Foi no momento em que estava indo para o colegial pela primeira vez, quando avistei seus lindos cabelos jogados pro lado, a camisa colada mostrando a definição de seu abdômen, olhos azuis, e sua namorada ao lado. Nesse momento perdi as esperanças, por mais que elas nem existissem direito por causa do conselho espiritual, mais afinal, isso é coisa da minha cabeça ou apenas uma atração passageira?

No começo achei que era uma pequena atração que feiticeiras geralmente sentem. Era quase impossível alguém do submundo se apaixonar por um humano, pois é muito difícil o conselho espiritual liberar um feiticeiro viver na Terra, então os humanos e feiticeiros não mantém contato, o meu caso foi que meu avô pertence ao conselho espiritual, e isso tornou muito fácil pra eu ganhar a autorização de viver aqui em Nova Iorque.

Se apaixonar por humanos é um dos maiores pecados que alguém pode cometer e geralmente quando o conselho espiritual descobre, eles matam. Não os feiticeiros, mas sim os humanos.

– É um crime – Falou Ariadne colocando a maionese sobre a mesa – Se apaixonar por um humano é horrível, sem falar que eles são nojentos, eles comem galinhas, galinhas servem para sacrifícios, faz idéia do quanto isso é nojento?

– É o jeito deles! – Bufei.

–Não me diga que você concorda com isso – Ela suspira - Sem falar que humanos são frágeis, bipolares, fracos, agressivos e matam a sangue frio, eles acreditam no amor, faz idéia do que é isso?

– Acreditar no amor não é errado, eu acredito! – Falei abaixando a cabeça e colocando sobre a mesa.

– Você é patética! – Falou Ariadne jogando a faca em que ela passava maionese na minha direção.

– Vadia – Resmunguei. Tirando a faca que havia se cravado no meu braço, com a voz não muito baixa pronunciei o feitiço que curaria o pequeno corte. - Parva vulnera sanaret, parva vulnera sanaret, parva vulnera sanaret.

– Você não precisava ter feito feitiço, humanos tem varias cicatrizes, seria normal você ter uma – Falou Ariadne – E eu acho que você esta atrasada.

– Porque humanos inventaram relógios? É genial, mas odeio seguir regras – Corri para meu quarto e peguei uma bolsa que carregava vários cadernos e livros – Avisa a mãe que eu já to indo.

– Nada de feitiços! – Exigiu ela.

– Eu sei – Gritei do outro lado da porta e comecei a caminhar até a escola.

Eu considero o humano um ser poderoso, ele foi capaz de inventar coisas como armas, relógios, tecnologias poderosas e sofisticadas, eu os considero genial, determinado, fortes, eles podem ser vulneráveis e morrer facilmente, mas são como mágicos pra mim.

Ariadne é como uma meia irmã, pois minha mãe a adotou quando ambos seus pais morreram com a maldição do sanguinem. Ariadne vai fazer dezessete anos daqui quatro meses, e estou com medo de perdê-la.

Rapidamente já estava no portão do colegial, já estava freqüentando o colégio há uma semana e ainda não me acostumei com as borboletas que sinto toda vez que o vejo, e o pior ele é meu parceiro de laboratório e sua namorada vem me atormentando desde o dia em que entrei por causa disso.

– Olha se a esquisita não chegou! – Falou Britney com a voz insuportável de sempre.

– O animal é você, e eu quem sou esquisita? – Dei um sorriso no canto da boca.

– Quem você acha que é? – perguntou – Deixe-me responder, você é uma fracassada, sozinha, esquisita, eu sou cheia de amigas e ainda por cima tenho um namorado.

– Claro! Geralmente vacas vivem em rebanhos, agora me dê licença garota, tenho mais o que fazer do que ficar discutindo com você! – Caminhei até a sala sem olhar pra trás logo senti uma mão tocar no meu ombro.

– Ela te odeia! – Falou Hanna que chegou rapidamente ao meu lado. Hanna é uma amiga que fiz no primeiro dia de aula, ela é minha parceira de biologia, ela pode ser humana, mas gosto de sua personalidade forte.

– Eu não ligo! – Falei com um sorriso.

– Você é a primeira a travar briga com o grupinho da Britney, elas devem estar planejando sua morte, sabe disso! – Falou ela colocando o cabelo atrás da orelha, e arrumando os óculos.

– Não tenho medo delas! – Falei.

– Primeira aula? – perguntou.

– Laboratório, Tyler, Britney – Bufei – Eu mereço!

Caminhamos juntas até o laboratório, mas Hanna tinha outra aula e me deixou. Uma parte de mim estava feliz por ser parceira do Tyler, mas a outra parte sabia exatamente como iria acabar.

– Oi parceira – Falou Tyler se jogando na cadeira do meu lado. Permaneci calada sem respondê-lo. As borboletas voltaram, as minhas pernas voltaram a tremer, eu não sabia o que fazer.

– Tudo bem? – Perguntou colocando a mão sobre minha perna, se inclinando pra mais perto – Você não parece que esta bem, aconteceu alguma coisa?

– Fica longe Tyler! – Exigi – Não quero dar mais motivos pra sua namorada me perturbar, e você não vai querer uma namorada com os olhos roxos, vai? – Ele se afastou.

– Porque você é assim? – ele pegou umas das poções que estavam sobre a mesa e misturou em outra – Não precisa ser grossa, só estava tentando ajudar, podemos ser amigos?

– Não, não podemos – Falei.

– Tudo bem, grossa! – Falou ele. Pensei comigo mesma que seria mais fácil se ele me odiasse, eu poderia enfrentar melhor essa situação, não podia estar apaixonada por ele, além dele ter namorada, ele era humano.

– Bom dia classe! – Falou o professor.

Fui pegar meu caderno que estava dentro da bolsa, para anotar as formulas.

– Hoje vocês terão um trabalho muito produtivo! – Todos resmungaram – Com seu parceiro de laboratório, vocês iram juntar os elementos químicos corretos e irão fazer fogos de artifício, e, além disso, terá também a parte da teoria, que é um trabalho manual, que estará valendo 10,0 pontos.

Todos da sala resmungaram.

– Você pode ir lá pra casa fazer o trabalho comigo! – Pronunciou-se Tyler, ele colocou a mão sobre a cabeça e balançou um pouco os cabelos, bagunçando-os, era impossível evitar olhar pra ele – Topa?

– Topa o que? – Perguntei como e estivesse dormindo e acabará de acordar, havia me perdido nos pensamentos e no seu jeito e esqueci o que ele havia perguntado.

– Ir pra minha casa fazer esse trabalho teórico! – Falou novamente com um sorriso lindo no rosto.

– Não se preocupe, eu faço sozinha! – Falei.

– Você realmente me odeia tanto? – Perguntou, ele pegou sua mochila que estava na cadeira e colocou sobre os ombros – E eu nem sei o que eu te fiz.

– Não o odeio – Pronunciei – Eu só... – Ele me interrompeu.

– Vamos fazer assim, fazemos esse trabalho juntos, e se tirarmos acima da média você se torna minha amiga e se tirarmos abaixo da média, peço ao professor não sermos mais parceiros de laboratório, topa?

– Topo!