Secret Love

DESCOBRINDO SENTIMENTOS


Eu devo ter ficado chocada com a estória que Damon contara, porque quando adormeci, ali naquele sofá, tive um sonho tremendamente estranho.

Meu corpo era como uma liga cambaleante sem equilíbrio quando acordei. Meus olhos estavam pesados e Damon não estava lá. Então, desenrolei meu corpo esticado e esmagado sobre o sofá e fui até a porta.

Desesperadamente gostoso, sem camisa, apenas com a calça jeans suja de graxa — assim como as mãos — estava Damon. A sua moto estava virada de cabeça para baixo e a cor prata colidia com o sol.

— Não deveríamos estar em casa? Ou tem algo para comer aqui? — Digo, e totalmente feliz ele se vira para mim. Um sorriso daqueles. Isso é golpe baixo!

— Elena... — Seus olhos estavam brilhando quando me abraçou. — Eu estou sujo, desculpe.

— Não tem problema. — Dito isto, o abraço com força.

— Tem algo que preciso lhe perguntar.

— O que?

— Vamos tomar café e eu conto.

Pedi ovos com bacon e Damon uma salada, falando algo sobre estar tentando fazer um regime e se livrar das gorduras. Ele estava muito bem para mim, por sinal, foi o que eu disse. E ele riu.

— Você também não está nada mal.

Dei um riso de lado.

— Então, o que tinha para me perguntar?

Ele retraiu os músculos no mesmo instante. Seu sorriso atraente tornou-se vergonhado, seus lábios formaram um “Á”.

— Nossa relação — disse afinal — Queria saber se estamos indo a algo serio... ou...

— Damon... eu...

— É, eu sei. Você é do Stefan e eu sou seu pneu reserva. Entendi.

— Não foi o que eu quis dizer.

— Relaxe, Elena.

— Damon... Eu não sei o que sinto.

Ele me olhava com mais intensidade agora.

— Como será quando tirarmos o Stefan de lá? Quero dizer, se quiser apenas fingir que nada aconteceu...

— Não, eu não vou conseguir. Mas não quero pensar nisso agora. Existe algo que possa fazer para ter uma pequena conversinha com Klaus?

Ele ficou aliviado pela troca de assunto e eu também. Então Damon mostrou-me um convite de uma festa, no verso tinha escrito em ótima caligrafia: “Com acompanhante”

— Quando será essa festa?

— Amanhã ás meia noite. Klaus estará lá, mas vai ser com o seu grupinho. E teremos uma ótima oportunidade de ter uma conversa com ele.

Eu estava nervosa ao lado de Damon, porque não sabia nada sobre absolutamente tudo. Ele estava ali comigo, procurando uma forma de tirar o homem que eu sabia que amava da cadeia. E aqui está meu empasse. Eu amo Stefan.

Não tem como, a não ser mentindo para mim mesma, fingir que não sinto nada por Damon será um caminho árduo a percorrer.

Principalmente quando ele me olhar assim. Como está fazendo agora, tentando atravessar meus pensamentos de uma forma avassaladora. E por um momento imaginei que ele tivesse conseguido, porque sorriu.

— Porque está sorrindo como idiota? — perguntei, enquanto o via pagar a conta e tirar os olhos um pouco de mim.

— É só a forma de como as coisas vão. Você sabe.

— O que eu sei Damon?

— Depois de tudo que eu te contei, você não correu.

Tive de rir.

— Uma boba historia de como o passado pode condenar vocês, já entendi. Mas não tem nada realmente ameaçador nisso.

— Você não entendeu, Elena. — Ele ficou serio de repente, e eu fiquei arrepiada. — Klaus é extremamente perigoso de uma forma que eu nunca fui capaz de compreender. Katherine nunca me contou. Mas ela sabia coisas horríveis sobre ele e por isso teve que deixar Mistyc Falls. Ele não fica muito por aqui, mas qualquer aproximação de Kath e sua família... ele ficava extremamente nervoso. Era estranho, e ela nunca falava sobre isso. Eu acho que ele tem um segredo muito patético.

— Isso seria o suficiente para ele querer matar Katherine?

