Mileena olhava para a silhueta diante de si com certa incredulidade, mas algo a levava a crer que o que ela via naquele momento não era mera ilusão. Era ela mesma, Midea Darphai, apesar de não estar em carne e osso; parecia mais uma imagem luminosa suspensa no ar. Porém, ela parecia ciente do que estava ao redor dela. Continuando a sorrir gentilmente, olhava para a sua filha, que estava de olhos vidrados ao mesmo tempo em que chorava.

Midea: Mileena... Como é bom ver você de novo. Olha pra você... Está linda!

Mileena: É você mesma, mãe? Eu estou mesmo te vendo? Não é alucinação minha, é?

Midea: Garanto a você que não sou alucinação alguma. Mas o que você está vendo agora é apenas uma parcela da minha consciência que eu selei naquele complemento antes de morrer. Essa magia, no entanto, não é infinita, por isso, infelizmente, não vou durar muito tempo aqui.

Mileena: Entendo... Mesmo assim... Eu fiquei com tanta saudade! Foi tão triste ver você indo embora que...

Midea: Eu posso imaginar... Eu sinto muito mesmo, minha filha...

Enquanto Mileena chorava de tamanha emoção, Carly olhava fixamente para Midea, ainda embasbacada. A madame reparou nela.

Midea: E quem é essa?

Mileena: Ah... Essa é a Carly, minha mais nova amiga. Ela é a bibliotecária da vila.

Midea: Haha... Coitadinha, está assustada... Sem contar que ela parece ter um sério problema de estreitamento vertical...

Carly: Eh? (É isso mesmo? Até ela, a própria Madame Midea, tirou sarro da minha altura? Ai, Adriel; que mundo cruel...)

Carly não sabia o que sentir a respeito do comentário feito por Midea. Ela apenas continuou olhando para a madame, ainda surpresa. Midea, porém, voltou sua atenção a Mileena, que enxugava as lágrimas e tentava se recompor.

Midea: Estamos na taverna do Lobs, não é? Onde está aquele imprestável?

Mileena: O Lobs... Ele tá arrumando as coisas dele para fugirmos daqui.

Midea: Fugir? Por quê?

Mileena: Eu fui descoberta, mãe. Sabem que a Mão de Pravus é uma Darphai.

Midea: Oh... Como isso aconteceu?

Mileena: De forma bem resumida, eu estava atrás do seu diário, e ele estava com Aspo Shabon. Descobri que ele estava fazendo tráfico de mulheres para alimentar um feitiço que o permitiria abrir os nossos diários. O próximo seria justamente o seu, mas consegui recuperá-lo antes que ele tentasse. Mas antes de ir embora, Omoma Shabon me descobriu, mesmo eu estando disfarçada. Ele usou uma magia pra me delatar a Rashu. Agora, o reino inteiro está atrás de mim.

Midea: Isso parece realmente sério... Então, os Shabon também chegaram ao fundo do poço, assim como os Vermiliel... E o que se sucedeu com eles?

Mileena: Não havia inocentes entre eles, então eu matei todos eles. Com isso, eles não vão mais maltratar mais ninguém...

Midea: Você não mudou nada... Continua resolvendo as coisas na base da ferocidade...

Mileena: Perdão, mãe, mas eu...

Midea: Eu não estava exatamente te criticando. Enquanto ainda vivia, ouvi rumores horríveis dos Shabon, inclusive aquele velho rumor da venda da própria filha. E quanto a Omoma, eu já havia reparado nele antes. Ele olhava para as suas irmãs de forma doentia, talvez porinveja, mas nunca me instiguei a averiguar... Os irmãos dele não eram diferentes. A família Shabon já dava noções de que estava em queda e, cedo ou tarde, acabariam destruídos...

Carly: Eu sinceramente achei muito bem feito! Tô só dizendo...

Midea: Haha... Sua amiguinha finalmente acordou...

