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Capítulo 06 - Eu estou tão cansada de estar aqui


Eu estou tão cansada de estar aqui, perseguida pelos meus medos infantis. Se você tem que ir, eu desejo que vá logo.

Rose Hathaway

— Você tomou a decisão correta — uma sensação de nostalgia correu por meu corpo ao ouvir a voz de André.

Olhei na direção que sua voz soou, o encontrando parado atrás da porta do quarto. Eu não esperava vê-lo nunca mais em minha vida, mas essa não é exatamente minha vida.

Aquela estava se provando a experiência mais estranha que já passei.

Caminhei até ele, me colocando ao seu lado, ainda observando Dimitri.

— Você cresceu, guardiãzinha — ele comentou.

— Não sei se ainda posso ser chamada dessa maneira — eu dei de ombros.

— Você cuidou dela — ele garantiu — você cuidou de todos, pena que não teve a mesma sorte.

Eu desviei o olhar passando a observar meus pés, só então notando que eu estava descalça. Mas minha mente estava presa em suas palavras. Aquilo não era inteiramente verdade, durante um curto período de tempo eu tive quem cuidasse de mim.

Dimitri.

Ele se preocupava comigo, sempre esteve presente para me proteger e me apoiar. Naquele tempo, nós faríamos tudo um pelo outro. Mas aquilo havia acabado. Eu não causava mais seus sorrisos, apenas o irritava, o deixava triste. Mas apesar de tudo, eu não me arrependia das coisas que eu fiz, em algum momento ele vai se recuperar e será feliz. Ele terá uma vida inteira pela frente, ficará seguro e manterá Lissa segura. Aquilo era tudo o que eu precisava.

— Não fique triste, guardiãzinha — André pediu — você ficará melhor agora que tomou sua decisão.

— Decisão? — eu o encarei sem entender.

— Sim, você sabe.

— Na verdade não sei. De qual decisão você está falando?

— Voltar ou desistir de tudo — ele falou sem se importar muito, voltando a observar Dimitri.

— Você quer dizer que a decisão de viver ou morrer é minha? — eu pisquei atordoada.

Eu tinha esse poder? Pensei que o único motivo de estar nessa situação fosse a chance de me despedir. Mas isso?

— E qual a sua dúvida, Rose? Vamos, a vida era apenas triste enquanto você esteve lá. Eu vi tudo o que você passou. E agora você está livre de todo aquele fardo — André me encarou.

— Você quer isso? Quer que eu desista? — eu franzi o cenho.

— Apenas acho que você ficaria melhor, Rose... Ou você prefere passar sua vida sofrendo por alguém que sequer se dá o trabalho de se manifestar? — ele indicou Dimitri com a cabeça — Pensei que você tivesse feito isso por querer acabar com tudo.

— Eu sei, mas... Esse negócio de escolha muda as coisas — eu respirei fundo — você não acha?

— Eu acho que você precisa pensar um pouco mais, e ponderar as coisas — ele deu de ombros — Talvez um pouco mais de tempo ajude.

— Suponho que agora você vai desaparecer como os outros — eu murmurei.

— Não nos culpe, nós não podemos ficar tanto tempo aqui — ele sorriu — Mas pode ter certeza que apareceremos mais vezes.

— Por que isso não me anima? — eu suspirei voltando a observar Dimitri que voltou para a poltrona.

Voltei a olhar na direção de André, mas ele já havia sumido. Aquilo já estava se tornando cansativo.

Era a minha versão bizarra de "os fantasmas de Scrooge"?

Caminhei até Dimitri, me acomodando no chão ao lado da poltrona apenas para ficar perto dele. Minha mente vagava no que André me disse antes. Qual caminho eu devo escolher? Por um lado eu poderia ficar perto de Mason, eu sabia o quanto ele gostava de mim. Mas pensando melhor agora, eu estava pronta para partir?

O tempo passou e Dimitri e eu continuamos juntos em silêncio. O fato dele desconhecer minha presença contribui muito para isso. Eu teria ficado incomodada se não estivesse tentando tomar uma decisão, André não foi o único a notar o silêncio do Russo. Por que ele não fala nada? Por que passa tanto tempo aqui? O amanhecer estava se aproximando quando a porta do quarto foi aberta atraindo a atenção de Dimitri.

