Alguém prestando atenção? Não? Sem problemas. Sim? Melhor ainda. Olá. Vim substituir a Mal nesse lance de narração. Todos nós ouvimos a bela história do quarteto “podre até a alma”, que conseguiu se redimir de suas maldades, e se uniram ao lado do bem, onde tudo é arco-íris e blábláblá. Repugnante. Mas, e se eu disser que esse quarteto, um dia, foi um quinteto? E se vocês descobrissem que Mal não era a mais cruel desse grupo? Todos aprendem suas lições em algum lugar. O que eles sabiam sobre crueldade, não foi aprendido em Dragon Hall. Agora, acredito que estejam se perguntando: “Quem é que está dizendo isso?”. Permitirei que conheçam a minha história. Mas não neste momento. O que vocês irão ver agora é como eu saí da Ilha dos Perdidos, e acabei em Auradon...

- HEATHER! – Isto foi um mercador da Ilha, se quer saber. Sim, eu acabei de roubá-lo. Só não sei por que está tão furioso. Como se fosse a primeira vez.

Meu nome é Heather, e eu estou presa nesta ilha, assim como todos os vilões, e suas crias, como somos chamados. Hoje em dia eu trabalho sozinha, acho melhor assim. Mas já tive a minha gangue. Os filhos dos piores vilões da história de Auradon. Há 21 anos, exato, hoje é o aniversário da Ilha dos Perdidos, como se alguém ligasse, o Rei Fera formou os Estados Unidos de Auradon. Claro, hoje também é aniversário das terras douradas. Oh, como pude esquecer? Ah, aqui estamos, a minha bela toca, no meio do pantanal da Ilha. Vejamos, eu tenho aqui comigo umas maçãs meio podres, uma bandeja de morangos pretos e meia melancia... Olha, esta parece até boa. Vou deixar ali no canto e como ela em três dias. Acho que vou ficar com o morango agora. Delícia. Espera, isto é uma carta? E tem o selo de Auradon...

Cara Heather,

Estou, por meio desta carta, convocando a senhorita para frequentar a Preparatória Auradon, através do Projeto Descendentes. Um veículo da escola irá busca-la, assim como a outras três crianças, para que possam conhecer a nossa instituição. Como é de seu direito saber, você terá a companhia dos filhos de Gastão, Capitão Gancho e Anastasia Tremaine.

Agradeço a sua atenção e espero ver todos aqui neste domingo.

Atenciosamente,

Rei Benjamin de Auradon.

Sério? Como se já não fosse punição suficiente eu ter que largar a minha toca de pântano, eu ainda vou ter que ir com aqueles... Perdedores? Quem sabe eles não reconsideram?

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- Nossa! Vamos para Auradon? – Perguntou Anthony Tremaine.

- Não é o que diz aí? – Retorquiu Harriet Hook.

- Só não gostei muito da nossa companhia. – Comenta Gastão Jr.

- Pelo menos o sentimento é recíproco. – Cheguei gente.— É o seguinte, vocês não vão querer ir para Auradon.

- E por que não iríamos? – Questiona Anthony.

- Vocês não são maus? – Todos acenam positivamente. – Então? Veja o que aquele lugar fez com os nossos antigos amigos? Carlos, agora, baba por todo cachorro que ele passa. Jay, argh, trabalha em equipe. Evie, que almejava ter um Príncipe, namora um anão. Um ANÃO. E Mal, que queria tanto conquistar e comandar Auradon com punho de ferro, está junto com o Rei. Pelo menos ela tem algum poder, mas, vejam a que preço? Vocês querem acabar assim também?

- Não. – Disse Harriet.

- Nem eu. – Respondeu Anthony.

- Muito menos eu. – Concluiu Gastão Jr.

- Que bom. Porque os seus pais precisam de vocês. Façamos um acordo. Eu passo o meu comando da Ilha dos Perdidos para vocês três, enquanto eu me arrisco naquele país de, ugh, bondade. Caso eu não me contamine, eu retorno e tiro todos daqui. Se eu não voltar... Vocês já sabem o motivo. – Heath determinou.

- Vejamos, você quer que, no lugar de irmos para Auradon, nós ficamos aqui e teremos o comando da Ilha inteira. – Deduz Harriet.

- Exatamente. Amanhã, antes do pessoal da escola me buscar, eu faço a proclamação. – Ela explicou.

- Ok, mas com uma condição. EU sou o Comandante Supremo. – Diz Gastão Jr.

- Não. Não haverá Comandante Supremo. Serão TRÊS Comandantes. – Ela enfatizou, bufando.

