Secrets

Segredos revelados


POV – Hermione Granger

Eu e Astoria saímos da sala correndo assim que a aula acabou, pela primeira em anos nós duas demos graças a Merlin quando o sinal tocou indicando o fim da aula e nenhuma de nós nem sequer prestou atenção no que o professor falava, o que era para lá de anormal, já que juntas éramos as alunas mais inteligentes de nosso ano.

– O que está acontecendo? – perguntou Luna confusa quando a puxamos para dentro de uma sala de aula recém vazia.

– Astoria recebeu uma mensagem de –A! – disse a ela rapidamente, ela engoliu em seco e tremeu de leve.

– Pensei que tudo isso já tinha acabado – ela disse depois de uns segundos em silêncio e eu a abracei.

– Vai dar certo, tem que dar – disse tentando acalmá-la.

– Precisamos achar Gina – ela disse por fim e nós três saímos da sala e fomos atrás da ruiva.

– Gina! – gritou Astoria e ela parou olhando para trás assustada, Astoria a chamou com a mão e ela olhou ao redor e veio até nós com passos lentos.

– Para que o escândalo? – perguntou ela em sussurros.

– Acontece que –A, seja lá quem for, sabe que toda a história de Astoria era uma farsa e nos deixou uma mensagem hoje – disse Luna e Gina arregalou os olhos.

– O que?! – ela gritou no meio do corredor fazendo com que todos se virassem para nós.

– Para que o escândalo? – disse Astoria numa imitação bem ruim da voz de Gina e as duas giraram os olhos.

– Vamos para a Sala Precisa – disse e suspirei – Agora.

– Eu tenho aula.

– Falta.

– Uau! Hermione Granger me mandando faltar aula, logo você que me batia quando eu fazia isso – zombou e eu fiz uma careta.

– Vamos logo – disse Luna e nós fomos sem ligar para os olhos curiosos a nossas costas.

– Pode ser qualquer um deles – disse Ast sussurrando enquanto íamos para lá.

– Como vamos saber?

– Temos que dar um jeito – disse e bufou – O que acha de falarmos com a Minerva?

– E se ela não acreditar? – disse Luna pensativa.

– Ela tem que acreditar! – disse Gina irritada – Não é ela que está sendo ameaçada por uma vadia ridícula!
– Pode ser homem.

– Que se dane!

– Okay – disse Luna erguendo os braços como quem se rende.

– Astoria! – alguém chamou e nós nos viramos.

– Ah, oi – ela disse acenando para um menino de cabelos castanhos de olhos claros, acho que era Corvinal – Meninas esse é o Mark.

– Oi – disse Luna sorrindo.

– Oi, Luna – ele devolveu o sorriso e voltou a atenção para Astoria – Posso falar com você?

– Eu estou com pressa – ela disse com uma careta.

– É rápido, eu juro – ele pediu e ela suspirou se virando para nós.

– Já alcanço vocês, prometo.

– Okay – concordou Gina e nós três fomos a passos largos para Sala Precisa.

– No que pensou? – perguntou Luna quando entramos e vimos várias poltronas e prateleiras de livros.

– Um lugar confortável, acho que mais para vocês do que para mim – ela disse apontando para os livros e nós reviramos os olhos.

– Oi – disse Astoria entrando ali arfante e m tanto zonza.

– Tudo bem?

– Tudo, claro que sim! Tudo bem! – disse e deu de ombros, franzi as sobrancelhas certa de que aquilo era uma mentira deslavada, mas preferi deixar para lá e focar no agora.

– Eu estou realmente assustada com tudo o que está acontecendo – disse Luna com uma careta e encostou a cabeça no ombro de Gina.

– Todas nós estamos, quem poderia querer fazer isso com a gente? – perguntei me jogando numa poltrona – Quer dizer, não é como se a população de Hogwarts nos amasse por tudo o que a gente fazia na época de Emily, ou melhor, a deixava fazer.

– Você está certa, mas quem? – perguntou Astoria se recompondo – Precisamos de um nome!

– Essa é a parte complicada – disse com uma careta e ela respirou profundamente antes de fechar os olhos.

