Secrets

Capítulo 7 - Florice


Naquele dia, Adrien acordara indisposto.

Era uma linda manhã de sábado, o Sol estava surgindo e o céu radiava em um azul maravilhoso. E mesmo com toda aquela manhã esplêndida, o louro continuava deitado em sua cama.

Uma avalanche de sentimentos tomou conta do corpo dele. Se lembrou de quando a mãe desapareceu sem deixar vestígios e em como ele se encontrava perdido e sozinho na vida. Pensou também em seu pai, que não se importava com mais nada. Depois do ocorrido com sua esposa, Gabriel nunca mais foi o mesmo, se fechando em uma bolha e se perdendo internamente. E por fim Ladybug.

Aah Ladybug, o jovem suspirou. Seu desentendimento com a joaninha o fez perceber que tudo, absolutamente TUDO o que ele tinha que o deixava feliz era retirado bruscamente dele. Ele sempre perdia todas as coisas que amava e que o faziam sorrir. Isso o fez ficar triste e com um aperto no peito. Em meio a esses devaneios, uma leve batidinha na porta o surpreendera.

— Olá Adrien. - uma figura ruiva adentrou o quarto. Era Nathalie.

— Arh... erh... an... oi Nathalie. - disse ele sem jeito.

— Venha tomar café. - chamou a secretaria carinhosamente.

— Não estou com fome, obrigado Nathalie. - disse ele meio cabisbaixo.

— Ahm... bom... - Nathalie pigarreou. - tem alguém lhe esperando lá embaixo. Ela disse que é uma amiga da escola. Seu nome é Marinette.

Marinette. O trabalho. O esboço. E agora?!

— Nathalie, peça para ela me esperar na sala enquanto eu troco de roupas. - pediu ele desesperado, porém com o mesmo tom triste.

— Tudo bem Adrien. - então Nathalie saiu e fechou a porta.

Ao adentrar à mansão Agreste, Marinette ficou impressionada. Mesmo tendo estado lá diversas vezes como Ladybug, estar lá como Marinette era algo totalmente diferente. E ainda estar lá como convidada do Adrien. Era um sonho. Um sonho de princesa. A jovem olhou em volta enquanto esperava por Nathalie que foi em direção ao quarto chamar o Adrien.

Aaah Adrien, a jovem suspirou. Qual seria a reação de Alya ao saber que o menino mais gato da escola e o amor de sua vida, havia chamado ela para ir em sua casa. Adrien era tão lindo e tão meigo que... ela ficava fazendo papel de boba na grande maioria das vezes que falava com ele, de tanto que ela gostava dele.

Ao olhar ao seu redor, ela percebeu que haviam diversas fotos de Adrien e em sua grande maioria eram de ensaios para a marca de seu pai, (e estilista favorito de Marinette) Gabriel Agreste. E ao centro do hall de entrada, se encontrava uma foto de Adrien e seu pai. Ela nunca havia reparado naquela foto, mas agora que realmente OLHAVA para ela, conseguira reparar no que nunca vira.

Gabriel estava com um semblante sério, mas ao mesmo tempo cheio de orgulho e ao que pareceu à jovem, um pouquinho de arrogância. Estava todo de preto como se tivesse acabado de voltar de um funeral. Adrien... Adrien estava de preto também, mas seu olhar estava cabisbaixo, como se estivesse sofrendo muito, aparentemente ele tinha acabado de perder alguém que amava.

— Senhorita Marinette? - chamou Nathalie interrompendo seus devaneios. - O senhor Adrien pediu para você esperar na sala que ele já está descendo.

E então a azulada esperou por 15 minutos. Nervosa e pensando que deveria ter atrapalhado o garoto em alguma coisa. Mas como poderia? Havia sido ele mesmo que tinha marcado o horário do encontro.

— Mari. - disse Adrien dando um sorriso largo, porém o sorriso não chegava ao seus olhos. Os mesmos demonstravam tristeza.

— Adrien? - disse a azulada em um tom preocupado. - Está tudo bem? - sondou ela.

— Aah, está sim... é só... - e sacudindo a cabeça continuou - que tal irmos à praça onde estão o resto dos resquícios da batalha na bastilha? Eu estou doido para lhe mostrar e te contar as barbaridades que aconteceram ali. E quem sabe eu não desperto um sentimento pela matéria de história que você tanto odeia?! - convidou se animando com a ideia.

— Ei! - exclamou ela. - Eu não odeio a matéria eu só não consigo ser boa o suficiente. E também há um pequeno enorme detalhe: os Frances, eles tem mania de organizar tudo e isso complica. - finalizou na defensiva.

— Desculpa interromper seu monólogo, querida Mari. Mas se não formos logo vamos chegar tarde. E se caso você se comportar, depois da inspeção podemos tomar um sorvete, que tal?

Adrien chamando Marinette para tomar um sorvete? Meu Deus, isso só pode ser um sonho.

— Cl-claro Adrien, o que você quiser... - disse e logo depois ficou corada. Todavia estava preocupada com o tom de voz e a face de seu amigo.

