Os inimigos foram derrotados instantaneamente, a garota mal sabia o que ocorrera naqueles poucos segundos. Ela estava completamente paralisada pelo choque. Dez homens foram facilmente derrotados por apenas dois? Assim que recuperou a fala, a garota diz num pulo:

- M-m-m-m-m-mas queeeeeeem são vocês?

- Hahaha, parece que agora os monstros somos nós. – Diz Shinsei rindo da reação.

- Feh... Mas essa aí me lembra aquela garota com cara de doninha. - Acrescenta Hiko

- Hã? Mas... Você não é a Hikaru? – nota Shinsei, assim que a garota é iluminada pela luz do luar.

- SHINSEI!

A garota corre em direção a ele, que espera algo como um abraço, mas este leva um chute na cara.

- Você nem me reconheceu!

- Ai! Você também não me reconheceu!

- Bah, se eu soubesse que era você nem teria me impressionado por ter derrotado aqueles caras.

- Se eu soubesse que era você nem teria me intrometido.

- O QUE?

- Ora, como se você precisasse da minha ajuda para derrotar eles...

- Parece que é sua conhecida.

- Ah! Sim, esta é Hikaru Kouyama, ela é membro da Oniwabanshuu também.

- Mas não eram eles que estavam perseguindo você?

- Ahn? Ah, é verdade, não faz muito sentido os Yatsume estarem te perseguindo, Hikaru.

- Ah, eles me consideraram traidora quando eu defendi você Shin-chan

- Hah, você deveria ter ficado de bico fechado, eu posso...

Mas ao notar a expressão triste da garota, ele interrompe a fala.

- Bom, mas de qualquer maneira é bom saber que posso confiar em alguém de Hokkaido ainda.

- Isso não é verdade! Tenho certeza de que o Kenichi, a Sakuya, o Matsuri, o Natsu e muitos outros confiam em você! Eles apenas estão confusos, assim como eu, porque você sumiu sem dizer nada.

- No momento certo eu irei explicar tudo. Mas agora eu devo me apressar e ir ao Aoi-ya

- Você vai se encontrar com o Aoshi?

- Bom, creio que não será a última vez que nos veremos. Então, caso precise de seu mestre, sabe onde me encontrar.

- O senhor não dispensa tal tratamento nem para seu antigo discípulo. Porque se dispõe para mim?

- Aquele tolo deixou de ser meu discípulo no momento em que revogou os rituais da transmissão do estilo.

- Mas eu também não tomei o nome de Seijuurou Hiko, muito menos o manto. Aliás, nem mesmo o Amakakeru Ryuu no Hirameki o senhor me ensinou.

- Algumas tradições podem ser modificadas de acordo com a época. Eu refleti muito, e decidi que eu serei o último Seijuurou Hiko e o último mestre do Hiten Mitsurugi. Quanto o Amakakeru Ryuu no Hirameki – Hiko faz uma pausa – venha falar comigo quando estiver tão bem preparado, fisicamente, quanto eu.

- Contudo o senhor transmitiu os ensinamentos tanto para mim quanto para o Himura.

- Eu fiz isso para proteger.

- Proteger? O que?

- Isso não importa agora, você tem assuntos urgentes a tratar. Se a situação está como me disse, é algo de extrema gravidade. De tal forma que talvez eu tenha que entrar em ação mais uma vez. É óbvio que com certeza a situação se resolverá, afinal eu vou estar ao seu lado rapaz.

Logo após o efusivo discurso de Hiko, Hikaru e Shinsei deixam o local. Ficando apenas Hiko em seus pensamentos. "E também, porque novamente parecia que você iria entrar em colapso se não recebesse ajuda, apesar a garota ter sido muito mais eficiente do que eu. Parece-me que eu apenas dou um empurrãozinho para salvar alguém. Mas pelo menos, discutir a filosofia do Hiten foi muito útil para que aquele rapaz crescesse mais um pouco".

De volta ao Aoi-ya, Misao ainda tentava compreender as atitudes de Aoshi. Ele havia deixado claro que iria cooperar com Hokkaido, mas porque ele fingiu não saber o paradeiro de Shinsei?

Talvez ele desejasse obter mais informações antes de entregá-lo. Tudo era apenas suposição, afinal Aoshi sempre fora reservado sobre suas decisões. Kenshin nota que Misao está pensativa como nunca a vira antes.

- Senhorita Misao, por que está tão preocupada? Estou certo que o senhor Aoshi sabe o que está fazendo.

- É... Mas ele podia pelo menos contar para nós.

- A senhorita deve confiar nas decisões do senhor Aoshi,

- Fica muito difícil se a gente não sabe o que ele realmente está fazendo!

- Basta confiar, nada mais. Quando chegar a hora certa, os resultados das ações dele irão aparecer.

Neste momento Aoshi passa por eles e informa que estava indo se encontrar com o tal de Abayama Renji e Jin Chen. Para oficializar a aliança. Okina ainda era contra essa união, acreditava piamente que nenhum líder da Oniwabanshuu trairia a organização.