– Acho que deveríamos descansar, sabia? – disse Gina dando de ombros e todos se viraram pra ela – O que? Podíamos, sei lá, dormir. Já perdemos uns quinze minutos da primeira aula e nossos professores não deixarão que entremos em classe agora. Precisamos dormir um pouco, isso sim.

– Se dormimos agora não teremos sono de madrugada – disse Ast com uma careta.

– Gente vocês concordam de dormimos as quatro aqui essa noite? – disse Luna com uma careta – Quer dizer, não é como seu eu estivesse lá muito animada para dormir sozinha.

– Você não dorme sozinha – disse Gina com as sobrancelhas arqueadas.

– Mais durmo com um bando de meninas nas qual não confio.

– Você dorme com Cho.

– Eu não confio na Cho – disse dando de ombros – O que me dizem?

– Concordo plenamente – disse Astoria – Podemos ficar aqui até amanhã e quando sentirmos fome vamos até a cozinha, desde que seja depois do toque de recolher.

– Okay – concordei e olhei para Gina que concordou com a cabeça.

A tarde foi se arrastando tão lentamente que chegou a ser enjoativo, eu e Astoria já havíamos nos perdido entre as estantes de livro, enquanto Gina e Luna jogavam xadrez de bruxo, a ruiva sempre ganhava graças ao seu irmão mais velho que lhe ensinara tudo. Rony. Será que ele ficaria decepcionado se descobrisse do meu sangue? Ou com nojo. Será que ele ficaria com nojo de mim? Eu sentia meu coração se despedaçar só por pensar nisso, mas tinha que me manter forte mesmo que isso acontecesse, talvez eu devesse contar, talvez seja melhor que eu o faça do que outra pessoa vir e envenenar a cabeça dele e agora eu me lembrava. Lilá sabia. Como ela poderia ter descoberto? Só Emily sabia, eu confia em Emily, por mais má e manipuladora que ela fosse, fazia com que sempre acreditássemos nela e sempre depois de despejar algo que machucasse na nossa cara, fazia nós nos sentirmos especiais, era assim que ela era e era assim que ela conseguia todos aos seus pés.

– Vamos, lá na cozinha – disse Gina lentamente e preguiçosamente.

– Uhum – concordei e fui até ela.

– Nós vamos esperar vocês aqui – avisou Astoria e nós duas saímos dali tomando cuidado para não sermos pegas por nenhum monitor, então corremos até a cozinha como se nossa vida dependesse disso.

– Merlin – disse Gina pondo a mão no peito para sentir seus batimentos cardíacos enquanto entrávamos na cozinha.

Pedimos aos elfos o máximo de coisas doces que desse numa sexta e alguns sucos também.

Ele encheu uma cestinha velha com bolinhos de caldeirão, varinhas de alcaçus, tortinhas de creme e de abóbora, feijõezinhos, entre outros e nos disse que éramos muito gentis com ele.

– Você é um amor – lhe garanti quando estávamos saindo e Gina lhe soprou um beijo antes de voltarmos a correr.

– Chegamos! – anunciou ela adentrando a Sala Precisa e se jogando no chão para recuperar o fôlego.

– Parece que acabaram de sair de uma maratona – disse Luna rindo e arrastando Gina até a poltrona onde comemos tudo que estava ali dentro num piscar de olhos.

*****

Acordamos mais para lá do que para cá e nos obrigamos a ir uma a uma tomar banho, por sorte à água daquele banheiro estava quente, porque se não, estávamos ferradas.

Gina foi a primeira a ir, depois Astoria, e então eu e por último Luna.

Só ali percebia o quão diferente nós éramos.

Gina vestia seu uniforme, todas nós havíamos invocado uniformes limpos quando acordamos, os dela eram de longe os mais bonitos. A saia batia na metade da coxa e a blusa branca marcava sua cintura e a gravada vermelho e ouro meio solta, ela ficava incrível sem parecer vulgar, fora que diferente do resto de nós, ela usava sapatos de salto e dizia não a meia calça na maioria das vezes.

Astoria usava a saia quase na altura dos joelhos, a blusa branca lhe caia bem sobre o corpo, mas sua gravada estava intacta.

Luna era a mais desleixada com o uniforme, sua saia batia alguns dedos a cima do joelho e sua blusa era um número maior do que ela realmente deveria usar.