E então lá foram os dois. Fizeram o trabalho na praça, brincaram um pouco um com o outro. Tiraram bastante fotos, algumas sérias e outras por pura brincadeira, como a que Marinette fazia caretas com Adrien ou como quando os dois pediram para uma mulher aleatória para tirarem fotos dos dois sentados no banco da praça fazendo carão. Durante esse tempo, Marinette ficou gaguejando quase que o tempo todo. Depois de quase 2 horas e meia tirando as fotos e perguntando para o pessoal ao redor, eles finalmente foram para a sorveteria mais próxima.

— Eu não tive culpa, estava totalmente cego pela poeira. - contou ele gargalhando a história da vez que ele bateu de cara em um poste. - E que tal aquele sorvete hein?!

— T-tudo bem. - a mestiça deu uma risadinha tímida.

Os dois escolheram milk shake e foram se sentar em uma mesa vaga.

— Então... que tal continuarmos nos conhecendo melhor? - perguntou ele meio sem jeito. Precisava conhecer Marinette melhor, ela transmitia algo maravilhoso para ele. O fazia esquecer seus problemas e o deixava bem.

— Cl-claro... mas agora é a minha vez de começar. - Adrien assentiu e Marinette continuou. - Como você se sente hoje? Você gosta de ser modelo?

— Foram duas perguntas. - e vendo que a mestiça continuava quieta, ele prosseguiu - Eu estou bem, sério, eu só estou meio cansado. - e com uma risada tremula prosseguiu - E sim, eu gosto na maioria das vezes de ser modelo. Há seus prós e contras. Não é que seja muito chato ser modelo, nada disso. É que as vezes você perde muita coisa por estar ali, sabe. Como a vez em que eu perdi o aniversário da Alya, se lembra? - Claro que ela se lembrava. Alya ficou muito chateada pelo Adrien não ter ido, mas entendeu que era aquela "merda de vida de modelo", palavras dela.

— E quais sã... - começou a menina mas foi interrompida por seu parceiro.

— Você me fez duas e eu tenho direito à uma também. - e piscou para a menina. - Eu vi você com a Alya ontem, queria saber o que aconteceu e se está tudo bem.

— Epa trapaceiro. São duas. - disse rindo e vendo que o garoto não tirava seus olhos verde-esmeralda dela, suspirou derrotada. - Não foi nada eu só... - e então acidentalmente Marinette derramou o seu Milk Shake na camisa do louro. - AI MEU DEUS! - exclamou assustada. - Me desculpa, me desculpa mesmo... eu sou extremamente desastrada... e agora eu derramei Milk Shake em sua camisa. Erh... olha passa água e um removedor de manchas que a camisa estará novinha em folha. - Eu espero, acrescentou mentalmente. Se ele não a odiava, aquilo faria o trabalho. Então levantou a cabeça e olhou para a cara de Adrien que estava sem expressão e aparentemente estar muito bravo com ela, e com razão. Contudo, quando iria tirar seus olhos do louro, ele começou a rir. Rir não. Gargalhar.

— Desastrada é seu nome do meio certo? - disse em meio as gargalhadas. - Então Mari, a senhorita me desculpe por isso também. - E então, Adrien manchou a roupa de sua parceira com seu Milk Shake também.

— Que é isso?! É uma guerra ou o quê?! - perguntou em meio a risadas, enquanto tentava limpar a mancha de sua blusa.

— Não, não é uma guerra! É só eu me defendendo! - diz Adrien rindo sem parar e continuava tacando Milk Shake na menina.

— Para, para! - pede Marinette gargalhando - Vamos logo para casa, se não eu taco esse copo inteiro em você! - diz se levantando, e já tirando a carteira do bolso, quando uma mão a impede.

— Deixa que eu pago! - fala Adrien dando um sorriso para ela.

— Mas... - a menina ia falar algo quando foi interrompida pelo garoto.

— Eu te convidei pra sair, certo?! - perguntou corado e a menina assentiu, corando logo em seguida - Então eu pago! - diz por fim já colocando o dinheiro na mesa.

— Tudo bem! Tudo bem! - diz Marinette emburrada. Então eles saíram da sorveteria, e se despediram. Na hora da despedida, Marinette depositou um beijo carinhoso em sua bochecha. A mestiça não sabia de onde havia tirado a coragem para tal ato, mas já estava feito. Contudo, Marinette estava preocupada com Adrien, ele estava muito triste... embora sua aparência tentasse demonstrar o contrário.


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3 dias se passaram desde a briga de Ladybug e Chat Noir. E para a alegria (ou não) de Adrien, finalmente um akumatizado apareceu em Paris. Ou melhor, uma akumatizada.

— Plagg, mostrar as garras.

