19º Explicação,brigando,desculpando,desapareceAdam

- Mark! – sorri amarelo, e suei frio.

- Meu amor, que saudade – ele levantou e caminhou na minha direção, me prendendo num abraço apartado, e me dando um beijo que eu não retribui.

- O que aconteceu ? – ele serrou os olhos enquanto me encarava.

- A gente precisa conversar, vamos subir? – peguei a mão dele, e caminhei até o elevador

(...)

Entramos na minha casa, larguei a bolsa e o casaco no sofá, e Mark fez o mesmo enquanto se aproximava de mim

- Então é essa a conversa ? – ele disse malicioso.

- Não Mark, senta ai – empurrei ele que caiu na poltrona.

- Deve ter acontecido algo muito sério, só não sei por que está descontando em mim.

- Mark, me fala a verdade do seu trabalho, não tinha também avó doente merda nenhuma não é?

- Você ta pirando Érika ? Claro que tinha avó doente, eu já disse que eu trabalho com meu pai.

- É, com seu pai!? Com seu pai só se for no ramo de extorqui pessoas, você ta pensando que eu sou trouxa Mark ? Bom você não tem nada mais que fazer aqui, some da minha casa, some da minha vida – puxei-o pelo braço, sua feição estava como mármore, ele estava digerindo aquilo tudo, talvez estivesse pensando como eu fiquei sabendo antes dele me dar o golpe.

- Então é assim você simplesmente acredita em tudo que as pessoas te falam?

Há, eu já sei até quem foi que contou, deve ter sido aquele seu amiguinho ridículo, o tal de Adam não foi ? – ele desprendeu a mão da minha e a colocou no rosto como se estivesse se culpando por algo – Mas é claro que foi aquele idiota, o amor da adolescência, eu vi como ele te olho. Não acredito que você esteja sendo tão infantil Kira ! Isso não faz parte do seu tipo. – ele parou frente a porta.

- Olha, eu já fiz muita burrada nessa vida, você não vai ser mais uma delas. E sim, foi o Adam sim que me alertou, mas infelizmente eu não acreditei nele quando ele falo a primeira vez, eu tive a confirmação, e Mark acredite que a pessoa que me conformou realmente não queria nada em troca, não tem porque ser mentira. – eu abri a porta – Agora tchau, eu disse adeus pra você.

- Você vai se arrepender Kira – ele saiu em passos rápidos em direção a escada. Senti um sentimento ruim tomar conta de mim, então fui atrás dele.

- Então isso é uma ameaça Mark ? Você está me ameaçando ? – gritava enquanto o seguia pela escada de incêndio do prédio.

- Por enquanto não a você, fica tranqüila. – ele parou por um instante, me jogou contra a parede e me arrancou um beijo. Eu o mordi com toda minha força, meus dentes rasgaram a pele de sua boca.

- Você é muito burra. – ele limpou o sangue com a mão, e saiu correndo escada a baixo.

Naquele momento um turbilhão de pensamentos ruins surgiram em minha mente, e eu pensei em todos a minha volta, mas o rosto de Adam foi o que veio primeiro na minha mente.

- Preciso ir na policia agora – pensei em voz alta, e voei escada abaixo.

Passei pela portaria, o porteiro estava com os olhos arregalados, sabe-se lá se Mark o ameaçou também, mas naquele momento nada mais importava, algo me dizia que Adam estava em perigo.

Peguei o carro e arranquei pela rua, Mark devia estar de carro também, não o vi por perto mais. Mesmo para uma madrugada, as ruas estavam bem movimentas, os faróis estavam sempre vermelhos, eu estava perdendo tempo. O celular de Adam não tinha sinal, meus neurônios estava fritando. Enquanto discutia com Mark eu vi naqueles olhos que ele seria capaz de tudo, talvez ele não fosse só um estelionatário, mas também um cara meio psicopata, ele realmente tinha toda razão: Eu sou muito burra.

Depois do segundo sinal vermelho eu tive a idéia de cortar caminho pelas ruas de trás, a delegacia poderia ser mais perto, e sem tantos faróis, mas como não era, eu fui andando pela contramão mesmo. Dobrei uma esquina, eu estava a três ruas da delegacia, quando passei pelo carro de Mark, meus olhos assustados passaram pela calçada, e eu vi Mark atracado com um cara, eles estavam brigando, podia ouvir o barulho dos socos dados no estomago.

ADAM !

Desci do carro como uma louca, e peguei o macaco que estava no porta malas, a rua deserta não teria ninguém para me ajudar, então era só eu e apenas eu.

- Solta ele Mark – gritei já perto deles – larga o Adam agora, ele não tem nada haver com você, deixa ele.

- KIRA, VAI EMBORA – Adam gritou entre os socos que tomava. Ele era enorme, tinha um ótimo porte, mas Adam nunca foi de brigar, e dizem que na primeira briga você sempre mais apanha do que bate.

- Ah, que meigo – Mark soltou Adam que caiu na calçada – a namoradinha veio salvar o namoradinho – ele sorriu com sarcasmo – Sabe Kira, isso me da ânsia de vomito – ele se aproximou um mais de mim – Nós dois podíamos ter dado certo, mas você ouviu os outros antes da hora né !? – ele balançou a cabeça em sinal de reprovação – Mas agora que você já sabe de tudo mesmo, vou te contar um segredo – minhas pernas ficaram moles naquele momento, eu estava com medo, Mark era completamente louco – Você foi a cliente digamos assim, mais gostosinha que eu tive, estava até com pena de te dar o golpe, mas depois da nossa primeira noite eu pensei bem ... Porque não ? Ela pode conseguir o dinheiro todo de volta trabalhando como uma stripper vadia no bar que eu a conheci, afinal você dança tão bem minha querida – ele me olhou com malicia, e colocou um dedo sobre minha boca. Eu não tinha reação estava tomada pelo medo.

