Em sua nova casa, Yuuko Ichihara termina de organizar aquele que será seu quarto por tempo indeterminado. Mas uma vez seu pai, um importante militar, é transferido para outra cidade e ela terá que passar pelos mesmos dilemas que durante vários anos, desde que se entende por gente, teve de enfrentar: se adaptar a nova vizinhança, a sua nova casa e fazer novos amigos no qual sempre tenta não se apegar porque cedo ou tarde os terá que deixar para trás tendo novamente que mudar de cidade ou até mesmo de região devido a inconstância do trabalho de seu pai.

Dessa vez, por sorte, a mudança não foi de todo mal. Estava morando em uma cidade conhecida por ela. Já havia passado as férias escolares ali diversas vezes. Estava em Tomoeda, o que a fez um pouco mais feliz, ou mais conformada com a mudança. Ali havia parentes, e principalmente a Naná, uma de suas primas e que possui sua mesma idade, 12 anos. Prima essa que sempre teve amizade e carinho, que sempre falava virtualmente ou por telefone. Sendo filha única e com um pai que constantemente estava ocupado com suas obrigações, fazia Yuko sentir-se um pouco solitária e Naná nesses períodos a ajudava e encorajava.

Após o termino da mudança e já pronta para sair ela grita do andar térreo para seu pai que ainda organizava seu novo escritório no andar de cima que estava indo fazer uma visita a sua prima que morava a apenas alguns quarteirões e que logo estaria de volta. O bairro era de vizinhança antiga, o tornando assim bastante calmo. As ruas são cheias de árvores no meio fio e muitas delas também tinhas arbustos decorando o pé dos muros de muitas das casas. Então durante seu percurso foi em meio a um destes arbustos que algo chamou sua atenção. Ele se mexia e um som estranho saía dele. Sempre curiosa ela se aproxima da planta e vê algo um pouco estranho. Uma criatura que a primeira vista a faria pensar ser uma pelúcia, mas essa se mexia, estava muito suja e para a sua surpresa pronunciou algumas palavra que a fizeram ficar paralisada. Pelo que pode entender a pelúcia branca com orelhas compridas e com uma joia vermelha no centro da cabeça pouco acima dos olhos pedia sua ajuda. Ela um pouco relutante pegou a pequena criatura e com cuidado voltou às pressas para casa. Não sabia por que estava fazendo aquilo, mas sabia que tinha que ser feito.

Ao chegar sobe correndo para seu quarto, mas tentando não chamar a atenção de seu pai pelo repentino retorno. A pelúcia, criatura, ou que quer que fosse, parecia estar realmente muito machucada e dormia em cima de sua cama. Yuko a observou por vários minutos até que por fim teve coragem e tentou cuidadosamente acorda-la. Foi nesse momento que algo aconteceu. A pedra vermelha começou a brilhar, dela saíram luzes e como se fosse um projetor criava em meio ao seu quarto imagens que ainda eram difíceis de serem compreendidas. Era como se estivesse fora de foco, mas depois de alguns segundos enfim foi possível serem entendidas. A imagem de uma garota, que aparentava ser mais velha que Yuko de cabelo castanho curto, olhos verdes e com farda de um estudante do ensino médio era projetada e ela então falou a seguinte mensagem: “Eriol, alguém muito poderoso está roubando as cartas, meu poder não foi suficiente para detê-lo, então eu as destruí, ao menos a sua forma física. Suas essências foram espalhadas pela cidade, tornando assim impossível de que ele as consiga controlar. Só um criador de cartas como você e eu, após seus ensinamentos, pode recriá-las utilizando essas essências mágicas. Acho que isso terá de ser feito por você. Ele logo me achará. Este é Mokona e ele está com as últimas cartas. Perdoe-me, eu não consegui protegê-las.” E então ela grita para Mokona para que voe e fuja e o filme projetado acaba.

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Longe dali, no aeroporto da cidade, após uma longa viagem feita as pressas o jovem Barthel, irmão mais novo de Eriol com 12 anos, pisa pela primeira vez em solo japonês. No desembarque e a pedido de seu irmão mais velho é aguardado por senhora alta, com cabelos longos e ruivos que os levaria a casa dela onde passariam os próximos dias. Sabia quem era ela, e ela quem era ele e porque havia vindo da Inglaterra para o Japão. Spinel, que também o acompanhara na viagem estava louco para sair da gaiola feita para gatos e já bufava de raiva pela demora. Já dentro do carro e saindo do aeroporto, Barthel fala para Spinel, mas mais parecia que para si mesmo: “Espero que não seja tarde”.