- Ben? Não querendo ser rude, mas por que ELE está aqui? – Indagou Mal.

- Porque tinha como trazer mais estudantes, e aparentemente, ele não quer seguir os passos do pai. – Respondeu o rei.

- Mal, eu sei que não demonstrava, mas eu quero mudar. Estou disposto a ser seu informante em relação à Heather, já que você não confia nela. – Declarou Hadie. – Ela confia em mim. Tanto que ela pediu a Vossa Majestade para me trazer aqui.

- Viu, Mal? Ele está disposto a ajudar. Podemos dar uma chance a ele, não podemos? – Pediu Ben, sorrindo para a namorada.

- Você confia demais, Ben. – Ela retorquiu, revirando os olhos.

- Até agora, não fui desapontado por isso. – Devolveu, convencido.

- Está bem. Mas é o seguinte, Hadie. Um passo fora da linha, e voltar para a Ilha vai ser o menor dos seus problemas. – Alertou Mal, determinada.

- Sem problemas. Pode contar comigo Mal. – Hadie prometeu, sorrindo.

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- Então. Você mentiu.

Heather saltou de seu armário, para ver o recém-chegado que havia falado com ela.

- E você surgiu do nada. Olá Herkie. – Heath suspirou, revirando os olhos.

- Você me disse que era filha de um ladrão de Ali Baba. Nenhum dos ladrões está na Ilha. Não foram trazidos de volta à vida e postos lá. O que me leva a pensar, de quem você pode ser filha? – Ele ponderou, levando a mão ao queixo.

- Por favor, me diz que você não pesquisou sobre isso. – Pediu ela, enquanto arrumava seus pertences. Quando viu que ele não respondera, ela voltou a atenção para ele. – Você pesquisou? Eu estava sendo sarcástica. Sou filha de um capanga. Não pergunte, ele nunca me disse a quem ele auxiliava.

- Isso é sarcasmo novamente? – Questionou ele. Vendo-a arquear a sobrancelha, ele suspirou. – Você não vai me dizer, vai?

- Não. Mas realmente importa? Vocês já têm os filhos dos piores vilões aqui. Eu não tenho como ser pior. – Ela ressaltou. - Aliás, por que o súbito interesse?

- Não sei. – Ele respondeu, dando de ombros. - Acho que o seu mistério todo me fascinou. Eu sinto algo em você que me instiga a tentar descobrir mais. Sem falar que você podia fazer alguns amigos.

- Não sou do tipo amigável. No entanto, você pode tentar. Eu não vou lhe impedir. – Heath o desafiou.

- Herkie? – Chamou um garoto loiro da mesa de almoço. – O que está fazendo aí com essa VK? Vem aqui.

- Só um minuto Chad. – Respondeu ele. – Eu preciso ir. Porém, obrigado por me dar a chance.

- Eu não disse nada. É por sua conta e risco. – Declarou Heather, sorrindo fracamente.

- Herkie! – Gritou Chad.

- Tchau. – Ele disse para Heather. – Caramba, Chad. Podia ser menos preconceituoso, que tal? – Gritou de volta para o loiro.

- Hey, Heather. – Cumprimentou Jay, apoiando-se no ombro dela. – Mal chegou e já está conquistando corações, hein?

- O que você quer Jay? – Questionou ela, levemente impaciente.

- Como assim? Não posso conversar com uma antiga amiga? – Jay interpelou, se fazendo de desentendido.

- Faz tempo que você nem olha na minha cara. – Ela retorquiu, com um tom rancoroso.

- Certo. Preciso da sua ajuda. – Ele confessou, suspirando. - As garotas costumam me admirar sempre que eu passo pelos corredores. Só que hoje, eu passei por elas, e elas estavam amontoadas na frente de uma sala. Mais precisamente, há cinco minutos. Preciso que você passe por elas e descubra o motivo.

- Primeiro: Por que eu? Você podia pedir à Mal ou a Evie. Segundo: O que eu ganho com isso? – Ela demandou, curiosa.

- Mal e Evie não colocam mais tanto medo, pois os alunos já estão acostumados com elas. Você é carne nova. Imprevisível. Passaria melhor por elas. – Ele explicou. - Segundo, te dou 20 pratas.

- Faça 30 pratas e uns daqueles “pãezinhos recheados” que eu vi em uma padaria a caminho daqui, e está feito. – Heath contrapropôs.

- Você diz um croissant? Espera, 30 pratas? – Ele inquiriu, espantado.

- É pegar ou largar. – Respondeu ela, arqueando a sobrancelha e o seu característico sorriso travesso.

- Está certo. – Ele cedeu. - Aqui, e pego os croissants mais tarde. Agora vamos lá.

Ela seguiu Jay até a sala mencionada, e viu o mutirão de garotas, assim como reconheceu a voz que vinha lá de dentro.

