É exaustivo, Harry sabe. Exaustivo, doloroso e irritante, e essas são apenas as primeiras palavras que ele consegue pensar. Já fazem seis meses desde o término, e o gosto da boca dela é um pensamento recorrente na mente dele após algumas cervejas. Uma hora ele teria que esquecer o gosto dela, e o modo como os olhos dela brilhavam quando ela sorria para ele (o que, no final, era uma coisa rara de acontecer). Uma hora ele teria de superar, mas não queria.

Era irritante para Harry ver o rosto dela estampado em capas de revistas e propagandas pela cidade toda, parecendo mais feliz do que nunca. Era irritante porque o sorriso dela deveria pertencer somente a ele, assim como o gosto da boca dela e as lágrimas. Enquanto estavam juntos, eles pertenceram um ao outro como Styles nunca antes havia pertencido a alguém, e doía nele ver que a loira estava muito mais alegre sozinha. Ele é egoísta em desejar que ela não seja tão feliz assim, e sabe disso. Harry aceitou esse papel há muito tempo.

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Taylor gritou com ele, o chamando de babaca egoísta que não liga para nada além de si mesmo quando ele riu dela por ter se sentido solitária quando ele havia preferido ir a um clube com os amigos do que passar o aniversário deles juntos. "É verdade, um milhão de vezes verdade", ele pensou depois da briga, sentado no colchão dela a observando dormir. Ele era um babaca egoísta, mas Swift estava errada em uma coisa: Harry se importava com ela. O problema é que se importava muito mais consigo mesmo.

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Harry está numa boate com Louis, sua visão borrada e a cabeça doendo por conta da música alta demais. Ele pega o celular e abre os contatos, procurando um número que havia sido apagado há muito tempo (ainda assim, ele sabe o número dela de cabeça). Louis pega ele olhando a tela e balança a cabeça.

"Cara, não". Ele diz, e Harry obedece, guardando o celular no bolso.

Styles se dirige ao bar, pega um guardanapo e começa a escrever. No começo as palavras não fazem muito sentido, mas vão tomando forma até que no final ele tem algo que lembra uma música. A palavra 'exaustivo' aparece milhares de vezes, e os versos são tão desconexos e sem sentido quanto os sentimentos dele.

Louis o encontra algum tempo depois, mais bêbado do que antes e o convida para ir a uma festa com uma modelo que ele acabou de conhecer. Harry aceita, e acorda na manhã seguinte ao lado de garota, sem ao menos se lembrar o nome dela.

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Ele sabe que Niall ainda fala com ela. De vez em quando ele vê o loiro mandando mensagens, ou rindo de algo que ela disse. O que Harry sente não é exatamente ciúmes, porque ele sabe que os dois são apenas amigos, e lembra a rapidez com que eles se deram bem quando foram apresentados. Mas o único motivo que ele a conhece é por causa de Harry, e isso deixa uma sensação estranha dentro dele, como se Niall também devesse parar de mandar mensagens para Taylor e rir do que ela diz agora que Harry não pode mais fazer isso.

Zayn está escrevendo algo, Louis e Liam estão conversando sobre um filme que Harry não assistiu e eles estão todos esperando alguém chegar no estúdio e lhes dizer o que fazer. Ele afunda no sofá, fecha os olhos, ignorando o mundo, e deixa as memórias o levarem para longe.

Harry se lembra da primeira briga deles, apenas uma semana após aquele passeio assustador e exaustivo ao Central Park (duas centenas de papparazzi em torno deles, Lux pequenininha no colo de Taylor e o olhar assustado e irritado no rosto dela, mesmo quando estava sorrindo. Ela havia chorado a noite inteira após aquele dia, dizendo que não ia suportar se fosse daquela forma todas as vezes que saíssem juntos). A briga havia começado como a maioria delas começaria após aquilo: Harry fazendo algo que a magoava profundamente, ela ignorando e depois descontando de outra maneira. Era idiota e infantil, mas ele não conseguia evitar em estragar tudo de propósito: havia algo na maneira como eles se olhavam, como eles se amavam, que o aterrorizava.

"Meninos assustados sempre conseguem arruinar tudo", ela disse para ele uma vez. E ele arruinou.

