P.O.V Da Jade

Brigamos na véspera do Dia dos Namorados. Foi mais uma de nossas brigas bobas por motivos que... Argh! Não gosto nem de lembrar. Meu moreno foi furioso para o RV dele, enquanto eu fiquei fula da vida no meu apartamento. Havíamos perdido a paciência. Gritamos um com o outro e ao final da noite, quem acabou chorando fui eu quando ele bateu a porta do meu quarto e foi embora...

Amanheceu. Dia dos Namorados. Parabéns para os casais apaixonados ao redor do mundo. Que se foda. Estou de mal com o meu namorado. Espero que ele também tenha um dia ruim.

Peguei meu celular... Nenhuma ligação perdida. Nada de mensagens. Nem porra nenhuma vinda dele.

Será o nosso fim? Será que devo ligar? Ir atrás dele? Não... Melhor não. Não vou dar o braço a torcer.

Abri as minhas redes sociais. André e Tori estavam fazendo cada postagem. Galerias de fotos deles em momentos especiais. Textões apaixonados. Até Cat e Robbie estavam esbanjando amor e melosidade para tudo quanto é lado.

Por quê existem casais tão clichês?

Oliver não estava online. Nem mesmo nos aplicativos de mensagens.

Tentei ligar para a Tori, mas a Vega não me atendeu. Aquela vaca.

— Merda! - Atirei meu celular sobre a cama.

Tentei me distrair. Liguei a TV à cabo. Em todos os malditos canais estava passando a programação especial do Dia dos Namorados.

Comerciais. Filmes. Clipes musicais.

Desliguei a TV e quase arremessei o controle na parede.

[...]

Meu celular tocou. O peguei rapidamente sentindo um pingo de esperança. Poderia ser ele.

No entanto não era, e sim, a Vega com certeza querendo encher o saco.

— O que é? - Perguntei mal-humorada.

— Oi, Jade! Tudo bem? - Perguntou.

— Não! Quero que todos se fodam! - Respondi, irritada.

— Uau... Passa aqui em casa. O Beck deixou um bilhete para você. - O quê?

— Que bilhete? - Indaguei, abismada.

Ela desligou na minha cara. Maldita. Eu não sabia se ficava com raiva ou curiosa.

Que palhaçada era aquela?

Minutos depois...

E ela estava eu prestes a tocar a campainha dos Vega. A curiosidade falou mais alto. Fiz logo para acabar com aquela merda.

A irritante da Tori surgiu sorridente ao atender a porta.

— O Beck me pediu para te entregar isto. - Me entregou um envelope cor de vinho.

— Valeu. - Murmurei ainda se entender nada.

— Leia e se apresse. A próxima pista está aí dentro. - Avisou.

— Mas que pista vo...

Ela bateu a porta na minha cara. Soltei um palavrão.

Abri o envelope apressada. Tinha um bilhete avermelhado dentro. O desdobrei com cuidado.

"Oi, amor!

Me desculpe por ontem. Fui um idiota, espero que me perdoe.

Quero fazer as pazes. Tenho uma surpresa pra você.

Você tem um caminho a seguir. Não fique brava. Juro que vai valer a pena.

Próxima dica: A segunda pista está na casa do nosso melhor amigo.

P.S.: Estou te aguardando, nos veremos em breve."

[...]

Saltei para fora do carro. Corri até a porta da casa do André. Toquei a campainha.

Nosso amigo abriu a porta surgindo com um enorme buquê de flores.

Rosas vermelhas. Eu não gostava de flores, mas eram lindas. Só aceitei porque eram do meu namorado.

— O Beck me...

— Eu já sei, já sei... - Peguei o segundo brilhete.

— Beleza. Boa sorte. - Fechou a porta rindo.

"Sei que não gosta de flores, porém, essas são especiais. Foram podadas por minha madrinha. Vieram de longe.

Muito bem, você chegou à segunda pista.

Lembra do nosso segundo encontro? O primeiro foi desastroso e você odiou a comida. Mas foi divertido de qualquer jeito.

Okay, vamos lá!

Agora siga para o local do nosso segundo encontro.

P.S.: Não vejo a hora de te ver, baby."

Corri para o carro. O cinema. Oh, claro, foi um encontro quase perfeito. O beijo foi inesquecível.

Dirigi para o cinema mais antigo de L.A. Já se passava das 15h.

Logo na entrada, me deparei com um carpete vermelho coberto por pétalas de papel recortadas. Aquilo tinha a cara da Cat.

E lá estava ela segurando uma cesta de vime enfeitada. Sorriu e acenou para mim. Fui até lá.

Revirei os olhos e acabei sorrindo.

— Para você. - Me estendeu a cesta animada.

Tinha um copo de café grande e meus bolinhos favoritos. Sabor baunilha.

— Valeu. - Desdobrei o terceiro bilhete.

" Você chegou, meu amor.

Apenas siga as plaquinhas.

P.S.: Estou te esperando."

Peguei o café e um bolinho. Entrei no cinema, com o buquê nos braços.

Fui aplaudida por nossos colegas de HA. Até o professor Sikowitz e o diretor Lane estavam ali. E alguns parentes também.

Todos seguravam balões em formato de coração.

Avistei a primeira plaquinha com a seta indicando o caminho.

Comecei a ficar nervosa. Não sabia o que estava acontecendo.

O que era tudo aquilo?

