Secrets

Capítulo 10 - Quando o brilho das penas do pavão se ofuscou


França, três anos antes.

*Flashback on*

Amélie estava sentada no jardim de sua casa. Enquanto observava o verde da grama e o azul do céu, pensava em como seu marido, Gabriel Agreste, havia mudado.

Há alguns meses, o Gabriel delicado e que dava atenção à mulher e ao seu filho, Adrien, havia desaparecido. No lugar dele, estava um homem rude, que não ligava para mais nada. Ele mudara seu semblante, estava sério, já sem vida. Estava como se... como se estivesse com planos na mente, planos malignos que envolviam um poder surreal. Seu semblante era egocêntrico e frio. Só ficava trancado o dia todo em seu escritório. Alguma coisa estava acontecendo, ela sentia isso. E não era coisa boa.

Naquela mesma tarde, Gabriel foi até o jardim para falar com sua mulher:

— Amélie, precisamos conversar.

— Sobre seu comportamento? Sobre como você está agindo de uma maneira estranha? Ou então sobre como você só está se importando consigo mesmo e se esqueceu que tem uma família, um filho? - respondeu ela amargamente.

— Querida... precisamos conversar sobre seu Miraculous... - começou ele.

— O que tem ele. - perguntou ela desesperada.

— Bem... eu estava pensando que como nós não estamos mais tão ativos quanto antes, nós podemos... quer dizer, você poderia me dar o seu Miraculous... sabe, para que eu possa guardá-lo em segurança.

— Gabriel, e-eu nunca não faria isso. Meu Miraculous, minha responsabilidade. Eu nunca te daria meu Miraculous. - respondeu ela rapidamente, mas com firmeza em sua voz. Depois sua voz ficou doce e aveludada. - Gabriel, meu amor, pensa bem em como você está agindo. Seu filho sente sua falta, seu filho precisa de você. Onde você está? Eu casei com um homem que eu achava que me amava. - lágrimas começaram a brotar nos olhos da jovem. - Um homem atencioso, carinhoso. Quando eu descobri que você também era um herói de Paris eu fiquei ainda mais apaixonada. Mas agora, onde está você? Você nos abandonou. Você nã...

— CALA A BOCA TÁ BEM?! CALA A BOCA!! EU NÃO AGUENTO MAIS VOCÊ FALANDO ASSIM. VOCÊ E ESSE FEDELHO DO SEU FILHO ESTÃO ME ATRAPALHANDO. SE VOCÊ SE CANSOU SIMPLES. VÁ EMBORA. EU NÃO PRECISO DE VOCÊ AQUI, ALIÁS NUNCA PRECISEI. MEU TRABALHO ESTÁ ÓTIMO! EU QUERO QUE VOCÊ PARE DE ME ENCHER COM SUAS INSEGURANÇAS E SUAS INCERTEZAS.

— INSEGURANÇAS? INCERTEZAS? SÉRIO ISSO? ENTÃO TÁ BEM, PODE CONTINUAR COMO SE ESTIVESSE TUDO BEM E QUE NÃO TENHA ACONTECIDO NADA DE ERRADO PORQUE VOCÊ SABE MUITO BEM QUE ALGUMA COISA DE RUIM ESTÁ ACONTECENDO. VOCÊ SABE. EU SEI QUE SABE. - ela estava gritando. - Agora me escuta bem Gabriel Agreste, não chame mais nosso filho assim. Se você não quer a presença do seu filho, pode fazer o que quiser, não vou te obrigar a nada, mas da próxima vez que eu ver você maltratando meu filho, seu filho da puta, eu acabo com você. - sua voz era baixa, ameaçadora. Então, com lágrimas nos olhos, saiu correndo do local onde estava, deixando Gabriel com as mãos baixas, perplexo com o que havia feito. Mal sabia ela que seu filho, Adrien, havia visto toda aquela cena.

Amélie correu até seu quarto. Bateu a porta, a trancou e desatou a chorar. Chorou como nunca, pois não estava aguentando mais. Quando foi que ele se transformou dessa maneira? Por que ele se foi? O que o levou a se tornar esse homem frio e calculista? Estava soluçando quando sentiu algo tentando penetrar entre seus braços que estavam mexendo muito, de tanto que a loura soluçava. Era sua kwami.

— Ammy... - o pequenino a chamou pelo apelido carinhoso que havia dado a ela. - você precisa se acalmar, eu preciso conversar com você. Algo muito sério em relação ao senhor Gabriel e seu kwami.

— Duusu, vai pra lá... não quero conversar com ninguém. - balbuciou Amélie.

