Oneshot - Running Away

Poucos segundos após abrir os olhos, Armin sentiu uma profunda angústia invadir seu coração.

Era hoje que ele, juntamente com o pessoal da Tropa de Exploração, iria para a capital com a missão de desmarcar a Titã Fêmea.

Era HOJE que ele mentiria e trairia pela primeira vez em sua vida.

Entretanto o que mais cortava seu coração era saber que iria mentir e trair ELA.

Annie Leonhardt. A única garota que já amou, a única que conseguiu entrar tão profundamente em seu coração, a única que com apenas olhar em seus olhos fazia com que seu coração disparasse, suas pernas tremessem, seu cérebro ficasse em branco.

Armin queria desistir, queria que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, mas ele era um soldado que havia dedicado seu coração ao rei.

Levantar daquela cama foi uma das coisas mais difíceis que o loiro já fez em tempos. Cada movimento fazia com que a angústia aumentasse. Era doloroso demais, mas ele TINHA que continuar.

...

— Vou ser direto. Um erro e vocês vão colocar MUITAS vidas em jogo, principalmente a vida dos seus amigos. Então não errem nem vacilem. Se alguém quer desistir o momento é agora. - O Capitão Levi fez uma pausa.

Armin pensou seriamente em levantar a mão e desistir, mas não podia fazer isso. Talvez fosse egocentrismo, mas ele acreditava que Annie não confiaria em ninguém mais além dele.

A loira nunca teve um relacionamento muito bom com os demais cadetes, mas Armin acreditava que tinha um certo "vínculo" com ela.

— Vocês tiveram sua chance de desistir. Agora vamos.

Durante o trajeto Armin foi se lembrando de todos os momentos que havia passado com Annie. Em especial quando a seguiu em uma noite estrelada.

A vida de cadete realmente estava acabando com Armin por isso, durante as noites, ele ficava olhando as estrelas, pela varanda de seu dormitório. Até o dia em que viu Annie sair sorrateiramente. Aquilo intrigou o loiro, que começou a seguir a jovem. Ela foi para um pequeno depósito abandono, próximo ao acampamento. Ao entrar foi surpreendido ao ser imobilizado pela garota.

— Armin? Por que estava me seguindo? - Disse libertando-o.

— Me perdoe. Eu fiquei curioso para saber... - Naquele exato momento a luz da lua entrou por uma fresta e iluminou o rosto dela, fazendo seus lindos olhos azuis brilharem, hipnotizando-o.

— Você estava curioso sobre o quê?

— Sobre onde você estava indo a uma hora dessas. - Desviou o olhar ao perceber o que estava corado. - É perigoso para uma garota, mesmo que você seja forte.

— Eu sei cuidar de mim mesma.

— Eu sei que sim. Mas ainda me preocupo. - Agora foi a vez de Annie corar. - Desculpe pela minha curiosidade, mas o que você veio fazer aqui? — Ela hesitou um momento antes de responder.

— Eu gosto de observar as estrelas. E aqui posso fazer isso sem ouvir a Sasha ficar falando de comida enquanto dorme. - Armin riu.

O silêncio reinou por alguns segundos.

— Acho melhor eu voltar. Até amanhã, Annie.

— Pode ficar se quiser.

Armin não hesitou. Eles se sentaram junto à uma grande janela.

Eles passaram quase uma hora lá. Sem dizer nenhuma palavra. Apenas observaram o céu aproveitando a companhia um do outro.

A rotina diária deles não mudou, quando se encontravam se olhavam nos olhos e só.

Não houve nenhum acordo verbal ou algo do tipo entre eles, mas todas as noites Annie passava pelo dormitório masculino, onde Armin estava na varanda (como normalmente fazia) e ela simplesmente olhava em seus olhos e ele a acompanhava.

Uma das raras vezes que falaram algo foi quando o loiro contou sobre seu sonho de conhecer o mar e ela contou que queria reencontrar seu pai, de quem havia se separado durante a queda da Muralha Maria.

