Eram cerca de 4 horas da madrugada. O Sol ainda não havia nascido, mas já havia um número considerável de pessoas acordadas na Vila da Ferradura. Não era por menos; a explosão que Mileena causara na luta contra Felicidade fez com que todo o povo da vila acordasse assustado. Várias pessoas saíram de suas casas pouco depois para saber o que aconteceu e acabaram se deparando com vários soldados adormecidos. Fileo, o único que estava acordado, tratou logo de dar uma explicação para o que aconteceu, dizendo que o ladrão usou algum tipo de magia sonífera e que o Mão de Pravus interferiu, indo atrás dele. Essa versão deixou os moradores da vila incomodados, mas Fileo temia que a versão verdadeira da história causasse uma reação pior. Funcionou, pois, pouco a pouco, os moradores da vila começaram a voltar para suas casas.

Lobs também havia se dirigido ao local da confusão. Ao vê-lo ali, Fileo se despediu dos guardas e discretamente seguiu o taverneiro até o seu local de trabalho. Lá, o combatente contou o que realmente aconteceu.

Lobs: Deixe-me ver se eu entendi. Você e seus amigos foram derrubados por uma boneca de trapos e raízes? É isso?

Fileo: A única justificativa que posso dar é que ela pegou todo mundo de surpresa... Aliás, ainda tô um pouco travado... Urgh... Pelo menos, a musa conseguiu pegá-la.

Lobs: Se é assim, por que é que ela não voltou ainda pra cá?

Fileo: A musa disse que a criatura se movia por magia. Aí, ela foi seguir o rastro de resíduo de magia que aquela coisa deixou pra ver se encontrava a pessoa que a fez.

Lobs: Hmph... Pra variar, aquela encrenqueira foi arrumar ideia de novo...

Fileo: Não fale assim dela, Lobs... Ela tá certa em ir procurar quem fez isso. Alguém capaz de usar magia daquela forma não pode ser simplesmente ignorado...

Lobs: O mesmo vale praquela encrenqueira! Aliás, queria saber que passou pela cabeça daquela peste pra ter que causar uma explosão bem no meio da vila!

Fileo: Hm... Tenho que concordar, aquilo foi imprudente... Tanto que... Já tem alguém que sabe que ela é a...

Lobs: Essa não... Quem?

Fileo: A donzela... Digo, Carly Patch, a dona da biblioteca. Tive a impressão de que ela percebeu...

Lobs: Carly Patch? Aquilo é um filhote de víbora! Tem a língua mais afiada que a espada do Rashu! Aquela criaturinha de donzela não tem nada!

Fileo: Heh... Você fala que ela tem língua afiada, mas você também não fica atrás.

Lobs: Hmph... Ela vai causar problemas, marque minhas palavras.

Fileo: Relaxa; eu vou conversar com ela depois e ver se consigo botar uma ideia diferente na cabeça dela.

Lobs: Ah, é bom mesmo que consiga...

Fileo: Outra coisa... E quanto ao garoto?

Lobs: Purkeed? Ele está bem, está dormindo agora. E se quer saber, Mileena ainda não sabe sobre a origem dele. Pelo menos, ela não deu a entender...

Fileo: A musa tem uma intuição muito aguçada. É possível até que já saiba.

Lobs: Talvez, mas por enquanto é melhor assusmirmos que ela continua não sabendo e nos comportar normalmente.

Fileo: Concordo. Quando for a hora certa, nós contaremos a ela, como minha irmã pediu.

Entrementes, Mileena continuava a sua jornada, indo em direção a Bisquitt. Ela havia encontrado uma caravana composta de grandes carruagens, cujo destino era o mesmo da moça de manopla. Após entrar secretamente em uma das carruagens de carga, sentou-se num canto e aproveitou a viagem para descansar e repor as energias. Algumas horas depois, quando o sol finalmente nasceu no horizonte, a caravana chegou à cidade, e Mileena, munida de uma capa que achou na carruagem, saiu dela discretamente.

