CAPITULO 8 - FÉRIAS DE NATAL

Ao chegar na estação de Londres, vi papai nos esperando, sai o mais rápido de lá, Alvo e Thiago me ajudavam a carregar as malas para fora. Sem conseguir resistir à saudade que eu sentia de meu pai, corri e pulei no colo dele. Ele me carregava como se eu fosse uma criança, e aquele abraço era a melhor sensação do mundo.

Entramos no carro que pertencia ao ministério, papai colocou todas as malas no porta-malas, e seguimos viagem. Ao fazer a curva que dava na esquina da nossa casa, vi Lílian saltitante nos esperando do lado de fora. O carro nem parara direito e eu já pulara para fora dele, correndo em sua direção para lhe abraçar, vi minha mãe e meus tios saindo pela porta de casa e fui logo ao encontro deles, demorando em um abraço confortável. E foi quando vi Hugo que não me continha em felicidade, agente nunca se dera muito bem, mas a saudade dele era imensa, o agarrei e girei seu corpo varias vezes, até ele implorar que eu o soltasse.

Olhei pra minha casa e cheguei a me espantar por nada ter mudado, morava em um bairro trouxa, a vinte minutos do Beco Diagonal. Era uma casa geminada, de um lado papai, mamãe, Hugo e eu morávamos, e do outro meu tio Harry e sua família. As nossas casas tinham dois andares, e era no segundo andar que tínhamos privacidade de uma família, quatro suítes para cada lado. Já no primeiro andar, era tudo uma coisa só. Uma única cozinha, dois banheiros e uma sala gigantesca.

Fitei a casa por mais alguns segundos, quando Lílian me puxou pelo braço e me levou até o seu quarto. Ela trancou a porta ao entramos, e começou a pular na cama, gritando coisas como: “Nem acredito que você chegou”, assim que ela se acalmou e se sentou, me joguei em sua cama e deitamos uma do lado da outra, como sempre fazíamos desde pequenas...

- Me conta tudo, Rose!

- Calma, Lily, nem tenho o que contar... Contei tudo nas cartas...

- Ainda gosta do sonserino?

- Sim, eu o amo. Nem imagina como o... Como o... “sonserino” é!

- Quando você vai deixar de ser boba e me falar o nome dele?

- Sinto muito, Lílian. Mas eu não vou falar! Não pergunte porque e não insista.

- Tudo bem, não precisa falar isso agora. – Disse enfatizando o “agora”. – Mas me conta... O que ele tem de tão especial...

- O sorriso dele é perfeito, os olhos dele brilham... Ah, Lílian, o perfume dele é maravilhoso, o abraço encaixa certinho, o beijo dele me faz ir às nuvens...

- Espera ai! VOCÊ O BEIJOU?

- Ah. – disse sem graça, me escondendo atrás de uma almofada. – Eu não te contei isso?

- Não contou não...

- Então, aconteceu. – Lílian tirou a almofada do meu rosto. – Mas depois disso agente já começou a brigar de novo... E um amigo dele viu quando o Richard me beijou, e já deve ter contado pra ele...

- O QUE?

- Ah, não te contei isso também? – Ela fez que não com a cabeça. – Então, o Richard é da grifinoria, amigo do Thiago, sabe né? Já contei sobre ele. E, bom... – respirei fundo e continuei. – Ele me agarrou ontem, e me beijou. Ai depois ele pediu pra eu corresponder... E eu correspondi...

- E o outro agora já sabe, o Sonserino?

- Bom, deve saber... O amigo dele já deve ter contado. O Sco... Digo, o Sonserino, já deve saber...

- E o Richard sabe? Do Sonserino?

- NÃO! – disse assustada, quase caindo da cama. – Ninguém sabe, só você, eu e ele.

Era manha do dia 25, manha de natal. Eu dormia em um sono profundo, sonhava com Scorpios todas as noites desde que beijara ele pela primeira e única vez. Em Hogwarts as meninas do meu dormitório ficaram espantadas de como eu amava Richard, conforme elas eu falava enquanto dormia, e sempre dizia “meu loiro”, elas apenas não sabiam que o loiro era sempre Scorpios. E foi em um desses sonos profundos que Hugo me acordou...

Sonhava que estava passeando em um bosque escuro, e Malfoy me chamava para o mais longe da clareira, e eu tentava acompanhá-lo com todas as minhas forças, mas a cada passo que eu dava, alguém da minha família me puxava para trás, tentavam juntar a minha mão com um menino loiro de olhos claros, o menino era lindo, admito, mas não era o loiro certo. Alto e musculoso... Mas é o loiro errado, mãe... O loiro que eu queria era outro, era aquele que se distanciava cada vez mais, até que eu não conseguia mais vê-lo.

- Rose, Rose, acorda! – dizia Hugo desesperado. – Ta todo mundo pronto pro café, tem bolo, suco, leite... É NATAL, Rose! Você ta me ouvindo?

- O que foi Hugo? – disse sonolenta, eu ainda tentava voltar ao sonho e azarar o próximo que tentasse me segurar, precisava desesperadamente ver seu rosto, o abraçar e correr com ele para qualquer lugar que pudéssemos nos esconder.

E por instantes eu achei que tinha conseguido, como não achei minha varinha, dei um soco em quem me segurava e me chacoalhava, só fui perceber que batera em Hugo quando ele começou a segurar o choro. Despertei no mesmo segundo e fui ao seu encontro. Seus olhos lacrimejavam, ele segurava o nariz, e esse pingava sangue. Quando eu tentei tirar sua mão de seu nariz para ver o tamanho do estrago, ele começou a respirar pela boca, fungava dizendo “Você quebrou o meu nariz, você quebrou, Rose. Ta doendo! Chama a mamãe, chama a mamãe!” Eu sai correndo do meu quarto, de pijama e tudo.