Lissa entrou antes de Adrian me fazendo levantar de onde estava. Eu me senti bem por vê-lo, pelo menos até me lembrar de nossa última conversa. Ele realmente se esforçava para estar comigo e eu não valorizei esse esforço. Certamente ele ficaria melhor se eu partisse de uma vez. Eu o deixaria livre para encontrar alguém que gostasse dele de verdade.

Não que eu não gostasse, mas eu não conseguia corresponder seus sentimentos na mesma intensidade. Não Quando meu coração foi despedaçado. Eu não seria mais capaz de amar ninguém como eu amei Dimitri. Não adianta fingir que superei.

Lissa ofereceu um pequeno sorriso a Dimitri que a encarava com admiração, fazendo o ciúmes queimar em meu peito. Eu daria tudo para ter aquele olhar novamente direcionado a mim, e é claro que isso não aconteceria.

Eu desisti de você. O amor acaba. O meu acabou.

Suas palavras soaram claras em meu ouvido abrindo um buraco em meu peito. A quem estou tentando enganar? Eles seguirão em frente assim que eu tomar minha decisão.

— Como a aura dela está hoje? — Adrian questionou, ignorando a presença de Dimitri.

Eu o observei ao lado de minha cama, se segurando a grade de proteção. Aquilo parecia a única coisa que o estava mantendo em pé naquele momento. Isso era típico dele, não podia acontecer nada que ele se refugiava na bebida!

Eu me afastei irritada com a constatação. Quando ele vai crescer e aprender a enfrentar a vida ao invés de fugir?

— Negra, mas parece menos densa do que antes — Lissa explicou — e também vejo alguns fios dourados.

Ela acariciou minha cabeça respirando fundo ao me observar.

— Vamos Rose, você precisa reagir — ela pediu — eu não quero viver sem você. O que eu faria?

— Provavelmente teria que aprender a resolver os próprios problemas — Adrian murmurou — mas não se preocupe, não faltarão guardiões para a última Dragomir.

— Adrian... — Lissa balbuciou confusa pelo ataque gratuito.

Aquelas palavras me fizeram pensar, não pela primeira vez, que Lissa apenas gostava de me ter por perto para resolver tudo por ela.

— Hey dampirinha — Adrian acariciou meu rosto — como você se sente hoje?

— Péssima — eu murmurei apesar de saber que ele não me ouviria.

Dimitri se levantou, parecendo incomodado, deixando o quarto em seguida. Eu contive a vontade de segui-lo, decidindo me concentrar em Adrian naquele momento.

— Você tem que fazer isso com ele aqui? —Lissa ralhou, saindo em seguida.

Mais uma vez senti aquela onda de ciúmes me atingir. Ela não deveria ter o poder de fazê-lo se sentir melhor.

— Como se eu me importasse — ele voltou sua atenção para mim — eu sinto sua falta, Rose. As coisas estão uma bagunça aqui..

Eu me coloquei ao seu lado, segurando sua mão. Eu imagino como ele deve se sentir. Apesar de desaprovar sua bebedeira, sei que ele amava Tatiana e ainda tem que lidar comigo nessa situação. Realmente, ele tem passado por muita coisa.

— Às vezes eu penso que gostaria que você estivesse aqui. Mas se isso tivesse acontecido, você teria sido presa e executada... Então pelo menos agora eu ainda tenho esperanças que você se recupere — ele suspirou — apesar de que essa esperança tem diminuído a cada dia.

Eu odiava vê-lo tão deprimido. De certa forma eu causei aquilo. Ele certamente ficará melhor sem mim.

— Sei que você não vai me ouvir — eu comecei encostando minha cabeça em seu braço — mas eu sinto muito por tudo. Eu nunca fui justa com você ou com o sentimento que você tem por mim. Eu me arrependo tanto, de verdade. Nunca devia ter começado com essa história, pois sempre soube que nunca seria capaz de corresponder o que você sentia.