- Saiam da frente. – Ela disse, empurrando as garotas em seu caminho.

- Então, lá estava eu, fugindo de um mercador cujo acabara de ser roubado por minha pessoa, quando eu corria pelos telhados e uma voz me fez parar a minha fuga. Ela dissera exatamente assim...

— Seu bastardo miserável! O que você pensa que está fazendo? – O rapaz ouvira a voz vir do meio da multidão atenta.

- Era exatamente assim. Alguma de vocês pratica ventriloquismo? – Questionou ele.

- Não, mas eu sou a dona da voz e estava lá. – Disse Heather, saindo do meio da plateia.

- Heath! Não me disse que vinha para Auradon! – O garoto se levantou para abraça-la.

- Espera, ela é sua namorada? – Indagou uma das garotas.

Eles se entreolharam com um mesmo pensamento.

- Ewww. Nunca. – Responderam, simultaneamente.

- Ela é como se fosse minha irmã. Fomos criados juntos. – Respondeu Hadie.

- Achei que vocês detestassem VKs. – Comentou Heather.

- Somente Audrey e o grupo dela. – Respondeu outra garota. – Nós somos mais receptivas.

- Meninas! É o Jay! – Gritou uma menina no corredor, fazendo as outras correrem atrás dele.

- Obrigado Heather! – Agradeceu ele, do corredor.

- Lembre-se dos meus croissants e estamos quites. – Resmungou ela.

- Então, soube que você pediu para me trazerem aqui. Algum motivo em especial? – Questionou Hadie.

- Preciso de ajuda, e você é a melhor pessoa. Preciso libertar meu pai. – Heath relatou.

- Imaginei que fosse algo assim. Pelo menos tem um plano? – Ele interrogou.

- E eu viria aqui sem um? - Ela enfatizou, sorrindo de canto. - Venha comigo.

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- Heather! – Disse Mal, fechando o armário da garota.

- Sério? As pessoas aqui têm algo contra alunos e armários? – Reclamou Heather. – Daqui a pouco até a Princesa Nariz Empinado vem me atrapalhar.

Mal segurou a gargalhada que estava pronta para vir.

- Enfim, precisamos conversar. – Disse ela.

- Mal comecei e já estou de detenção? – Perguntou Heather, implicando.

- Engraçadinha. – Mal respondeu sarcasticamente, o que fez Heath sorrir levemente. - Creio que deixei claro ontem, mas só para reforçar. Não sei quais os seus planos aqui, e nem quero saber. Só quero que deixe os meus amigos fora deles.

- E por que você acha que eu tenho algum plano? Não posso simplesmente ter me cansado de ser má e decidido ir por outro caminho? – Heath indagou, persuasivamente.

- Logo você, a Rainha da Crueldade? – Mal retrucou, arqueando a sobrancelha.

- Você tinha potencial para ser ainda pior. – Heather devolveu, em um tom indignado. - O que aconteceu? Passou a amar Auradon? Ou seus habitantes? Até um habitante em especial. Amor pode até ser força, mas também é uma fraqueza. Falando como uma amiga, cuidado com esse sentimento.

- Você só está aqui por que Ben acredita que há como lhe salvar. – Mal rebateu, revoltada. Em seguida, ela suspirou. - E pela cena que presenciei hoje, creio que talvez tenha como. No entanto, se você machucar alguém aqui...

- Me deixa adivinhar, vou me entender com você? Sem problemas. Não tenho esta intenção. - Heather assegurou. - Só pretendo conhecer o caminho da bondade. Vocês inspiraram muitos jovens da Ilha. Eu e Hadie inclusos. Não tem com que se preocupar. Aliás, espero poder conhecer melhor seus amigos.

- Quem garante que você não está tentando me enganar? – Mal interrogou, ainda incerta.

- E desde quando você se deixa enganar? Você é muito boa em ler as pessoas Mal, devo lhe dar este crédito. – Heather revelou. - Leia as minhas atitudes, o meu comportamento. Se até o fim do mês você não se convencer, pode falar com o Rei e me mandar de volta para a Ilha.

- Huum... – Ela refletiu por alguns minutos. - Certo. Vou te dar o benefício da dúvida. Mas você tem um mês.

- Obrigada Mal. – Sorriu Heather. – Agora, fala um pouco sobre os seus amigos Auradonianos.

- Vou fazer melhor. Senta com a gente no almoço amanhã, e eles falam se quiserem. – Mal pediu, vendo Heath sorrir de canto.

- Obrigada mesmo Mal. Não vou desapontar você. “Até porque não pode desapontar quem não sabe sobre suas intenções.”. – Pensou ela. – Então, me diga o que você quis dizer com “Pela cena que presenciei.”?

A resposta de Mal foi um sorriso, e deixar a garota sozinha.

- É sério, não sei do que está falando. – Disse Heather, fechando o seu armário e seguindo a garota.