* Daphne:

Saber que Barry tinha voltado no tempo e com isso talvez mudado alguns eventos, foi devastador. Minha mãe talvez pudesse estar viva hoje.

Estava no carro, algumas casas depois da minha antiga casa. Eu olhava para ela com saudade. Pensava se deveria ir até lá.

Meu telefone vibrou. Tinha recebido uma mensagem de texto de Caitlin dizendo: "Venha para o STAR Labs agora. Vc vai gostar do que aconteceu."

Imediatamente fiz o que Caitlin disse. Ao chegar lá, fui para o salão principal. Caitlin estava sentada, olhando algo no computador.
— Ei. O que foi? O que aconteceu que eu vou gostar?
— Não sei se você vai gostar, mas o que aconteceu é que eu voltei, Dean.

Harry estava na porta da sala ao lado.
— Ai meu Deus! Harry! - o abracei.
— Como está, Dean?
— É... Acho que não tão bem, mas... - dei de ombros. - E a Jesse, ela veio?
— Sim, está no laboratório de velocidade.
— No laboratório de velocidade? Por que?
— Acho que você vai ficar surpresa com a novidade.

Fomos até o laboratório e lá estava Wally, Iris e Barry. Evitei olha-lo.

Na parte de cima, luzes amarelas passavam. Algum velocista estava correndo ali.
— Não me digam que... - um vento passou por mim, fazendo meu cabelo se desarrumar.

Jesse estava bem na minha frente.
— Jesse! Você é...
— Sim. Eu sou uma velocista. - ela disse animada.
— Quando?
— Há alguns dias. Foi bem louco. - ela ria, como se estivesse lembrando do que aconteceu. - Eu estava andando até a casa de uma amiga e um carro atravessou os sinal vermelho. Estava acelerando até mim e eu fiquei paralisada, basicamente esperando ser atingida. Então olhei em volta de mim e tudo estava paralisado. Foi tão pacífico e calmo, mas eu senti, como se tivesse eletricidade fluindo em mim. Então saí do caminho. E eu continuei correndo, correndo... Eu não queria parar nunca.
— Então você basicamente acionou os seus poderes?
— É, acho que sim.
— Isso é incrível.
— Pois é.
— Mas por favor, só não tome decisões erradas com as suas habilidades. - olhei para Barry.
— Ok. - ela disse, sem entender muito bem. - Acho que preciso treinar mais. Logo logo vou poder entrar em ação.
— Não, Jesse. Ainda é muito cedo. Você ainda precisa fazer mais testes.
— Caramba, pai. Eu já fiz um milhão de testes desde que cheguei aqui. Do que você tem medo? - ela disse, saindo emburrada da sala.

Wally foi atrás dela.
— Você não acha que está sufocando um pouco ela, Harry?
— Não, Dean, eu estou a protegendo. Você vai entender quando tiver filhos.
— Bem, acho que isso vai demorar bastante.
— Por que? Você e Barry não iam casar?

Dei uma risada sem graça.
— Eu não sei mais de nada.
— Daphne. - Barry se aproximou.
— Talvez você deva perguntar a ele o que aconteceu, Harry. Preciso ir.
— Daphne. Ei, Daphne. - Barry me segurou pelo braço. - Por favor, vamos conversar.
— Eu... - senti uma tontura.
— Você está bem?
— Sim... Foi só uma tontura... Eu preciso ir, Barry. - disse, olhando para a sua mão em meu braço.

Ele soltou, deixando que eu fosse embora.
...

Ver Harry tentando proteger Jesse me fez pensar sobre mim e o meu pai.

Novamente fui até lá, ficando a algumas casas de distância da minha antiga residência, repensando tudo o que tinha acontecido nos últimos meses.

Quando estava prestes a ir embora, vi Octávia chegando da escola. Ela me viu.
— Daphne?

Não me contive e desci do carro, indo até ela.
— Daphne! - ela me abraçou. - Onde você esteve esse tempo todo? Eu te liguei várias vezes nos últimos meses e você não me atendeu.
— Me desculpa! Me desculpa, pequena. Eu precisava de um tempo.
— O papai e eu sentimos sua falta.
— Eu também!
— Ele vai ficar tão feliz em te ver. - ela disse, me puxando para entrar em casa.
— Eu não sei, Octávia. - falei hesitante.
— Vai dar tudo certo. Você vai ver.

Nós entramos dentro de casa e logo eu senti um cheiro. Talvez algo estivesse queimando.
— Octávia, é você? Filha, talvez eu precise de uma ajudinha aqui na cozinha...
— Vai lá. - ela disse, me encorajando.

Fiz o que ela disse. Fui até o meu pai.

