Save Me
Quase lá
Jordan deu um sorriso, mas percebendo que Kara estava apenas de roupão perguntou:
— Quer que eu espere aqui fora enquanto você se veste?
— Ah meu Deus! – disse Kara com um tom de nervosismo na voz – fique aí eu... Eu me arrumo bem rápido.
Kara fechou a porta e colocou uma calça moletom rosa e uma camiseta de algodão branca. Abriu a porta devagar e disse com voz baixa:
— Entre rápido!
Hal entrou e observou cada canto do pequeno quarto com as mãos no bolso. Respirou fundo e perguntou:
— Foi isso que Victor conseguiu para você?
— Melhor do que nada. – respondeu Kara enquanto arrumava a sua cama – E a propósito, o que você veio fazer aqui?
Jordan sentou-se em uma poltrona próxima e respondeu com um celular azul escuro na mão:
— Cyborg pediu para eu te trazer isso.
Kara se voltou para Hal pegando o aparelho na mão.
— É um celular criptografado – continuou Hal enquanto relaxava na poltrona – caso precisemos nos comunicar.
— Entendi – murmurou Kara enquanto ligava a televisão.
Era por volta das oito e meia da noite e passava algum comercial na TV. Kara olhou para Hal e disse:
— Você tem noção do risco que você correu em vir até aqui?
— Fique tranquila! Ninguém me viu.
A seguir, o olhar de Kara foi atraído pela TV chamando a atenção de Hal que também olhou para a tela. Uma moça loira que aparentava ter seus trinta anos estava sentada em um sofá que parecia bem confortável. Com o controle remoto na mão Kara selecionou o som e o aumentou.
— Nosso programa está recheado de novidades – disse a apresentadora segurando algumas fichas nas mãos – Vamos trazer hoje uma das secretárias diretas do nosso auto conselheiro, ela que fora abduzida junto com Coast City por Brainiac, graças ao Superman, ela voltou. Pode vi Carol Ferris.
O coração de Hal começou a bater forte e suas pernas estavam trêmulas quando Carol entrou em cena. Kara percebeu o jeito que Hal ficou e tentando disfarçar perguntou:
— Quer um pouco de água?
— Não – ele respondeu enfático.
Kara permaneceu onde estava atenta a entrevista.
— É um prazer te receber aqui Carol – disse a apresentadora entusiasmada – creio que seja a primeira vez que esteja em um programa de entrevista de tamanha audiência como este.
— Sim – respondeu Carol com um sorriso nos lábios – estou um pouco nervosa, mas vou ter que me acostumar com essa nova vida.
— Conte para nós, como conseguiu esse cargo tão cobiçado por várias mulheres do mundo?
Ferris mordeu o lábio inferior, colocou o seu longo cabelo castanho para trás e respondeu:
— São muitas influências. Por eu ter sido a noiva de Hal Jordan foi uma delas.
Hal sentiu um aperto no coração, Ela me usou como pedestal, então? Ele continuou prestando atenção na entrevista. A apresentadora perguntou curiosa:
— Então você namorou o Lanterna Verde? Ele era bem próximo do Superman, com certeza é por isso.
— Superman salvou a mim e a minha cidade – disse Ferris em tom sarcástico – coisa que o Lanterna não pode fazer. O que ele fez? Ficou com medo do auto conselheiro e fugiu.
— Você tem ideia de onde ele possa estar?
— Não e nem tenho interesse em saber.
Hal respirou fundo olhando para o chão, o aperto em seu coração aumentou e sentiu seus olhos lacrimejarem. Kara viu como o amigo estava, ia pousar sua mão no ombro dele, mas se reteve, continuou a olhar a TV.
— Agora o que todo mundo quer saber – disse a apresentadora com um tom enfático – O que você e a menina de aço conversaram enquanto ela estava presa?
Jordan olhou para Kara, que não ousava voltar o seu olhar para ele. Carol respondeu:
— Contei um pouco da minha história com Hal e tentei convencê-la a aceitar o regime. Mas aquela garota é irredutível. Com certeza deve estar tramando algo contra esse governo tão perfeito.
Kara desligou a TV e ficou olhando para o chão com os punhos cerrados. Ouviu a voz de Hal como um sussurro:
— Por que não me disse que Carol estava viva?
