar sempre em alerta a esperar que Leon conseguisse conter o perigo.

Ada se deixou levar apenas por seus instintos e suas habilidades sobre humanos. Seu foco era destruir a raiz do problema. Ela e Leon travaram uma luta violenta com a criatura e durante o confronto, seus olhos começaram a ficar desfocados, fazendo a espiã ficar desorientada e abaixar a guarda. Ada ainda sentia dores terríveis na cabeça, ela não sabia se era do golpe da criatura ou do vírus que lhe corroía por dentro a fazendo cada vez mais doente e vulnerável. Mesmo, assim, ela não iria fugir da luta.

A única coisa naquele momento que Ada tinha pra se localizar e racionalizar um contra ataque era os sons que se misturavam entre gritos agoniados, os grunhidos dos zumbis, o som das metralhadoras de Roxton, Leon e suas vozes alteradas e, claro, o próprio som estridente da Lepotitsa que continuou vagando desgovernada pela sala, deixando rastros de destruição por onde passava,

"Ada saia daí!" Ela ouviu a voz desesperada de Leon. Ela até podia sentir o chão tremer sob seus pés. A criatura havia voltado pra ela, Ada preparou a sua arma e começou a atirar, mesmo sem visão ela podia sentir algumas pequenas vibrações se aproximando, ela sentia a criatura ali diante dela.

A Lepotitsa soltou um grito estridente horripilante e antes que ela chegasse a tocar na espiã um vulto pairou na sua frente a protegendo e recebendo um golpe fatal.

Seu coração parou por um instante... Naquele momento sua mente viajou para os braços de Leon, onde ela se perdeu em velhas memórias...

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Ela despertou sentindo lábios macios e molhados percorrer sua pele nua, como se estivesse moldando um desenho traçando o caminho para sua perdição. E ela se perdeu nos braços de Leon, seu agente americano, lindo, doce, forte, divertido e sexy. Aquele que parece conhecer cada pequeno detalhe do seu corpo, que sabe como satisfazê-la como ninguém. Logo, ela se encontrava devolvendo os mesmos beijos e carícias com uma fome incontrolável, enquanto seus corpos nus emaranhados se movem numa mesma intensidade e volúpia até chegarem, enfim, ao ápice do prazer. E naquele momento nos braços um do outro eles encontravam um refúgio somente deles.

Um refúgio que fora destruído quando eles confrontaram a realidade.

"Eu te amo, Ada Wong!" Sem vacilar Leon se declarou. Para ele não era apenas luxuria ou paixão o que eles sentiam enquanto seus corpos se entrelaçavam se tornando um, era também um sentimento avassalador que criou raízes. "Eu te amo!" E isso ecoou por sua mente.

Ada se sentiu como um passarinho encurralado entre seus braços. Ela sentiu medo, insegura e, ao mesmo tempo, tão furiosa. Tão furiosa por ele ter quebrado sua regra. Tão furiosa porque suas palavras haviam penetrado tão profundamente suas barreiras e mexido com seus sentimentos a deixando desconcertada. Ela não estava pronta pra isso. Isso era um erro.

Desde o principio tudo foi um erro.

"Não. Fique comigo. Não fuja!" Leon tentou prende-la em seus braços decidido a não perdê-la assim.

Ele estava cansado desse jogo. Cansado de sempre tê-la pela metade, quando ele estava ali se entregando por completo.

"Droga, você estragou tudo. Você quebrou a regra." Ela disse friamente. "Tão ingênuo e estúpido!" Suas palavras eram cheias de escárnio.

E com essas palavras, Ada Wong fugiu desesperadamente. E sem perceber quem havia estragado tudo, quem fora ingênua e estúpida da história havia sido ela.

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Repentinamente, Ada desperta de seus devaneios pra confrontar aquele inferno maldito. Aquele inferno que pouco a pouco, estava sugando uma vida atrás da outra.

"Leon!" Ela gritou desesperada ao pensar que fora ele que havia mais uma vez se arriscado pra salvá-la e, no fim, pagado com sua vida. Por um instante, ela se sentiu perdida, ela não conseguia respirar.

"Eu estou aqui... Vamos!" Até que ela ouviu sua voz trêmula lhe sussurrar e sentiu suas mãos frias a puxarem para si em sinal de proteção e ambos caíram no chão enquanto as vidraças explodiam, seguidos por novos sons potentes e impetuosos retumbando por ali.