— Amélie, é uma conversa que não podemos deixar para amanhã. Você precisa falar com o guardião, ele saberá o que fazer e como te orientar. Amélie, me ouça, olhe para mim. - No momento em que ouviu o tom de voz da sua kwami, Amélie levantou a cabeça para olhá-la e quando o fez ela viu. Ela viu que a kwami tinha um semblante preocupado, como se ela realmente precisasse que a loura saísse de lá. - Amélie, nós precisamos ir... não é só uma vida que depende disso, se você realmente for uma heroína, você vai saber o que fazer.

— Duusu, vamos logo que depois tudo o que eu quero é voltar para casa. - disse amargamente. Contudo, ao ver uma lágrima sair do rosto de seu kwami, ela sabia que ela não iria voltar. - Eu não vou voltar, não é?

— Amélie, eu sinceramente não sei... mas você precisa estar preparada para tudo.

— Tudo bem Duusu, mas antes preciso falar com meu filho.

— Tudo bem. - e então a kwami se escondeu dentro do bolso da blusa de sua dona.

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Adrien estava feliz em seu quarto, ouvindo música em um volume extremamente alto. Por coincidência (ou não) estava tocando Cold Water do Justin Bieber exatamente neste trecho:


'Cause we all get lost sometimes, you know?

It's how we learn and how we grow

And I wanna lay with you 'til I'm old

You shouldn't be fighting on your own

Porque todos nós nos perdemos de vez em quando, sabe?

É assim que nós aprendemos e é assim que crescemos

E eu quero ficar com você até eu ficar velho

Você não deveria estar lutando sozinha

A mãe estava do lado de fora da porta, quando ouviu o cantar e as risadas que Adrien dava de seu quarto, ela não se aguentou e seus olhos se encheram de lágrimas.

Não vai ser pra sempre, eu vou voltar. Eu vou voltar. Ela pensava, repetia isso milhões de vezes até perder o sentido. E então bateu na porta. O filho não escutara. Óbvio, nessa altura, quem escuta? Pensou ela um riso se formando em seu lábio. Assim como o riso veio, ele se foi quando a mãe se lembrou do verdadeiro motivo de estar ali. Então com muita dor e aperto, ela abriu a porta do quarto. Seus olhos ainda estavam marejados.

— A-Adrien? Filho? - chamou ela. - Precisamos conversar. - essa frase saiu totalmente com a voz embargada.

— Mãe? O que aconteceu? - ele rapidamente desligou a música e foi para perto da mãe.

— Filho, eu quero que saiba que a mamãe vai dar uma saidinha... mas eu preciso Adrien... EU PRECISO que você me perdoe e te digo e juro que tudo o que estou fazendo não é pelo teu mal.

— Eu não posso ir junto?

— Não.

— Entendi. Mamãe, você não ama mais o papai? - perguntou ele com os olhos marejados, Adrien vira o pai o chamado de "fedelho" e humilhando sua mãe e sabia que essa "saidinha", não seria apenas uma "saidinha"

— Meu filho, por incrível que pareça, eu amo vocês dois. Não de forma igual, pois você ocupa uns 90% do meu coração. Mas sim, os 10% ainda são dele. Filho, você tem que me prometer uma coisa. Olha pra mamãe. - ela pediu e ele o fez. - VOCÊ NÃO PODE DE JEITO NENHUM SE ENTREGAR, OK?! Você não entende por enquanto o que está acontecendo, é tudo muito novo pra você. Entretanto, eu do fundo do meu coração espero que entenda e que perdoe a mamãe.

"Filho, eu quero te dizer que você foi a maior das riquezas que o mundo me trouxe. Quero que saiba que não importa o que aconteça você ocupa 90% e se por algum acaso algo mudar, com certeza você vai ocupar um espaço bem maior. Filho, a mamãe precisa ir, mas você precisa ser forte. Não conta nada pro papai dessa nossa conversa, tudo bem? Vai ser nosso segredinho. - ela estendeu o dedo mindinho e ele também, isso era uma espécie de juramento deles. - Filho a mamãe te ama muito, muito, muito. Nunca, jamais duvide disso. Eu estou fazendo isso porque é necessário. - Então deu um beijo no filho e foi embora.

Flashback off

Enquanto Amélie caminhava, sem realmente olhar por onde estava indo, ela estava com os olhos cheios d'água e as lágrimas que tanto contera ao lado de seu filho, estavam caindo descontroladamente por seu rosto.

Duusu a havia explicado como chegar lá e como ela cresceu em Paris, ela conhecia tudo. E por isso, ela não se perdeu. Chegando no local, que parecia com uma casa de massagem. A jovem bateu na porta.

— Pode entrar, Amélie. - disse a voz.

