— Haaaaaaaaaaaaarvey!

Já era a décima vez que Sabrina o chamava. Fazia um dia quente em pleno sábado e nem eram dez horas da manhã ainda, o tempo estava impossível. Ela bufou e colocou a mão na testa para afastar o sol em seu rosto.

— Bem, você já sabia que ele era assim. – disse Salém naquele tom de quem não foi solicitado.

A garota o encarou.

— Olha quem fala.

— Ué Sabrina, só estou sendo sincero. – E emendou em um bocejo – Ainda me fizeram acordar cedo quando podia ter acordado bem mais tarde.

Ela concordou.

— Nisso, você tem razão. Não esperava que ele fosse atrasar tanto.

Ela e Harvey estavam passando uma temporada de férias na casa das tias. Só que dessa vez aproveitaria para viajar com elas para visitar uma parte da sua família que não via fazia muito tempo. Devia estar fazendo uns 40 graus em Greendale, era verão e os dois esperavam na escada da casa os três saírem. Sabrina estava com medo de se atrasar e perder o voo. Será possível que seria tão difícil assim se arrumar? Logo ela que costumava demorar para se arrumar, hoje tinha conseguido ficar pronta rapidamente. Já Harvey....

Até pensou em subir, fazer uma magia para acelerar tudo, mas Harvey era completamente contra usar magia para coisas bobas, principalmente quando envolviam as coisas dele, uma vez que nem era feiticeiro ele era. Só que claro, nem sempre Harvey via quando ela aprontava das suas, mas melhor assim, não é mesmo?

— Mas o que tanto as suas tias estão fazendo?

— Pegando comida, né Salém? Ou acha que conseguiria ficar sem as suas latinhas de atum? – disse sua tia Zelda, saindo de casa, carregando duas malas roxas.

Sabrina caiu na gargalhada enquanto Salém lançou um olhar carrancudo e disse:

— Bem, alguém tem que lembrar.

— O que o Harvey está fazendo? Por que ele está demorando tanto?

Sua tia balançou os ombros, mas logo em seguida surgiu ele acompanhado de sua tia Hilda. Estava ajudando - a com várias malas. Foi ali que ela entendeu e deu um largo sorriso para ele. Era óbvio que estava a ajudando. Harvey como sempre, sendo um amorzinho de pessoa.

Seu coração encheu de alegria e ficou quentinho. Esse era um dos motivos que a fez se apaixonar por ele. Harvey era inspirador.

— Ah Harvey, sua perseverança me inspira.

Ele sorriu.

— Bem, fico feliz que a minha esposa seja inspirada por mim, mesmo depois de alguns anos de casado.

— Alguns? – ela indagou.

— Talvez muitos? – ele perguntou caindo na gargalhada.

— Vamos logo, não temos tempo pra flerte. Quero chegar a tempo para tomar um café bem quente em Waverly Place.

Todos riram. Certas coisas não mudavam, como o sarcasmo e o comportamento de rei de Salém de levar a vida. Nova York ficaria pequeno para aqueles cinco.

O vôo para Nova York estava caminhando de forma tranquila. Sabrina estava sentada ao lado de Harvey, enquanto Salém estava sentado com as suas tias Hilda e Zelda atrás dela. Ele até podia ir no compartimento para animais como os outros bichos de estimação, mas suas tias providenciaram um feitiço de invisibilidade para escondê-lo da visão dos outros mortais.

— É claro que não vou com os outros bichos. Quem você pensa que eu sou? – ele perguntou parecendo bem ofendido com a hipótese levantada por Sabrina. Na verdade, ela tinha falado só pra irritá-lo mesmo. Irritar o gato falante era uma das suas atividades favoritas.

Eles estavam sobrevoando fazia uma hora e Sabrina se apegou a várias lembranças de sua infância e adolescência. Virou para as tias no banco de trás e desandou a falar:

— Sabe, faz muito tempo que não vejo o Jerry. Acho que a última vez que o vi, as crianças ainda eram pequenas.

Zelda riu.

— Sim, você estava indo para a faculdade quando eu e Hilda o visitamos faz alguns anos.

— Não vejo a hora de conhecê-los, Sabrina falou tanto deles. – Harvey falou sorrindo.

Hilda sorriu.

— Vocês vão adorar. Jerry é muito engraçado e um sobrinho muito querido. Meio atrapalhado, mas querido. É muito comunicativo, acho que nesse aspecto ele puxou a mim.

Zelda encarou a irmã com o olhar que dizia “ah vá, é mesmo?”

— Como será que anda a Alex? Será que continua teimosa como da última vez que a vi? – Sabrina só se lembrava dos seus primos ainda pequeninos correndo de um lado para o outro, Alex era terrível e adorava fazer pegadinhas com os irmãos.

— Teimosa? Você quis dizer mandona, né? Aquela garota parece que um rei da barriga.

— Você conhece isso melhor do que ninguém, né?

— Como assim, Sabrina?

— Iguais se reconhecem. Você é assim, Salém. – ela riu e passou a mão na cabeça do bichinho que miau de irritação.

— Vocês vão adorar os Russos. Eles são uma parte da família muito querida, apesar de morarem longe, estamos sempre nos falando. Jerry viajou e estudou bastante. É uma pena que ele não tenha herdado a magia...- Sua tia Zelda comentou suspirando.

— Eu nunca entendi o motivo dele não ter herdado a magia...

Sua tia abriu a boca pra falar quando o comandante avisou:

— Boa noite, senhores passageiros. Estamos nos preparando para chegar em Nova York. Preparem – se para descansar. Tenham uma boa noite e uma boa chegada.

Sabrina sorriu. Voltou a se sentar direito em seu lugar e colocou os fones para continuar a ouvir Britney Spears. Harvey estava lendo uma revista de esporte, enquanto suas tias assistiam TV e Salém dormia.

Em poucas horas estaria com a família Russo em Waverly Place depois de tantos anos longe. Mal podia esperar. Nunca um encontro foi tão esperado.

Depois de pegarem suas malas, eles caminharam para a área de desembarque. Sabrina se sentia sonolenta, mas tudo o que queria era tomar um café para se manter acordada. Sabia que aquela noite seria inesquecível. Já sentia o ar em Nova York diferente.

— Tia Zelda, onde eles vão nos encontrar? Como combinou de encontrá-los? – ela perguntou, mas nem precisou de resposta. O rosto de Zelda se iluminou enquanto Hilda acenava para alguém.

— Jerry! – ela festejou.

— Nós chegamos. – Harvey passou o braço pelos seus ombros e sorriu.

Estava finalmente com a sua família Russo em Waverly Place.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.