- KIRA, CORRE ! – Adam gritou enquanto vinha na direção de Mark com o carro em alta velocidade, eu empurrei Mark para a pista novamente, e corri na direção contraria da delegacia, aquilo tudo geraria grandes problemas,

Adam não chegou a atropelar Mark, apenas o derrubou no chão, eu corri o máximo que conseguia, Adam parou o carro, eu entrei e nós fugimos deixando Mark lá na rua, ele estava bem, quando olhei pelo retrovisor ele já havia se levantado. Rezei para que ele não nos seguisse, ele já sabia que comigo ele não conseguiria nada, e talvez ele tivesse medo da policia baixar onde ele morava, agora talvez Mark fosse embora e deixasse tudo em paz .

(...)

Fomos para minha casa, eu e Adam subimos pela escada de incêndio, o elevador demoraria alguns minutos o que renderia tempo para o porteiro fazer alguma pergunta.

- Tranca tudo Kira, tranca tudo – Adam disse quando adentramos o meu apartamento, ele estava branco como um fantasma, estava machucado também, estava com as juntas dos dedos da mão machucadas, provavelmente tentando acertar Mark também, tinha um corte no pescoço, e umas escoriações no rosto, uma na sobrancelha e outra perto da boca. Eu me senti muito mal, eu fora a causadora daquele transtorno todo, eu causara isso a Adam a pessoa que nunca, jamais devia ter se machucado por Mark.

- Tranquei tudo já, agora a gente ta seguro calma Adam . - coloquei a mão na testa, meu sinal de culpa. Adam me abraçou forte, e me deu um beijo por cima do cabelo. Meus olhos se embaraçaram com lágrimas de remorso

- Desculpa Adam, eu não acreditei em você e agora a gente ta aqui, agora você ta todo machucado – afundei meu rosto no peito dele.

- Calma Kira, tudo vai ficar bem... você foi enganada, não precisa se desculpar. – ele alisou meus cabelos com a mão.

- Mas você ta assim agora Adam, agora você ta todo machucado, por minha causa. – afastei minha cabeça de seu peito para olhar aquele par de olhos castanhos, quase mel.

- Ele me pegou desprevenido, só isso. – Adam tentou forçar um sorriso, que foi substituído por um gemido de dor.

- Senta ai, a gente precisa avisar pra policia Adam, ele pode voltar. – eu o soltei para pegar o telefone. Mas a mão dele me bloqueou.

- Fica tranqüila, ele só me pegou porque sabia que eu tinha ido ate a delegacia avisar, pedir segurança pra você, eu senti que ele ia voltar Kira, então eu fui mesmo você não acreditando em mim. – ele fechou os olhos tentando canalizar a dor.

- Adam – eu não conseguia agradecer, eu o abracei e ele retribuiu, meus olhos estavam embaçados de novo. – Você precisa ir no médico pra ver se não quebrou nada.

- Fica tranqüila, eu não quebrei nada. Não to sentindo dores tão forte assim, só preciso de uns curativos. – ele sorriu pra mim. Como era bom ver aquele sorriso de volta. Adam o meu Adam.

(...)

Aquela noite terrível havia acabado, Adam e eu estávamos a salvo em meu apartamento, mas eu queria tanto acordar e saber que tudo aquilo não passava de um sonho ruim, e quando eu acordasse eu estaria jogada na minha cama, e tudo aquilo teria sido fruto de uma noite de álcool má dormida.

Porem minhas esperanças foram destruídas quando eu acordei, e sentado do meu lado, dormindo estava Adam com aquelas pequenas escoriações no rosto.

Eu me senti realmente mal, tão mal.

(...)

# 1 mês depois daquela noite

Confesso que a noite as vezes ainda sonho com o rosto de Mark, o rosto do psicopata que eu vi naquela noite em que Adam se machucou tanto, mas o que me deixa aliviada é que já se passou um mês e tanto eu, quanto Adam e qualquer pessoa a nossa volta está bem, a policia nos colocou no esquema de proteção, e foi mandado uma ordem judicial para a residência de Mark, exigindo que ele ficasse a 5 km de distância tanto de mim quanto de Adam, mas é claro que ele não recebeu essa ordem, ele nem morava mais lá, na verdade, nem o porteiro chamado Antony estava mais lá, eles deviam serem compassas.

Bom, o importante é que Mark foi embora, e agora esta tudo bem...

Mas sabe o que eu mais agradeço de toda essa historia trágica, e desagradável? Bem, ela me mostrou Adam, e hoje completamos um mês de namoro, sairemos para jantar como um casal normal, eu estou realmente feliz agora, pois tenho um homem dois em um, um namorado e um grande amigo.

(...)

O restaurante que Adam me levou era lindo, tudo muito romântico e sofisticado ao meu ver, Adam me mudou um pouco nesse ultimo mês, passei de uma mulher durona, para uma mulher menos durona - eu ria enquanto pensava em mim mesma dessa forma.

- Do que você ta rindo amor ? – Adam me encarou com os olhos cor de mel, e o rosto agora perfeito como nunca devia ter deixado de ser.

- Nada demais, só to rindo porque a vida nos prega peças. – sorri pra Adam, e ele concordou com um sorriso meio triste por lembrar de tudo isso, mas ainda sim um sorriso.

Meu celular tocou...

- Desculpa amor, esqueci de desligar – respondi enquanto procurava o celular dentro da bolsa. Adam assentiu.

...