Secrets

Capítulo 13 - Scott (parte 1)


"Bem, antes de tudo eu preciso começar do começo, tipo... bem do início mesmo. Tipo, na primeira série do ensino fundamental. Não sei se você sabe Alya, mas a primeira pessoa que eu conheci nessa escola foi o Nathanaël e nos tornamos grandes amigos" - começou ela, olhando para a ruiva em busca de atenção. Alya assentiu incentivando a morena a continuar e assim ela o fez.

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Flashback On

Marinette's P.O.V.

A primeira série do fundamental. Eu estava tão nervosa. Minha mãe havia acabado de me deixar em uma nova escola e eu estava tipo totalmente desesperada. Eu estava chorando muito muito, e sinceramente...?! Eu não sei porque eu fazia isso. Eu tinha 6 anos, por Merlin!

Até que eu o vi.

Cabelos ruivos, sua vestimenta era típica de sua idade: uma camisa de super-herói e uma calça preta. Estava sentado em uma árvore. Eu me aproximei sorrateiramente, mas infelizmente para o meu desespero, ele notou o que eu fiz e ergueu os olhos para me fitar.

— Ehr... oi, meu Marinette nome é. - nunca tinha sido boa em fazer amizades mesmo... a timidez munca deixava. - Quer dizer, meu nome é Marinette.

— Olá, me chamo Nathanaël. - dissera ele. Eu sinceramente havia gostado dele, ele foi maravilhoso comigo! Pelo menos ele não riu do mico que eu paguei. - Quer ser meu amigo? - perguntou ele.

— Claro que sim, Nathan. - disse, mas logo me arrependi. E se ele não gostasse de apelidos? - Posso te chamar assim, não posso?

— Claro que pode, mas você vai ter que me deixar de te chamar de baixinha. - disse ele com um olhar divertido e um sorriso travesso no rosto. Eu assenti com a cabeça e foi assim, assim começou minha amizade com o Nathan. Até a terceira série nós éramos unha e carne.

No final da terceira série uma garota havia aparecido, ela era loura, roupas de grife, parecia uma pessoa de classe média alta. Ela não falava com ninguém e ninguém falava com ela. Um dia eu a vi, ela estava lanchando sozinha, fui até ela para saber porque estava sozinha e saber quem era.

— Olá menina! - tentei iniciar uma conversa amigável. - Sou Marinette Dupain-Cheng e você? - estendi a mão para ela.

— Sou Chloé Bourgeois. - disse ela, sem nem mesmo me olhar. - O que está fazendo aqui? - me perguntou lançando um tremendo olhar desprezível.

— Bem... erh... na verdade eu vim perguntar se você quer lanchar conosco, mas tudo bem. Desculpa incomodar, até mais ver. - disse eu tentando ser complacente.

Minha bondade era coisa do meu pai, ele diz que não importa o que aconteça, devemos sempre fazer o bem, sem olhar a quem.

No final ela nem olhou pra mim.

Cheguei na mesa onde eu e Nathan estávamos almoçando. Ele estava com mais uma pessoa, era um menino, ele era moreno, tinha os cabelos morenos e usava chapéu. Eu estava com uma cara tristonha, e claro que o Nathan iria perceber.

— O que houve, Mari. - perguntou ele sério. Esse tolo super-protetor

— Nada demais... é só que eu fui falar com a menina nova da nossa sala, a lourinha, sabe? Então, descobri o nome dela: Chloé Bourgeois, mas quando eu fui chamar ela pra lanchar, ela nem me deu atenção. Isso me deixou meio chateada, poxa, eu só estava tentando ser gentil. - finalizei, mexendo no meu prato de comida, com a cabeça baixa.

— Ai Mari... nem dá bola. Eu disse pra você que iria ser uma perda de tempo, aquela menina é nojenta demais. - ele revirou os olhos com impaciência. - Temos um novo amigo, o nome dele é Nino.

— Olá Nino, como vai? Meu nome é Marinette. - estendi minha mão para ele, que a pegou na mesma hora e nos cumprimentamos.

— Muito prazer, Marinette. - disse ele com um brilho no olhar inexplicável.

— Vamos para a sala então? - chamou Nathan. Ainda bem que ele havia nos chamado, o clima estava ficando meio pesado.

Passaram-se duas semanas desde que eu falei pela primeira vez com Chloé Bourgeois. E ela sempre me olhando. Me olhando não, me secando com os olhos. Sempre que eu estava com Nathan ou Nino... ela ficava olhando com ódio, mas como eu era criança, eu não percebia que aquilo era ódio. Um dia, ela veio falar comigo.