Eu beijei seu braço, sentindo as lágrimas voltarem a rolar por meu rosto. Eu gostava dele, de verdade, e não queria fazê-lo sofrer.

— Você sempre esteve presente, Adrian, mesmo quando você tinha motivos para desistir de mim, você não desistiu e eu agradeço por isso — eu envolvi seu braço com minhas mãos, fechando os olhos — Eu espero que você encontre aquela pessoa especial e seja muito feliz. Eu estarei sempre torcendo por você. Eu me estiquei, beijando seu rosto antes de me afastar.

Eu havia tomado minha decisão. Todos estariam melhor se eu partisse, apenas teria que me despedir de cada um. Segui até a poltrona, me acomodando ali como fiz antes. Eu me sentia estranha, depois de um tempo "acordada" eu começava a me sentir fraca, sonolenta, e parecia que esse tempo era cada vez menor.

Despertei mais uma vez na cama. O sol estava alto do lado de fora, eu me sentei, olhando em volta à procura de Dimitri, mas dessa vez, ele não estava ali. Para a minha surpresa, Abe Mazur estava parado de frente para mim, encostado na parede dos fundos, com o olhar astuto de sempre. Minha mãe estava a seu lado, mas ao contrário do homem, sua expressão era abatida.

Eu me levantei, me sentindo subitamente envergonhada por minha mãe me ver naquela situação. Obviamente ela não podia me ver, mas caminhou até a cama, passando por mim, fazendo com que eu desviasse depressa dela. Eu não sabia se eu a atravessaria como os fantasmas que vemos nos filmes, mas preferia não descobrir.

— Ela vai se recuperar, Janie — Abe garantiu.

Era estranho ver alguém tratando minha mãe de forma tão carinhosa, principalmente pelo fato dela parecer não se importar com o apelido. Eu me peguei pensando na história que envolvia meus pais, ela obviamente ainda nutria algum resquício de sentimento por ele, enquanto Abe... Bem, ele parecia sempre flertar com qualquer mulher que aparecesse em sua frente, mas com minha mãe parecia ter algum tipo de carinho a mais.

— Eu não fui uma boa mãe pra ela — senti seu toque em minha testa — sempre tinha algo mais importante. "Eles vêm primeiro"... E agora ela...

— Ficará bem — ele se aproximou dela — Janie, nós já quase a perdemos inúmeras vezes e ela sempre se recuperou.

— Dessa vez é diferente. Ela quis fazer isso, ela quis partir — minha mãe se afastou — não entendo.

— A garota passou por muita coisa, Janine. Ela viu o amigo ser morto na frente dela, viu a escola ser invadida e colegas e professores serem mortos, sem mencionar o Belikov. — ele revirou os olhos — quer mesmo que eu continue?

Senti meu coração se apertar com aquela conversa, eu não queria relembrar tudo aquilo, mas parecia inevitável.

— Você teve tempo de comer alguma coisa antes de vir para cá? — Abe questionou após observá-la por um momento.

Janine balançou a cabeça em negativa, Abe logo passou o braço por seu ombro, a guiando em direção a porta enquanto sussurrava mais algumas palavras de conforto a ela, garantindo que conseguiria os melhores médicos para cuidar de meu caso.

Mas isso não adiantaria.

Mais uma vez fui deixada ali sozinha. Eu caminhei até a janela, observando o sol que brilhava do lado de fora. De repente senti uma onda de nostalgia tomar conta de mim, eu queria sentir mais uma vez os raios do sol batendo em minha pele, queria sair daquele quarto, queria me sentir viva! Eu franzi o cenho ante aquele sentimento, de onde veio isso? Eu estava certa de que o melhor era partir de uma vez.

— Eu sempre quis sentir os raios de sol sem os efeitos colaterais — Tatiana comentou casualmente ao meu lado.

— Pelo amor de Deus, vocês vão acabar me matando do coração antes que eu tome qualquer decisão!

—Como? — ela precisa genuinamente confusa.

— Vocês precisam avisar antes de aparecer e começar a falar comigo quando eu estiver distraída — eu murmurei — Sei lá, pendurem um sino no pescoço ou algo assim!