A briga começou quando eles estavam numa festa na casa da Selena, que já o odiava dês do começo do namoro dos dois. Era como se Selena soubesse que ele ia partir o coração da melhor amiga dela. Harry se irritava com a maneira que a morena olhava para ele e estreitava os olhos quando estava de mãos dadas com Taylor, como ela revirava os olhos todas as vezes que ele dizia algo que fazia a loira sorrir ou como ela virava a cabeça sempre que o casal se beijava. Ela já sabia, dês daquele momento, tudo que aconteceria.

Harry também não a tratava muito bem depois que percebeu o que Selena sentia por ele. Pensando agora, ele nem mesmo conseguia se lembrar o que havia dito para ela naquela noite (que a música dela não era importante, que ela seria para sempre a namorada ou amiga de alguém ou que ela não era boa atriz - embora ele sabia que havia dito todas essas coisas em algum momento), mas se lembrava exatamente como ela reagira. Ela sorriu, como se não estivesse surpresa coma grosseria do garoto inglês, e disse: "Você é temporário, Harry. Seu relacionamento com ela tem uma data de validade, e quando passar você estará fora da vida dela. Você não vai ser mais do que uma nota de rodapé, uma memória distante para que sirva de material de inspiração para as musicas dela".

Machucou porque era a melhor amiga dela falando, e porque de muitas formas, Styles temia que fosse verdade. Sem pensar, ele foi atrás de Taylor, e a encontrou conversando com um produtor. O homem era mais velho, mais poderoso e mais interessante do que Harry, e estava com a mão no braço dela. Ele que ficou parado, olhando, até que a namorada o notou. Taylor sorriu para ele, e ele fez um sinal para que eles fossem conversar em algum lugar, andando até que estivessem sozinhos em um dos quartos da Selena.

"O que foi?" ela perguntou, com um tom de voz que indicava que ela sentia o que estava por vir.

"Se divertindo com aquele cara?" Ele perguntou, arqueando as sobrancelhas e parecendo irritado. o olhar dela era confuso, ofendido e ela abriu a boca como se fosse começar a dizer algo, mas ele não deu tempo para ela falar. "Se você vai dar para qualquer um enquanto eu pego uma bebida, então qual é o objetivo de nós estarmos juntos, Taylor?"

Naquele momento ela parecia estar com tanta raiva quanto ele, o cenho franzido e o olhar enojado (Harry achava que ela ficava linda com raiva, com os olhos azuis brilhando e o rosto de uma deusa da guerra pronta para arrancar o coração dele). "Talvez você já tenha bebeu cerveja demais. Que merda você está pensando?". Não foi uma briga muito grande, Harry apenas revirou os olhos e murmurou "Inacreditável", saindo da festa e voltando para o hotel dele, a deixando sozinha na festa da Selena para lidar com a amiga e com todos encarando.

"Harry?" Zayn pergunta, o tirando do devaneio.

Harry olha para ele e sorri rapidamente, e olha para Niall que ainda está digitando. Tudo que ele quer fazer é perguntar se Niall ainda está falando com ela, sobre o que eles falam, se ela o menciona ou fala sobre outro cara. Se ela ainda pensa nele, se ela perdoou todas as brigas e todas as coisas que Harry não consegue perdoar.

"Só um segundo" ele responde o Zayn, e pega o telefone para pesquisar fotos dos dois juntos. É doentio e provavelmente faz mal para ele, mas Harry passa dez minutos olhando as fotos que foram tiradas dos dois juntos. Ela está sorrindo em todas elas, embora ele não esteja, e não consegue parar de se perguntar se ela estava realmente feliz. Porque Taylor sempre sorri para os papparazzi, não importa o quão exausta ou triste esteja. Quando estavam juntos Harry não entendia o porquê, mas agora ele sabia.

Ela era a queridinha da América e tinha uma imagem a manter, assim como ele era o garoto gentil da boyband e tinha sua própria imagem.

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Ele odeia quando estão em Los Angeles, porque ainda possui aquela casa duas casas de distância da dela. Ele sabe que ela não está na cidade (casualmente perguntou ao Niall onde ela estava. Resposta: New York). Mas mesmo assim, ele não consegue se concentrar o suficiente para compor, então acaba sentado na própria varanda encarando a varanda dela.