— Erh... oi Marinette - disse ela timidamente - eu posso me sentar? - me perguntou indicando o lugar vazio ao meu lado com a cabeça.

— Claro que pode. - disse, me afastando para lhe dar espaço.

E nós ficamos quietas. O silêncio era constrangedor, até que ela o quebrou.

— Ehr.... bem... me desculpa por aquele dia. Eu não me comportei bem, eu estava em uma escola particular e tive que me mudar para esta pública e meu pai está sem emprego, mas ele vai tentar as eleições. O sonho dele é ser prefeito. Não sei nem porque estou te contando isso, quer dizer... nos conhecemos agora né! Eu percebi que você só queria me ajudar e nada mais que isso, me senti mal por ter feito aquilo contigo. Eu quis pedir desculpas... mas eu nunca encontrava oportunidade. E agora que você está sozinha, - disse ela, indicando o espaço ao meu lado. Esse espaço seria ocupado por Nino e Nathan, mas eles não vieram à escola e eu estava sozinha.

— Ehr... tu-tudo bem. - assenti, confusa com a atitude da loura, mas deixei quieto, afinal ela estava passando por muitas mudanças. - E sua mãe? - perguntei, para tentar fazê-la se sentir mais confortável. Logo em seguida, percebi que não foi uma coisa certa de se fazer, ela olhou para mim e seus olhos encheram-se de lágrimas.

— Minha mãe morreu. - a voz dela não passava de um mero sussurro. - Ela... ela estava saindo para trabalhar e... estava nevando, e... depois ninguém sabe o que aconteceu... encontraram o carro dela capotado e ela morreu queimada. - terminou ela. Ela não conseguiu reprimir as lágrimas, elas caíram e a lourinha nem percebeu. Eu tentei consolá-la com um abraço, que inclusive para minha surpresa, ela o aceitou e retribuiu. Ela sussurrou um inaudível "obrigada" e ficou lá, por um bom tempo abraçada comigo.

O sinal bateu e fomos para a sala, sentamos juntas e tudo mais. Conforme o tempo foi passeando, eu fui me aproximando cada vez mais da Chloé e ela se aproximando cada vez mais de mim. Nós íamos uma à casa da outra, ficávamos sempre juntas, até cogitei que ela fosse minha melhor amiga. Ela sempre me ajudava, nós dividíamos segredos, mas eu não tinha nenhuma noção de que ela iria virar alguém especial... e ela virou. Não mais especial que o Nino e o meu Nathan, mas era especial de um jeito diferente, menos intenso e tipo... não sei dizer direito.

Quem não tinha gostado nada dessa ideia era o Nathan, eu achava que era por ciúmes. Nós tivemos uma conversa bem séria sobre isso:

— Você sabe que está fazendo amizade com a pessoa errada, não sabe? - começou ele pacientemente.

— Ela não é uma má pessoa. Nath, se você der uma chance pra ela, vai ver.

— Olha, Marinette, - ele nunca me chamava de Marinette, a não ser que realmente estivesse bravo. - eu sinceramente não sei o que você viu nela, mas nada tira da minha cabeça que ela não é uma boa pessoa. E eu garanto que mesmo com a sua bondade, no fundo, lá no fundo mesmo, você sabe que estou certo. Espero realmente que você não descubra tarde demais. Marinette, abra os olhos com aquela garota, não confie nela.

— Nathan... todos merecem uma segunda chance... ela pode não aparentar ser uma boa pessoa, mas eu a conheço melhor do que você e pelo que eu vi, ela só tem a impressão mesmo de metida e chata. Acho que seria mais fácil se você conhecesse ela também.

— Nem morto. Muito obrigada, dessa aí eu dispenso apresentações.

— Caralho Nathanaël, que merda está acontecendo contigo? Desembucha logo!

— Está bem, eu vou "desembuchar"! Quer saber realmente o que está acontecendo? EU NÃO VOU COM A CARA DELA, NÃO GOSTEI DELA E NÃO SEREI FALSO EM RELAÇÃO A ISSO. ELA É MÁ SIM, SÓ VOCÊ NÃO VÊ ISSO. E além do quê, ela roubou você de mim, ou você pensa que eu não notei que depois que você começou a sair com ela, você passou a me deixar de lado?! EU. NÃO. GOSTO. DELA. - ele separou cada palavra. Fez isso como se eu não entendesse o que ele estava dizendo.

— Aaaah, então tudo se resume a isso? Ciúmes? - desafiei ele.