Como ele sabe seu nome? Ela pensou. Então adentrou o local e o viu. Tomou um susto ao vê-lo. Ele era chinês, tinha um cabelo branco, era baixo, corpulento e não precisava de muletas para andar.

— Você... mas... eu... mas... eu achei que você precisava das muletas sempre. - disse ela se referindo ao dia em que ele estava andando na rua e sua carteira acidentalmente caira, após isso ele por estar de muletas, não conseguia abaixar para pegá-la, nisso Amélie apareceu e o ajudou. Viu que o senhor estava cansado e ofereceu pagar um café para ele. Ele não havia aceitado, mas mesmo assim ela lhe deu o dinheiro, dizendo para comer algo quente.

— Duusu? - chamou o senhor. - Eu preciso ficar a sós com ela, por favor vá com Wayzz e fique com ele até eu terminar. Wayzz, leve ela por favor.

— Tudo bem mestre. - respondeu o kwami chamado Wayzz. Saindo dali e carregando a pobre Duusu.

— Amélie, que bom que finalmente seu kwami lhe convenceu e você veio para cá, mas sinto lhe informar que não é por uma boa causa. Mas que distração a minha, eu sei como se chama, mas você não sabe como eu me chamo. Sou Fu, Mestre Fu, muito prazer em conhecê-la.

— O-o prazer é meu. - disse ela acanhada. - Mas eu ainda não entendi o que estou fazendo aqui.

— Sente-se aqui Le Paon e vamos conversar. - Assim como Ladybug, Le Paon é a identidade secreta heróica da jovem. - Como eu lhe disse anteriormente, minha cara, as circunstâncias não são as melhores. Você precisa me ouvir e prestar bem atenção. - ele a viu assentir e então continuou. - Não posso lhe contar tudo, mas posso lhe contar o suficiente.

"Vamos começar pelo início, os Miraculous foram criados há muitos e muitos anos atrás, antes de Cristo. Seu propósito inicial era outro, mas com o passar dos anos, não havia muito o que se fazer com eles... eles foram evoluindo e surgiu Cristo. Depois que Cristo se foi, aos poucos o mundo foi se tornando mais sombrio e houve muitas guerras. O criados dos Miraculous sabia que um dia isso acontecer e tomou uma atitude.

Estavam na época das Guerras Médicas, na terceira para ser exato. Os Persas e os Gregos haviam assinado o tratado que reconheciam o domínio grego sobre o Mar Egeu. O criador sabia que não haveria pacifidade para sempre. Enquanto o guardião dos Miraculous daquela época estava dormindo, o criador apareceu em seus sonhos e lhe disse que os Miraculous iriam ser muito mais do que eles eram e que a responsabilidade iria dobrar. Não iria ser somente responsabilidade dele, mas também de mais pessoas, ele explicou o que ele deveria fazer e depois o deixou. Por fim o guardião ao acordar começou o ritual que se dá até hoje. O ritual é: uma pessoa com uma alma tão bondosa a ponto de arriscar sua vida ou ajudar salvando alguém seria o portador do Miraculous.

O ponto é: nem todas as pessoas são boas em toda sua vida. Algumas pessoas são sim boas, mas conforme o tempo vai passando... entenda Amélie, o Miraculous é uma jóia com um poder enorme e conforme o tempo vai passando esse poder passa ao seu dono e o dono começa a ter uma sensação de poder, um poder superestimado...

Prosseguindo, os Miraculous foram criados com um propósito, mas infelizmente por questões de segurança, eu não posso lhe informar qual é. Você só precisa saber que é algo grandioso que gera o equilíbrio de todo o mundo e afins. Conforme o tempo foi passando, a tecnologia foi aumentando e as informações se ampliando. Isso foi bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque você sabe, as coisas ficaram bem mais simples e fáceis; ruim porque as coisas ficaram fáceis. Conforme a informação se expande, mais pessoas buscam por ela... nós já desativamos essa informação de todos os meios de busca da internet de vocês, porém algumas pessoas descobriram e estão atrás do que viram. E uma dessas pessoas é seu marido, Gabriel Agreste. Ele não sabe muita coisa, mas sabe o suficiente para ir atrás. A partir de agora não posso lhe explicar muito, o que eu posso te dizer é: você é uma heroína e vai se mostrar como tal.