Ele consegue ver um abajur na sala da casa dela através da janela, o abajur que substituiu o que ele quebrou em uma das piores brigas deles. Ambos estavam bêbados, e ele deu em cima de uma garota na frente dela, e ela sorriu e flertou com um cara qualquer em vingança.

Quando chegaram em casa ela gritou com ele, dizendo que ele deveria largar de ser covarde e terminar com ela de uma vez, e ele gritou de volta dizendo que ela era uma louca neurótica. Não era o que nenhum deles devia ter dito, e as palavras machucaram. Ele começou a chorar e a gritar com ela (e derrubou a lâmpada no chão, que se quebrou em milhares de pedaços de vidro espalhados pelo chão), e ela gritava de volta embora nenhuma lagrima descesse daqueles olhos azuis. Ele não conseguia parar de chorar, e talvez seja por isso que ela tenha ficado.

No final, os dois estavam nus e fodendo contra a parede, dormindo no tapete da sala junto com os milhares de pedacinhos de vidro, as costas dela e os braços dele cobertos de sangue seco provenientes dos cortes.

De manhã, os dois estavam de ressaca e não sabiam exatamente o que tinha acontecido. Acordaram felizes e sonolentos, enrolados juntos em uma confusão de braços, pernas e vidro. Eles fizeram amor no chão da sala, e ela riu quando ele beijou e testa dela, dizendo "você é a mulher mais linda do mundo". Taylor o beijou no nariz e disse: "você é um mentiroso, mas eu sou sua". "Eu te amo" ele murmurou, e ela o beijou como se precisasse memorizar aquele momento, como se soubesse que aquele seria um dos últimos momentos bons que eles iam passar.

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De volta em Londres, ele pergunta para Niall, depois de enrolar muito: "Como a Taylor anda?"

O loiro olha para ele sem saber muito bem o que responder, porque sabe o que os dois passaram e se importa muito com ambos para desejar que eles fiquem juntos novamente. "Bem, eu acho" ele acaba respondendo. Harry sabe que é uma pergunta estúpida, que faz tempo demais que eles terminaram e que provavelmente ela nunca mais olharia na cara dele, mas continua encarando Niall para receber uma resposta mais completa. "Ela vai estar em LA essa semana. Você devia ligar para ela e ver se ela quer te encontrar ou algo assim" Niall acaba adicionando.

"Não consigo imaginar porque ela iria querer isso", Harry diz e sorri amargamente.

"Pergunte e descubra se ela é louca o suficiente para aceitar".

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Faz pouco mais de um ano desde que eles terminaram, mas parece que fazem centenas de anos. Harry pensa que devem mesmo fazer, porque quando ele a vê na varanda da casa dela, mal a reconhece. Taylor parece outra pessoa, mais adulta, mais confiante e menos aquela menina esperançosa que ele conheceu. O batom está mais escuro e o cabelo não passa dos ombros, e ela usa um top tão curto que faria a antiga Taylor estremecer. Ele passa a mão pelo próprio cabelo e se pergunta se o tempo passou dessa forma para ele também, se ele também está diferente. Ele provavelmente parece tão confuso quanto parecia um ano antes.

Harry a vê primeiro, o que o daria tempo para ir embora e desistir de fazer aquilo. Mas ele não quer, e continua a ir em direção a ela. Swift está sentada nas escadas da varanda, abraçando os joelhos, encarando um ponto qualquer do outro lado da rua e Styles não consegue parar de se perguntar se ela está pensando nele.

Ela já respondera várias vezes que não estava. Quando sofreram um acidente de carro que ele causara, pouco tempo antes de terminarem, eles ficaram no mesmo quarto de hotel, Taylor jogando um jogo qualquer no celular enquanto Harry desenhava uma nova tatuagem. Ela parecia distante e ele estava irritado, então ele perguntou de modo que não parecia uma pergunta, e sim uma ordem: "No que você está pensando?" Ela olhou para ele sem interesse e falou, secamente: "Não em você". Os músculos dele ficaram tensos e ele fechou a mão em um punho para evitar revidar e tornar tudo pior. Ao invés disso, abriu uma garrafa de vinho e ofereceu a taça para ela, pois esse parecia ser o único jeito que eles conseguiam conviver nos últimos tempos.