— Cl-claro que não. - ele vacilou. - Mas você vai saber do que eu estou falando quando sentir na pele do que essa cobra é capaz.

— Oi oi galera. - a Chloé havia chegado e com a minha visão periférica eu vi que o Nathan havia revirado os olhos com desprezo. - Mari, sabia que meu pai está concorrendo as eleições?! Talvez ele ganhe!!! - disse ela animada, então virou o olhar para meu amigo. - Olá ruivinho. É uma pena que tenhamos que ir, vamos Mari? - ela deu um olhar sugestivo para mim.

— Claro Chlo... vamos sim. Ehr, tchau Nath. - então me aproximei dele para depositar-lhe um beijo em sua bochecha e ao nos abraçarmos, ele cochichou no meu ouvido: "eu não te disse?! Agora, toma cuidado baixinha.", o que fez meu coração transbordar de alívio e felicidade. Estava tudo bem entre a gente.

O tempo foi passando, a Chloé estava cada vez mais minha amiga e o Nathan e eu começamos a nos afastar. Eu admito, sentia muito a falta dele, mas não tinha muito o que fazer. Era a decisão dele.

Por fim chegamos na sexta série. O ano em que toda aquela loucura começou. Era início do ano letivo, havíamos acabado de retornar das férias.

Chegou um garoto novo por lá. Ele era muito lindo. Tinha os cabelos morenos, lisos, em um corte estilo capacete - confesso que eu comecei a sentir que gostava dele somente ao olhar para seu cabelo -, seus olhos eram azuis, um tom de azul céu e... eu me apaixonei.

Sabe aquelas coisas de amor a primeira vista? Eu não acreditava muito nisso até vê-lo.

Ele estava parado. Sozinho. Estava sentado em cima de uma das escadas que há no refeitório. Eu estava conversando com Chloé, mas eu não podia deixá-lo ali. Talvez ele tenha se perdido no caminho para sua sala, talvez eu pudesse ajudá-lo. Eu me arrependo profundamente por ter feito isso...

— Caham. - pigarreei. - Oi, tudo bom? Muito prazer, meu nome é Marinette e o seu é?

— Olá Marinette, meu nome é Scott. - ele disse, apertando minha mão direita. Seu toque eletrizou meu corpo. Eu não sabia o que era aquilo, mas depois que ele me tocou, foi como se... como se eu tivesse encontrado quem eu estava procurando - mesmo sem eu realmente o estar. - Marinette? - ele abanava sua mão na frente do meu rosto para me acordar, eu mexi os olhos, e o garoto a minha frente suspirou aliviado. - Nossa menina, eu achei que você estava em um transe ou algo assim.

E nós ficamos amigos. Nós conversávamos sobre absolutamente tudo. Quando deu um tempo bom de nossa amizade, ele anotou meu msn e passamos a conversar bem mais por lá, duas semanas depois eu peguei o número dele e nós passamos a trocar SMS... quando eu percebi a "amizade" que eu sentia por ele, na verdade não era amizade. Era algo bem maior.

— Scott, posso falar com você? - a sala estava barulhenta aquele dia.

Eu tomei a decisão mais difícil da minha vida, foram quase 6 meses de amizade, junto com conversas sem sentido e coisas sérias... eu já sabia o que eu queria. Ele. Era quem eu queria.

— Claro, Mari... pode falar... - ele hesitou um pouco.

— Aqui não! Me espere depois da aula, na biblioteca. - pedi a ele, que assentiu e retornou a sua posição inicial: cabeça baixa e fingindo que estava lendo o livro. Ele era tão lindo, pai amado.

O período de aula acabou. O que eu havia feito? Jesus, o que eu fiz? Eu não podia dizer a ele o que eu sentia. Onde eu estava com a cabeça quando eu fui chamar ele na biblioteca? Minhas pernas foram involuntariamente em direção à biblioteca.

— Oooi Scott... bem... erh... eu não sei como começar. - disse acanhada.

— Por que não começa do início? Eu sei - ele riu - é meio clichê, mas talvez ajude. - e me lançou um olhar cheio de ternura, que obviamente me fez derreter.

— Tu-tudo bem. Olha, prometa que não vai me julgar e nem sair correndo.

— Mas... você sabe que eu jama...

— Só me prometa.

— Eu prometo Marinette. - ele levantou o dedo mindinho e eu levantei o meu e nós os entrelaçamos. Nós rimos. O som de nossas risadas eram a única coisa que dava para se ouvir na biblioteca.

Ok. Vai Marinette. Respira. Não é tão difícil. O máximo que vai acontecer é você levar um toco.

