–Tudo bem, mais nada de brincadeirinhas! – eu falei o ameaçando.

–Você quem manda. – ele falou e pulou o muro. Quando caiu apoiou-se e levantou. Olhou para cima e sorriu. –Pode pular. Eu te seguro.

–Eu não consigo. – eu falei abrindo os olhos e olhando para baixo.

–Anda logo! O guardinha daqui sempre passa nesse horário... – ele falou olhando no relógio.

–Eu não consigo! Não consigo! – falei desesperada.

–Luisa Nogueira, se a senhorita não descer AGORA eu juro que chamo o diretor. Desce logo! – ele falou.

–Ta bom, me segura! – falei e pulei de uma vez, sem pensar. Cai em algo macio, deveria ser o espiga.

–Acho que quebrei alguma coisa. Ouvi o barulho de ossos se quebrando quando você pulou em cima de mim. – ele falou em baixo de mim. Estava esmagado.

–Que frescura Eric. – eu falei e o olhei. Eu ainda estava em cima dele.

–Seus olhos ficam mais lindos vistos de perto. – ele acariciou meu rosto com a ponta dos dedos. Foi chegando mais perto e instintivamente fechei os olhos. O beijo foi um dos melhores que já recebi (sem contar com o do Mi), mas nunca iria admitir isso. Foi quente, macio, doce e carinhoso. Tudo ao mesmo tempo. Abri os olhos e levantei rapidamente, sai rápido de perto dele antes de ouvir ou dizer qualquer coisa.

–Hei, espera. – ele apareceu do meu lado de repente.

–O que foi? Quer que eu diga que o beijo foi ótimo de depois diga que ainda te amo? Sonhar auto faz a gente cair de cara no chão Eric. – falei caminhando rápido.

–Não é isso... queria saber como você vai embora. – ele falou parando na minha frente.

–Caminhando, sabia que é ótimo fazer exercícios no fim de tarde? Faz bem pra saúde. E também não quero entrar no seu carro novamente... nunca sei se você vai me agarrar.

–Eu não vou te agarrar. – ele falou sorrindo.

–E Papai Noel existe. – eu falei e segui sem olhar para ele.

–Não acredita mais em Papai Noel? Que criança mais chatinha você. – ele falou, sinceramente tive vontade de torcer o pescoçinho dele mais me controlei, pois estávamos numa rua publica e com muitas testemunhas.

–Fala com a minha mão Eric. – eu falei erguendo a mão na altura do rosto dele.

–Agora é assim? Me beija, me xinga, foge do colégio, quase me quebra os ossos, não quer que te leve... e agora vem com essa de falar com sua mão é?

–Eric, seu nome me lembra milho, espiga... não sei bem porque, mas certamente não vai querer que eu te chame de espiga na frente as pessoas vai? – eu parei e o encarei.

–Milho? Bom saber que a magricela me chama de milho quando não estou.

–Não confunda as coisas Eric. Eu não te chamo de milho... – falei – te chamo de espiga – sussurrei.

–Espiga? O.k. vou arranjar um apelidinho pra você também... pode escrever isso no seu diário.

–Com certeza eu vou escrever. E o titulo vai ser assim: ERIC SPINDLER ESTRAGA MEU DIA POR COMPLETO, MAIS UMA VEZ. Ta bom assim ou prefere esse: ERIC SPINDLER, MEU ANTIGO SONHO DE CONSUMO, TORNA-SE O MAIS IDIOTAS DOS IDIOTAS EM SEGUNDOS.

–As duas são mentiras então não faz diferença. – ele falou sorrindo. Eu estava a ponto de gritar.

–Quer saber? Acho que não vou gastar meu tempo escrevendo coisas idiotas sobre você no meu diário...

–Finalmente se tocou que falar mal de mim é errado? – ele falou contente.

–Não, não é isso... é que meu diário é uma coisa muito importante pra mim e não quero sujar as paginas dele falando sobre gente como você! Gente insuportavelmente chata como você! – eu falei e vi o sorrisinho de vitória se desmanchar do rosto dele. Isso me alegrou um pouco.

–Magoou sabia? – ele fingiu estar triste. Mais eu não cai nessa.

–Magoou foi? Pois então vai se acostumando porque pena de você eu nunca vou ter! – eu falei.

–Ta, ta chega desse papinho chatinho seu. Eu sei que você nunca vai gostar de mim e blah blah blah, mais já está quase na hora de ir embora então é melhor você entrar no carro A.G.O.R.A. – ele falou, ou exigiu.

–Acho que ainda não entendeu. Eu NUNCA vou gostar de você e muito menos fazer o que o idiota quer. – eu falei. Ele era burro assim mesmo ou bateu com a cabeça quando era pequeno?

–Entra logo garota. E não discuti ou eu publico pagina por pagina seu diariozinho idiota nas paredes da escola. Você quem escolhe.

–Chantagista. – falei e fui ate o carro.

–Criança chatinha. – ele retrucou. Ele destravou o carro e entramos, ele me levou em casa. E chegando lá tive uma bela surpresa, o carro do Miguel estava estacionado em frente a minha casa. Como assim?

–Ai meu deus! O Miguel não pode ver a gente! Não para na minha casa. Anda, vamos dar uma volta na quadra. – falei assustada.

–Ta legal. Mais não vejo o porque dele não poder saber que estamos namorando. – ele falou não tirando os olhos da estrada.

–Não estamos namorando ta? Não de verdade.

–Aé... quase esqueci. Ou não. – ele falou.

–Ta legal chega de ironia. – eu falei cansada disso.

–Não falo mais nada então.