Capítulo 14 - Repulsa

Quando acordei estava deitada em meu quarto com o corpo todo dolorido. Pensei que tudo não passava de um pesadelo e resolvi me levantar. Ao me movimentar percebi que estava sendo observada pelo Dr. Richard, então me preocupei.

- O que aconteceu? – perguntei já me pondo de pé.

- “Bella, você foi encontrada inconsciente em uma rua de Port Angeles. O seu amigo Mike estava passando próximo ao local hoje de manhã”. – Ele fez uma pausa. -“Quando te reconheceu ele a levou ao hospital que me ligou em seguida e eu a trouxe para casa”.

- Não foi um pesadelo? – perguntei a mim mesma já com as lágrimas escorrendo.

- “Temo que tenha sido mais que um sonho ruim. – falou enquanto se aproximava. – “Tente se acalmar Bella, agora vai ficar tudo bem! – disse ele me apoiando enquanto eu caia sentada sobre a cama.

– “Bom, eu vou deixar que descanse, qualquer coisa estarei lá em baixo”. – e antes de fechar a porta disse. -“Er, Bella, quando estiver pronta me avise e eu te levo, a delegacia pra prestar queixa. ”

Eu me levantei ciente de que as lágrimas que escorriam pelo meu rosto não iriam cessar. Fui em direção ao banheiro e quando me vi no espelho, não me reconheci. Eu estava pálida, havia um circulo arroxeado em volta do meu olho e um corte em meus lábios. Arranquei o pijama que me vestia a fim de ver o tamanho do estrago. Me deparei com uma marca roxa em meu quadril e alguns hematomas em minha costela. Deslizei minha mão sobre o meu sexo e despertei para o que realmente havia acontecido. Involuntariamente, comecei a pensar no que tinha ocorrido.

A minha cabeça girava, tudo ficou embaçado, de repente minhas pernas fraquejaram, escorreguei pela parede e sentei no chão do banheiro, abracei minhas pernas e chorei até meu corpo ficar cansado. Em todos esses anos nunca me doeu tanto estar sozinha. Depois de um bom tempo arrastei meu corpo exausto para a banheira ao meu lado, liguei o chuveiro e deixei a água cair sobre mim, o meu corpo todo doía . Coloquei uma calça jeans e um moletom velho. Desci as escadas e vi o Dr. Richard e sua família conversando no sofá da sala.

- Estou pronta! – falei e pude ver os rostos se virando pra mim com olhar de dó.

Prestar queixa não foi tão ruim quanto eu pensei. Mas ter que fazer o corpo de delito foi sem dúvida um martírio. A legista me fez um milhão de perguntas, depois me pediu que tirasse a roupa e me olhou inteira. O toque da legista em meus ferimentos me fez tremer, foi como uma onda de tristeza me invadindo novamente e eu não me importei de deixar que mais umas lágrimas fugissem de mim.

- Eu já estou acabando. – ela disse.

Saí da delegacia e vi o Dr. Richard. Ele me entregou as chaves e me pediu eu esperasse no carro enquanto ele falava com a legista, mas antes me perguntou se eu gostaria de dormir na casa dele com Dona Renê, Rosalie e as crianças. Eu não me opus, a ultima coisa que eu preciso agora é ficar sozinha. O meu celular tocou, era o Jake. Deixei o telefone tocar até a ligação cair e olhei no visor:

15 chamadas não atendidas.

Nada mais importa. Não importa quantas vezes ele ligue ou o que ele faça, nada vai mudar.

Quando cheguei, Rosalie me recebeu com um longo abraço. Ainda bem que as crianças estavam acordadas, pelo menos o barulho que elas faziam impedia que eu ficasse constrangida com a falta de conversa a mesa. Eu não queria jantar mas estava sem paciência para argumentar então aceitei o prato que Dona Renê me serviu. Depois do jantar fui pro quarto de hospedes descansar.

Adormeci e tive um pesadelo com imagens do dia anterior, acordei com um susto e comecei a sentir uma repulsa me invadindo. Corri até banheiro, me ajoelhei de frente pro vazo e vomitei. Limpei a boca e fui tomar um banho quente com esperança de que isso me fizesse relaxar um pouco. Fechei os olhos e as imagens não saiam da minha mente, comecei a me esfregar com força no intuito de arrancar toda aquela “sujeira” que agora habitava em mim. Mas foi inútil, quando dei por mim estava com o corpo todo arranhado. Tenho a ligeira impressão de que depois do que aconteceu ontem, as minhas noites nunca mais serão as mesmas.