Bisquitt, o local onde Sortiny foi fundado, era uma cidade diferente de todas as outras cidades do reino. Enquanto as outras cidades fechavam as portas durante a noite, Bisquitt florescia nesse horário. Isso de certa forma é um reflexo do seu passado, pois um grande circo fez a alegria dos primeiros residentes do reino. O circo foi tão aclamado que inspirou Bisquitt a se tornar uma cidade festiva. Porém, a corrupção crescente fez a cidade se transformar em um local de prazeres ilícitos, movido por todo tipo de esquema criminoso. O extermínio do clã Darphai acabou alavancando essa corrupção, pois muitos bandidos forasteiros se instalaram na cidade e os esquemas se tornaram mais complexos. Mas, curiosamente, isso de certa forma foi bom para o reino, pois os lucros gerados na cidade têm ajudado a sustentar Sortiny, tanto que é seguro dizer que a crise econômica do reino só não foi pior por causa desses lucros. É por esse motivo que o rei Ritchie faz vista grossa para praticamente tudo de errado que lá acontecem.

Ao chegar à cidade, Mileena saiu à caça de informações sobre Aspo e seu paradeiro através de conversas de cidadãos e de alguns meliantes, tudo de forma mais discreta possível para não levantar pistas sobre sua identidade. Não era um bom método e, como Mileena já esperava, se mostrou pouco efetivo, não obtendo nenhuma informação valiosa, a não ser o fato daquele dia ser conhecido como o “Dia da Cabritinha”, coisa que tinha a ver com Aspo, mas, como as pessoas limitavam seus comentários a respeito, aquilo era tudo o que ela descobriu até então. Passadas algumas horas, a moça de manopla já considerava esperar o dia passar para ver se tinha mais sucesso, mas, enquanto andava por uma viela, encontrou um barraco com uma placa enfeitada, a qual tinha o anúncio: “Venha descobrir seu futuro com Larkia Kotobia, Ailuromante”. Mileena obviamente estranhou o título da tal vidente, pois ela já ouviu falar em cartomantes e necromantes, mas nunca em ailuromantes; sequer sabia o que uma dessas fazia. Por outro lado, ela viu ali uma chance melhor de obter alguma informação útil. Mileena bateu na porta do barraco e, poucos segundos depois, uma jovem mulher com expressão sonolenta abre parcialmente a porta.

??????: Pois não?

Mileena: Oi, você é a Larkia Kotobia?

Larkia: Sim, sou eu. Deseja uma consulta?

Mileena: Sim, por favor.

A moça abriu a porta, permitindo a entrada da bruxa. A vidente tinha feições de criança, mas não era tão pequena, o que levava Mileena a acreditar que ela já era uma adolescente, talvez quase adulta; tinha cabelo longo de franja reta, quase totalmente oculto por um manto longo de cor magenta e capuz com projeções que lembravam orelhas de gato. Mileena achou engraçado o visual dela, mas o que a surpreendeu mesmo foi com a quantidade de gatos que havia dentro do barraco. Havia dezenas deles, sendo que a grande maioria estava dormindo.

Mileena: Nossa... Você gosta mesmo de gatos...

Larkia: Sim. Eles me fazem companhia e me ajudam com meu trabalho.

Mileena: Eles te ajudam com o seu trabalho?

Larkia: Sim. Você logo verá. Venha.

Larkia conduziu Mileena até ao centro do barraco, onde havia uma mesa redonda simples e duas cadeiras. A mesa estava forrada com um pano branco simples, e havia alguns frascos em cima dela. Larkia se sentou na cadeira mais próxima dos frascos, que ficava virada para a porta do barraco; Mileena se sentou na outra e tentou falar a respeito de sua vinda, mas a vidente a interrompeu, pedindo que Mileena estendesse uma de suas mãos. Contrariada, a moça de manopla obedeceu e estendeu a mão esquerda para a vidente. Larkia pegou em seguida um dos frascos e, induzindo Mileena a formar uma concha com a mão, derramou o conteúdo do frasco nela. Era leite.

Larkia: Oh! E agora? Quem irá o leite tomar?

