Save Me

A verdadeira justiça


Todos nós fomos conduzidos para um grande salão com paredes transparentes como que foram feitas de vidro, onde era possível ver o céu estrelado do OA. À frente podíamos ver os lugares onde os guardiões iriam ficar e na frente deles sentariam os réus: Damian e Adão Negro.

Sentamos em lugares já reservados para nós, Harley sentou a minha direita e Canário a minha esquerda. O lugar nos deixava muito tensas e mal conseguiamos conversar. Ficamos em silêncio esperando o julgamento começar.

Depois que todos chegaram, pude ver os réus sendo conduzidos frente aos guardiões, que estavam postos em elevações um pouco menores das que eu tinha visto outrora. Enquanto chegavam para sentar em seus lugares, Adão olhava apenas para o chão sem esboçar nenhuma reação. Já Damian deu uma olhada em minha direção e ficou observando a mim e aos que estavam comigo, em seguida ele baixou a cabeça. Decidi olhar para trás e lá estava Batman com seu uniforme, de cabeça baixa tendo Selina ao seu lado. Voltei ao meu lugar e comecei a imaginar tamanha dor que Bruce estava sentindo ao correr o risco de ver seu filho sendo condenado a morte. Sinceramente, eu não via salvação para Damian. Depois de tudo o que ele fez e eu tinha consciência de que os guardiões eram impiedosos.

O julgamento começou.

Um Lanterna iniciou lendo a lista dos crimes de cada réu. Quando lia a lista de Damian, Harley segurou em um dos meus braços e sussurrou:

— Nunca pensei que ele teria coragem de fazer tanta coisa em tão pouco tempo.

Dei um suspiro e disse:

— Nem eu.

Foram coisas tão horrendas que me dá asco até em descrevê-las.

Os advogados de defesa estavam ali apenas para não parecer algo injusto, pois não podiam pelejar nada por eles. As evidências estavam todas ali, o estado em que a Terra ficou por causa de todas essas maldades era a própria evidência. Não havia nada a se fazer por eles.

Depois de uma longa conversa entre os guardiões o veredicto foi dado: Adão Negro e Damian Wayne estão condenados a pena de morte por decapitação. Senti uma dor profunda em meu coração. Olhei para trás e vi Batman sentado com um olhar vidrado para frente, as lágrimas escorriam pelo rosto do herói. Olhei para frente e pude ver o rosto desolado de Hal e John apenas olhava para o chão.

De repente vi um ser magro, humanoide que carregava um bastão de cor índigo em uma das mãos, era Indigo-1 e trazia atrás de si os Lanternas Indigos, que correu em direção aos guardiões e gritou:

— Peço uma palavra!

Os guardiões voltaram os olhares para ela e lhe concedeu a palavra.

— Obrigada por isso – disse a Indigo-1 – Assisti o julgamento desde o começo e sei que eles merecem pena de morte por tamanha dor que causou no planeta Terra. Mas me coloquei no lugar deles e eu também estive nesta mesma situação, fui uma das maiores criminosas desse universo e tive uma segunda chance, como vocês podem ver. Façam com que eles se juntem a nós, Lanternas Índigos, para que levem compaixão onde não tem.

Os guardiões conversaram entre si por alguns minutos e entraram num acordo. Um deles disse:

— Você é bem sensata, Indigo-1. Conversamos entre nós e daremos essa pena a eles. Hal Jordan e John Stewart, tragam eles aqui!

Eles obedeceram. Damian e Adão estavam a frente de Índigo-1. Esta estava com dois anéis índigos nas mãos e colocou primeiro no anelar direito de Adão, que logo se viu com seu uniforme mudado e com uma aura de cor índigo. Damian foi logo em seguida recebendo o anel sem relutar, mudando todo o seu uniforme para a cor índigo. De repente ele caiu de joelhos e rompeu em prantos, assim como Adão.

Só pude ver Batman correndo em direção ao filho. Se abraçaram e provavelmente Damian pediu perdão ao pai, da mesma forma Adão foi ao encontro de Hal para falar algo. Enquanto eu via tudo aquilo acontecer, vinha em meu coração um sentimento de gratidão. Estava feliz por tudo aquilo e desejava muito que Kal tivesse tido essa chance.

(...)

Alguns meses depois, Cyborg chamou alguns de nós, heróis para irmos até o STAR Labs, pois tinha uma novidade para nos mostrar. Chegamos a um salão bem iluminado e Victor veio até nós com Mary Batson, fiquei muito feliz em ver que ela estava um pouco mais viva comparado ao abatimento que via nela na ultima vez que nos vimos. Victor logo começou:

— Chamei vocês aqui, pois queria mostrar um presente que fiz para a Batson.

Em seguida fomos conduzidos a uma sala escura. Ficamos esperando o que estava escondido naquela escuridão. Cyborg pediu para que Mary apertasse um botão verde que estava ao lado de um interruptor, quando ela apertou, uma figura holográfica de Billy Batson adulto com seu uniforme de Shazam apareceu no centro da sala. Mary pôs a mão na boca e perguntou com a voz embargada:

— Irmão, é você?

Ele sorriu e disse:

— Sou sim, Mary! Como posso ajuda-la?

— Eu... eu queria... um abraço.

— Sinto muito, não estou aqui para isso. – o holograma de Billy respondeu com frieza.

Senti um nó na minha garganta ao ver aquilo e fui até ela, dando-lhe um abraço apertado. Enquanto isso eu disse a ela:

— Eu estou aqui, Mary.

Em seguida todos a abraçaram comovidos.

Quando saímos da sala, Stone pediu perdão a Mary:

— Não queria causar isso em você, Mary. Programei-o apenas para dar conselhos em algumas áreas de sua vida.

— Não se preocupe com isso – ela respondeu – eu amei o presente.

Em seguida Mary o abraçou.

Fiquei sentada na faixada do Star Labs vendo o sol se pôr, quando fui abordada por Kori:

— Pensei que ia ficar em Nova Krypton com seu pai para ajudar no governo de lá.

— Pedi férias para ele. Estava com saudades desse lugar em que fiz tantos amigos. E você tem visto Robin por essas suas andanças?

— O vi semana passada. Não imagina como ele está feliz depois de ele ter se tornado um Lanterna Índigo.

— Eu imagino. Batman ficou aliviado com a sentença do filho.

— Mas e você? Como tem lidado com a morte de Kal?

— Infelizmente foi uma morte necessária. Era ele ou eu. Mas eu queria que ele tivesse se arrependido.

— Nem tudo acontecesse como queremos.

Olhei para o céu e percebi logo que Kori sorriu maliciosamente e perguntou:

— E o lance entre você e Hal?

Dei um sorriso bobo e respondi:

— Agora ele está numa missão na galáxia de Andrômeda. Disse que volta semana que vem para um jantar especial.

— Estou muito feliz por você!— disse Kori me dando um abraço apertado.

Quantas mudanças de comportamento eu fui testemunha. Tantos vilões se tornaram heróis de uma hora para outra. Harley assumiu sua maternidade mudando-se para uma cidade do interior, Jessica voltou a trabalhar no STAR Labs, Arraia Negra e Aquaman se tornaram aliados, Canário Negro voltou para a Inglaterra e os guerreiros Raiden e Sub Zero conseguiram voltar para o seu universo.

É chegada a hora de uma nova história. De heróis imperfeitos que ajudam uns aos outros. Só assim a humanidade irá entender que herói também é gente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.