Mas agora ela estava tranquila e com a expressão serena no sol, os cabelos loiros caindo como uma cortina sobre o rosto dela, e tudo o que ele quer fazer é tocar a face dela, beijar os lábios vermelhos e sussurrar no ouvido dela o quanto ele sentia sua falta, que ele sentia tanta falta que chorou no banho e escreveu cartas de amor que ela nunca veria, e todas essas coisas tolas que ele havia jurado nunca fazer.

Taylor o avista, mas não diz nada, se voltando novamente para o ponto que estava encarando. Ele se senta ao lado dela, mas sem tocá-la. É o mais perto um do outro que eles chegaram em um ano, e a mão dele queima para ir de encontro a dela.

Harry está com um nó na garganta, mas consegue ignorá-lo e dizer: "Eu não consigo pensar em nenhum modo de começar uma conversa decente com você".

Ela sorri vagamente e coloca um pouco de cabelo que estava caindo no rosto dela atrás da orelha. "Não faça isso, Harry". E olha para baixo, como se fosse tímida e estivesse com vergonha dele. Mas ela ainda está sentada lá, então ele continua.

Ele não tinha seguido exatamente o conselho do Niall, de ligar para ela e ver se eles podiam se encontrar. Ele não queria escutar a voz dela sem olhar nos olhos dela, se parecia com uma traição, e trair era a única coisa que eles nunca tinham feito um ao outro. Ao invés disso, ele havia mandado uma mensagem, perguntando 'vc ta em LA?', esperando que ela respondesse. A resposta dela foi um simples 'por que?', seguida por um 'queria te ver', vindo dele. Ela demorou tanto tempo para responder que ele achou que ficaria no vácuo, até que apareceu no celular dele a mensagem 'minha casa,amanhã, duas horas da tarde. Vou assumir que você se lembra onde fica.'

"O que eu estou fazendo?" ele pergunta, ao invés de parar. Ele sabe exatamente o que está fazendo, e está funcionando, porque a expressão dela é de alguém tentando ignorar sentimentos e fingindo não se importar. "O que?"

Ela olha para ele, os olha contornados pelo delineador o perfurando. Ele está sentado ao lado dela, depois de tanto tempo, fingindo que nada aconteceu. Quando eles terminaram, Taylor jurou que nunca falaria com ele novamente, e ele disse quer era melhor que não se vissem nunca mais. Se eles se falassem, iriam colidir com memórias antigas que nenhum dos dois queria reviver, e não seria bonito. Eles nunca poderiam apenas se ignorar, sempre haveriam sentimentos como os que ele estava sentindo agora que não os deixariam em paz.

Harry pega a mão de Taylor, os dedos dele fazendo pequenos círculos na mão calejada de tocar violão dela. E ele olha as mãos deles ao invés de olhar o rosto dela, a forma como as mãos se encaixam bem e como parecem se complementar. E ela deixa ele a tocar, e acaba por enlaçar os dedos deles como se nenhum tempo tivesse se passado.

Taylor suspira impaciente e balança a cabeça, mas não move a mão.

Esse era o problema com a Taylor: quando eles estavam gritando um com o outro, ela diria que o odeia (e ele acreditava, de uma forma que o destruía e o deixava com vontade de destruí-la também), ela olharia de modo sugestivo e sorriria para homens na frente dele apenas para provocar, bateria portas na cara dele, ignoraria mensagens e atenderia o telefone apenas para mandá-lo se foder quando ele estivesse tentando se desculpar, mas sempre que as mãos deles se tocavam era como se ela se lembrasse de todos os momentos bons, como se todas as partes ruins se escondessem debaixo de uma capa para que Tay lidasse com elas depois.