Mal Aoshi deixa o Aoi-ya e Shinsei e Hikaru chegam ao estabelecimento. Todos se reúnem no jardim dos fundos, para ouvir as explicações do rapaz.

- Bom, espero não me desapontar com suas palavras velho amigo. – começa Okina.

- Não posso prometer nada, Okina. Mas eu jamais trairia a confiança daqueles que me escolheram como líder da Oniwabanshuu de Hokkaido.

- Shin-chan, eu não estou entendendo absolutamente nada, por favor, nos explique o que houve em Hokkaido.

- Tudo começou por causa daquele homem chamado Abayama Renji. Ninguém sabe exatamente de onde ele veio, mas é certo que é um estrangeiro que chegou após a abertura dos portos. Extremamente hábil em discursar e um homem muito forte também. Este homem parece ser totalmente contra o atual andamento do cenário sócio-político do Japão. Ele fala sobre o povo pegar em armas e destituir o governo, para criar, pela força, um governo popular.

- Como assim?

- Digamos que após o Bakumatsu, fosse eliminado o poder do imperador, mas não houvesse a instituição de um novo governo, organizando o povo para governar a si mesmo.

- Minha nossa! Existe alguém louco a ponto de pensar assim? – Diz Yahiko

- Sim! Essa é uma corrente que vem sendo difundida na Europa e na Ásia, as pessoas chamam de Comunismo, o poder do povo. Provavelmente, pela ação tomada por esse tal de Abayama, ele segue a corrente anarquista, uma facção mais revolucionária da corrente. – Diz Yutarou.

- Até que você ter ido para a Europa serviu para alguma coisa hein? – acrescenta Yahiko

- Eu já ouvi falar nisso, certa vez houve o boato de que havia um comunista desembarcando no Japão e os altos cargos do governo não queriam admitir de jeito nenhum. A polícia foi mobilizada, mas não houve nenhum resultado concreto, então ninguém foi deportado – Inseriu Shinichi.

- Fora ele, há este segundo homem, chamado Jin Chen. Talvez ele seja até mais perigoso que o Abayama. Ele é ainda mais misterioso, tudo a seu respeito é um enigma. Suas idéias, seus planos, ele não deixa escapar uma informação sequer. Mesmo para Abayama ele é extremamente reservado. Mas a certeza é que ambos sempre tomam as ações mais agressivas possíveis.

Neste ponto todos notam que Misao torna-se pálida e começa a tremer.

- O-o senhor Aoshi... E-ele foi se encontrar com esses dois homens.

- Espere, por que deveríamos confiar em você? Afinal, é quem está sob suspeita aqui – Impõe Shinichi.

- Nossa, mandou bem hein? – Elogia Yahiko

- Ora, eu tenho que aprender algo na polícia!

- Confiar ou não, cabe a vocês. Mas o motivo pelo qual eles começaram a me perseguir foi eu descobrir e impedir um plano de Abayama. Um plano que acabaria num banho de sangue de centenas em Hokkaido e provavelmente iria trazer muitos exilados de Ezo e Sado.

Ao terminar, Shinsei mostra os planos que conseguira tomar de Abayama.

- E quem garante que não foi o contrário? Os planos são seus e esse tal de Renji que os frustrou. – Insere Yahiko

- Eu! Eu posso afirmar com toda certeza que o Shinsei jamais se envolveria em algo que resultasse em mortes. – Hikaru toma a palavra.

- E quem é você?

- Ela é Hikaru Kouyama, também é membro da Oniwabanshuu de Hokkaido. – Responde Okina.

- E por que tanta certeza?

- Porque o Shin-chan jurou que jamais iria usar sua espada para matar, ele acredita que as pessoas podem ser dobradas com palavras e que a morte apenas cria um ciclo sangrento que jamais termina.

- É difícil de acreditar, com ele carregando essa Katana e...

Antes que Yahiko terminasse, ele se lembra da Sakabatou que carrega e herdara de Kenshin.

- Tem razão, mas esta espada é incapaz de cortar pessoas.

Ele saca sua espada. Ela é uma espada de lâmina preta, extremamente pesada e sem guarda. Mas o que chamou a atenção de todos foi o fato de ela não possuir fio.

- Uma... Espada cega?

- Muito bem, eu acredito que agora sabemos em quem devemos confiar... Pelo menos por hora! – Encerra Okina.

- Certo, mas eu acredito que pela expressão da senhorita Misao, é melhor verificarmos se o senhor Aoshi está bem – Acrescenta Kenshin.

- Certo, Shinichi, Yutarou, vamos lá! – diz Yahiko.

- Espera! Eu também vou! – Hikaru diz ao iniciar sua corrida, mas ela é parada por Shinsei.

- A senhorita também está sendo procurada por eles, é melhor não se expor assim.

- Ah... Sinto muito.

- Pode confiar naqueles três, senhorita. Apesar de tudo, eles se tornaram muito fortes nestes dois anos. – Termina Kenshin.