- Ninguém diz Não para Gastão. – Gastão Jr. bradou.

- Cala essa boca, Júnior. – Heather o cortou. - Então, está decidido.

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No dia seguinte...

- Atenção seus bastardos! – Exclama Heather. – Vou deixar algo claro aqui. Estou vazando daqui por um tempo, e, enquanto eu estiver fora, esses três palhaços aqui comigo vão mandar em vocês. E não quero saber de críticas ou xingamentos, ou eu levarei comigo uma coleção de línguas. Essa transferência de comando vale a partir do momento em que eu colocar os meus pés para fora desta ilha. Entendido?

- Sim Heather. – Murmurou a população.

- Como é que é? Vocês me chamaram de quê? – Heath indagou, em tom de ameaça.

- Sim, Vossa Majestade! – Apressaram-se a corrigir a frase.

- Foi o que pensei ter ouvido. Agora, SUMAM! E quanto a vocês três: nada de pegar leve. Se algum deles lhes desacatar, não hesitem em utilizar punições físicas e psicológicas severas. – Falou ela, dando ênfase na palavra final. – Isto inclui os pais de vocês também. Agora, sumam daqui. O carro está chegando.

Uma limusine preta estacionou na frente do antigo castelo de Malévola, agora, atual castelo de Heather. Ela desceu até a saída do castelo, conversando algo com Anthony, onde ela encontrou um motorista de óculos escuros escorado na lateral do veículo e uma cara de quem preferia estar morto.

- Vamos logo. Não tenho todo o tempo do mundo. – Retorquiu ele.

- Primeiro, tira esses óculos porque aqui não bate sol, e não tem filhos de Medusa por aqui. Segundo, aqui não é Auradon, veja como fala comigo. E terceiro, você parece ser a única pessoa fascinante que eu verei naquele local. – Ela rebateu, o analisando.

- Engraçado ouvir o primeiro tópico de alguém que está com um par no rosto. – Comentou sarcasticamente. Olhando as faces apavoradas ao redor, ele muda levemente a postura.

- Se você faz questão, eu tiro. Mas você vai ter que olhar bem nos meus olhos. – Respondeu Heather, com um sorriso maléfico no rosto.

- Ok, ok. Pode ficar. Tanto faz. Onde estão os outros três lacaios? – Ele inquiriu, um pouco amedrontado.

- Mortos dentro de um pântano. Você chama todos nós de lacaios? – Heath respondeu como se fosse a coisa mais natural.

A resposta pareceu assustar o chofer, pois ele não falou mais nada pelo resto do dia. Heather entrou na limusine e eles seguiram para o reino. Durante o trajeto, Heather não pode deixar de reparar em como a cidade era iluminada pelo sol. Isso lhe deu um pouco de dor de cabeça. Mesmo com os óculos, a luz era muito forte. Não melhorou nada a dor quando entraram nos terrenos da Escola, pois havia uma banda tocando uma música totalmente desconhecida. Todos pareciam animados com o fato de que uma vilã estava colocando os pés dentro das terras deles. Lunáticos. Enfim, me ignorem, adoro interferir no meio da narração. Ora, ora. Veja quem veio me recepcionar junto com o Rei. O quarteto “puro até a alma”. Bom, acho que é hora de mostrar o meu belo rosto para eles.

- Sejam bem vindos... Espera, onde estão os outros? – Ben interpelou, curioso.

- Você deve ser o Rei Benjamin. Como eu havia explicado ao seu chofer, estão mortos em um pântano. Eu sei disso porque fui eu quem fez o trabalho sujo. – Heather relatou, enquanto checava suas unhas.

Vou dizer para vocês que as expressões das pessoas ao meu redor valeram cada segundo da dor de cabeça causada pela claridade excessiva. Ah, mas eu não vou aguentar.

- É brincadeira. – Ela esclareceu, entre risos. - Eles preferiram ficar na Ilha. Estavam com medo de ficarem “frouxos”. Palavras deles, não minha. Tanto que eu estou aqui. Aliás, não tem como apagar o sol não?

- Lamento, não tem. Mas, seja bem-vinda a Auradon Prep. Os nossos alunos do projeto anterior, acredito que se conheçam, irão lhe mostrar a escola e o seu horário de aula. – Respondeu Ben.

- Claro que nos conhecemos. Obrigada majestade. Espero que eu consiga me adaptar. – Devolvi com o melhor sorriso que eu pude falsificar. Então, nos direcionando para os velhos amigos. – Quanto tempo pessoal. Confesso que nunca imaginei vê-los do outro lado. Então? Por onde começa o tour?