— Acredite em mim, Elena. Quando temos um segredo que não queremos que ninguém saiba, faríamos absolutamente qualquer coisa para ninguém descobrir isso.

Aquilo fazia muito sentido. Então Klaus descobriu que Katherine voltara para Mistyc Falls e resolvera dar um jeito nisso? Para que ela havia voltado? Essa era minha pergunta.

Eu não sei sobre você, mas eu, particularmente, odeio comprar roupas quando um homem está observando você. Principalmente um homem impaciente como Damon.

— Não gostei da calça preta, fica muito apertada e isso me deixa gorda. — Ele revirou os olhos e olhou para o espelho em que eu me estirava para ver como a calça havia ficado.

— Eu acho que ficou extremamente sexy. E é por isso que você não irá levar.

— O que?

— Digo... não queremos chamar muita atenção, não é?

Tudo bem.

— Experimente esse vestido.

Damon jogou para mim um vestido preto — “porque não queríamos chamar atenção” mas humildemente preto era a cor que caia mais bem e mim — e eu fechei a cortina do provador e o vesti.

Ele não aparentava ser tão curto quando o peguei.

Minha pele não era lá muito branca, mas meus cabelos eram pretos. E isso destacou meus olhos castanhos.

A minha maior surpresa foi quando abri a cortina, Damon estava aflito encarando o nada até que seus olhos azuis encontraram a mim. Ele ficou pálido.

— O que fez com o cabelo?

— Não gostou do vestido?

— Elena, o que diabos você fez com o cabelo?

— Eu não estou entenden...

— Você está...

— Ridícula?

— A cara da Katherine.

Wtf.

Mas ele estava serio demais. E eu me arrependi de ter soltado o coque dos meus cabelos.

— Seus cabelos estão sujos? Por isso está cacheado? — ele perguntou de uma forma tão séria que aquilo parecia algo realmente serio.

— Não tive tempo de lavar... Damon, porque de repente isso parece serio?

— É só que... — ele ficou de costas para mim, assim eu não podia ver sua expressão falhar, e imaginei que esse fosse mesmo o motivo. — Isso me faz lembrar o dia em que ela me deixou.

Eu tremi.

Era a primeira vez que eu o via vulnerável, quando olhei para seu rosto, seu olhar era de dor e angustia. Meu coração não poderia estar mais devorado. Parecia que haviam arrancado meus pedaços e dado aos cachorros.

— É sempre a mesma merda. — Eu podia ver sentir a força que ele estava fazendo para não desmoronar. Sempre tentando ser mais forte do que realmente era. — O amor é uma perca de tempo.

— Porque acha isso? — Perguntei, mesmo sabendo a resposta.

— Eu estava livre de Katherine, e foi uma sensação maravilhosa. Não pense que foi fácil, eu tive que vê-la novamente e sentir que nada era como antes. Eu me senti livre, e no entanto... eu já estava preso a alguém. Porque sou um idiota e talvez porque ser chutado seja meu destino.

— Damon...

— Não, Elena. A não ser que você diga agora que não sente nada por mim, ao invés de ficar me enrolando a você. Então eu posso ser livre, então eu posso ajudar você e Stefan sem imaginar que você irá enlouquecer e de repente me beijar.

Eu fiquei parada. E no começo, podia ouvir o começo da frase saindo da minha boca “Eu não...” mas sempre parava. Eu não conseguia terminar.

De repente Damon voltou ao seu estado normal e me olhou com mais decência do que desejo.

— Deixe para lá, essa conversa nunca aconteceu.

Eu havia comprado o vestido e o estava mostrando a Caroline, até ela me arrastar até uma loja de brincos e depois me levar ao Grill.

Era bom estar com ela sem julgamentos, porque ela era maravilhosa e sempre fazia isso por mim. Mas estávamos sentadas uma olhando para a outra, e ela tentou realmente disfarçar, até que explodiu em perguntas.

— Tudo bem. O que diabos esta acontecendo com você e Damon?

Aquela era a pergunta de bilhões.

— Sinceramente? Eu não sei.

— Isso é possível?

— É como se algo me impulsionasse a ele e de repente visse que não era certo e me afastasse.

— Mas você... gosta dele?