Imediatamente depois dessa fala, quatro gatos pretos pularam na mesa e foram em direção à mão de Mileena. Estes começaram a beber o leite na mão de Mileena, todos ao mesmo tempo, uma cena que agradou a moça de manopla.

Mileena: Que bonitinho.

Larkia: Eu não ficaria tão contente se fosse você...

Mileena: É? Por quê?

Larkia: Gatos pretos são sinal de mau agouro. E pior, quatro deles subiram de uma vez. Significa que seu futuro guarda uma calamidade mortal.

Mileena: Oh... Certo...

Os gatos logo terminaram de beber o leite e permaneceram em cima da mesa, lambendo os beiços. Como se perguntasse o que viria depois, Mileena observou Larkia por um breve momento. A vidente então pegou um dos gatos e deu uma longa e vigorosa fungada no pescoço do gato. A cena deixou a moça de manopla estarrecida e ficava cada vez mais à medida que Larkia repetia o gesto em outras áreas do corpo do bicho. Depois, ela largou o gato no chão, pegou outro que estava na mesa e repetiu o processo, cheirando o bichano intensamente. Até que...

Larkia: ATCHIM!

Mileena: Saúde...

Larkia: Obrigada... Sniff... Ai, droga, entrou uma pulga no meu nariz. Ah... ATCHIM!

Mileena: (Ai, misericórdia...)

Depois de muito esfregar o nariz, Larkia conseguiu se livrar da pulga e voltou à sua prática excêntrica. Mileena, que já estava plenamente enojada, queria ir embora dali logo, mas a necessidade a impedia. Ela teve que observar a vidente fungar todos os bichanos restantes, até que finalmente, depois de largar o último gato, a garota suspirou de felicidade.

Larkia: Aaaaaaaaaaaaaaaah... Maravilha.

Mileena: Acabou?

Larkia: Sim. Eu já sei de tudo.

Mileena: De tudo o quê?

Larkia: Você é Mileena Darphai, a Mão de Pravus, e está aqui atrás do diário da sua mãe, que está com Aspo Shabon. Acertei?

Mileena se surpreendeu com a adivinhação correta de Larkia. Até então, Mileena achava que ela era alguma charlatã, mas vendo que ela era verdadeiramente uma vidente, se viu sob ameaça, pois a garota poderia desde chantageá-la a entrega-la a alguma autoridade. Porém, a vidente procurou tranquiliza-la.

Larkia: Relaxa. Eu também sei que você veio às escondidas. Não vou te dedurar.

Mileena: E se eu não acreditar em você? Como fica?

Larkia: Bom... Melhor morrer num instante do que sofrer nas mãos de Aspo.

Mileena: Aspo? Ele fez alguma coisa com você?

Larkia: Felizmente, não ainda. Mas eu não estou a salvo dele. Nenhuma mulher de Bisquitt está.

Mileena: Como assim? Não me diga que ele sai caçando mulheres pela cidade pra...

Larkia: É por aí. Já ouviu falar do Dia da Cabritinha?

Mileena: Eu ouvi as pessoas comentando sobre isso na rua, mas eu não entendi do que se tratava.

Larkia: É o dia que ele toma uma moça pra realizar um ritual de extração de potencial mágico, seja da rua ou de algum cabaré. Não sei direito como o ritual funciona, mas sei que ele retira toda a capacidade de realização de magias de uma mulher. Para sempre.

Mileena: Que diabos... Por que ele faz uma coisa dessas?!

Larkia: Eu estava mesmo me perguntando sobre isso há algum tempo. Graças a você, eu já tenho uma ideia do objetivo dele.

Mileena: Graças a mim?

Larkia: Uma vez, uma amiga minha comentou comigo que Aspo estava querendo tirar a proteção de alguns livros. E, na visão que tive sobre você, vi que você veio buscar o diário de sua mãe e, pelo o que entendi, ele está lacrado por uma magia especial. Aí, foi só ligar os pontos.

Mileena: Está dizendo que Aspo está tentando abrir os diários das minhas irmãs?!

Larkia: É o que parece. Ele é o responsável pelo ritual de extração de magia, mas a abertura dos livros é feito por um de seus filhos, o mago Omoma Shabon.