Apenas os cumprimentei acenando a cabeça. Fui apressada seguindo cada plaquinha que surgiu no caminho.

Elas me levaram a para sala de cinema onde assistimos o nosso primeiro filme juntos.

Robbie me recebeu na porta.

Meu coração disparou. A sala 13 estava iluminada. Avistei um cartaz indicando para eu sentar na cadeira lá da frente onde havia mais um bilhete.

Onde estaria o Oliver?

Achei a cadeira indicada. Apanhei o bilhete.

"Muito bem, baby.

Estou feliz. Você seguiu cada pista.

Agora sente e relaxe.

P.S.: Espero que goste da surpresa."

Sentei e beberiquei o café, minhas mãos estavam trêmulas.

As luzes apagaram. O telão se acendeu. E o projetor começou a rodar.

A imagem do meu moreno surgiu. Ele segurava um violão. Estava sentado confortável na casa do André.

— Amor, espero que não fique brava. Essa é uma prova de amor. Fiz com muito carinho com a ajuda dos nossos amigos. Feliz Dia dos Namorados. E esta canção é especialmente para nós. Te amo, Jay. - Eu não estava acreditando naquilo.

Sorriu enchendo meu coração de alegria e começou a cantar:

"Eu te conheci no escuro

Você me acendeu

Você me fez sentir como se

Eu fosse o suficiente

Nós dançamos a noite toda

Nós bebemos demais

Eu segurei o seu cabelo para trás quando

Você estava vomitando"

Aquela voz. Aquele sotaque. Porra, era a nossa música.

"Então você sorriu sobre seu ombro

Por um minuto, eu estava sóbrio como pedra

Eu te puxei para mais perto de meu peito

E você me pediu para passar a noite

Eu disse: Eu já te disse

Eu acho que você deveria descansar um pouco"

As lembranças daquela noite me invadiram em cheio.

"Eu sabia que te amava

Mas você nunca soube

Porque eu fingi estar tranquilo quando eu

Estava com medo de deixar pra lá

Eu sabia que precisava de você

Mas eu nunca mostrei

Mas eu quero ficar com você

Até ficarmos grisalhos e velhos

Apenas diga que você não vai embora

Apenas diga que você não vai embora"

Não tinha como evitar... Comecei a ficar emocionada.

"Eu vou te acordar com um café-da-manhã na cama

Vou lhe trazer café

Com um beijo em sua cabeça

E eu vou levar as crianças para a escola

E acenar um tchau

E eu vou agradecer a minha estrela da sorte

Por aquela noite"

Toda a raiva que senti mais cedo havia desaparecido. Ele tocava e cantava tão bem. Meu moreno arrasava.

"Quando você olhou por cima do ombro

Por um minuto, eu esqueço que sou mais velho

Eu quero dançar com você agora, oh

E você parece tão bonita quanto sempre

E eu juro que a cada dia você vai ficar melhor

Você faz eu me sentir desse jeito de alguma forma"

Ele só era alguns meses mais velho e amava se gabar por aquilo. Aquela letra descrevia os nossos momentos.

"Eu estou tão apaixonado por você

E eu espero que você saiba

Querida, seu amor é mais

Do que o seu valor em ouro

Nós viemos tão longe minha querida

Veja como nós crescemos

E eu quero ficar com você

Até ficarmos grisalhos e velhos

Apenas me diga que não vai embora

Apenas me diga que não vai embora"

Eu não esperava aquilo. Que surpresa linda. Comecei a ficar mais emotiva. Qual é? Eu não era de ferro...

"Eu quero viver com você

Mesmo quando viramos fantasmas

Porque você sempre esteve lá para mim

Quando eu mais precisava de você"

Ele queria mesmo me fazer chorar?

"E eu vou te amar até

Meus pulmões desistirem

Eu prometo, até que a morte nos separe

Como em nossos votos

Então escrevi essa canção para você

Agora todo mundo sabe

Que somos só você e eu

Até ficarmos grisalhos e velhos

Apenas me diga que não vai embora

Apenas me diga que não vai embora"

Meu coração já acelerado, disparou ainda mais...

"Apenas me diga que não vai embora

Oh, apenas me diga que não vai embora"

Ele finalizou canção... Aquilo foi tão perfeito.

Então, meu moreno olhou diretamente para a câmera:

— Quer passar o resto de sua vida ao meu lado, Jade?

O copo de café quase deslizou das minhas mãos.

Meus olhos encheram de lágrimas já contidas.

— SIM, OLIVER! - Meu grito ecoou pela sala de cinema.

O projetor foi desligado. As luzes acenderam.

Deixei o copo ao lado do bolinho e do buquê na cadeira ao lado.

Levantei ouvindo gritos e aplausos.

O pessoal invadiu a sala e lá estava ele.

Lindo... Lindo como sempre.

Corri e me joguei em seus braços calorosos. Nos beijamos.

— Você me fez borrar o rímel. - Bati em seu peito quando ele me botou no chão.

— Você continua linda. - Limpou minhas lágrimas.

Tirou uma caixinha preta do bolso. Abriu mostrando as alianças de noivado.

As meninas suspiraram. Sinjin começou a chorar.

E ali diante de todos que torciam por nossa felicidade e que nos amavam, selamos aquele compromisso.

Noivamos. Foi uma surpresa e tanto. Eu havia amado. E aquele o foi o Dia dos Namorados mais marcantes de todos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.