Carly: Acordei e digo agora que sempre quis te conhecer, Madame Midea! É uma honra! Chuif...

Midea: É um prazer te conhecer também, querida. Muito bom ver que minha filha arranjou uma amiga tão divertida como você.

Carly estava extasiada e mal estava pensando direito, tanto que chegou ao ponto de bater continência quando a cumprimentou, o que divertia ainda mais a madame. Porém, ela voltou sua atenção a Mileena novamente.

Midea: E quanto a Purkeed?

Mileena: Ele está em Gricai. Ele foi lá voluntariamente pra pedir que o rei parasse de me perseguir... Mas acabou preso numa cela subterrânea.

Midea: Cela subterrânea? Que insano... As celas subterrâneas de Gricai são guardadas para os piores criminosos. Possuem sistemas de defesa compostas de magias fulminantes, feitas pelas antigas Madames do clã Darphai.

Carly: Coitado do Purkeed... Por que prendê-lo num lugar assim?

Midea parou por um momento, aparentemente ponderando em alguma coisa. Depois, ela olhou para sua filha, demonstrando franqueza.

Midea: Francamente, já temia que algo assim acontecesse.

Mileena: Temia? Como assim?

Midea: Mileena, tem uma coisa que eu preciso te contar sobre o Purkeed. É sobre a origem dele. Melhor se preparar, porque é... Hm... Chocante.

Mileena: O que é?

Midea: O verdadeiro nome de Purkeed é Pickard Kioros, também chamado de Pickie. Ele é filho do rei Lucky e da rainha Noemi e irmão de Richard, também conhecido como Ritchie. Ele é príncipe de Sortiny.

Mileena e Carly ficaram de queixo caído ao ouvirem a notícia. Midea prosseguiu.

Midea: Durante a rebelião do nosso clã, o Príncipe Pickie foi atirado de uma das janelas do castelo. Logo depois disso, ele foi encontrado por Fileo, que ainda era um soldado na época; ainda não era nem aspirante. Ele suspeitou que foi Ritchie, pra garantir o reinado em suas mãos. Fileo pegou Pickie nos braços e fugiu a cavalo de Gricai o mais rápido que podia. Ele veio até aqui, na vila da Ferradura, onde tratou os ferimentos do menino com mais calma e, depois, encontrou com Lobs e contou tudo o que aconteceu. Lobs se encarregou de cuidar de Pickie e aproveitou para dar um novo nome para ele, já que ele estava com amnésia. Então, ele levou o menino até aqui e deu de cara conosco.

Carly: Puxa... Eu... Eu ouvi os soldados comentaram que ele era parecido com o rei, mas achei que era só coincidência... Você nunca viu o rei pessoalmente, Mileena?

Mileena: Não, eu nunca o vi! Mãe, por que você não me contou uma coisa dessas?!

Midea: Por excesso de temor da minha parte. Alguns dias depois, eu chamei Lobs e Fileo para discutirmos sobre o príncipe Pickie. Se o retornássemos a Gricai, provavelmente Ritchie tentaria matá-lo novamente, então o mantivemos aqui. Decidimos também que isso ficaria só entre nós três e mais ninguém, nem mesmo você. Não é que não confiássemos em você, era uma questão de segurança; o mínimo de pessoas possível deveria saber disso. Mas, pensando melhor agora, talvez não fosse necessário esconder isso de você, minha filha. Por isso, eu peço desculpas.

Mileena: Acho que eu entendo... Está tudo bem, mãe. Eu desculpo.

Midea: Tem mais. Há uma coisa que eu não contei nem para Fileo e nem para Lobs; e isso me influenciou a não contar nada para você também. A questão de segurança do príncipe Pickie não se limita apenas ao reino de Sortiny. Isso abrange todo o plano de Realia.

Carly: Oh... OK, eu já tava assustada; agora, eu tô ficando com calafrios...