— Eu gosto de você. - sussurrei. - Desde o primeiro dia em que eu te vi, eu te achei muito fofo e quando você falou comigo e eu ouvi sua voz... foi como se...

— Tivesse em transe... - completou ele. Deveríamos estar nos lembrando do mesmo momento, quando nos conhecemos e eu fiquei com cara de tacho na frente dele.

— Pois é... foi algo inimaginável. Eu não pensava em ninguém desse jeito. Só pensava em tirar boas notas e almejava a minha carreira de designer. Não havia espaço para mais nada e nem ninguém e... você chegou e bagunçou completamente minha cabeça. Você me deixou acabada. De repente, você era quem me segurava na terra, me entende? Bem... me desculpa, eu precisava te dizer isso.

— Mari... eu não sei o que dizer.

— Não... não diga nada... alguém como você jamais iria querer alguém como eu. É melhor eu ir. - eu me virei com lágrimas nos olhos e ele segurou meu braço.

— Não... não vá. Eu também preciso te dizer uma coisa. - ele deu um longo suspiro e continuou. - Eu também comecei a nutrir um sentimento por você. Eu gosto de você também, eu achava que era só eu e por isso não falei contigo. Mas... agora que você veio falando, eu posso te pedir o que eu queria... quer namorar comigo? - ele arqueou as sobrancelhas em minha direção, mas eu não o estava vendo.

Ele não estava falando isso pra mim, tipo... o Scott se declarando para mim. Isso é loucura. Tudo ficou escuro e eu quase desmaiei, ele me segurou e ao olhar para a cara dele, eu sabia que nós seríamos felizes juntos. Ou pelo menos eu pensava que sim.

— Marinette? - ele perguntou preocupado. - Está tudo bem?

— Ahn... está sim... e... eu aceito... aceito ser sua namorada. - eu não conseguia falar com coerência, minha boca estava dormente. Ele me pegou na mão e me deu um selinho na boca.

Eu mal cheguei em casa e mandei mensagem para a Chloé contando tudo o que aconteceu na biblioteca. Ela disse que ficou muito feliz e eu fiquei bem feliz por ela estar me apoiando. Eu era tipo a primeira dama, sabe? Eu estava saindo com o garoto mais lindo do Colégio, não é só porque ele era meu namorado, ele era realmente lindo e dava um banho de beleza em todos os outros alunos independente do ano em que se encontrava. Ele além de lindo, era inteligente, atencioso, amoroso, meigo.

Namoramos por 5 meses. Passados esses 5 meses, ele começou a ficar bem estranho comigo.

Ele começou a se afastar e se tornar rude comigo. Me dava patadas sem ter motivo aparente. Começou a se afastar e a não falar mais comigo no colégio, ele literalmente estava fingindo que eu não existia. Não me chamava mais no msn, não me mandava mais mensagens... ele estava me evitando de alguma forma. A única coisa que eu gostaria de saber era: por quê? O que eu fiz para ele? Eu repassei em minha mente, todos os nossos momentos juntos, buscando algo que eu teria feito.

Eu fiquei realmente paranóica.

Eu buscava algo que pudesse justificar o modo dele agir dessa maneira comigo. Eu fiquei assim por quase uma semana. Em um momento eu realmente me cansei, me estressei e fui falar com ele. Não era justo ele estar fazendo isso comigo, eu não dei motivo algum pra ele me tratar dessa forma.

— Scott, eu preciso falar com você. - Eu disse no final do dia letivo. Ele apenas acenou com a cabeça e continuei - Aqui não. Vamos para um local mais calmo...

E então nós fomos. Fomos para uma praça que há perto da escola.

— O que você quer? - perguntou ele, no mesmo tom distante e indiferente.

— Eu quero saber o que está acontecendo... você... nós... - comecei calmamente, gaguejando, mas eu não estava mais em mim. - NÓS FICAMOS JUNTOS POR 5 MESES E ESTÁVAMOS INDO BEM, O QUE HOUVE COM VOCÊ? VOCÊ PAROU DE RESPONDER MINHAS MENSAGENS, PAROU DE ME RETONAR AS LIGAÇÕES, ME PARECE QUE ME BLOQUEOU DO MSN... O QUE EU FIZ QUE TE DEIXOU TÃO IRRITADO, PORQUE VOCÊ NÃO FARIA ISSO POR NADA E...

— Marinette, não seja histérica. Para de gritar por fav...