Uma sombra de descrença passou por seu rosto enquanto ela absorvia minhas palavras.

— Você acabou de me comparar com uma vaca?

— A questão é, vocês não devem me matar enquanto eu não decidi se quero ou não voltar — eu fugi de sua pergunta, voltando até a cama para observar meu corpo imóvel.

Eu parecia mais corada do que antes, e meu coração batia mais forte. Foi quando um brilho prateado atraiu minha atenção para minha mão.

— Vasilisa trouxe mais cedo. Disse que te ajudaria — Tatiana explicou enquanto eu observava o anel de prata em meu dedo.

Então esse é o motivo de eu estar me sentindo melhor. Um anel de cura em meu dedo. Aquele gesto me emocionou um pouco, eu toquei a prata e fui capaz de sentir o espírito contido ali. Era uma boa magia.

— Você deveria voltar. Você ainda pode ser muito útil...

— Claro, todos sabem que sou ótima para matar Strigois — eu murmurei descontente.

— Não foi o que eu quis dizer — Tatiana garantiu — você seria útil a seu próprio povo, Rose. Você sabe que eu não os considero inferiores e fui obrigada a assinar aquela lei.

— Isso é o que você diz, ainda não estou convencida.

— Existe apenas uma pessoa que pode anular isso, Rose...

— Olha Tatiana — eu a interrompi. Eu adorava não ter mais que tratá-la como "majestade" — sei que eu disse que lutaria contra isso e faria você se arrepender, mas eu não tenho como realmente fazer algo.

— Não estou me referindo a você — ela revirou os olhos — se você parasse de me interromper e prestasse atenção, saberia disso!

— Desculpe.

— Se Vasilisa tiver o poder de voto, serão maioria para anular a lei. Principalmente se souberem eleger uma nova rainha — ela me instruiu.

Ela enlouqueceu? Ela sabe que Liss não tem o quórum necessário! Ela não está sugerindo que Lissa tenha um filho, não é?

— Isso faria sentido se ela pudesse votar. Mas você sabe que não pode — eu a desafiei — a não ser que você tenha outro Dragomir escondido.

— E se eu disser que eu tenho? — ela devolveu em tom insolente.

Aquela informação me deixou sem palavras. Como assim ela sabe sobre outro Dragomir esse tempo todo e nunca disse nada?

— Do que você está falando? — eu balbuciei quando consegui encontrar minha voz.

— Éric Dragomir teve um filho ilegítimo — ela prosseguiu naturalmente — você precisa encontrá-lo.

Eu não tive qualquer reação. Me mantive parada, observando a mulher à minha frente. Aquilo é sério?

— Tem certeza que você não está falando isso para se ver livre de passar a eternidade comigo? — eu franzi o cenho.

— Apenas faça o que eu digo, Rosemarie — Tatiana revirou os olhos.

Ela não perdia a mania de mandar em mim. Mas agora eu não tinha que obedecê-la, ela não era mais minha rainha.

E como sempre, ela desapareceu sem se despedir, me deixando ali pensativa. As novas informações me deixaram confusa. Teria Tatiana razão? Eu devia aquilo aos dampiros?

Aqueles pensamentos não deixavam minha mente. Eu me sentia presa em um cabo de guerra. De um lado, a vida me atraia, me dizendo que eu poderia superar mais aquela dificuldade. Do outro lado, aquela escuridão insistente me puxava para a morte, dizendo que eu já aguentei demais.

Eu não sabia mais qual decisão tomar, minha resolução em me despedir de todos não parecia mais tão certa.

— Por que as coisas não podem ser simples? — eu suspirei me observando sobre a cama.

A porta foi aberta, fazendo com que eu me virasse naquela direção na esperança de encontrar Dimitri ali. Mas para minha surpresa, foi Natasha Ozera quem passou pela porta, sendo seguida de Christian.

Eles se aproximaram da cama, me observando enquanto eu permanecia sem qualquer reação na presença de Tasha.

— Ela não me parece bem — Tasha suspirou acariciando minha testa.

Tatiana deve ter se enganado. Não é possível que Tasha tenha feito aquilo e ainda mais me incriminado! Parte de mim gritava aquilo, mas analisando bem, tinha algo em seu olhar que contradizia o carinho que ela tentava demonstrar.

