Secret Coffee
Capítulo Único
Secret Coffee - 06:00 a.m
O secret Coffee era um coffee shop localizado na periferia de Seul. Um lugar pequeno, mas
aconchegante e perfeito para quem precisava de um lugar calmo e sem aquela atmosfera urbana do resto da cidade.
– O de sempre, por favor. – Onew disse as mesmas palavras de todas as manhãs.
– Só um minuto.
Key ajudava sua tia naquele lugar desde os treze anos, primeiro com entregas pequenas e depois, aos 18, passou a ficar no balcão no lugar de sua prima que se mudou para o Japão. Não que o loiro precisasse trabalhar, sua família era realmente rica, mas gostava muito do cheiro do café, lhe acalmava sem ao menos precisar bebê-lo.
– Aqui está. – o próprio Key foi à mesa do moreno que passava por lá todas as manhãs.
– Obrigado. – pegou a xícara e sorriu lindamente vendo o outro voltar para o balcão e começar a escrever algo.
Jinki sempre iniciava seu dia da mesma forma: ia ao Secret Coffee, pedia seu café e sentava para observar aquele que ele julgava ser a criatura mais linda que já viu ou viria a ver em sua vida. Imaginava como seria se aproximar, dizer o que sentia, tocar aqueles lábios que tanto perturbavam seus sonhos.
Mas hoje seria diferente, era seu dia de folga e saiu de casa com a ideia fixa de tentar uma aproximação de Key. Talvez pudessem ser amigos, para começar, claro.
Esperou até o horário em que o Secret Coffee ficava quase vazio e, nesse dia, para sua sorte, estava completamente vazio. Terminou seu café, se levantou e foi em direção ao balcão, sentando-se em um dos banquinhos que estavam lá caso algum cliente não quisesse uma mesa.
Key assustou-se com a aparição repentina do outro e escondeu seu caderno em uma gaveta da bancada.
– Desculpe, eu não quis te assustar. – Onew desculpou-se sinceramente, assustar Key era a ultima coisa que queria.
– Tudo bem, eu só estava distraído. Achei que não tivesse mais ninguém aqui. – falava meio sem graça, o que intrigou Onew.
– Acho que perdi a noção do tempo. – mentia.
– Isso significa que está atrasado para algum compromisso? – a expressão infantilmente curiosa de Key quase fazia o mais velho sorrir.
– Não. Eu estou preparando minhas malas para uma viagem, mas ainda tenho tempo. – Jinki achou que começar falando de si faria o outro se sentir mais a vontade. Estava certo.
– Sério? Para onde vai viajar? – Key se apoiou na bancada e sentou-se num banquinho do seu lado da bancada. “O café está vazio, então não tem problema conversar um pouquinho.” pensou consigo.
– Vou para o Japão. Mas acho que vou sentir muito a falta desse lugar.
– Eu também sentiria. Seul é uma cidade maravilhosa.
Onew riu – É sim, mas eu estava falando desse lugar. – apontou o indicador para a bancada.
– Oh... O café? – Key admirou-se.
– Sim. É o meu lugar favorito na cidade, gosto do ar daqui, me acalma.
– A mim também. Mais especificamente o cheiro do café. Por isso trabalho aqui. – “Bingo!” Onew comemorou internamente vendo que o outro começava a falar de si.
– Mas uma coisa sempre me deixou curioso.
– O quê?
– Se gosta tanto de café, por que, em todos esses anos que venho aqui, nunca te vi tomando café?
– Não devia mesmo. Eu não tomo café há anos. – Key disse debruçando-se na bancada com as mãos juntas e a cabeça um pouco pra frente –
Dizem que dá mau hálito. – seus olhos abriram-se mais quando percebeu o que acabara de dizer. – Eu não quis dizer que...
– Não. – Onew interrompeu rindo – Talvez isso não seja uma regra. Eu tomo café todos os dias e não acho que tenha mau hálito. – se aproximou de Key e soprou-lhe o rosto.
O loiro fechou lentamente os olhos ao sentir aquele cheiro que tanto amava adentrar suas narinas, e quando os abriu novamente viu Jinki realmente próximo de si.
– O cheiro do café pode cair muito bem a algumas pessoas. – o atendente completamente enfeitiçado disse olhando nos olhos do outro.
– Não é nada comparado ao sabor. – hesitou um momento desviando seu olhar para os lábios de Key – Quer se lembrar? – a ideia de começar como amigo? Desapareceu com o aceno positivo do outro.
O mais velho deu a volta no balcão e se aproximou de Key novamente. Sem dizerem uma única palavra seus lábios se tocaram. Onew ainda estava receoso, sonhara com aquilo tanto tempo que achava que poderia acordar a qualquer momento.
O que aconteceu a seguir foi sua prova de realidade, as mãos de Key foram parar em sua nuca, enroscando os dedos finos ali. Jinki respondeu enlaçando a cintura do outro e colando seus corpos enquanto aprofundava o beijo.
Key deliciava-se com o gosto do café, mais forte do que pudesse se lembrar.
As línguas tentavam aproveitar ao máximo cada pedaço da boca do outro, tão despudoradamente quanto as mãos de Jinki apertando a cintura do loiro em seus braços, buscando por ainda mais proximidade.
Separaram-se por falta de ar, ficando a uma distancia mínima.
– O que acha? – a pergunta de Jinki saiu em um sussurro antes de dar um selinho rápido nos lábios, agora vermelhos, de Key.
– Eu acho... Ainda não tenho certeza, preciso provar mais uma vez. – sorriu malicioso, fazendo o moreno sorrir também.
Foi prontamente atendido com outro beijo, ainda mais intenso que o primeiro.
– Então? – Onew voltou a perguntar quando se separaram novamente.
– Não sei como vivi sem café até hoje. – os dois sorriram.
– Kibum, eu vou precisar sair um instante. – uma mulher de meia idade saiu do escritório que ficava no lado oposto ao da bancada.
– T-tudo bem. Eu tomo conta de tudo. – respondeu empurrando o outro para se abaixar atrás do balcão – Estamos sem movimento mesmo. – Onew riu.
A mulher agradeceu e saiu apressada.
– Era sua namorada? – Jinki perguntou irônico se levantando e voltando a abraçar o outro.
– É claro que não! É minha tia e dona do Secret Coffee, se me pega fazendo isso em horário de trabalho me põe na rua. – olhava para os lados se certificando de que estavam sozinhos, depois voltou seu olhar para o moreno, que viu claramente a malicia ali – E você é o único quevai ser meu namorado. Depois que voltar de Tókio.
– Como sabe que eu vou voltar?
– Bem... - mudou de tom, para um mais divertido - Eu reparei em você desde a primeira vez que entrou aqui, então fui me informar e descobri que você trabalha pro meu pai. Assim sempre sei de todos os seus passos. – explicou com pose de detetive/diva.
Jinki estava feliz e confuso ao mesmo tempo – Se é filho do mr. Kim, por que trabalha aqui? Não precisa desse emprego.
– É o que eu disse, eu adoro o cheiro do café e agora também me lembrei de que gosto mais ainda... do sabor. – as últimas palavras saíram num sussurro antes de Key se apossar dos lábios do outro novamente.
Agora se lembrava do principal motivo para não beber café há anos: Café vicia.
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