Sad Lyrics Written In Blood

Capítulo 3 - 1666 apenas 4 numeros ?


Depois de ter tomado o banho mais demorado da minha vida e ter chorado tudo o que tinha para chorar, enrolei-me numa toalha ali próxima e lancei um olhar em direção aquele caderno. Achei estranho, pois nunca ninguém iria po-lo na minha mala dos Slipknot. Obvio que não!

Voltei a atenção para o espelho grande que o meu pai tinha posto no meu quarto quando tinha cerca de 5 anos. Fui andando até chegar à frente dele,tirei a toalha e olhei para o meu corpo nu, vislumbrando cada parte e tocando com os dedos para me certificar de que aquilo existia mesmo e que aquilo era eu!

Pude notar duas grandes nódoas negras na cintura, toquei-as.. a dor não era tão forte quanto à de cá dentro. Analisei os meus braços, magros, pálidos, sem força... tão fáceis de partir e tão fáceis de acorrentar. Percorri com as mãos as minhas costas, cruzando os meus braços e fazendo um grande "X" , abraçando-me... Não pude conter os meus pensamentos, os meus olhos cederam e fizeram aquilo que eu não gostava de fazer à frente de nenhum espelho... chorar!

Deixei que as lágrimas escorregassem, cada uma tomou o seu rumo, e eu pude sentir um liquido quente a escorrer pelas minhas bochechas geladas enquanto eu tentava lutar contra elas limpando-as com força, mas algo veio-me à memoria...

" - Então filha? que se passou, porquê que estas a chorar ? - era o meu pai, a minha memória nunca falhava quando o recordava.

– Nada pai, nada.. esquece! Eu só sou uma sozinha neste mundo, nunca vou ter amigos.. ninguém gosta de mim! - eu tinha cerca de 11 anos naquela altura, ainda tinha mentalidade de criança, mas já sabia o que queria ser, não queria ser igual aos outros, na verdade eu nunca gostara do que as outras meninas usavam, então comecei a vestir da cor que eu mais gostava e a qual me fazia feliz.. o preto! Gostava do preto.. era uma cor que me fascinava, não tinha nada haver com as outras que eram coloridas, nem com o branco que eu detestava.. a cor que mais se identificava comigo era essa..

– Porquê que dizes isso amor? Tu não és obrigada a vestir-te igual às outras pessoas não és obrigada a usar roupa da qual não gostes filha! Tu fizeste a tua escolha, és aquilo que tu usas e se as outras pessoas nao gostam, entao é porque nao sao verdadeiras contigo! Só querem saber de ti pela aparência! E um dia elas vão se arrepender disso... não te esqueças destas palavras Taylor.."

Encostei-me à parede do meu querido espelho, e comecei a vestir o meu pijama, voltei-me de frente para o mesmo, e ajeitei o meu cabelo. Voltei a verificar se estava tudo bem, não queria voltar a lembrar-me...aquilo que se tinha passado nas escadas, fora algo que eu trancara bem fundo no meu coração, podia lembrar-me de tudo .. mas não daquilo!

Afundei-me no colchão e puxei o lençol... dentro de poucos minutos estaria a dormir.. pensei.. iria ser vitima do meu próprio cérebro. Desejei sorte a mim própria, e num acto de cobardia tomei dois comprimidos para dormir.

No dia seguinte...

Olhei para as horas, tinha-me esquecido por completo que hoje era dia de aulas, que cabeça! Voltei a raciocinar e a tentar por as minhas ideias em ordem, mas quando dei conta que ainda não passava das 5 da manha, voltei a deitar a cabeça na almofada e a suspirar como se tivesse retirado um grande fardo de cima das minhas costas.

Fui olhando para os cantos do meu quarto, estava sem sono e não queria ligar o PC nem a televisão para me distrair, os meus olhos pararam quando lancei um olhar para o caderno misterioso abandonado ao pé da mala, ainda não tinha percebido, ao quê que se referia o "1666" se era realmente uma data, ou um código.

Não podendo conter a ansiedade que para mim não passava de mera curiosidade, voltei a pegar nele, mas desta vez senti algo quente percorrer a mão e o braço, deixei cai-lo... mas logo apanhei-o, estava a ser muito estúpida comigo mesma! "Cadernos não têm vida! São só cadernos Taylor!" e tentando mostrar a mim mesma, que sou forte, abri-o, mas desta vez na segunda pagina.

5 de Março de 1666

Voltei para o Castelo de Aragorn, não pude conter a raiva que tomava conta de mim, não sei porquê, mas aquilo tudo dava-me uma grande vontade de matar aquela gente, mas não posso... se eu mata-los, o meu tio vai descobrir e irá tentar matar-me, e eu estou muito fraco para poder lutar contra ele.

Esperei que todos saíssem e fui falar com o próprio Aragorn, o meu irmão! Tentei-lhe explicar que se eu o transformasse era melhor! Que nós viveríamos mais tempo, fundaríamos uma era mais forte, e seriamos os donos do mundo, mas ele não gostou da ideia, disse que não iria mais permitir que o sangue de alguém derramasse.

Fui me embora dali, não pude acreditar naquilo que o meu próprio irmão dissera, estava esquisito, o que terá acontecido? Não pensei mais no assunto, fui dormir, ou melhor.. fingir, pois nós não dormimos...

Levantei os olhos e abri a boca como quem não queria acreditar naquilo que vira, de quem quer que tenha sido este caderno fora escrito à mão e parecia uma espécie de diário-arquivo, e não tinha marcas de ter sido editado.. e o mais estranho disto, é que se eu for ver as datas, este diário vai de 1666 até 1670 ... será que eu estou a ganhar uma alucinação ? Como é que um diário do século XVII pode ter vindo parar à minha mala ?! "Só pode ser o espírito dos Slipknot que está a trazer-me estas coisas do outro mundo."

Cada vez acontecem coisas mais estranhas comigo, e não me admiro.. toda a gente acha-me estranha e é muito provável que isto tenha sido uma brincadeira.. mas não vejo qual é o motivo das pessoas porem diários na minha mala..

– TAYLOR!!! vem para a mesa!

Verifiquei que horas eram, 7:35.. IMPOSSÍVEL! Eu só li dois parágrafos, como.. é melhor nem perguntar.. já sei que ninguém vai responder!

PV de Andy

– Então Andy encontras-te o teu querido diário ?