-Vamos logo ou quer chegar atrasado Espi... Eric? – falei passando por ele apressada.

-Você ia me chamar de que branquela? – ele falou destravando as portas.

-Não é da sua conta. – falei abrindo a porta do passageiro e entrando. Ele ligou o carro e seguimos para a escola. No caminho era obvio que ele não queria papo, ficou em silencio, o percurso todo de olho na estrada. Quando chegamos ele estacionou o carro no estacionamento embora fosse proibido menores de idade dirigir.

-Quando entrarmos no portão quero que segure a minha mão. – ele falou me olhando.

-O QUE? – gritei.

-Somos namorados agora lembra? – ele falou sorridente.

-Tinha esquecido desse detalhe. Mas só faço isso com uma condição...

-Qual? Lembre-se de que eu sei seu segredo.

-Eu lembro muito bem disso, obrigada. Mas só vou fazer isso se não precisarmos nos beijar, nem selinho, nem beijo de cinema, nem nada. Feito? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

-Nada feito, se vamos ser namorados de mentira ou não temos que nos beijar para ser convincente.

-Ai você já está se aproveitando, minhas amigas vão ver! E uma delas é irmã do Miguel. Não posso fazer isso. – falei apreensiva.

-Ah, tinha me esquecido daquele idiota. – ele falou puxando sua mochila do banco de trás do carro.

-Hei! Ele não é idiota ta?! Mas sobre me beijar... – suspirei – Nem rola. – falei por fim.

-Sem beijos então, mais mãos dadas e abraços pode! – ele falou, pegou a mochila no banco de trás e abriu a porta do lado dele. Peguei minha mochila e abri a minha porta também, o seguindo.

-Mas se puder evitar, sem ser na frente das minhas amigas pelo menos enquanto eu não contar pra elas. Pode ser? – falei.

-Só ate amanhã. Por enquanto mãos dadas o.k.? – perguntou.

-O.k. – falei agarrando a mão dele e entrelaçando os nossos dedos quando chegamos ao portão de entrada. Todos olharam para nós, deveriam estar se perguntando quem era aquela sortuda que estava de mãos dadas com o Eric. Passei o olhar sobre as pessoas nos pátio a procura das garotas, mas quando não as achei cheguei a conclusão de que estavam na sala. Eric e eu entramos de mãos dadas na sala e sentamos onde eu sempre sentava sozinha.

-Gostou da atenção que deram pra gente? – disse ele sentando ao meu lado.

-Nem um pouco. Preferia sair com uma melancia no pescoço que chamaria mesmo atenção.

-Ah, que isso! É só por algumas semanas. Logo você se acostuma.

-Algumas semanas? – arquejei -O QUE? – gritei.

-É isso ai que você escutou, algumas semanas. Só preciso de você porque minha reputação está ficando ruim. Faz tempo que não apareço com uma namorada então...

-Então eu sou a vitima dessa vez. – eu completei a frase.

-É isso mesmo. Sorte minha que a transformação deu certo!

-O que? Você achou que eu era feia é? – falei irritada. Na verdade já estava irritada desde que ele chegou na minha casa, mas isso já era de mais.

-Achei sim, mais pelo visto me dei bem.

-Idiota. – falei me levantando para me sentar em outra mesa.

-Nada disso, vai ficar aqui comigo, somos namorados agora lembra? – ele falou segurando meu braço –Sei seu segredinho. – ele sussurrou por fim.

-Idiota! – disse novamente.

-Nada de idiota meu amor. Você não me ama? É claro que sim. Agora finja antes que alguém nos veja brigando. – rolei os olhos.

-Como você é idiota! Tenho uma sorte do caramba por ter você como namorado sabia? – falei irônica.