Naquela manhã, Adam pediu para que eu chegasse mais cedo em sua casa. Ele ainda não havia saído para trabalhar e Ivy estava na academia. Entrei pela sala e fui direto ao escritório, já que com certeza ele estava lá me esperando.

— Bom dia, Boss.

— Bom dia, Ludovico. Por favor, sente-se. – indica a cadeira para mim e eu faço o que ele pediu. – Eu te chamei porque queria saber o que está acontecendo com a Ivy. Ela está completamente fria e apenas conversa comigo o necessário, já faz alguns dias. Você com certeza sabe o motivo e quero que me fale.

— Isso começou depois daquele jantar que ela largou no meio, não é?

— Creio que sim.

— Então na certa foi por esse motivo. E se me permite, queria dar minha opinião para tentar ajudá-lo a mudar isso.

— Pode falar.

— Sei que o senhor a ama muito, isso é notável. Mas se quer que ela corresponda, precisa fazer por onde e ser mais maleável.

— Mais do que eu já faço? Ela tem tudo aos seus pés!

— Ivy não é uma mulher que liga para dinheiro, luxo e coisas caras, sabe disso. Então por que não começar atendendo aos seus pequenos desejos, como visitar os pais, por exemplo? Eles são muito importantes para ela, afinal ela não tem mais ninguém na vida a não ser eles e o senhor. Tenho certeza que se começar a dar atenção para o que realmente importa para sua esposa, tudo será diferente.

Adam me olha, refletindo sobre minhas palavras. Ele sabia que eu tinha razão.

— Só que eu estou cheio de trabalho durante os próximos seis meses! Não posso acompanhá-la. Se pelo menos eu tivesse negócios a tratar na Irlanda...

— Eu posso ir junto com ela. Pode ter certeza que não o desapontarei e acredito que nem sua esposa. Ela sempre faz tudo que o senhor quer e não vai mudar isso em uma viagem. Ivy é correta demais e sabe das consequências caso não cumpra o contrato. Ficarei na sua cola o tempo todo.

— Muito bem, Ludovico... Vou pensar na sua sugestão.

— Precisando de mim, é só chamar. Vou escolher a roupa dela de hoje, com licença. – levanto-me e sigo rumo ao quarto.

Tomara que o Boss siga meus conselhos! Acho que fui bastante convincente... Ivy ficará muito feliz se tudo der certo e de quebra ainda podemos escapar um pouquinho de todas as rédeas de Adam.

Um tempo depois, ela chegou. Estava com uma expressão bastante cansada.

— Pegou pesado hoje?

— Até que não, eu que estou desanimada mesmo. – ela pega as roupas para se trocar.

— Você devia estar feliz, afinal vai ver Tom Kaulitz hoje de novo. – sorrio de forma maléfica e ela me olha em desaprovação.

— Meu desânimo vem principalmente por causa disso, Ludo.

— Por quê? – pergunto, sem entender o motivo dela dizer isso.

— Eu não o entendo! Ele fica lá, me olhando como se eu fosse um monumento e ainda me chama para tomar um café depois do expediente sendo que tem namorada! Isso é um completo desrespeito com ela e comigo, que sou casada...

— Ahh, qual é Ivy! Talvez ele já esteja de saco cheio da tal da Mia.

— Ria. – me corrige.

— Isso, isso aí mesmo. Eu não decoro o nome de gente mal vestida. E além do mais pelo que pude notar, Bill a detesta. Então, na certa Tom só está esperando o momento perfeito pra dar um pé na bunda dela.

— Mesmo assim! O que ele está fazendo não é certo!

— Espera aí! É impressão minha ou passou pela sua cabeça corresponder as investidas dele e está com ciúmes? Só isso explica o motivo de você estar desse jeito!

— Não tem nada disso!

— Até que vocês formam um belo casal... – reflito.

— Ludo! Eu sou casada!

— Mas não tá morta, amor! Olha só, não precisa se sentir culpada por ficar interessada no Tom. Ele é maravilhoso e pelo visto gosta de você também. E o seu casamento é de fachada.

Ela me olha, com desconfiança. Eu sabia que no fundo Ivy se sentia culpada, não só por despertar o interesse de Tom, mas também pelas pessoas que estavam entre os dois. E também não o conhecia bem para saber se ele estava sendo sincero ou querendo apenas se divertir.

— Se quiser, - eu continuo. - posso tentar ajudar vocês dois. Pelo menos para conversar e tirar essa dúvida da sua cabeça a limpo.

— Acho que será melhor para todos deixar as coisas como estão. Não sei do que Adam será capaz de fazer com ele se desconfiar de alguma coisa.

No fundo, ela gostava do guitarrista! Eu sabia disso! Mas não queria dar o braço a torcer.

— Você que sabe.

— Como faremos para ir para a casa que será a sessão de fotos? Já está quase na hora, deveríamos ir direto, mas você sabe...

— Já pensei em tudo! Giorgio nos leva até a HERSCH e de lá pegamos um táxi até o local. Bill me passou o endereço por mensagem de texto. – dou uma piscadinha e ela ri.

— Tudo bem, então vamos. – ela pega sua bolsa e saímos.

***

O dia estava nublado. Com certeza ainda ia chover e muito. Isso não era nada típico em Los Angeles, mas naquele dia, o céu parecia querer desabar.

— Está pronto? – Georg chegou bocejando na porta do quarto de Tom, que terminava de calçar seu tênis.

— Sim, vamos esperar os outros lá fora. – faz um sinal e o amigo entendeu que ele queria falar algo.