— Cair de uma cachoeira de quase dez metros faz isso com as pessoas — Christian comentou.

— O que os médicos dizem? Ela vai acordar?

— Eles não tem tanta esperança — Christian admitiu — eles não sabem como ela sobreviveu.

Eu mordi o lábio inferior me aproximando deles. Tasha correu com seus dedos pelo meu braço, até chegar no anel que Lissa me dera.

— Está encantado com espírito. Lissa fez na tentativa de dispersar um pouco a escuridão da aura dela — Christian explicou.

— Onde ela está? — Tasha questionou — Pensei que ela não sairia daqui.

— Teve que comprar um vestido novo. Ela parece sempre ter algo mais importante para fazer — Christian parecia desaprovar a atitude e aquilo me feriu um pouco.

Não que eu quisesse que ela permanecesse o tempo todo ao meu lado, mas eu sou assim tão sem importância?

Natasha apenas acenou em entendimento e por um momento, o silêncio reinou no quarto até que ela voltou a se manifestar.

— Você acha que ela fez isso por remorso? — Tasha chamou a atenção do sobrinho.

— Remorso? Por que ela sentiria remorso? — Christian franziu o cenho.

— Você sabe, toda a questão da rainha — eu fiquei boquiaberta ao notar o brilho de astúcia em seu olhar.

Ela vai mesmo insistir nessa história depois de tudo!?

— Não existe "questão da rainha", tia. Rose foi incriminada — Christian a encarou.

— Mesmo? Christian não seja inocente... Ela tinha todos os motivos — Tasha devolveu o olhar para o sobrinho — não que eu a julgue por isso, eu mesma senti vontade de matar Tatiana por conta daquela lei.

— Tia, o que você está fazendo? É da Rose que estamos falando! — ele exclamou indignado.

Ótimo, pelo menos alguém me defende.

— Eu gosto da Rose, Chris. Mas não posso ignorar os fatos.

— Mas que vaca! — eu exclamei irritada por sua ousadia.

— O único fato que existe é que quando ela caiu daquela cachoeira, a rainha ainda estava viva — ele murmurou.

— Você estava com ela e não com a rainha — Tasha insistiu.

— Eu não vou ficar aqui ouvindo isso — ele deu as costas para a tia — eu esperava mais de você!

Tasha suspirou, parada sozinha no meio do quarto. Ela voltou para a cama, tornando a acariciar minha testa.

— Por que você tinha que dificultar tanto as coisas, Rose? Já não basta todos os problemas que você causou a todos?

— O que? — eu balbuciei.

— Todo mundo ficaria melhor se você morresse. Você pararia de arrastar seus amigos para planos malucos e irresponsáveis, não colocaria mais a vida e carreira de todos em perigo — ela continuou a acariciar minha testa.

Seu toque era como brasa viva em minha testa, eu queria fugir daquela sensação e do veneno em suas palavras, mas eu não podia. Eu sentia aquilo entrando em minhas veias e correndo por todo o meu corpo.

— E não pense que você não os colocou em perigo. Você poderia ter matado Christian em Spokane. Aquele seu amigo não teve a mesma sorte, não é? — ela prosseguiu — E Dimitri... Não me admiraria se tivesse sido sua culpa também. Você estragou tudo pra ele. Ele jogou fora muitas oportunidades por você e agora está fazendo de novo. Por que você não o deixa ser feliz?

As lágrimas desciam livremente pelo meu rosto. Por mais que eu tentasse me convencer de que suas palavras eram apenas para me machucar, eu sabia que ela tinha razão sobre tudo. Mason morreu para me salvar, Eddie foi punido por minha culpa, eu apenas errei com Adrian, e Dimitri... Se eu não tivesse insistido naquele resgate ele não teria sido transformado. Ele poderia estar bem hoje, ele poderia ter tido filhos e eu tirei tudo isso dele. O sofrimento que vi em seu rosto cada vez que tentei me aproximar dele. Ele ficaria melhor sem mim. Todos eles ficariam.

E com aquilo tomei minha decisão.