Segredos de Izumi
Capítulo 2 - Dormindo com Miyamura
m 5 horas da manhã e eu já estava em acordada. Ao levantar da cama, fui direto para a sala, onde vi Miyamura espremido no sofá. Coitado. Eu realmente havia ficado com dó ao vê-lo naquela situação desconfortável.
Me senti muito culpada, então resolvi preparar o café da manhã para mim e para ele. Nós precisávamos nos dar bem, aliás, estávamos morando juntos.
Deixei tudo preparado e me arrumei para o primeiro dia de faculdade. Eu estava muito ansiosa!
Chegando lá, tive as boas vindas e logo fiz um amigo. Seu nome era Toru Ishikawa. Ele era muito divertido e responsável... e ainda gostava de advocacia! UAU. O tipo de garoto perfeito para mim.
Ao final das aulas, ele me acompanhou até o meu apartamento. e nos despedimos.
Saindo do céu, cheguei ao inferno.
Quando abri a porta do apartamento, me deparei com Miyamura pelado andando pela casa.
– MIYAMURA????????
– HORI?!?!
Sem pensar, peguei minha mochila e joguei em cima dele. No mesmo instante, ele se espatifou no chão e deu um grito.
– AAAAAAAI, VOCÊ É DOIDA?
– VOCÊ É DOIDO?
Me escondi atrás do sofá e comecei a suar de nervosismo.
– Não foi culpa minha! Eu estava tomando banho e esqueci a minha toalha. Você veio aparecer bem nesse horário, Hori!
– É o meu horário de chegar da faculdade!
Ouvi seus passos correndo para o quarto, e logo depois disso, vi Miyamura se aproximando de mim enrolado numa toalha.
– Desculpa, Hori.
– AAAAAA saia de perto de mim! Olha como você está!
Corri para o quarto e me tranquei lá.
– Hori-san! Você está bem?
Sério mesmo que era o segundo dia com o Miyamura e eu já o tinha visto pelado? Esse garoto é louco.
– Não quero olhar pra sua cara, seu idiota tarado!
– Eu não sou tarado! Eu estava sozinho em casa!
– Argh, eu não quero saber!
– Hori-san, abra a porta, por favor! - ele implorava do outro lado.
Ok, Kyoko. Fique calma. Respira. 1...2...3...
Fui até a porta e a abri.
– Oi - Miyamura ainda continuava de toalha, só que dessa vez estava com um sorriso enorme de orelha à orelha.
Ficamos paralisados depois daquilo. Então resolvi o encarar. Ao fazer aquilo, reparei seus lindos olhos azuis por trás de seus óculos. Seus cabelos eram negros e compridos também. Seu corpo era magro e delicado. Ele parecia um boneco.
– O que foi? - Miyamura perguntou.
– Nada - respondi com vergonha e abaixei minha cabeça.
– Bom, então... Me desculpe, Hori-san.
– Tudo bem. Só dessa vez.
Fui para a cozinha e então resolvi preparar um lanche para nós dois. Miyamura me ajudou e eu fiquei feliz, pois começamos a conversar de uma maneira normal. Até parecia que nada tinha acontecido.
– Você é engraçada, Hori-san.
– Sou? Desde quando?
– Ver você brava desse jeito é bem estranho... E legal. Mesmo não te conhecendo direito, você é engraçada.
– E-eu não sou engraçada! Você me deixa irritada. E falando em conhecer... Nós precisamos nos conhecer melhor, não é?
– O que você quer saber de mim?
– Tudo.
Nós nos encaramos enquanto tudo estava em silêncio.
– Bom... Eu tenho 18 anos. Morava com a minha família em uma cidade pequena daqui do Japão. Ah, e eu também tenho um irmão.
– Me conte mais, poxa!
– Ihhh, você quer saber muito de mim, não é?
– C-claro que não. Eu só preciso saber com quem eu estou morando.
– Bom, eu sou um garoto normal. Gosto de coisas normais.