- MÃE! MÃE! – Sai gritando pelo corredor, desci as escadas em um pulo, desesperada. – MÃE! – Gritei novamente quando a vi. Ela estava na cozinha, toda arrumada, com meu pai, meus tios, primos, avós, uma boa parte da família, para ser mais exata faltava apenas a minha presença para começarem o café da manha. E devia ser por isso que Hugo estava me acordando, eu estava atrasada! – MÃE! O HUGO, ELE...

- Mas que gritaria é essa, Rose? Onde já se viu falar assim? E você ainda está de pijamas? Onde está o seu irmão? Faz quinze minutos que ele subiu dizendo que ia te acordar!

- Mãe, o Hugo, ele, eu, quer dizer, ele quebrou...

- Rose, sem desculpas, obedeça a sua mãe! – Disse papai cruzando os braços.

- Ah, deixa quieto! – Disse, nervosa. - Eu concerto sozinha! - Disse subindo as escadas e batendo os pés.

- VOLTE JÁ AQUI! - Papai berrou em plenos pulmões. – ROSE GRANGER WEASLEY! Você nunca mais vai falar assim com a sua mãe! Muito menos na frente...

- MAS PAI! EU SÓ ESTOU TENTANDO DIZER QUE O HUGO...

- Sem mas nem meio mas. Onde já se viu sair gritando pela casa? Volte aqui, Rose. Ah, eu pego essa menina! – Disse papai correndo atrás de mim, quando eu comecei a correr em direção ao meu quarto.

- Calma, Hugo, o papai está vindo! Você consegue ouvi-lo não? – Atenta ao som dos passos pesados de papai. – Calma, não precisa chorar!

Papai entrara no quarto gritando o meu nome, silaba por silaba, para causar mais impacto, mas no meio de WEASLEY, papai viu o estado em que se encontrava Hugo, seu rosto e sua camiseta estavam sujos de sangue. E tudo o que papai conseguiu fazer foi desmaiar!

Hugo começou a ficar com a boca branca, o pouquinho que dava para ver, devido sua mão que cobria o rosto, estava que nem giz. Parecia que ia desmaiar também. Eu tentei agarrá-lo no colo, mas ele estava mais pesado do que eu imaginava, não pensei duas vezes, e peguei minha vassoura dentro do armário, montei na minha Nimbus, puxei Hugo para cima dela, e sai voando, voando mesmo dentro de casa, em direção à cozinha...

- Rose, quantas vezes eu falei para você não... O que aconteceu?

- MÃE! É isso que eu estou tentando te contar! – Disse irritada, pousando a vassoura e colocando Hugo deitado no chão, delicadamente.

Minha mãe não perdeu tempo, pegou sua varinha no balcão, apontou no nariz de Hugo e falou: “Episkey”, fez uma convocação a um tal de Ditamno, e um frasco pequeno veio parar em sua mão, ela pingou três gotas da essência em seu nariz, uma fumaça esverdeada apareceu, mas a hemorragia foi estancada na hora. O nariz dele parecia que nunca havia sido quebrado, ele parara de chorar, voltando aos poucos a sua cor natural. Abraçou mamãe quando viu que todo o mal que eu lhe causara já havia passado.

- Não fica com essa cara, Rose. – Disse me abraçando também. - Eu te perdôo!

- Ah, desculpa Hugo, nunca, juro que nunca mais vai acontecer algo assim, ta?

- Porque sua irmã fez isso com você? – perguntou vovó, assustada.

- Ah, a culpa foi minha, vovó. – disse Hugo colocando a mão para trás e cruzando os dedos. – Eu tentei assustar ela, mas ela realmente se assustou e sem querer me deu um soco. – Disse olhando para todos os presentes.

- Nunca mais assuste a sua irmã, ouviu Hugo?

- Sim, mamãe, desculpe! – Disse dando um último abraço em mamãe. – Estou morrendo de fome!

Eu e Hugo sentamos a mesa do jeito que estávamos, mamãe revirou os olhos e nos limpou com a varinha, todos nós comemos um delicioso café da manha.

- O café estava uma delicia mamãe! Podemos abrir os presentes? – perguntou Hugo, enquanto todos começavam a se levantar. Minha mãe olhou zangada para ele.

- Claro que não Hugo! Só à noite! – ela disse, enquanto guardava as sobras, com a ajuda de tia Gina. – Rony vou precisar da sua ajuda com a árvore de natal! Rony? Crianças, onde está o pai de vocês?

Mamãe levou um bom tempo para acordar papai, e tranqüilizá-lo dizendo que Hugo estava bem, e estava ajudando com os preparativos para a festa, todos arrumaram a decoração e eu e Lily ajudamos tia Gina e a vovó Molly com os petiscos. Quando era quase nove da noite, os convidados começaram a chegar. A sala ficou lotada de gente, e embaixo da arvore, tinha tantos presentes, que não dava para contar. Todos foram embora bem tarde, e quando começamos a recolher a bagunça, em sua maioria papeis de presentes espalhados pela casa, já passavam das quatro da manha. Quando eu me dei por satisfeita, apenas Hugo se demorava na sala, e me puxou de lado para uma conversa.

- Você não pode conversar amanha, Hugo? Já está tarde e eu quero dormir!

- Preciso tirar um peso de meus ombros, irmãzinha.- Disse de uma forma tão formal que eu até me assustei.

- E sobre o que se trata?

- Sobre o soco que você me deu, oras!

- Já pedi desculpas, Hugo. Eu realmente sinto muito!

- Sem marcas, sem crime, Rose! Eu quero falar sobre o que você dizia, antes de me dar o soco...