Ela se virou para ele e respondeu:
— Pois eu sabia que você ia ficar assim. Fiz isso para proteger você.
— E ia me esconder isso até quando?
— Não era meu desejo que você soubesse dessa maneira.
Hal se levantou e com um choro entalado na garganta disse:
— Você tem noção do que é você ver alguém que ama sendo capacho do seu pior inimigo?
— Hal? – Kara olhou para ele estática, lágrimas brotaram de seus olhos, percebeu que aquele amor que sentia não era recíproco. Ele ainda amava Carol.
Kara desabou na cama sentada e ficou olhando a janela, a lua cheia brilhava naquele céu com poucas estrelas. As lágrimas continuavam a correr pelo seu rosto. Sem olhar para Hal disse:
— Você já me deu o que eu precisava. Pode ir embora.
Hal olhou em direção a janela e perguntou:
— Mas não estamos em toque de recolher?
— Você chegou aqui depois do toque, pode muito bem ir embora.
Jordan ficou um pouco confuso sobre tudo o que havia acontecido e percebeu que tinha magoado Kara. Engoliu seco e saiu fechando a porta.
Kara foi até a porta e trancou-a. De costas para a porta sentou-se no chão em lágrimas, seu coração sangrava, mas de um amor despedaçado.
Oito horas da manhã, Kara já estava no subterrâneo na igreja Boa Esperança. Já havia tomado seu café e agora estava ao lado de Jéssica que estava com seu laptop. Vários códigos pairavam na tela daquele computador e Kara ficou os observando e disse:
— Queria tanto entender disso.
— Esses são bem complexos – disse Jéssica enquanto seus dedos não paravam de digitar – Brainiac tem um sistema fabuloso, mas estou chegando perto do seu ponto fraco.
— De onde é esse código?
— Cyborg conseguiu me mandar o programa que dá acesso ao controle mental de Batman. Ele está muito bem criptografado, é um belo trabalho.
Kara ficou observando os códigos e Jessica perguntou:
— Você viu a entrevista que a Carol Ferris deu no programa daquela loira sem sal?
Supergirl respirou fundo e se lembrou de tudo o que passara naquela noite, sentiu um nó na garganta. Jéssica percebendo que Kara ficou calada olhou para ela que estava de cabeça baixa. Parou o que estava fazendo, ergueu a cabeça de Kara e vendo que ela estava chorando perguntou:
— Leona, o que há com você?
Kara tirou a mão de Jéssica do seu maxilar e respondeu:
— Não é nada.
— Foi do que ela falou de você, não é?
Kara limpou as lágrimas e respondeu:
— Eu não me importo com o que ela falou de mim. Ela terá o que merece.
Floyd se aproximou das duas enquanto lustrava uma de suas pistolas e perguntou:
— E como estão às coisas aí, Jess?
Kim voltou ao computador e recomeçando a digitar respondeu:
— Estou já conseguindo.
— Falta muito? – perguntou ele se agachando para ver a tela do computador.
— Não
Jéssica pediu a Kara:
— Ligue para Victor, disse que já estou quase conseguindo.
Floyd pegou o telefone de Kara e falou:
— Deixe que eu ligue para ele. Qual é o número?
— É o segundo número – respondeu Jéssica sem tirar o olho da tela.
Enquanto Floyd falava com Victor, Jéssica segurou uma das mãos de Kara e disse:
— Quando quiser pode desabafar.
Kara sorriu e disse:
— Obrigada.
Floyd agachou para onde elas estavam e disse:
— Victor disse para preparar a galera que está no esconderijo. Batman e Mulher Maravilha irão a um estacionamento de um shopping abandonado para acabar com alguns traficantes de drogas que atuam por ali.
— Vamos capturar o Batman ali?
— Isso mesmo. – respondeu Floyd – eu já estava com saudade de usar as minhas armas.
Naquele momento, Kara percebeu que precisava falar a verdade para Jéssica. Olhou para Lawton e disse:
— Floyd, preciso falar com você uma coisinha.
Os dois olharam para Jéssica que disse:
— Podem ir. Estou terminando esse serviço.
Kara e Floyd foram para o outro lado de onde Jéssica estava.
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