Mileena: Realia inteira está sob ameaça... Por causa do Purkeed? Como pode isso?!

Midea: Não é bem por causa do Pickie... Você se lembra daquela marca estranha que ele carrega no peito?

Mileena: Sim, claro que eu me lembro. É uma marca estranha, não parece ser de nascença...

Midea: Verdade, não é de nascença. O rei Lucky implantou aquela marca nele. Sinceramente, nem eu sei o porquê, mas não há dúvidas de que foi ele.

Mileena: Estranho... Fora o fato de não ser de nascença, não percebi mais nada de errado com ela.

Midea: Ela foi designada para impedir que outras pessoas com habilidades mágicas a detectassem. Aquela marca é, na verdade, uma chave.

Mileena: Chave... Para abrir o quê?

Midea: Um artefato que sela uma das criaturas mais poderosas e abomináveis que já existiu em Realia... O Coração de Málgama.

Mileena: O Coração de Málgama...

Midea: Infelizmente, eu não sei muito sobre esse artefato, muito menos onde ele se encontra nesse momento. Mas sei que ele é real e, se for liberado, será o fim de Sortiny. E isso será só o começo para a criatura.

Carly: Espera um pouco... Você disse que o rei tentou matar Purkeed antes, não disse? E disse também que, se Purkeed voltasse, ele tentaria de novo. Se é assim, por que é que dessa vez ele prendeu Purkeed ao invés de matá-lo?

Mileena: Será que... Ritchie vai tentar tirar a chave dele?!

Midea: Acredito que sim...

Mileena: Então... Eu preciso correr! Se Ritchie conseguir, será uma catástrofe!

Midea: Filha, acalme-se. Eu também já previ que ele tentaria isso e... Fiz uma coisinha que deve impedí-lo.

Na cela Al-Katrax, a coisinha que Midea fizera se revelou quando Ritchie tentou extrair a chave de Purkeed, jogando o rei em um estado de fúria muito pior do que o usual.

Ritchie: MALDITAS DARPHAIS!!! MALDITAS!!! QUE QUEIMEM NOS OITAVOS DE PRAVUS!!! TODAS VOCÊS, SUAS PORCAS!!! MALDIÇÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!

Inúmeros círculos azuis estavam diante de Purkeed naquele momento. Logo que apareceram, Purkeed tinha se lembrado de quando Mileena decodificou o diário de Valeria. Ritchie também conhecia essa magia, e era por isso mesmo que estava revoltado. Ele sabia que, naquele momento, era impossível tomar a chave dele.

Mileena: Você um plantou um Cadeado Mágico na marca do Purkeed?!

Carly: Quer dizer que o Cadeado não serve só pra livros?

Midea: Huhuhuhu... Esse é um detalhezinho sórdido que suas irmãs nunca descobriram.

Mileena: Eu também nunca soube disso!

Midea: Agora sabe.

O sorriso cínico no rosto de Midea não durou muito, assim como a cara amarrada da moça de manopla. A situação era séria e elas não podiam se desviar do foco.

Midea: Infelizmente, não pude usar um complemento no Cadeado que implantei em Purkeed, mas ele é bem grande, e vai levar muito tempo para abrí-lo. Ainda assim, é bom não baixar a guarda. Temos que assumir que o rei pode eventualmente arrumar uma forma de contornar aquele cadeado. Se ele estiver envolvido com artes de Pravus, será pior ainda...

Mileena: Ah... Acabo de me lembrar de uma coisa. Lembra que você suspeitava de que uma de nossas irmãs era adoradora de Pravus?

Midea: É verdade, então?

Mileena: Sim, eu consegui encontrar o diário dela, mas havia uma entidade demoníaca nele; uma ímpia. Ela fez o diário soltar um gás venenoso e depois se destruiu junto com ele. A maldita revelou que a mestre dela ainda está viva.

Midea: E de quem era aquele diário?!

