– Você estava na escola, de repente me ligaram e disseram que você havia desmaiado e te levaram ao hospital, e eu fui até lá junto ao seu avô – Ela parou por um tempo para limpar as lagrimas – Você esta chorando lagrimas de sangue, suando frio, e estava queimando de febre, estava enjoada e estava pálida.

– Não, não, não acredito mãe, não me diga que – Falei ainda não acredita – Esses sintomas...

– Sim minha filha, são os sintomas da maldição!

As lagrimas vieram aos meus olhos com muita facilidade, desde que soube da maldição, fiquei com medo de morrer por causa dela, e agora eu vou morrer, exatamente por causa dela.

– Mas ainda falta muito tempo pro meu aniversário mãe! – Falei – Isso nunca aconteceu antes, por que comigo? – As lagrimas já não estavam mais sobre meu controle. De repente tudo veio à tona, tudo que eu havia vivido até agora, e um aperto forte deu em meu coração assim que me lembrei de Tyler.

– Sinto muito minha neta! – Falou vovô acariciando minha cabeça.

– Por que não fazemos uma cura? Nós somos feiticeiros, a gente tem poderes e não conseguimos fazer nada? – Falei, ganhei os olhares de todos – Porque nós nunca procuramos uma cura? Porque deixamos varias pessoas morrerem? Por quê?

– Quando soube que você era uma feiticeira universal, criamos uma cura que só poderia ser adaptada através de seus poderes, mas você agora não esta bem, não vai poder... – Interrompi meu avô.

– Eu posso estar até sem minhas pernas vovô, mas eu faria tudo para salvar a minha espécie! – Falei limpando as lagrimas – E nem que eu morra nesse processo, eu irei conseguir adaptar essa cura!

POV ARIADNE

Eu já estava farta de tantas bobagens, se Luna treinar ela ficará mais fraca e poderá morrer mais rápido, ela não terá forças suficientes para isso, e acredito nela, mas ela acabará morrendo no processo, e não posso perdê-lá, simplesmente não posso.

– Já chega ta legal? Luna vai morrer se tentar adaptar a cura, ela não pode tentar fazer isso, ela é uma feiticeira universal, temos que fazer isso de outra forma, não podemos perdê-la, ela é minha melhor amiga, ela é minha irmã! – Falei limpando as lagrimas que apareciam ao redor dos meus olhos.

– É minha escolha Ariadne! – Falou Luna exaltada – Se eu fizer isso poderei salvar todos no submundo, poderei acabar com a maldição! – Falou.

Ouvi alguns passos do lado de fora e fui em direção da porta.

– Quem é você garoto, e o que esta fazendo aqui? – Gritei quando o vi, ele estava atrás da porta ouvindo toda nossa conversa.

– Não estou conseguindo raciocinar direito, Luna vai morrer? Que negocio é esse de maldição? Luna você é uma bruxa? – Ele estava com medo por Luna, eu pude ver nos seus olhos que existia um grande sentimento por ela dentro dele. O olhar que ele a olhava me deu inveja, pois Damian nunca me olhou daquela forma, Damian nunca se importou comigo daquela forma.

– Um humano? – Perguntou vovô assustado.

– Vamos deixá-los sozinhos, Pai! – Falou mamãe para vovô – Podemos apagar a memória dele depois!

*--*

Todos se retiraram da sala e deixaram Luna sozinha com o humano. E eu fui pro meu quarto.

Eu estava confusa, Luna, esse negocio de maldição, Damian, estava tudo tão complicado dentro de mim, tudo tão bagunçado. Estava tão difícil acreditar na possibilidade de perder minha irmã, o que seria de mim sem ela?

Sem pensar direito peguei a faca que costumamos usar para ferir os feiticeiros que abandonaram o submundo junto com Alexander, mas às vezes voltam, e essa faca os fere. Dependendo do lugar que ela for colocada pode até ferir gravemente, mas não chega a matar.

Sentei-me no canto com a faca e fiz pequenos cortes nos pulsos, vi uma vez um humano fazendo, eu não entendi direito no começo o motivo pela qual ele fez aquilo, mas depois experimentei, e entendi o motivo. Para mim se cortar era como a dor física justificasse a dor emocional, como se a mutilação me punisse ou até mesmo aliviasse tudo o que eu sentia amor, tristeza, traições, dor. E nesse momento eu me mutilava por todos esses motivos.

Peguei a lamina e fiz cortes na horizontal e na vertical do meu pulso direito, o sangue escorreu manchando minha camisa. Ouvi barulhos na porta, Damian entrou pela porta e não se agradou nada a me ver.

– O que você esta fazendo sua louca? – Perguntou tomando a lamina da minha mão, me puxando pelo braço e me jogando na cama – Você pode se machucar!

– O que te importa Damian? Você não tem nada a ver com minha vida! – Falei me levantando da cama e empurrando – Some do meu quarto, agora!

– Não vou sair até você me explicar porque esta fazendo isso! – Falou fazendo eu me sentar na cama novamente – Que idéia idiota de se cortar, esta se punindo por algum motivo!

– Sim eu estou, estou me punindo por ter te beijado, estou me punindo por algum dia ter me apaixonado por você, e por esse sentimento que não vai embora! – Gritei limpando as lagrimas que se formaram nos meus olhos.

– Esta se cortando por minha causa? – Perguntou com um olhar triste nos olhos – O que eu te fiz Ariadne, tudo que eu te fiz até agora foi te amar escondido, porque não podia ficar com você!

– Para de fingir que se importa Damian! – Falei – Você ama a Edlyn e sempre deixou isso bem claro, e não me ama!

– Eu não posso te falar a verdade Ariadne, mas eu queria, mas eu sempre te amei! – Falou limpando as lagrimas que se formaram nos meus olhos – Não duvide de mim, por favor!

– Sai daqui, agora! – Falei expulsando-o do meu quarto.

– mas... – Falou.

– Agora Damian! – dessa vez ele não hesitou e foi em direção da porta, deixando a frase no ar.

– Eu queria realmente poder lhe dizer!

*--*

POV LUNA

– Tyler, o que faz aqui? – Perguntei. Ele veio em minha direção e se sentou ao meu lado na cama e pegou na minha mão.

– Fiquei preocupado com você! – Falou – É por isso que não poderíamos ser amigos? Porque você é uma bruxa? Por causa dessa história esquisita de maldição?

– Talvez! – Falei – Mas também por causa do conselho espiritual que tem no meu mundo que me proíbe.

– Porque fala em códigos! – Falou se levantando – Te proíbe de que? Em Luna?

– De me apaixonar por humano Tyler, e eu estou completamente apaixonada por você, me entende agora?