''Só por essa noite. Só hoje, depois eu juro que te deixo em paz.'' disse, quase implorando de joelhos na frente de Ryan. Se inclinava em cima da pequenina mesa do bar, esperando que o outro lhe desse um sinal para que pudesse beijá-lo e deixá-lo ser seu. Mas esse sinal não veio.

''Não sei, Brendon... Já disse, não quero que...''

''Por favor, é só uma noite! Depois disso você pode me esquecer, pode não olhar mais na minha cara se você quiser; só me deixa ter você por mais uma noite. Ninguém precisa saber.'' se inclinou um pouco mais quando disse a última frase. Ryan hesitou antes de olhar em seus olhos, derrotado.

''Tudo bem, é só uma noite mesmo. Mas eu não vou sair junto com você. Pega um táxi e vai pra sua casa, eu vou pra minha, me disfarço e vou depois.'' quando viu que o outro iria argumentar, completou ''Fãs, Brendon. Fãs são maravilhosas, mas também sabem ser extremamente irritantes''. Ele suspirou e cedeu.

''Ok. Que horas você vai?''

''Umas 11 eu devo estar por lá.'' Brendon concordou com a cabeça e fez menção de beijar o rosto do 'amigo', que recuou. ''Não começa''. Ambos abaixaram a cabeça. Brendon virou-se e foi embora, animado e vazio ao mesmo tempo. Animado porque teria uma outra chance de conquistar Ryan, mostrar que nada foi em vão, que ele estava arrependido de tudo e que seu coração ainda lhe pertencia. Mas vazio porque ele sabia que definitivamente era a última chance, e que se não conseguisse dessa vez sua vida não faria mais sentido. Ele teria que casar com Sarah, continuar escrevendo músicas para Ryan e fingindo que Brallon ''existia''. Ele não poderia continuar assim, isso não era uma vida de verdade. Tudo o que ele sempre quis era ser feliz, e ele não desistiria disso.

Ryan observou ele deixar o estabelecimento de ombros abaixados. Odiava ver que tinha deixado Brendon assim, tão desanimado e depressivo, mas ele também tinha sua parcela de culpa. Agora que ele finalmente tinha conseguido deixá-lo em segundo plano em sua mente, ele volta e bagunça ainda mais seus sentimentos. Mas ele admitia que tudo o que queria era mais uma noite com ele. Sentir seus braços protegendo-o, sua respiração ofegante em seu pescoço, suas mãos suadas entrelaçadas depois de um show. Sabia que não teria tudo isso de novo, que essas memórias o torturariam por toda a eternidade, mas ele gostava disso. Era uma tortura boa, de certo modo, saber que tudo realmente aconteceu, que ele não inventou tudo isso.

Depois de uns 20 minutos, levantou-se, pagou pela cerveja que bebericava e saiu. Pegou um táxi e foi direto pra casa. Lá, colocou um boné, óculos escuros e muitas roupas, tentando parecer o mais diferente possível. Estava decidido a não dar mais motivos para rumores; tudo o que menos queria era repórteres perseguindo-o por onde fosse perguntando se ele e Brendon estavam namorando. De novo.

Saiu de casa e andou a pé por uns dois quarteirões. Só aí chamou um táxi para buscá-lo. Deu o endereço de Brendon para o motorista, que dirigiu rápido; chegou meia hora antes do combinado.

Entrou no jardim e tocou a campainha, esperando que Sarah não aparecesse. Ele achava que ela era uma vadia insuportável, simplesmente não conseguia nada mais que aturar ela. Felizmente Brendon abriu a porta, sorrindo fraquinho. Ryan entrou rapidamente e pediu para fechar a porta.

''Stalkers são um dos piores tipos de pessoas do mundo, por mais que você tente nunca consegue despitá-los totalmente.'' disse, sentando-se no sofá e tentando não deixar o silêncio tomar conta. Brendon sentou-se no outro sofá, que ficava ao lado. ''Onde está Sarah?''

''Viajando. Pedi pra ela me deixar em paz por uns tempos, então ela foi visitar os pais.'' Ryan não pôde deixar de sorrir, o que fez o outro sorrir também. Passaram um tempo em silêncio, sem coragem de olhar nos olhos um do outro. Finalmente ele se levantou e andou até o rádio. Colocou alguma música que Ryan não conhecia pra tocar e estendeu a mão pra ele. ''Dança comigo?'' hesitou, mas acabou cedendo depois de alguns momentos.

Estendeu sua mão de volta e ele puxou-a delicadamente, conduzindo-o. Colocou a outra mão na cintura do outro e o fez fazer o mesmo. Em passos lentos, pequenos e desajeitados, dançaram de um lado para o outro. Depois de alguns minutos assim, Ryan apoiou sua cabeça nos ombros de Brendon e deixou cair uma lágrima. ''Me desculpa. Foi tudo culpa minha, eu não queria admitir, meu orgulho foi mais forte.''

''Não, a culpa foi minha, eu não deveria te pressionado. Eu que fiquei nervoso e estraguei tudo.'' pararam de dançar e ficaram ali, abraçados por um bom tempo. Uma ou outra lágrima ocasionalmente caíam dos olhos de Ryan e começaram a molhar a camisa de Brendon. ''Não chora, por favor.'' delicadamente segurou o rosto dele com as mãos e fez ele olhar em seus olhos. ''Não chora, eu estou aqui, vai ficar tudo bem.''

Dessa vez as lágrimas caíram de verdade, sem parar. Ryan não conseguiu se segurar e juntou seus lábios aos de Brendon, deixando o rosto dele molhado também.

Mas as lágrimas não importavam mais, nem a música que acabara, nem a chuva que começara a cair lá fora. Porque agora eles estavam juntos de novo, completos e eles sabiam que nada os separaria dessa vez.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.