Até esse ponto, Mileena estava apreensiva com a possibilidade de Aspo estar obtendo ajuda de uma de suas irmãs, mas ficou surpresa pelo fato de um homem conseguir desfazer o Cadeado Mágico. Resolveu checar.

Mileena: Um mago, desfazendo magia Airanul, ainda mais o Cadeado Mágico... Não é possível... Tem certeza que não tem alguma bruxa envolvida nisso?

Larkia: Que eu saiba, não. Tenho vigiado os Shabon de longe pra minha própria segurança; eu saberia se houvesse uma.

Mileena: Entendo...

Larkia: Parece mesmo absurdo, ainda mais considerando que ele não é um mago tão poderoso, mas mesmo assim ele não pode ser subestimado. Foi ele que desenvolveu essa magia de deslacre, ainda que tenha tido ajuda do pai, mas, ao que parece, ela requer muito tempo e uma quantidade considerável de magia Airanul que o pai obtém com o ritual dele para abrir um único diário.

Mileena: Esses malditos... Mas por que se dar a tamanho trabalho só pra ler os diários das minhas irmãs?

Larkia: Isso eu não sei te dizer. Mas seja o que for, deve ser algo valioso o suficiente para reconquistar a glória da família. Ou talvez mais que isso...

Mileena: Bom, é Aspo. Não duvido nem num pouco.

Larkia: Bem, você está com sorte. Aspo está com o diário de sua mãe, mas ele mesmo não sabe desse detalhe. Se soubesse, ele não teria mandado Jasmine atrás de mais diários.

Mileena: Faz sentido. Minha mãe deve ter guardado os segredos mais relevantes nele. De qualquer forma, é melhor eu ir logo atrás dele antes que ele descubra o diário dela. Pode me dizer onde está?

Larkia: Ele está na casa dele, no centro do labirinto natural de Bisquitt, que fica a oeste daqui; não é difícil de achar a entrada. Mas antes de você ir, quero dizer mais duas coisas a você.

Mileena: Estou ouvindo.

Larkia: O local da casa de Aspo é bem protegido. Ele é coberto por uma magia emanada por um artefato chamado de Mauar, feito pelo próprio Omoma. Essa magia desorienta qualquer pessoa que entra no seu campo de ação. Além disso, há mercenários em locais estratégicos da propriedade. Se um deles te vir, já era. Se você derrubar um deles, Omoma vai saber de imediato. Isso se ele não te notar logo de cara.

Ao ter sua luva em mente, Mileena logo retrucou.

Mileena: Não me parece tão difícil assim... Mas, pelo jeito, você tem uma sugestão mais simples. Acertei?

Larkia: Ei, eu sou a adivinhadora aqui, não você.

Mileena: Er... Tá.

Larkia: Heh... Relaxa, tô brincando. Na verdade, em relação a isso, eu tenho um favor a te pedir.

Mileena: Favor?

Larkia: A próxima “cabritinha” é uma amiga minha que trabalha no Manicômio.

Mileena: Peraí... Bisquitt tem um manicômio? É sério isso?

Larkia: Manicômio é o nome do principal cabaré de Bisquitt. É liderado por Silol Goldmann, um dos homens mais bem-sucedidos e pilantras de todo o reino.

Mileena: Nunca ouvi falar dele...

Larkia: Normal, poucos sabem sobre ele. Mas, voltando, quero que você resgate essa minha amiga pra mim. Ela se chama Rosé e tem o cabelo pintado de púrpura. Fique de olho na segunda janela na parte oeste do segundo andar. É lá que fazem os preparativos para o envio para Aspo. Quando ela estiver sozinha, vá até lá e troque de lugar com ela. Assim, você passará pelo labirinto inteiro e até entrar na casa de Aspo sem que ninguém suspeite da troca até lá.

Mileena achou o plano interessante, mas a extrema conveniência a deixava insegura. Ela observou Larkia por um tempo para checar sua índole. A vidente, por sua vez, entendeu a atitude de Mileena e permaneceu em silêncio. No fim, a moça de manopla resolveu dar-lhe crédito.

