Segredos de Auradon

Alguma Coisa Está Mudando


Heather estava completamente distraída neste dia. Ela nunca admitiria em voz alta, mas o seu pensamento estava completamente na tarde que passara com Herkie na floresta e no lago. Só faltava entender o porquê. Deve ser porque foi uma tarde divertida. Ele não era príncipe, eu não era VK. Éramos só Herkie e Heather. Foi descontraído, só isso. Pelo menos eu pude explicar a ele sobre almas-gêmeas. (A.N.: ¬¬).

Flashback On

Eles caminhavam tranquilamente pela trilha da floresta, quando Herkie se lembrara de perguntar algo a Heather.

- Heath, o que Hadie quis dizer com “caça a alma-gêmea”?

- Quer dizer que você nunca sonhou?

- Como assim?

- Existe uma lenda que conta o seguinte: Quando você está próximo de conhecer a sua alma-gêmea, você começa a ter um sonho específico. É um determinado local e uma determinada pessoa, sempre. Mas o evento que ocorre pode alterar. Esse local é onde você provavelmente vai ter o melhor momento que poderia ter com esta pessoa, e essa pessoa, é sua alma-gêmea. Hadie tem esse sonho há dois anos já, e desde então está atrás dessa pessoa. Ele já sabe que ela não é da Ilha. Agora ele torce para ela ser de Auradon.

- É estranho, mas faz sentido. Na verdade, explica muita coisa.

- Então você já teve o sonho.

- Continuo tendo. Você sabe quanto tempo ficamos tendo esse sonho?

- Até ambos perceberem que são feitos um para o outro. – Respondeu Heather, fazendo uma voz de “conto de fadas” em tom sarcástico.

- E você? Já teve o vislumbre de sua alma-gêmea? Ele está muito longe de Auradon?

- Não que seja da sua conta, mas já tive sim. E ele não está tão longe quanto eu achei que poderia estar.

Flashback Off

- Heather! – Chamou o professor de biologia, o Sr. Porter. Na verdade, o professor de biologia é Tarzan Porter. Herdou o sobrenome da esposa Jane por não ter um. Quando Auradon foi formada, ele e a nova família se mudaram para os arredores, onde Tarzan estudou e se formou professor. – Talvez a minha aula não tenha algo que você não tenha visto ainda. Então me responda, qual a função principal do pâncreas no corpo humano?

- Desculpe professor. – Ela se desculpou, em um tom baixo. - A função principal é produzir um hormônio chamado insulina, que controla as taxas de açúcar no sangue, além de produzir enzimas.

Tarzan se aproximou da mesa dela e olhou ao redor, depois suspirou e se afastou.

- Obrigado. Só tente parecer que está prestando atenção. – Pediu ele.

Quando ele voltou à explicação, Heather olhou levemente em volta, para ver que seus amigos a cuidavam discretamente. O pensamento não durou muito, pois sua mente voltou a divagar, voltando à tona somente quando o professor chamara outro aluno.

- Herkie! Preste atenção. Será que não vou conseguir foco hoje? – Murmurou a última parte.

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Heather guardava seus livros no armário, quando a porta fora fechada por Evie, que estava acompanhada de Mal, Jay, Carlos e Hadie.

- E voltamos ao tempo de odiar a junção aluno/armário. – Ela comentou ironicamente. - Oi galera.

- Você está fora do seu perfeito juízo. – Pontuou Jay.

- Hã... Obrigada? – Indagou Heather.

- Por que? – Perguntou Evie.

- Vamos levar o interrogatório para uma mesa? Onde podemos colocar as bandejas e ter mais privacidade? – Pediu Hadie.

Os seis buscaram seus almoços e sentaram em um ponto mais afastado, em uma das mesas embaixo das árvores.

- Ok, desembucha. O que deu em você e Herkie hoje? – Questionou Mal.

- Olha, eu juro, eu não sei do que vocês estão falando. – Afirmou Heather.

- Ambos estavam longe. Cada um mais avoado que o outro. – Disse Carlos.

- Quase como se estivessem pensando em... Ah, vocês dois. – Comentou Hadie.

Heather estava confusa. Olhando para os cinco a acompanhando, viu que eles entendiam uns aos outros.

- Vocês se importam de compartilhar? Nem todos aqui têm a capacidade da telepatia. – Retrucou Heather, sarcasticamente.

- Hadie... Faça as honras. – Pediu o quarteto.

- Com prazer. Você. Herkie. Ontem. Encontro. Eu sabia! Já estou até vendo... “Herkie e Heather debaixo de uma árvore...” – Começou Hadie, até Heather cobrir a boca dele.

- Cala a boca imbecil. Não aconteceu nada! – Exclamou ela, furiosa e vermelha.

- Então por que está corando? – Perguntou Evie.