Mileena: Eu não sei. Eu não consegui ler o diário pra saber. E a ímpia não abriu o bico.

Midea: Tsc... Céus... Ainda não acredito que realmente permiti que isso tudo acontecesse...

Mileena: Mãe, não começa! Você mesma me disse que os adoradores de Pravus são astutos. É duro admitir, mas a realidade é que ela foi mais esperta do que a gente. E além do mais, você não pode se responsabilizar pela escolha de uma das nossas irmãs. Ela se tornou seguidora de demônios porque quis e, se eu um dia a encontrar, ela vai sofrer as consequências pela escolha dela. Tem a minha palavra.

Um breve momento de silêncio se fez no recinto. Breve, pois foi quebrado quando certa possibilidade cruzou a mente de Carly.

Carly: Ei... Posso perguntar uma coisa?

Midea: Claro que pode. O que quer saber?

Carly: Já pararam pra pensar que esse... Er... Coração de Málgama pode estar ligado à rebelião das Darphai?

Midea: Já cheguei a pensar nisso, mas acho um pouco improvável... Poucos sabiam da existência do Coração de Málgama. Entre esses poucos estão os chefes das três famílias. Com o fim das famílias Vermiliel e Shabon, mais a morte de Lucky, talvez o rei e rainha-mãe sejam os únicos além de nós que sabem.

Mileena: Então devia ser por isso que Aspo estava procurando o seu diário... Ele não chegaria a lugar algum.

Carly: Hmph... Sacrificou tantas mulheres e, no fim das contas, foi a troco de nada... Desgraçado...

Mileena: É... Mas discordo que seja improvável. Se uma de nossas irmãs foi capaz de se manter incógnita como adoradora de demônios, não é impossível que ela também seja capaz de obter informações privilegiadas.

Midea: Hm... Tem razão. É provável que ela tenha se aproveitado da rebelião pra tentar obter o Coração de Málgama, mas, aparentemente, algo deu errado. E, se ela saiu viva, é bem provável que ela tente de novo.

Mileena: Sim. O problema é que as informações que eu tenho são muito escasaas. Eu não tenho a menor ideia de onde ela possa estar e... Não tenho nenhuma pista do que ela pretende fazer.

Midea: Hm... Você vai para Gricai salvar Purkeed, certo?

Mileena: Claro que vou.

Midea: Então tenho uma sugestão. Procure a rainha-mãe, Noemi.

Carly: A rainha-mãe? Isso não vai dar problema? Ela pode fazer um escândalo...

Midea: Não, a rainha-mãe não é de fazer escândalos. Muito pelo contrário; ela é praticamente o oposto de Ritchie. Ela é gentil e serena; é bem provável que ela aceite conversar com você sem alarde algum. Ela deve saber mais da rebelião do que todas nós; então, trate de puxar dela o máximo de informações possível.

Mileena: Acho que vale a pena tentar. Mas mesmo assim, eu terei que me precaver. Não sei que surpresas me aguardam em Gricai.

Midea: Faz muito bem. Sei que vai achar um jeito de se infiltrar em Gricai.

Mileena: Eu já achei, mãe. Graças a você.

Voltando a derramar lágrimas, Mileena estendeu as mãos para pegar nas de Midea. Esta fez o mesmo, embora soubesse que sua filha não conseguiria tocá-la.

Midea: Sinto muito, minha filha. Nessa forma, eu sou intangível.

Mileena: Eu sei. Mas, mesmo assim, eu sinto você. Pra mim, já basta.

Midea: Mileena... Eu não tenho muito tempo. Eu queria dizer mais algumas coisas para você. Eu queria reiterar tudo o que eu falei antes de partir. Eu peço desculpas por ter me deixado sucumbir depois de tudo o que eu tentei te ensinar. Se eu tivesse me recobrado mais, com certeza estaria ao seu lado em carne e osso agora.