— AAAAH ENTÃO AGORA EU SOU HISTÉRICA. - meus olhos começaram a marejar. - TUDO. TUDO. O QUE EU QUERO. É SÓ UMA EXPLICAÇÃO. O que houve? Por quê? Só me diga. Fui eu? - minha voz já estava falhando a uma hora dessas.

— Foi. - Respondeu em um tom indiferente. - Quero dizer, não. - tentou consertar ele, rapidamente. Mas o estrago já estava feito. Com aquelas palavras, ele me fez sentir um lixo, um nada, apenas um desperdício de espaço.

— Quer saber, Scott? - eu comecei com o máximo de controle que consegui colocar em minha entonação de voz, e mesmo com isso, ela ainda não passava de um sussurro. - Eu achei que você era O Garoto certo, mas eu estava errada. Você é só mais um. E do mesmo jeito que você entrou aqui dentro - disse apontando em meu coração -, uma hora você vai sair. - Lhe dei as costas - E a propósito, Scott - retornei para olhá-lo -, me esqueça. Esqueça que um dia me conheceu, porque eu te garanto que farei isso. - E então saí de perto dele, voltei pra casa.

É claro que eu poderia entrar pelos fundos, sem passar pela padaria, mas aquela altura eu já estava sem a consciência do que estava fazendo. Entrei pela padaria e meus pais estavam atendendo.

— Filha vem ajudar seu pa... - na hora que ele olhou para a minha cara, sua cara se mostrou aflita e preocupada.

Bingo! Agora terei de explicar tudo.

— Mãe, pai... hoje não vai dar pra eu ajudar hoje, pois o dia foi longo e eu preciso dormir. - falei isso com os olhos fechados, pois as lágrimas estavam ali e eu não poderia me entregar. Agora não! E subi para o meu quarto.

Ao entrar lá, eu fechei a porta, janela e tudo o que continha de luz... eu me sentia exposta... sentia que todos estavam vendo o lixo que sou. Me tranquei e chorei. O que mais eu poderia fazer? Dar um soco nele? Sim, poderia, pois eu fazia luta, mas isso é proibido. Você não pode usar suas habilidades fora do tatame. Mas eu chorei.

Acho que tinha passado algumas horas - que mais pareceram eternidades - e eu ouvi uma batidinha leve na porta. "Filha?" era a mamãe, claro que era.

— Já vou, mãe! - disse, tentando enxugar as lágrimas o mais rápido possível para que ela não as visse.

Ao abrir a porta, me deparei com ela e papai do lado de fora do quarto, os dois com cara de preocupados e meio confusos. Afinal, eu não sou assim. No momento em que olhei pra ela, ambos estenderam o braço e eu não hesitei um milésimo em abraçá-los. Depois de cerca de 30 minutos chorando e abraçada a eles, eu tomei coragem e expliquei o que estava havendo... Eu juro que não sei o que fiz para ter pais como eles, eles me entenderam... Conversaram comigo e me disseram para não se preocupar que um dia eu iria encontrar meu príncipe encantado e ele seria gentil e nunca me trataria do jeito que Scott me tratava. Eu lhes agradeci e pedi um tempo sozinha pra eles.

Liguei para Chlóe

Ligaçaõ On

— Alô? Chlóe? — eu estava desesperada e com voz de choro

— O que houve, Mari? Tá tudo bem?

— Não muito, posso falar com você?

— Claro que pode, o que quiser, pode desabafar

— Então... Aqui não, posso passar aí?

— Não! — respondeu rápido demais e uma oitava mais alto. Meu sexto sentido estava dizendo que ela estava aprontando algo. — Quer dizer, é que está uma bagunça total e eu não gosto de receber as pessoas assim e você sabe.

Minha cabeça dizia para não acreditar nela, que ela estava mentindo, mas como sou extremamente trouxa, eu ouvi o coração.

— Tá bem... É que Chlo, o Scott e eu terminamos. Eu não sei o que houve com ele... - e contei a ela toda a história, desde o momento em que eu falei com o Scott.

Tá, calma... Deixa eu ver se eu entendi, você terminou com o Scott porque supostamente você achou que ele estava grosso com você?

Chlóe, não era uma suposição, ele realmente estava sendo indiferente comigo.

Mari... Já pensou que ele poderia ter motivos para agir dessa forma? Eu não sei... Não digo que você tenha dado motivos, é só que é meio estranho alguém como vocês que tinham um relacionamento muito estável, ficarem desse jeito. Calma Mari, deixe as coisas esfriarem, tudo vai ficar bem e você pode contar comigo para o que for. — eu ouço um telefone tocar - Ops! É... Meu pai me ligando, erh, tchauzinho amiga, beijinhos.