Ao chegar ao local, Ladybug já estava em ação. Ela lutava contra a akumatizada. A moça que estava sob os domínios do Hawk Moth estava desferindo golpes. Chat Noir conhecia vários daqueles golpes, pois ele em sua identidade civil fazia aulas de defesa pessoal. Ele havia parado por estar totalmente entregue à sua carreira de modelo. Ele viu que a jovem não estava para brincadeiras. Ela desferiu um golpe bem na barriga de Ladybug e a mesma revidou com um chute em sua costela. Chat Noir não poderia e nem deveria ficar parado ali o dia todo. Mas ele estava perplexo com a visão que estava tendo. Era impressão sua ou os akumatizados estavam cada vez mais fortes? Recordou-se da conversa que teve com seu kwami. Ele estava certo. Como sempre. Saindo de seus devaneios foi ajudar sua joaninha, pois depois de voar por um golpe desferido da pobre akumatizada, acabara de cair com tudo no chão.

— Olá my lady. Achei que joaninhas sabiam voar. - dissera ele em um tom de deboche enquanto usava seu bastão para tirar sua parceira da zona de tiro, onde ela era o alvo.

— Cala a boca e me escuta. - disse Ladybug urgentemente. Os dois estavam saltando entre os prédios, até pararem em um aleatório onde estava um pouco mais calmo e dava para eles conversarem. - Não temos tempo. Descobri o que aconteceu. É uma mulher. Ela é uma florista e estava regando suas flores até que um grupo de crianças passou correndo e pisou em todas elas. - disse ofegante. - Ela iria para um concurso e precisava daquelas flores. Ela diz ser Florice. Aposto minha sorte que o akuma está na pulseirinha dela. No braço. Agora vamos que já deu nosso temp CHAT NOIR, CUIDADO! - berrou a joaninha pegando o gato pelo rabo, antes que o raio de Florice acertasse ele. Ela os encontrou. Os dois saíram correndo dos prédios e continuaram correndo em terra firme mesmo.

Ladybug sabia muito bem o que aconteceria se o jato de raio que saia da pulseira da akumatizada acertasse alguém. Ela vira isso acontecer com seus próprios olhos. Ao soltar o raio, surge uma planta de longas raízes que se enrolam em quem a Florice mirasse e ficavam cada vez mais apertadas a medida que a pessoa se esforça para sair.

— Usa o talismã. RÁPIDO MULHER. - berrou o gato em desespero.

— Talismã - berrou ela, enquanto exigia seu poder secreto. - Um regador?! Que raios eu vou fazer com isso.

— MY LADY... BEM... EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ MEIO OCUPADA... MAS DÁ PRA VOCÊ AJUDAR AQUI?! - Chat Noir berrava enquanto desviava dos jatos da moça. Ele estendeu seu bastão enquanto desviava dos movimentos de Florice. Cada vez mais precisos e mais fortes. Ele precisava voltar para sua aula de defesa pessoal urgentemente.

Ladybug com sua supervisão, viu o chão, o regador, o hidrante, e por fim Chat Noir e soube exatamente o que fazer.

— Chat Noir, se prepara. - disse Ladybug.

— Cataclismo. - berrou ele e ele se encheu com seu poder.

Ladybug foi até o hidrante, abriu-o e liberou água até encher o regador.

— CHAT NOIR, AGORA. - ordenou a joaninha.

Ao ouvir isso Chat Noir colocou sua mão no chão fazendo um buraco na terra se abrir e prender a jovem akumatizada. Ao ver que ela estava bem presa, Ladybug foi correndo até ela enquanto desviava dos jatos que Florice lançava contra ela. A joaninha então deu um mortal que por um tris não derramou a água que carregava, então jogou a água na face da akumatizada. Fazendo isso, ela pegou sua pulseira e saiu o mais rápido possível de perto da jovem. Quebrou o objeto e libertou o akuma.

— Chega de maldade pequenino. - disse ela de modo delicado. - HORA DE ANIQUILAR A MALDADE... tchau tchau borboletinha. MIRACULOUS LADYBUG. - ao proferir essas palavras tudo voltou ao normal.

— Zerou. - Ladybug e Chat Noir tocaram suas mãos juntas. - Ehr... espera Ladybug... - segurou o braço de sua amada. - eu sei que eu errei... - começou ele.

— Chat Noir, não temos muito tempo. - replicou ela, se arrependendo logo depois e mudando o tom de voz. - Já vamos nos transformar. - disse ela olhando do anel e olhando a si (referindo-se ao brinco).

— Tudo bem... mas sinceramente, precisamos conversar... - então seu rosto se iluminou com a ideia que acabara de ter. - Olha podemos nos encontrar na Torre Eiffel às 22:30? Por favor? - e para acabar com o coração de manteiga de Marinette, ele lançou o famoso olhar do gatinho pidão, na esperança de que ela aceitasse. Aquele olhar meigo e fofo que não tem como se negar nada.

— Ei, isso é chantagem viu?! - disse Ladybug dando um soco de leve no braço de seu parceiro. - Tudo bem, seu gato bobo. - e deu um sorriso sincero. - Até mais tarde. - disse enquanto atirava o ioiô no prédio e desaparecia por entre as elevações.