Os Miraculous, como eu disse, foram criados com um propósito e esse propósito foi descoberto por cientistas... isso foi uma catástrofe. Eles exibiram isso na internet, o que fez com que nós tirassemos o site do ar. Então houve muito mais exibições das pesquisas desses tais cientistas, teorias foram feitas... e por fim, nós proibimos o assunto de entrar na internet. Mas agora você sabe que tem alguém muito próximo que sabe. Pouco. Mas sabe. E você precisa proteger aqueles que você ama e a humanidade. Você poderia fazer isso Amélie? Você continua sendo a heroína? Você continuaria sendo a heroína não somente de Paris, mas da humanidade? Você pode fazer isso Amélie?"

— Posso, mas... como?

— Aí que começa, você precisa sair do país. Faça isso por sua família. Você e seu filho precisam de um futuro melhor.

— Eu tenho marido também e apesar de tudo, eu ainda o amo.

— Eu sei muito bem quem ele é. Por isso lhe digo novamente, se quiser proteger seu filho, você precisa sair do país, mas não pode dizer nada ao seu marido. Você não pode levar seu filho também, não seria seguro.

— O que? - ela começou em um tom baixo, mas depois ela explodiu em gritos. - VOCÊ ENLOUQUECEU? EU NÃO SEI QUEM O SENHOR PENSA QUE É, MAS EU NÃO VOU ABANDONAR MINHA FAMÍLIA. EU. NÃO. VOU. DEIXAR MEU FILHO. NÃO VOU. PARIS ESTÁ SEGURA, NÃO HÁ MAIS TANTOS CRIMES ASSIM.

— Senhora Amélie, a senhora não está me compreendendo. Não se trata somente de Paris, mas sim da humanidade. Você precisa continuar com seu papel de portadora do Miraculous do pavão. Você foi a escolhida e precisa ir até o fim. Ou... até o suficiente. - ele a observou e viu lágrimas se formarem nos olhos daquela mulher.

—Q-q-quer dizer que é um adeus? É-é-é isso? - perguntou ela, já sem conseguir conter as lágrimas.

— Oh, não, não é um adeus, sabe disso. - disse o senhor carinhosamente. - É apenas um até breve. Então por favor... preciso que você continue sendo aquilo que você foi escolhida para ser.

— Tudo bem. - então a jovem, chamou sua kwami e juntas voltaram para casa.

Ao chegarem em casa já era de noite. Gabriel e seu filho estavam esperando-a para o jantar, então eles jantaram em silêncio. Ficaram assim até que uma voz aveludada tirou o silêncio terrível daquela sala de jantar:

— Mamãe, você vai me contar uma história? - perguntou ele.

— Claro que sim meu amor. Depois do jantar me espere em seu quarto que eu já lhe conto uma história.

— Terminei mamãe. - disse ele animado.

— Vá para seu quarto. Já já lhe conto sua história, espere só eu terminar aqui, tudo bem? - respondeu ela. Viu ele assentir com a cabeça e então sentiu um vento em seu rosto, ele havia vindo correndo e depositando um beijo amoroso em suas bochechas e então saiu correndo indo em direção ao seu quarto. Amélie riu baixinho. Mal sabia o garoto que aquele era o último momento em que ambos estavam lá para ter lembranças claras.

— Amélie... eu... queria... érh... bem... desculpa. - disse ele meio sem jeito.

— Olha Gabriel, eu ainda não estou muito bem... então poderia por gentileza dormir no quarto de hóspedes? Eu durmo no nosso quarto normal.

— Tudo bem. - respondeu secamente e saiu da mesa.

Amélie saiu da mesa e rumou em direção ao quarto de seu filho. Ao chegar lá ela viu um garoto de 13 anos deitado na cama todo animado para ouvir a história que a mãe havia lhe prometido.

— Mamãe você veio! - exclamou ele com os olhos brilhando.

— Estou aqui filho, que tal aquela história?! - disse ela.

Adrien adorava as histórias da mãe, ela não contava histórias de contos de fadas. Ela inventava. Ou ele achava que aquilo tudo era invenção. Pode até parecer estranho um garoto de 13 pedindo para a mãe contar uma história, mas ele amava as histórias de sua mãe porque era cheio de ação e aventuras de dois heróis da cidade de Paris: um pavão (fêmea) e uma borboleta (macho). Mas dessa vez a história foi diferente.

— Havia uma vez em que Paris estava segura e salva. Os nossos heróis estavam na escola, tinham 18 anos. Era o último ano deles. Eles estavam junto com seus amigos, os insetos. Estava tendo o melhor ano da suas vidas, eles estavam fazendo o trote. O trote era o mais clichê de todos: o pijama. Contudo, ele consistia em fazer os garotos ficarem um dia todo com o pijama das meninas e vice-versa, isso incluia sair com os amigos e na sala de aula... naquele dia, o pavão teve uma ideia... ela era a "lider" digamos assim... ela teve a ideia de fazer um trote com seu professor favorito. Então ela fez uma reunião com os outros insetos da sala e decidiram o professor: era o professor de história senhor Bluesier.