Eu também não era lá uma Gina Weasley, mas minha saia assim como a dela batia do meio da coxa, mas minha blusa era do meu tamanho e não marcava minha cintura, minha gravata ficava normal e um pouco frouxa e as meias branca, três quartos vinha até o joelho.

Éramos completamente diferentes, não só no estilo como por dentro, e ainda assim, eu não conseguia imaginar amigas melhores do que aquelas.

Saímos da Sala Precisa e fomos calmamente para o Salão Principal.

– O que está acontecendo? – perguntou Astoria ficando na ponta dos pés ao vermos a aglomeração de pessoas tumultuadas ali na frente. Ao escutar a voz dela todos se viraram para nós com expressões ou surpresas ou um tanto escandalizadas, outros nos fuzilavam com o olhar e nenhuma de nós quatro estava entendendo algo.

Os alunos abriram caminho para que passássemos e fomos até ali vendo a parede pichada e com algumas fotos, nossas.

– Não – sussurrou Gina levando as mãos a boca, enquanto Luna empalidecia.

MentirosAs!!!

Era o que estava pichado a cima de coisas que faziam com que qualquer uma de nós quisesse morrer.

O a maiúsculo em mentirosas fez tudo fazer sentido, obviamente.

Olhei atentamente as fotos e então tapei a boca com a mão.

Tinha uma foto minha ali e nela estava escrito SANGUE-RUIM.

A de Luna estava escrito LÉSBICA e logo abaixo uma foto dela beijando... EMILY?!

– Mentirosas! – alguém atrás de nós e nos viramos, Luna já chorava e encarava Rolf que olhava para aquela foto estupefato.

Tinha uma de Gina escrito BULÊMICA.

– Gina – chamei baixinho, não queria acreditar naquilo.

– É verdade – ela respondeu chorando – Me desculpe, não queria que soubessem.

A de Astoria estava escrito, VADIA. E então, duas fotos, uma dela beijando Draco e uma dela, bem provavelmente no dia anterior, beijando Mark.

– Vadias!

– Mentirosas!

As pessoas já nos insultavam de vários nomes e Luna foi a primeira a sair correndo dali.

– Vadia! – alguém gritou e Astoria caiu no chão tão rápido que se assustou, era Daphne – Você não pode ter tudo o que é meu! Foi por isso que ele terminou comigo no inicio da semana?! Por você?!

E logo as duas estavam se estapeando, Mark e Draco também acabara de perceber.

– Isso que da andar com a ralé – disse Cho para Gina e essas também foram para o chão

– Sangue-ruim! – um garoto me empurrou e Harry voou em cima dele o afastando de mim.

Fiquei parada ali, em choque, todos estavam brigando e se estapeando, eu não sabia o que fazer ou pensar, até meus olhos encontrarem os azuis. Rony.

– É verdade? – ele perguntou e eu deixei lágrimas escorrerem por meu rosto – Não acredito que mentiu desse jeito! Depois de tudo o que passamos!

– Rony, desculpe – pedi me aproximando.

– Você me enganou – ele disse irritado.

– Pensei que me rejeitaria, seu sangue é puro e o meu, tecnicamente, é sujo! Emily disse que você teria nojo de mim!

– Emily, Emily, Emily! – ele disse ainda mais irritado – Foda-se a Emily! Ela está morta! Você está aqui, me enganando, enganando a todos, não só você! Gina e as outras também! Como você pode? Eu nunca te rejeitaria por causa disso, eu te amo, e não é o seu sangue que vai interferir nisso!

– Por favor, me desculpa! – implorei e ele se afastou.

– Preciso pensar – ele disse por fim e sumiu dali.

Corri atrás dele, ignorando as pessoas falando coisas maldosas, o segui para fora do castelo, mas então ele não estava mais lá.

– Rony? – chamei caminhando pelo gramado, minha visão embaçada pelas lágrimas – Por favor, Rony!

Mas ele não apareceu e eu já estava entrando em pânico, minha cabeça começou a girar e minha respiração a falhar.

– Rony! – gritei e escutei passos, me virei mas não tinha ninguém ali – Quem está ai?

Não houve resposta.

– Quem está ai? – gritei irritada e senti alguém tapando minha boca e me acertando em cheio na cabeça. Tudo escureceu.