Mileena: Ótimo plano. Que horas é feito o envio?

Larkia: Às 11 horas da noite. Tome cuidado com seu disfarce. Tong-Hu estará lá no cabaré.

Mileena: O quê?! Tong-Hu está aqui?!

Tong-Hu, o Tigre, um dos Combatentes Reais que participou ativamente na defesa de Sortiny durante a Rebelião das Bruxas. A menção do nome dele remeteu a moça de manopla àquela visão aterradora que teve depois que a rebelião acabou, onde suas irmãs foi impiedosamente massacradas a mando do então novo rei Retchie, embora o próprio Tong-Hu não tenha feito nada naquele momento além de observar a selvageria. Por mais que aquela memória lhe causasse dor, ela tinha que se conter em prol de seu objetivo.

Larkia: Sim, ele recebeu a mesma incumbência que deram pra Fileo. Mas, pra variar, aquele traste está procrastinando. E o ponto favorito dele é justamente o Manicômio. Ele e Silol são bons amigos.

Mileena: Hmph... Vou tomar cuidado. Obrigada, Larkia.

Larkia: Eu é que agradeço. Vou considerar esse resgate como pagamento pela consulta, então não precisa me dar dinheiro.

Mileena: Puxa... Obrigada pela gentileza. Eu vou resgatar sua amiga sem falta.

Mileena se levantou para ir embora, mas Larkia a deteve.

Larkia: Eu não acabei...

Mileena: Hm... O que mais você... Ah, é; você tem outra coisa pra me falar, não é?

Larkia: Sim. É sobre a visão que eu tive.

Mileena: Nem acredito que me esqueci disso. Diga, qual é a minha calamidade mortal?

Larkia: Pra falar a verdade, não sei exatamente o que é.

Mileena: Como assim, não sabe?

Larkia: Eu vi uma silhueta. Parece ser de alguma criatura gigante, mas que mudava de forma o tempo todo, até parar numa forma parecida com a de um dragão. Ela tem poder para devastar esse reino inteiro. Talvez, até pra destruir toda Realia. Pelo que eu vi, você será a única pessoa capaz de deter essa coisa. Infelizmente, não pude prever o que vem depois.

Mileena: Entendo... Tem ideia de quando isso está para acontecer?

Larkia: Em breve. Talvez em questão de dias. Não sei ao certo.

Mileena ficou preocupada com a revelação de Larkia e ficou cabisbaixa por um tempo, ponderando sobre o assunto. Mas, enquanto pensava, ela sentiu algo se encostando em sua perna. Era um gato branco, que se roçava dengosamente, pedindo um pouco de carinho. Sorridente, Mileena o atendeu, se curvando para acariciar o bicho. Logo após, Mileena agradeceu a vidente de novo e foi embora de seu barraco. Assim que ela saiu, outra figura se revelou dentro do local: Um homem de longos cabelos loiros, o qual trajava uma longa túnica cerimonial azul com grandes ombreiras finas feitas de tecido que se uniam, formando uma espécie de capa. Ele estava vendado, mas se movia como se estivesse enxergando bem.

?????: “Vai ficar tudo bem”. É isso que a presença daquele gato branco quis dizer, não é?

Larkia: Eu já falei que a adivinhadora aqui sou eu. Você não pense em roubar o meu trabalho, Senhor Hasak.

Hasak: Hahahaha! Não precisa ser arredia comigo. Aliás, você pode muito bem me chamar de papai.

Larkia: Desde que você tome jeito, eu vou pensar...

Apesar das palavras duras, a conversa era nada além de lúdica, coisa de pai e filha. Mas Hasak deixou esse tom de lado, partindo para algo mais sério.

Hasak: Bem... E aí? O que achou dela?

Larkia: Minha visão só confirmou o que você falou. É ela. Tenho certeza.

Hasak: Sim. É ela. A heroína que resgatará Sortiny da sombra de Pravus.

Com um sorriso que esboçava esperança, o ex-Combatente deu um suspiro feliz, ciente de um bom futuro que estava adiante.

Hasak: Contamos com você... Mileena Darphai.