Ao chegar na cozinha, tinha fumaça e uma bagunça enorme.
— Filha, talvez não tenha ficado tão bom, mas... - ele olhou para mim. Ficou surpreso. - Daphne?
— Oi, pai.

Ele veio me abraçar.
— Filha! Eu fiquei tão preocupado quando você foi embora.
— Me desculpa, pai. - eu disse chorando. - Eu não queria ter feito isso. Mas quando eu olhava pra você... eu via a dor de ter perdido a mamãe ali e a culpa era minha.
— Para com isso, Daphne. A culpa não é sua.
— Eu e a mamãe estávamos discutindo um pouco antes de tudo acontecer. E depois eu não tive chance de me desculpar pelas coisas que eu disse, pai. Eu não pudi me despedir dela.
— Minha pequena... - meu pai me abraçou, me consolando. Como eu senti falta disso, do seu abraço.
— Vocês ficaram de bem? - Octávia chegou na cozinha.
— É. Vem aqui, pirralha.

Nós três ficamos abraçados por algum tempo.
— Essa coisa de família tá muito legal, mas... pai, eu tô com fome. - Octávia disse.

Nós rimos.
— Eu estava tentando fazer uma receita que estava no livro da sua mãe, mas não deu muito certo. - meu pai levantou a travessa com a comida. Estava queimada.
— É a lasanha dela. Eu amava ver ela fazer.
— Eu também. As vezes ela até deixava eu fazer junto com ela. - Octávia disse com um olhar de saudade.
— E se nós fizéssemos juntos?
— Ia ser incrível, pai.
— E com muito queijo, do jeito que ela gostava.

Olhamos a receita, no livro da mamãe, e fizemos juntos.

Quando estava pronto, nos sentamos à mesa e comemos.
— Ela fazia parecer fácil, não é? Digo, cozinhar.
— É... Mas foi divertido, pai.
— Você bem que podia voltar pra casa, não é, Daph. Eu tenho saudades das suas chatices aqui em casa.

Eu ri.
— Eu poderia voltar. Se o papai deixar...
— É claro que sim, filha. Essa sempre vai ser a sua casa.
— Obrigada, pai. Eu amo vocês.

Desde a morte da minha mãe, essa era a primeira vez que eu me sentia realmente bem.
...

Fui para o apartamento, que eu agora dividia com Caitlin, arrumar minhas coisas.
— Caitlin? Você está aqui?
— Sim. Estou no banheiro.

Cheguei na porta e vi ela em frente ao espelho.
— Não acredito que você está pintando o cabelo de novo.
— É... É que eu vi alguns cabelos brancos aqui... E resolvi ajeitar.
— Você está ficando louca. - disse indo para o meu quarto. - Você é jovem, Caitlin. Não tem nada branco aí.

Comecei a pegar minhas malas e arrumar as minhas coisas.
— Pra onde você vai?
— Pra casa. - disse feliz. - Eu finalmente consegui falar com o meu pai e ele quer que eu volte para casa.
— E você também quer ir.
— É. - me aproximei dela. - Caitlin, muito obrigada por me deixar ficar aqui. De verdade!
— Imagina. Sempre que precisar, eu vou estar aqui.

Nos abraçados.
— Mas e o Barry...?
— O que tem ele? - disse, continuando a arrumar minhas malas.
— Você vai simplesmente desistir de vocês?
— Eu não desisti de nós dois, Caitlin. É só que... Ele pode ter mudado o destino da minha mãe e eu não consigo lidar com esse pensamento.
— Mas você acha que ele fez de propósito?
— Eu não sei o que pensar, Caitlin.
— Ele não sabia o que poderia causar, Daphne. Pelo menos é o que me digo todos os dias...
— Como assim?
— Não... Não é nada. O que eu quero dizer é que em parte, ele também fez isso por você. Ele perdeu as pessoas que mais amava. Se eu pudesse, eu também salvaria o Ronnie. Mas eu não posso. E hoje, de alguma forma, você está viva. Suas chances de sobreviver eram pouquíssimas, Daphne. Eu acredito que o Barry pode ter mudado, sim, um pouco a linha do tempo e sem querer ter salvo sua vida.
— Eu nunca tinha pensado desse jeito. - sentei na cama. - Ai, Caitlin. Essas coisas todas de Força de Aceleração, linha do tempo, multiverso... é tudo tão confuso pra mim.
— É assim mesmo. - ela deu uma risada.
— Você acha que eu devo falar com ele?
— Sim!

Coloquei as mãos no rosto.
— Eu fui uma idiota. Disse coisas horríveis a ele.
— O Barry te ama, Daphne. Ele vai te perdoar, acredite em mim.