- Olha, foi só um almoço para relaxar. E nadamos no Lago Encantado. Só isso. – Ela garantiu.

- E o almoço foi aonde? – Interrogou Carlos.

- Na floresta. – Murmurou Heather.

- E eu volto para minha cantoria. – Quando Hadie abriu a boca, Heather colocou uma maçã.

- Isso deve resolver. Se alguém precisar de mim, estarei na frente da escola. – Disse ela, se levantando. – Podem comer. – Acrescentou, empurrando a bandeja intacta.

- Você não quer nada? – Indagou Jay.

- Estou sem fome. – Ela deu de ombros.

Os cinco remanescentes na mesa tinham um pensamento em comum.

“Ela está tão apaixonada”.

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Depois que deixara a mesa do almoço, Heather sentara em um canto da biblioteca, estudando um conteúdo que a fascinava: Biologia. Sim, eu gosto de Biologia. E me sinto mal de não ter prestado atenção hoje. Mas eu gosto. Ela estava focada no material, quando uma voz chamou a atenção dela.

- Posso sentar aqui?

- Eu devia dizer não, mas é um lugar público. – Respondeu em seu característico tom, mas com um sorriso de canto. – Sabia que meus amigos pensam que estamos namorando?

- Com a outra metade dos amigos, não mudou muito. – Afirmou Herkie. – Ben, Jane, Doug e Lonnie ficaram me questionando. Tentei ao máximo negar, mas quem disse que adiantou?

- Mesma situação, mudam as pessoas. – Murmurou Heather. – Está fugindo?

- Sim. Vi você entrando aqui e pensei: Pelo menos ela não vai me julgar. Não sabia que gostava de Biologia. – Ele confessou, olhando o livro que ela estudava.

- Minha matéria favorita. – Ela respondeu, contente. - E a sua, espera, eu adivinho: Literatura?

- Sou tão fácil de ler assim? – Indagou ele, com um sorriso torto.

- Lembrei-me da conversa “sou tímido, sempre lendo num canto”. – Ela declarou, provocando. - Daí foi fácil.

- Finalmente alguém aqui lê a minha pessoa. Não só o superficial. – Suspirou, aliviado.

- Suas “Herketes” não sabem a sua matéria favorita? – Perguntou, curiosa.

- “Herketes”? Nome ridículo para meu grupo de fãs. Mas não. Elas se limitam a “Ele é Lindo!”, ou “Olha que perdição aqueles olhos”. – Ele se interrompeu quando viu que Heather estava rindo. – Eu juro que ouvi cada uma dessas palavras. – Afirmou, rindo junto.

- Desculpe, mas a falta de criatividade delas é engraçada. – Respondeu ela. – Eu digo, tem muitos outros atributos a se falar de uma pessoa.

- É mesmo? O que você admiraria em mim, no lugar delas? – Questionou ele.

- Para começar, sua paixão por ler. Isso é raro e muito bom de achar. Depois, tenho que reconhecer, você é um excelente nadador. O que mais? Você se importa com o próximo, independente de quem seja. E essa é a melhor qualidade que alguém pode ter. Por último, eu diria a sua capacidade de não desistir de alguém, mesmo quando essa pessoa pede. – Ela finalizou, e olhou para cima, vendo Herkie com um olhar que nunca vira na vida. No entanto, ela gostou desse olhar, não sabia por quê. – Herkie? Tudo bem?

- Não poderia estar melhor. Mas você também tem grandes características. Por exemplo, você consegue pender a balança da bondade e da maldade dentro de você. Pelas histórias que ouvi, antes da sua chegada, imaginei que seu tempo aqui traria caos, mas você provou que todos estavam errados. Você não só reconheceu a maldade, como mostrou a bondade. Você é justa também. E isso falta, e bastante, por aqui. Você tem a capacidade de realizar grandes feitos, e isso qualquer um pode ver. – Concluiu ele. – Tire os óculos. – Pediu.

Heather tirou sem hesitar, porém, só percebera isso quando viu o par de óculos em cima da mesa.

- Bem melhor. Agora eu posso olhar em seus olhos. Não infle seu ego com isso, mas eu amo a cor dos seus olhos. É uma cor linda, combina com você, e são únicos. – Ele enfatizou a palavra “únicos”.

- Duvido. Eu não posso ser a única com olhos dessa cor aqui em Auradon. – Respondeu ela, levemente corada.

- Será? – Ele perguntou, com um sorriso e levantando. – Preciso ir. Vejo você outra hora. Até. – Ele se despediu, empurrando um pedaço de papel para ela.

- Até. – Ela devolveu a despedida, olhando curiosamente para ele. Assim que ele saiu, ela olhou para o papel a sua frente, pegando e lendo a única frase escrita, mas que a assustou do mesmo jeito.

Eu sei o que esconde debaixo dos óculos”.