– Você não estuda? Não trabalha?
– N-não.
– Mas como você está de férias?
– Han... Vamos dizer que resolvi tirar férias de meus problemas.
– Que problemas?
– Menina curiosa você, Hori-san. Precisa melhorar nisso.
– Que idiota! Claro que não!
Por fim, preparamos o lanche e ficamos vendo TV até o anoitecer. Quando a noite chegou, Miyamura já estava se preparando para dormir no sofá novamente.
– Você não vai dormir de novo no sofá, Miyamura.
– Como assim? Claro que eu vou.
– Não vai. É sério. Deixe-me dormir dessa vez aí. Você com certeza está sofrendo com isso.
– Não se preocupe, Hori-san. Você tem que acordar cedo pra aula amanhã. Precisa descansar em um lugar confortável.
– Para com isso! Eu vou dormir no sofá hoje. Vá logo para a cama.
– Não vai não. Tenho que te levar a força novamente?
– Você não irá tocar em mim dessa vez.
Miyamura continuou falando em meus ouvidos, mas eu o ignorei e deitei no sofá. QUE NEGÓCIO DESCONFORTÁVEL!
– Argh, Hori...
– Não toque em mim! Se você fazer isso, eu irei começar a gritar e todos os vizinhos irão acordar.
Então, ele começou a se aproximar de mim. Eu já estava preparada para gritar, mas quando percebi, Miyamura só tinha colocado suas mãos em meus ombros e suspirado.
– Tá bom. Você ganhou dessa vez. Estou indo para o quarto, boa noite.
– Boa noite.
Todas as luzes se apagaram. A sala era muito escura e medonha. Tudo estava em silêncio e minha coluna já estava começando a doer. Era horrível!
Comecei a ficar com medo e com dor. Piores coisas do mundo.
Tentei dormir, mas não consegui. Haviam barulhos no corredor que me perturbavam e aquele desconforto estava me matando.
Não aguentei mais e me levantei do sofá. Abri a porta do quarto e então entrei. Lá estava o Miyamura, dormindo como uma criança.
Pronto, agora é só eu deitar ao seu lado. Ele não irá perceber.
Quando subi na cama, ela fez um grande barulho. Bosta!
– Hori-san?
– M-Miyamura! M-me desculpe!
Eu estava muito nervosa.
– O que você está fazendo aqui?
– Nada! - falei e me afastei da cama.
Ao mesmo tempo, Miyamura segurou minha mão e eu gelei.
– Me solta!
– O que aconteceu, Hori? Você está bem?
– E-eu estou!
– Você está gelada. Quer dormir aqui?
– N-não, eu vou voltar para o so...
Miyamura me interrompeu.
– Relaxa, eu vou pra lá. Sei que deve ser difícil pra você. Foi até mesmo difícil pra mim dormir lá na última noite, imagine então para uma garota delicada e medrosa.
– E-eu não sou medrosa!
Ele então me puxou para a cama e caí em cima dele. Comecei a tremer. Eu estava em cima de um garoto!!!! Não sabia como reagir.
Logo, Miyamura saiu da cama e acendeu a luz do quarto.
– Pronto, já está melhor?
– S-sim.
– Ok. Então eu vou para lá. Fique bem aí, Hori-san.
Ao vê-lo sair, chamei o seu nome.
– O que foi?
– Miyamura... Não quero ver você sofrendo naquele sofá também. Você pode dormir aqui comigo.
– T-TÁ DOIDA? Eu tenho vergonha!
– Eu também tenho! Mas... É uma cama de casal bem grande. Tem espaço de sobra, sem você precisar ficar grudado em mim.
Ele olhava para o chão, meio pensativo.
– Han... Ok.
As luzes se apagaram e senti-o se aproximando de mim. Ele se deitou ao meu lado, um pouco nervoso. Peguei o cobertor e nos cobri. Estávamos dormindo juntos naquela noite, só que um de costas para o outro.
Fale com o autor