Dessa vez não é diferente, e se passam pouco segundos antes dela se aproximar dele, a outra mão tocando levemente o rosto dele, e a boca dela está pressionada suavemente contra a dele, no beijo mais doce que ele se lembra de receber dela. Ele não consegue soltar a mão dela, com medo de acabar com a mágica, mas há mágica o suficiente para iluminar um circo. Ele aprofunda o beijo, sentindo o gosto dela. Ela tem gosto de vinho, de batom vermelho e de promessas quebradas, e ele sente borboletas na barriga ao separar o beijo. Eles não se afastam, as testas pressionadas uma contra a outra e as bocas a centímetros uma da outra. "Isso não vai funcionar, novamente" ela diz, suspirando.

"Talvez dê errado, talvez dê certo", ele diz, e tudo o que ele quer é que funcione. "Porra, com certeza vai dar errado", ele dá um meio sorriso, ela sorri de volta. "Eu não ligo" ele continua.

Taylor fecha os olhos, parecendo insegura e com medo de avançar, o beija mais uma vez e se afasta. "Nós podemos ter uma noite do que era antes de ficar ruim? Só uma noite?"

Ele faz que sim a cabeça, beija a testa dela e se levanta, oferecendo a mão para ajudar Taylor a se levantar também. Ambos entram na casa dela de mãos dadas, porque antes das coisas ficarem ruins eles sempre entravam juntos de mãos dadas. Harry se senta no sofá da sala e faz carinho na gata dela, enquanto Taylor procura um filme na coleção dela. Para Harry parece que eles estão ou no passado ou em um futuro distante, e não em um acordo idiota de uma coisa de uma noite só. Ele abraça ela por trás e a beija no pescoço, dizendo que eles deveriam simplesmente ver Love, Actually porque é isso que ela sempre escolhe. Ela ri e diz que isso é absurdo, mas é claro que esse é o filme que eles assistem.

Foi esse o filme que assistiram na primeira vez que ficaram juntos.

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Harry estava sentado nervoso ao lado dela, pensando que não era bom o suficiente para Taylor, o coração dele batendo tão rápido que parecia que estava prestes a explodir. Então ela sorriu para ele no meio do filme, aquele sorriso que era reservado para momentos preciosos e pessoas especiais. Ele colocou um braço em volta dela, inseguro se era aquilo que ela queria, ou se ela queria apenas ser uma amiga. Ele se inclinou um pouco na direção dela, inseguro, e ela revirou os olhos e sorriu ainda mais, colocando os braços envolta dele e o beijando.

Ele se sentiu como se tivessem fogos de artifício em todo lugar, como se estivesse no céu só por esse pequeno momento. Um beijo e não havia mais sofrimento na vida dele. Eles eram estrelas e o céu pertencia a eles, ou algo assim.

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Meredith mal o reconhece mais.

Taylor sorri para o gato saindo da sala e se acomoda ao lado de Harry no sofá, os braços dele em torno dela. Ele beija o pescoço e a bochecha dela, e ela se vira para ele, tira a blusa dele e o beija.

Não é surpresa para nenhum dois dois quando meia hora depois eles estão juntos no sofá, as roupas espalhadas pela sala e ela contornando as tatuagens que ele tem no torso com a mão.

Deveria ser diferente, deveria ter o gosto doloroso e amargo de uma noite só, mas parece como era antes, algo maravilhoso é bom demais para ser verdade. Ela deixa marcas no corpo dele com a boca e ele permite, porque ela é linda e eles pertencem um ao outro.

A única coisa cobrindo o corpo dela quando eles vão para a cozinha é a blusa dele, e Harry está apenas de cueca, sorrindo quando ela faz uma careta para a oferta dele de cozinhar.

Pressionando-a contra a pia, ele ri e beija o nariz dela. "Você ama a minha comida, Tay".

E ainda que o tom de voz dela seja brincalhão, dói quando Taylor diz, "Bem, muita coisa mudou", porque lembra a ele que eles não estão namorando, que eles nunca foram felizes dessa maneira enquanto estavam juntos, que o relacionamento deles foi uma mistura de lágrimas, sexo bêbado, assédio dos papparazzi, ironias e gritos trocados sem motivo algum.

Ao invés de devanear no passado, ele se foca nos olhos dela, olhando para para Harry de forma sugestiva, as mãos dela brincando com barra da boxer dele. Ele não consegue evitar o sorriso, nunca poderia. "Você está certa", e Harry quer pensar que eles mudaram, amadureceram, e que não vão estragar tudo dessa vez (ele nem mesmo tem certeza se sobrou algo para estragar).

