Sangue e chocolate. É isso que nós somos. É esse o gosto que sinto em minha boca neste exato momento.

É interessante como esses dois sabores tão distintos podem combinar tão perfeitamente.

O sangue vem de mim, e o chocolate dele.

Às vezes me pergunto se não deveria ser o oposto. Eu, o chocolate. Ele, o sangue.

Mas aí percebo que não.

Não há como eu ser doce como o chocolate. Assim como ele nunca conseguiria ser metálico, ferroso como o sangue.

Não, eu não poderia ser outra coisa. Será que ele poderia?

Poderia ele vir a ser frio como eu?

Dúvidas. O não saber é o mais irritante. Serei eu única como tenho certeza de que ele é?

Ele foi o único que não fugiu quando sentiu o cheiro de sangue impregnado em mim. O gosto de sangue em minha boca.

O sangue ao meu redor e em meu passado.

Ao redor dele só existe luz. Luz doce como chocolate.

Nossos gostos juntos me lembram café. Outra coisa que não sei o porquê. O que café tem a ver com sangue?

Mas afinal, o que chocolate tem a ver com sangue?

Nada.

O que ele tem a ver comigo?

Nada.

E tudo ao mesmo tempo.

Enquanto ele não entender que poderia ter qualquer outra que não eu, ficarei ao seu lado. E sobre esse assunto não direi uma palavra.

Pois sou egoísta e não quero que ele se vá.

E, em meu egoísmo, gosto de acreditar que ele também não quer ir.

Sangue e chocolate. É nisso que penso enquanto afago seus cabelos dourados, em um raro gesto de carinho.

É isso que nós somos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.