— Também não sei se não gosto. — Foi o máximo que consegui.

Eu esperava um julgamento ou uma bronca de Caroline, na verdade, eu já estava pronta para aquilo. Mas ao invés disso, ela respirou fundo e continuou encarando o copo de refrigerante e gelo.

— Quem sou eu para julgar você?

— O que tá acontecendo Caroline?

— Matt e Tyler... Eu... Não sei o que sinto por eles.

Eu queria abraça-la porque ela estava muito triste. Mas não o fiz, porque Caroline remexeu as sobrancelhas esporadicamente e sorriu.

— Suas aulas já estão próximas, não é?

— É. Falta pouco para que eu tenha de voltar a escola.

— E quem sabe a gente consiga tirar Stefan da cadeia, claro que ele irá pagar alguns meses de detenção pintando paredes por ter mentido para policia, mas será melhor do que nada.

Eu fiquei calma, tentando imaginar a situação de Stefan e fiquei orgulhosa pelo quão forte ele era. O quão maravilho ele era. O que ele havia sofrido para que eu ficasse bem “Cuide dela, irmão”. Eu iria chorar.

Damon apareceu na porta do Grill e veio até nossa mesa.

— Eu estava procurando por você.

— Aconteceu alguma coisa?

Ele parecia procurando uma forma de dizer algo. Então levantei e fiquei de frente a ele.

— Damon, aconteceu algo?

— É o Stefan... Ele se meteu em uma briga dentro da cela e está na enfermaria. Ele tem direito a duas ligações e me ligou pedindo para chamar você.

— Para onde ele irá ligar?

— Para casa, Elena, vamos.

Eu precisava de um minuto para compreender que estaria falando com Stefan daqui a alguns minutos ou segundos. Mas sentia-me completamente inútil, porque Isobel estava aos prantos e olhando para o telefone como se fosse ver o filho, quando na verdade, ele queria falar comigo e não com a própria mãe. Damon estava... bem, o Damon; serio, seco e impenetrável. Caroline estava abraçada com a mãe e eu não entendia bem aquele momento.

O telefone tocou e Isobel quase deu um grito e pulou em cima dele, e eu sorri para ela, ignorando o fato de que necessitava ouvir a voz dele.

— Filho? — Eu tirei a atenção dela e observei enquanto Alaric chegava com sua enorme bolsa e sentava em nossa reunião.

— Ah meu deus, Stefan — Ela continuou, emocionada. — Sim, filho, está tudo bem... Oh meu deus... Isso é ótimo... Fico feliz... Oh... — Ela estava sorrindo! E eu não sei se foi o nervosismo mas eu quase pude ouvir a risada dele. — Não tem novidades? Hm... Ela está aqui. — Isobel olhou rígida para mim. — Ele quer falar com você, Elena.

Ah meu coração.

Sentei ao lado de Damon no sofá e Isobel saiu do lugar para que eu ficasse ao lado do telefone.

— Elena? — Apesar da rouquidão e da forma forçada de como ele tentava esconder, eu consegui notar a fraqueza de sua alma e sua solidão. Porque eu tinha esse dom, era como se eu sentisse a dor dos outros e seu estado de espirito. — Você está bem, meu amor?

— Sim, Stefan, estou muito bem. É tão maravilhoso ouvir sua voz.

— Eu te amo tanto, Elena... meu deus. A Dr. Fell tem vindo me visitar junto do advogado e estão tentando uma condicional para mim. E eu posso parecer idiota, mas tudo que consegui pensar quando enxerguei a liberdade foi em você. Eu queria tanto estar ao seu lado agora.

— Stefan, você não sabe o quanto eu queria o mesmo.

— Olhe.. eu só tenho 30 minutos.

— É o suficiente. Eu e Damon estamos tentando resolver as coisas por aqui e tentar o quanto antes tirar você dai.

— O QUE? — Eu me assustei com a forma de como a voz dele estava seria.

— Nós estamos...

— Elena? Você tá maluca? Não se aproxime do Damon ou do que ele diz, ele sabe ser condescendente. Ele sabe mentir. Não acredite em tudo que ele diz.

— Stefan, não fale assim! Estamos fazendo...