"Eles fizeram um trote com ele, mas fizeram algo a mais. O trote consistia em colocar mel da cadeira dele e quando ele for se sentar, alguns alunos jogarem plumas nele. E foi isso que eles fizeram. Ao terminar o trote eles pediram para o professor ficar, pois eles tinham uma surpresa pra ele. Ele ficou e os alunos vieram com um cartas escrito: Para o melhor professor do mundo, com amor, os insetos. Então o pavão subiu na cadeira e começou a dizer o que todos os alunos queriam dizer... mas ela disse uma coisa que era mais ou menos assim: "quando você se importa com uma pessoa e a ama de verdade, você nunca, jamais, nunca mesmo vai deixá-la... mesmo que a escola tende a nos separar... ou algo neste mundo tende a nos separar, nós iremos sempre estar juntos, porque quem ama cuida. Se você ama uma pessoa, você vai até o fim do mundo para protegê-la... mesmo que o fim do mundo signifique realmente o fim do mundo. Nós fizemos isso porque te amamos professor. Lembre-se sempre que mesmo nas horas em que você sente que não tem mais esperanças, algo vai acontecer que vai encher seu coraçãozinho de esperança e você vai sentir que vai ficar tudo bem."

Quando a mãe terminou ela estava chorando, chorando muito. Adrien viu e entendeu o que ela queria dizer... a história poderia ser inventada, mas a mensagem era real. Algo iria acontecer. Ele deu boa noite para a mãe, a mãe retribuiu e o jovem foi dormir.

Ao entrar em seu quarto, Amélie se trancou e começou a arrumar suas malas. Não sabia quanto tempo iria ficar fora, mas precisava de roupa para... o suficiente. Ela pediu para Duusu se afastar e ajudá-la em outra coisa. A kwami sabia porque ela pediu para ela se afastar, a pequenina não questionou. Ela sabia que era demais para sua dona suportar, então deixou-a sozinha. Amélie desatou a chorar, ela não queria deixar o filho sozinho com o pai.

— Ai Gabriel! Você não se importa mais com nada já há algum tempo. Mas mesmo assim eu ainda te amo. Somos o pavão e a borboleta... estamos sempre em sincronia... eu não queria lhe deixar, mas preciso continuar sendo a pessoa que fui destinada a ser... eu preciso ser Le Paon - pensou alto entre lágrimas.

Ela esperou estar bem de noite para entrar no cofre da família e pegar o dinheiro. Ela pegou o suficiente para dois anos e foi ao quarto de seu filho.

Ao adentrar o quarto ela o viu. Os cabelos lourinhos bagunçados, estava dormindo em um sono profundo, parecia um anjo. Ela começou a acaricia-lo e a cantarolar para ele sua música favorita:

Loving can hurt

Loving can hurt sometimes

But it's the only thing that I know

Ela acariciava os cabelos do garoto com os olhos serenos. Ela chorava enquanto continuava cantarolando. Ao terminar, Duusu havia chegado e dito que precisavam ir. Ela deu um beijo na cabeça do seu filho e disse:

— Meu amor, a mamãe precisa ir, mas eu juro, juro com toda a minha alma, eu te amo muito e tudo, absolutamente TUDO o que eu estou fazendo é por você. Porque eu te amo. A humanidade está em perigo e eu vou ser a heroína e vou tentar salvá-lo para você ter uma vida melhor. - e então ela deu um beijo na testa do garoto, mas nisso ele acordou sonolento e levantou a cabeça e olhou para ela e viu lágrimas em seus olhos.

— Mamãe, tá tudo bem? - perguntou ele inocentemente.

— Meu amor, vai dormir. Está tudo bem. - e então recomeçou a cantarolar para ele enquanto acariciava seus cabelos. Logo depois o louro adormeceu, ela deu outro beijo nele e saiu. Adrien nunca soube se aquilo acontecera de verdade, sempre pensara que era um sonho.

Amélie saiu do quarto e rumou ao aeroporto, o destino já estava trajado por ela: Mannheim. Mannheim é uma cidadezinha localizada no Estado de Baden-Württemberg, na Alemanha. Amélie viu uma semelhança entre essa cidade e Paris. Eram lindas e aconchegantes, assim como era sua casa. Além de ser fronteira com a França.

Ela sentia falta de casa, mas ela precisava ficar forte. Seu filho um dia iria precisar dela. Ela voltaria para casa e tudo ficaria bem. Ou ela pensou que tudo ficaria bem.
[1/3 5:55 PM] Bia :