Os dois saem do cômodo e vão para o jardim em frente à garagem. Na certa o guitarrista não queria que ninguém, vulgo Ria, ouvisse o papo dos dois.

— Tá tudo bem?

— Mais ou menos. Mal consegui dormir essa noite...

— Mas por quê?

— Não sei se consigo encarar a Ivy hoje, depois que a Ria subitamente apareceu na HERSCH aquele dia.

— Ah, cara... Uma hora ou outra as duas iam se encontrar. Eu achei até que demorou, para falar a verdade.

— Isso não podia ter acontecido. – ele balança a cabeça, negativamente. - Estava tudo correndo tão bem! Se eu tinha chances com ela antes, agora já foi tudo por água a baixo! Devia ter terminado com a Ria, aí nada disso teria acontecido.

— Não sei, Tom... Ivy é casada! Você acha mesmo que tinha chance? Se ela não estivesse satisfeita com o casamento, já tinha se separado do idoso há muito tempo.

— Eu não sei o que a prende nele. Sei que não é por dinheiro e muito menos amor... Posso sentir isso.

— Não quero é que você se encha de esperanças e troque algo sólido por algo que pode não dar certo.

Depois que eu conheci a Ivy passei a achar que eu e a Ria não temos mais nada a ver um com o outro. O nosso namoro foi se desgastando ao longo do tempo e...

Quando Tom ia continuar a falar, Gustav e Bill chegaram. Todos terminaram de colocar as coisas que faltavam dentro dos carros e seguiram para a casa da sessão de fotos.

Chegando lá, a equipe do Tokio Hotel já havia começado a preparar as coisas para as fotos e também para prosseguir com a gravação do THTV. Os meninos começaram a arrumar o cabelo e a maquiagem. Alguns minutos depois, eu e Ivy chegamos. Parecia ter chovido no local, pois tudo estava molhado.

Ivy seguiu profissional e plena na presença de Tom. Se tem uma coisa que Adam a ensinou muito bem, foi fingir e esconder sentimentos na presença das pessoas. Mas eu a conhecia bem o bastante, para saber que no fundo ela não estava se sentindo totalmente à vontade. Pude sentir também que o guitarrista ficou um pouco incomodado no início, evitando ainda que em vão, olhá-la. Ele não sabia como agir com ela, depois de ter recusado o café.

Ajudamos todos a se vestirem e dessa vez Ivy ficou mais perto e de Bill. Notei que os dois estavam se aproximando e criando mais liberdade um com o outro. Isso era bom, principalmente para mim!

Ao decorrer das coisas, as filmagens iam acontecendo e a empresária tentava se esquivar, para não aparecer. Tom dizia para a câmera que o irmão deveria colocar meias para deixar suas partes baixas mais volumosas. Eles eram muito divertidos e por isso o clima não ficava pesado, apesar da tensão entre o gêmeo mais velho e ela.

— Tom, você pode fazer a merda do seu trabalho e tirar meus sapatos? Obrigado. – Bill levantava a perna indicando seus pés para o irmão. – Vamos! Sabe as regras, quando meu assistente não está, você é meu assistente!

Alguns cliques foram feitos até que começou a chover um pouco forte. Ivy ficou apreensiva e comentou comigo o seu medo de demorarmos aqui e ela chegar tarde em casa. Mas, felizmente, o mau tempo não durou muito e puderam retomar o ensaio.

Ela ficava brincando com Pumba, para evitar que ele fosse até seus donos no meio das fotos e quando isso acontecia, o tirava de lá. Tom sorria vendo a forma fofa que ela lidava com o cachorro.

A chuva voltava e parava. Mesmo assim, conseguiram terminar o ensaio, que resultou em fotos muito bonitas, apesar do clima não estar favorável.

Naquele dia, Ivy e Tom não tiveram tempo para conversar, a não ser o necessário. Toda vez que ele tentava, algo acontecia e acabava atrapalhando. Pude notar que ele não ficou satisfeito com isso, só que não havia mais nada a fazer, pois o photoshoot já se aproximava do fim.

***

No dia seguinte, chegamos cedo na HERSCH. Como ontem não foi possível realizar a reunião com o Tokio Hotel, que estava prevista para ter acontecido após a sessão de fotos na casa, remarcamos para hoje. Dessa vez, seria a primeira discussão sobre a criação das roupas da turnê da banda, que já estava com data marcada.

Mais uma vez, foram anotadas todas solicitações e ideias de Bill. Ivy faria os croquis junto com ele, a partir disso.

— Ivy, eu queria muito que você nos acompanhasse pelo menos no primeiro show, que será em Londres, março do ano que vem. Como terei muitas trocas de roupa, quero que tudo saia impecável e ficarei mais tranquilo se você estiver lá para me ajudar.

— Acompanhar vocês no show? – fica surpresa com o pedido. - Preciso ver se é possível, Bill... Porque não sei como estará a agenda da HERSCH nesse período.

Ela sabia que Adam jamais iria permitir que viajasse junto com eles. Caso contrário, tenho certeza que teria aceitado o convite sem pensar duas vezes. Ivy gostava muito de trabalhar com o Tokio Hotel, era visível isso.

— Tudo bem! Mas vou torcer para que dê certo! – ele sorri.

Nesse momento, uma luz veio em minha cabeça.

Era isso! Acabo de ter uma ideia perfeita para fazer isso acontecer e eu precisava muito contar a ela, além da conversa que eu e Adam tivemos ontem.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.