Os dois acabam fazendo panquecas juntos, ambos envolvidos em uma bolha de felicidade tão frágil quanto o amor deles. Eles riem e cantam juntos, ignorando o prazo para aquilo acabar.

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Chega a noite e eles estão no quarto dela, enrolados juntos na cama. "Você vai dormir aqui?" ela pergunta timidamente.

"Você me diz", ele responde, sem olhar nos olhos dela. Mas ela hesita e ele não quer estragar tudo, então Harry acrescenta, "Na verdade, eu devia ir embora. A banda tem um show amanhã e eu preciso acordar cedo".

Taylor não diz nada.

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Ele está distraído no ensaio, e os membros da banda percebem.

"Você e a Swift voltaram?" Pergunta Zayn, assim que o ensaio termina.

Harry suspira. "Sim, não, quem é que sabe. Ela tem medo de estragarmos tudo de novo"

“Vocês vão? Estragar tudo, eu quero dizer".

É a maneira que Zayn pergunta que faz com que Harry pare e pense sobre isso. Ele franze a testa e percebe que não tem uma respostas para essa pergunta. Ele não sabe se eles vão acabar se auto-destruindo como da última vez. Ele não sabe é isso o faz sentir ainda mais egoísta do que antes: ele realmente não se importa se no final o relacionamento voltar a ser um monte de brigas bêbadas. Ele quer aproveitar o que é bom enquanto está bom.

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Ele liga para ela meia hora antes do show começar.

"Me conta alguma coisa sobre o seu dia" ele pergunta, se segurando para não falar algo que poderia soar errado.

Harry consegue ouvir o sorriso na voz dela enquanto fala. "Foi intenso. Meredith e eu passamos o dia no tumblr, e depois fizemos uma maratona de Friends". Sorrindo também, ele se antecipa e acaba soltando "eu senti saudades de você". E ambos sabem que não é só pelo dia que eles passaram separados, é pelo ano inteiro, e pelos meses de guerra entre os dois.

"Você deveria passar aqui depois do show" ela diz, e acrescenta "isso se você já não tiver planos para sair com os garotos, claro". Ele consegue sentir o ressentimento na voz dela, porque já usou essa desculpa incontáveis vezes antes. Ele iria para bares e festas sem ela, dizendo que a loira não entenderia o humor dos amigos dele e que ele precisava ficar longe dela. "Eu preciso de espaço, porra" Era uma expressão frequente nessas discussões.

Por tudo isso, ele não hesita antes de dizer: "Me espere depois do show".

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Ela abre a porta rindo e o puxa para dentro de casa pela camisa, e ele sorri contra a boca dela, se esquecendo de todas as coisas ruins.

Taylor tem uma garrafa de champanhe e duas taças resfriadas, e eles bebem até que estão os dois fodendo ou fazendo amor no chão da sala. Parece um pouco dos dois, é mais sujo e safado do que qualquer coisa do que eles já fizeram antes, mas também é mais cheio de sentimento do que nunca. Eles bebem mais depois, e dormem abraçados na cama dela.

No meio da noite, ela tem um pesadelo, e começa a murmurar coisas que não fazem sentido. Sem acordá-la, ele passa os braços entorno dela e sussurra: "Shhh, é só um sonho", e embora ele se sinta pretensioso ao pensar que tem um lugar nos sonhos dela, continua "eu não vou a lugar nenhum".

De manhã, eles tomam banho juntos. Ele lava o cabelo dela -- uma vez, Taylor disse que ele não se importava, que ele nunca fazia as coisinhas idiotas que as pessoas que se amam faziam, como pegar a mão do outro enquanto estavam andando na rua ou tomar banho juntos depois de transarem de manhã. Ele não sabe porque está se lembrando dessa briga agora, mas ele se lembra de cada uma delas.

O passado é como uma terceira pessoa entre eles, mas ambos preferem ignorá-lo.

Eles então tomando café juntos, quando ele pergunta "O que nós estamos fazendo aqui, Tay?"