— Armin agora é com você. - A voz de Jean o tirou de seus devaneios.

O loiro sentiu seu coração parar e logo voltar.

Quando a avistou se sentiu extremamente feliz. Fazia muito tempo que não a via. Ela estava mais linda do que se lembrava.

— Annie.

— Armin? O que houve?

— Podemos conversar? - Ela hesitou, mas logo o seguiu para um beco.— Annie preciso de sua... - Por mais que tentasse as palavras não saiam. Ele começou a fraquejar, tendo que se apoiar na parede.

— Armin? Você está bem? - Ela o segurou.

— Não posso fazer isso. - Sussurrou enquanto uma única lágrima rolou por seu rosto.

O jovem logo se recompôs, pondo-se de pé e se endireitando. Respirou fundo e olhou diretamente nos olhos dela, o que fez com que a loira se assustasse com a súbita mudança.

— Annie preciso que você seja sincera comigo. — Annie começou a se assustar. - Você confia em mim? - Ela não respondeu. - Annie você confia em mim?

— Confio.

— Eu te amo. - Haviam anos desde que Armin havia sentido tanto alívio. - Eu te amo, Annie.

O rosto sério de Annie não mudou, a não ser pelas lágrimas que molhavam seu rosto.

Armin levou sua mão ao rosto dela e enxugou algumas lágrimas.

— Eu quero ouvir sua resposta.

— Eu te amo. - Ela apoiou sua cabeça no peito dele, que correspondeu com um abraço.

— Não se desespere, mas eu sei que você é a Titã Fêmea. - Ela tentou se libertar do abraço dele, mas ele a apertou com mais força. - Preciso que você me escute. Todos da Tropa de Exploração também sabem. Nosso plano era vir e te capturar. Minha parte no plano era te convencer a entrar num subsolo, onde você seria presa. Mas eu simplesmente não posso fazer isso. Me perdoe por ter tentado. Desde o começo acho que eu já sabia que não seria capaz, então eu criei uma forma de escapar. Eu vou te dar duas escolhas: você pode escapar sozinha ou pode me deixar ir com você.

— Você arriscaria deixar tudo para trás sem mesmo saber se vamos sobreviver? Ou saber se eu vou te matar?

— Você teve muitas chances de me matar. Eu posso estar muito errado, mas acho que você queria ser descoberta. - As lágrimas dela voltaram a cair.

— Eu queria ser descoberta por você. - Sussurrou.

— Não temos tempo. Precisa escolher agora.

Annie sabia que deveria fugir sozinha, mas pela primeira vez em sua vida decidiu agir por egoísmo.

— Vem comigo.

— Obrigado. - Ele depositou um beijo na cabeça dela. - Vamos.

Antes de eles fugirem, o loiro deixou uma carta onde se desculpava com seus amigos e dizia o motivo por trás de suas ações.

...

Eles haviam conseguido fugir com sucesso. Demorou alguns dias para que finalmente chegassem ao território da Muralha Maria.

— O que faremos agora?

— Infelizmente eu tive pouco tempo então só planejei nossa fuga.

— Bem eu não me importo realmente. Desde que eu esteja ao seu lado eu estarei feliz. — Annie sorriu para ele, que não se conteve e a beijou.

Era o primeiro beijo de ambos então começou meio desajeitado, mas logo entraram em sincronia e foram aprofundando o beijo. Não tiveram pressa apenas em parar o beijo, afinal não havia nada nem ninguém que pudessem atrapalhá-los. O mundo era só deles. O que fariam dali pra frente, ainda não tinham certeza, mas eles sabiam de uma coisa: seriam felizes, porque finalmente acharam no outro o que tanto procuravam.

Ele achou o mar naquela imensidão dos olhos azuis dela. Ela achou o amor, aceitação e perdão que sempre buscou.