Mileena: Mãe, já chega... Não adianta mais se lamentar pelo que aconteceu. Já foi.

Midea: Não é bem questão de me lamentar. É que eu não quero que você cometa os mesmos erros que eu cometi. Eu sempre te disse que onde existe vida, existe esperança, e o que aconteceu comigo faz jus a isso. Eu perdi minha vida porque perdi minhas esperanças em tudo depois do que aconteceu com o nosso clã. Por favor, não termine como eu. Sempre busque esperança, não importa o que acontecer.

Mileena: Sim, mãe. Eu não vou esquecer.

Midea: E também... Quando isso tudo acabar, quero que você viva por si mesma. Não quero que viva em função de mim ou do clã Darphai. Siga o seu próprio caminho e faça o que seu coração julgar melhor para você. Eu acredito em você e sei que você é capaz.

Mileena: Chuif... Sim. Obrigada, mãe.

Midea: Sabe... Eu já te contei que eu tinha uma saúde frágil e era estéril. Eu, sendo madame, tinha que considerar todas as minhas alunas como “filhas”. Mas, quando encontrei você e te adotei, foi a primeira vez que me senti mãe de verdade. Sei que é errado fazer predileção de filhos e sinto que falhei como madame quando me permiti fazer isso, mas a verdade é que eu nunca senti pelas minhas “filhas” o que eu senti por você. Você foi a pessoa mais importante e querida que eu conheci por toda a minha vida. Foi por isso que eu deixei essa última magia. Não sabia se você ia precisar de ajuda ou se estaria seguindo uma vida tranquila, mas, vendo agora, parece que foi bom mesmo eu ter feito isso. Vai parecer falta de modéstia minha, mas diria até que foi providencial.

Mileena: Não imagina o quanto! Eu... Também sou grata por tudo o que você me fez! Você é a melhor pessoa que eu já conheci em toda a minha vida! Chuif... Muito, muito obrigada por tudo, mamãe!

Mileena chorava demais de tamanha emoção que sentia. Até Carly estava emocionada. Seus óculos se embaçavam por causa do choro, mas ela tratava de limpá-los rapidamente para continuar testemunhando aquela cena.

Midea: Além de tudo o que eu te ensinei, eu deixo para você como herança o meu diário. A maioria das minhas memórias está registradas nele. Talvez você aprenda mais a partir das coisas que eu vivi. Mas saiba diferenciar as coisas certas das erradas, tá bom?

Mileena: Sim, mãe... Chuif...

Midea: Que mais... Ah, sim. O Lobs... Ele continua o chato resmungão de sempre?

Mileena: Tá cada vez pior...

Lobs: Heh... Ele é mesmo incorrigível... Não conte nada disso para Lobs, tá? Ele vai reagir mal se souber...

Mileena: Hihi... Pode deixar.

Midea: E você, Carly, enquanto estiver perto de Mileena, cuide dela pra mim, tá bom?

Carly: Chuif... Sim, senhora! Será um prazer cuidar dela, senhora!

Naquele momento, a imagem luminosa de Midea começou a se apagar aos poucos. A magia dela estava chegando ao fim.

Midea: Chegou a hora...

Mileena: Mãe...

Midea: Te desejo toda sorte de Realia, minha filha. Sei que vai conseguir resgatar Purkeed.

Mileena: Obrigada...

Midea: Eu te amo, minha filha. Se cuide.

Mileena: Eu também te amo, mamãe!

Finalmente, Midea desapareceu. A luminescência que havia coberto todo o recinto também sumiu, e a iluminação voltou ao normal. No lugar onde Midea estava, restou apenas o seu diário decodificado. Mileena se pôs de joelhos, tomou o diário para si e o abraçou com força, ainda chorando bastante. Carly, também chorando, se aproximou de Mileena e lhe abraçou por trás para confortá-la. As duas permaneceram assim, abraçadas e comovidas, por minutos que pareceram uma vida inteira.