— Não quero que você se meta nisso. Não quero que você se arisque, eu não quero que você se machuque, entendeu?

— Você não confia que eu posso fazer isso?

— Claro que confio! Mas isso corre o risco de que você se machuque ou seja alvo de algo... e meu deus, você consegue me ver sem você agora?

Eu queria poder dizer a ele tudo. Porque eu não aguentava tanta mentira e sentimentos escondidos. Mas na sala, todos estavam olhando para mim. Isobel não chorava mais, estava aflita, Damon mordia exageradamente as unhas e trocou sua expressão seca por preocupação, Caroline estava evitando me olhar e encarava Alaric, que agora, estava olhando para mim como se eu fosse uma mentirosa. Será que todos sabiam o que estava acontecendo entre mim e Damon?

— Elena... você não disse que me amava.

— Eu te amo, Stefan. — Senti as pernas de Damon tremerem a meu lado. — Te amo mais do que qualquer coisa e você deveria saber disso melhor do que ninguém.

Damon saiu da sala, ele deixava as coisas tão obvias!

— É maravilhoso ouvir você dizer isso até mesmo quando não tenho certeza.

— Do que você tá falando?

— Eu conheço sua voz Elena. Tem luxuria nela. Luxuria, desejo, incompreensão. Você está nervosa demais. Você fez sexo com alguém nos últimos dias.

— Stefan, eu não admito que você fale comigo dessa forma!

— Elena, se não se importa, quero falar coisas mais serias com meu filho. — Isobel já estava a minha frente e a forma de como me olhava deixava claro que estava me expulsando daquele momento em família que eu quebrei.

— Vá procurar Damon Elena. — Foi Caroline quem disse.

Eu os deixei ali e fui atrás da única pessoa que não me julgava por qualquer coisa.

Porque eu estava tão irritada? Stefan estava certo! Eu e Damon fizemos sexo mais de uma vez.

E como eu não havia notado que Damon também estava dentro de mim? Ele havia sido tão gentil e estava comigo agora para valer. E ele havia se mostrado como realmente era para mim. Estava se abrindo, deixando de ser oco só para que eu permitisse deixar sentir por ele o que realmente sinto.

Eu estava parada na frente do lugar onde sabia que ele sempre estava, e tive certeza quando vi sua moto parada em frente. Ele devia estar tão motivado em ficar lá dentro que deixou a chave ligada na moto, eu a tirei e entrei.

Estava escuro mas eu podia ouvir múrmuros na direção do mesmo sofá onde tínhamos estado noite passada.

Assustei com a cena.

Ele estava extremamente frágil. E aquilo me rasgou como uma faca recém-amolada corta a garganta frágil de alguém. Ele parecia um garoto triste soluçando. E eu imaginei que nada para ele deve ter sido fácil.

— Damon? — Ele tomou um susto quando me viu e enxugou as lagrimas. Pode parecer ridículo um homem do porte dele chorando, mas naquele momento, parecia normal.

— Porque você veio aqui?

— Porque eu preciso confessar algo.

Ele se afastou de mim quando me sentei ao seu lado.

— Porque você está chorando?

— Por quê? Você é tão cega que não consegue ver o quanto eu estou apaixonado por você? E de repente, eu notei o quanto fui idiota por achar que você pudesse ter sentimentos por mim. Eu vi você falando para o Stefan naquele momento o que eu sabia que nunca falaria para mim. Havia tanta dor na sua voz... tanta sinceridade e sentimento... me desculpe Elena.

— Não se desculpe, porque essa noite, esta noite... eu percebi que eu também sinto algo por você. Damon, você não sabe o quanto é curioso para mim se sentir assim.

Ele sorriu.

— Existe esperanças para que um dia eu possa ter você?

— Você já me tem, Damon. Mas Stefan também. Eu amo os dois. Da mesma forma.

Ele diminuiu o sorriso. E eu vi mais lagrimas em seus olhos.

— Katherine me disse a mesma coisa antes de ir embora.

— Eu não sou Katherine. E eu não vou embora.

Agarrei-me aos braços dele e estive convicta de meus sentimentos. Eu sentia por ele o que sentia por Stefan e o que nunca tinha sentido por ninguém.