Tudo aconteceu muito rápido e a criatura que havia trazido tanto caos e assassinado cruelmente Roxton, fora morta por Daryl que havia feito uma entrada fulminante, mas que no fim foi triunfal.

Alguns segundos depois, Ally se encontrava paralisada olhando o corpo morto de Roxton no chão. Ele havia sido brutalmente decapitado pela criatura ao salvar Ada. Foi por um milésimo de segundos e poderia ter sido a espiã ali no lugar do agente da DSO.

Naquele momento suas habilidades especiais teriam sido em vão.

"Essa foi por pouco." Daryl diz irônico.

"Isso não é divertido." Ada ainda se sentia sob o efeito da adrenalina e das emoções de minutos atrás. Seu coração insensato ainda estava alvoroçado só de pensar no agente americano de olhos azuis.

"Desculpe. Mas, isso poderia ter sido o fim da linha pra ambos." Daryl diz se referindo também a Leon que agora os olhava distante. "Bom acho que já descobrimos como a cidade foi contaminada." Daryl decide coletar partes da criatura morta para ser analisadas mais tarde pela The Shadows.

"Se uma BOW sozinha como esta é capaz de causar um grande caos... Imagina várias delas soltas nos quatro cantos da cidade." Ada diz avaliando os restos do bicho.

"E agora, qual são seus planos?"

"Preciso que você os tire daqui e os leve pra um lugar seguro."

"Sem chance. Minha missão era entrar no meio da batalha e tirar você daqui. Mas, eles..." Daryl faz um gesto na direção dos sobreviventes que se resumiam aos dois irmãos e Ally e Leon que agora se conversavam entre si. "Eles não são problema nosso!" Ada conhecia muito bem Daryl pra saber que o espião nunca seguiria seu próprio conselho.

"Não. Você é a única passagem de saída desse inferno. Eles precisam da sua ajuda. Eu sempre me virei sozinha. Eu sou uma sobrevivente." Ada diz presunçosa. "Você não pode tentar medir forças comigo. Então, vai tira-los daqui."

"Uau, tá agindo igual a Trent." Ada não gostou da comparação, sua expressão se tornou obscura.

"A questão é, você não seria capaz de abandoná-los aqui." Ada diz focando nas duas crianças inocentes, o irmão mais velho segurava Amber em seu colo, a pequena estava aterrorizada. Daryl sabia que já tinha perdido a guerra, aquelas duas crianças eram um lembrete para Ada de sua própria historia com Mei.

"Você também vem comigo. Ou eu vou revelar para o seu querido agente seu segredinho sujo." Eles agora se confrontavam cara a cara.

Leon apenas observa de longe toda a interação da dupla, se sentindo conturbado. Havia uma tensão angustiante pairada no ar.

Na mente de Leon se passava muitas coisas. Ele queria apenas se concentrar e sair desse inferno e correr direto para os braços de Angie, mas havia algo lhe corroendo por dentro. Algo que ele achou que nunca mais pudesse afetá-lo, porém estava ali diante dele de novo.

Por um momento, ele achou que seria tarde demais e ela teria recebido o seu fim, mas Roxton repentinamente havia aparecido ali pra salva-la. Leon achou que a espiã seria morta assim de forma tão brutal, de forma tão inesperada, sem nem uma chance de um adeus. E o que mais o assustava é que ele naquele momento se encontrava tão impotente. Mas uma vez, ele poderia ter falhado.

Leon parecia que podia sentir todos os pesos da morte, seja de Roxton, Ark ou dos sobreviventes que morreram aqui, assim como, o medo de falhar novamente com Ada Wong, não importa se ela era de confiança ou não.

Ela era uma parte essencial pra ele e isso o fazia odiá-la com todas as suas forças. No entanto, por mais que ele quisesse lutar contra o poder que ela tinha sobre ele, mas ele se sentia conectado a Ada.

"Olá, minha pequena borboleta. Sentiu minha falta?" E de repente ele podia se lembrar da voz asquerosa de Wesker assombrando sua mente, a anos atrás, fazendo-o lembrar que a espiã sedutora e fatal, sempre será o seu ponto fraco.