Ela segura a respiração e toma um gole do café antes de responder. "Reconstruindo nosso relacionamento, eu suponho"

"Tipo, voltando?" Ele tenta.

Ela não responde, mas sorri daquela forma, aquele sorriso que é reservado só pra ele.

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Era uma terça quando eles terminaram, um ano atrás. Um dia maravilhoso, com o sol brilhante tão forte que cegaria quem olhasse diretamente para ele. Eles estavam sentados na sala do apartamento dela em New York, e já tinham brigado no dia anterior. Ele havia dito que talvez ela estivesse certa (sobre ele não amá-la) e ela flertou com um DJ famoso em resposta, um homem que parecia ter o dobro da idade dele. Eles não estavam bêbados dessa vez, então se lembravam de tudo naquela manhã.

"Você está me sufocando", ele disse.

Ela riu amargamente. "Você é uma piada, isso sim".

Não explodiu rapidamente como as brigas deles geralmente explodiam. Isso era diferente, e de alguma forma era muito pior. Tinha ressentimento e remorso o suficiente nas vozes deles para matar alguém, raiva saindo como sangue das feridas abertas na briga do dia anterior.

Daí eles partiram para as acusações usuais, e depois para novas. "Inacreditável. Quer saber de uma coisa, Harry? Nós deveríamos sair um de perto do outro", ela pausou, olhou para ele e cuspiu as palavras do modo mais doloroso que conseguiu, "Você é tóxico".

Ele riu, balançou a cabeça e disse, "Não, Taylor. É só você que é uma drama queen, só isso", ele estava com os punhos fechados de raiva, a cabeça explodindo e a pulsação acelerada, "Mas óbvio, eu adoraria ficar longe de você".

Eles nunca seguiam em frente com essas coisas. Eram apenas ameaças trocadas, ambos preferindo continuar nesse ciclo de auto-destruição do que sair de perto um do outro. Mas dessa vez era diferente.

Ela levantou da cadeira para se defender. Ela tremia, mas a voz estava firme e fria. Eram só três palavras (quando ela as disse, ele se lembrou de quando essas três palavras eram um 'eu te amo' confessado entre beijos roubados em público), essas três palavras eram diferentes, mas deixariam uma marca tão profunda quanto as primeiras.

"Eu te odeio".

Não foi a última coisa que ela disse para ele entes de ir embora, no entanto. Ele não conseguia apenas sair, ele tinha que continuar falando para que doesse nela também. Para que ele não fosse o único chorando e ferido quando estivessem sozinhos. "É, Tay, eu estou começando a achar que te odeio também"

O modo como os olhos dela se encheram de lágrimas nessa hora estava gravado a ferro na memória dele.

"Você sabe o caminho até a porta", ela falou, virada para a parede, "Harry?"

"Sim?", ele se virou para ela, achando que Taylor pediria para ele ficar, que eles continuariam naquele relacionamento bizarro cheio de mágoas e promessas quebradas.

"Eu queria nunca ter te conhecido"

E então ele foi embora.

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Na primeira vez que eles puseram olhos um no outro, ela sorriu para ele timidamente depois olhou para outro lado. Harry notou, obviamente, e sentiu suas bochechas se tornarem vermelhas. Foi em uma pequena reunião de amigos na casa do Ed em Londres, e ambos haviam vindo sozinhos.

Ele sabia quem ela era, claro, assim como ela sabia quem ele era.

Ainda assim, quando ele se aproximou dela e disse oi, ela sorriu e perguntou, "E quem é você?".

Ele sorriu, para a linda e recém-saída da adolescência Taylor, sentou-se ao lado dela e respondeu: "Eu sou o Harry, e você é...?", ele levantou as sobrancelhas de um modo inquisidor, descobrindo que não conseguia desviar o olhar dela.

"Taylor", o sorriso dela diminuiu e ela acrescentou, "Mas se nós formos realmente nos conhecer e você me fizer bem, pode me chamar de Tay".

Ele pegou a mão dela e a beijou, de modo brincalhão. Ela riu e colocou a mão de volta no colo, ficando vermelha.

"Eu vou ser bom para você, Tay".

Ela arqueou as sobrancelhas. "Isso é uma promessa?"

"Sim, eu prometo".

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.