Yasmin lançou uma pequena chama sobre um amontoado de gravetos, ateando fogo neles. Ela, assim como suas companheiras, ainda estava nas proximidades do rio, uma vez que não haviam encontrado um local adequado para passar a noite.
-Yasmin: Não duvido que este local esteja repleto de predadores noturnos, portanto teremos que nos revezar para manter uma vigia. Portanto eu começarei e depois você me substitui, Luna.
-Luna: De acordo.
-Karin: Espera um pouco, e eu?
-Luna: Você vai dormir bem quietinha! Fui clara?
-Karin: ...sim...
Apesar de não ficar muito contente por ser tratada como criança, Karin preferiu acatar a ordem da sacerdotisa. Ela sabia que brigas naquele local perigoso poderiam ter sérias conseqüências.
-Yasmin: A propósito, Luna. Eu estive observando seu estilo de luta e gostaria que me explicasse algo.
-Luna: E o que seria?
-Yasmin: Como você consegue fazer a água assumir formas tão perfeitas e sólidas?
-Luna: É simples. Eu apenas manipulo a estrutura molecular de forma que ela mantenha um estado de solidez próximo ao do gelo, mas permaneça com flexibilidade.
-Yasmin: Acho que não dá pra fazer isso com fogo...
-Luna: Melhor nem tentar. A última coisa de que precisamos é você com as mãos queimadas por tentar manusear fogo.

Noite em Chesord. As ruas de Siral, iluminadas pela lua e pelos lampiões no topo de pequenos postes de metal, estavam desertas. Todos já sabiam da presença de um membro da Ordem da Rose Branca lá e o que isso significava. O medo dos misteriosos destruidores de pilares, aumentado por várias histórias exageradas, mantinha a população trancada em suas casas. O único que se encontrava do lado de fora era o próprio Sol, nada contente.
-Sol: Mas que chatice...
Sentado em um banco na praça vazia, ao lado de um poste apagado, o loiro observava o pilar como se esperasse que algo espetacular fosse acontecer. Em sua mente ele não cessava de culpar os inimigos desconhecidos que o impediam de estar em meio ao público, compartilhando sua beleza com outras pessoas.
-Sol: Maldito Vulcano. Eu sabia que devia ter insistido para ELE ficar e eu ir caçar as bruxas!
Movendo-se como um fantasma entre as esparsas árvores, Samantha aproximava-se lentamente de Sol, pelas costas deste. Mantendo os olhos sempre fixos em seu alvo e valendo-se de cautela extrema, ela se preparava para o momento de desferir um golpe mortal com suas garras.
-Sol: E vou aproveitar a estadia aqui para mostrar àquele moleque como um homem de verdade deve agir. Comigo como professor ele vai virar um cavalheiro irresistível em pouquíssimo tempo.
-Samantha: “Sobre o que esse idiota está falando?”
Agora a poucos metros de distância do membro da rosa branca, Samantha dobrou o braço direito, pronta para enterrar suas garras em Sol. Porém, ela mantinha passos leves e lentos, prendendo a respiração, tudo para que o alvo apenas notasse o ataque tarde demais.
-Samantha: “Adeus, imbecil.”
Apenas mais um passo. Samantha não pôde evitar que uma gota de suor escorresse pelo seu rosto, pois mal conseguia imaginar que realmente eliminaria um membro da famosa Ordem da Rosa Branca tão facilmente. Parecia irreal demais. Porém, o ataque não ocorreu, pois quando completou o último passo a bruxa foi surpreendida por uma luminosidade cegante vinda do chão.
-Samantha: Urgh!
Quando Samantha abriu os olhos novamente, Sol estava em pé, observando-a com curiosidade.
-Sol: Você é muito bonita. É uma pena que seja minha inimiga.
-Samantha: O que você fez...?
-Sol: Está vendo estes pontos amarelos no chão?
De fato, ao redor do banco havia minúsculas esferas amarelas, tão pequenas e aparentemente inofensivas que a bruxa pensou que fossem apenas enfeites. Porém, elas começaram a sumir, uma por uma.
-Sol: São pequenas estrelas. Quando você pisou ao redor do banco fez com que algumas explodissem, revelando sua presença.
-Samantha: Tch... eu fui descuidada. Mas não importa, você ainda vai morrer.
-Sol: Como assim?
O som de passos velozes e apressados vindos pelo lado esquerdo fez com que o loiro fixasse o olhar naquela direção, percebendo que alguém saltava, preparando-se para atingi-lo com duas espadas.
-Sol: Quanta ingenuidade.
Abrindo um sorriso de desdém, Sol balançou o braço direito para o lado, como se tentasse atingir o inimigo com uma arma invisível. Porém, para a surpresa de Samantha e William, uma arma de fato surgiu na mão do inimigo. Inicialmente um cabo, em seguida uma corrente, e por fim uma esfera repleta de espinhos, a qual se chocou contra as espadas do manipulador do vento, bloqueando o golpe.
-Sol: Não podem me derrotar com essas táticas. Um verdadeiro vencedor não tem medo de se revelar ao oponente antes de atacar.
Sol logo notou o som de passos no lado oposto a William e percebeu que mais um inimigo se aproximava, um guerreiro de armadura empunhando um machado: Fernand.
-Sol: Três guerreiros, exatamente como Inferno disse que seria. Sinto em dizer que cometeram um erro vindo aqui. Eu sou Sol, membro da Ordem da Rosa Branca e o homem com o estilo de luta mais perfeito que existe. E vocês sabem por quê?
-William: Não. E nem quero saber!
Impulsionando-se com uma rajada de vento, William saltou sobre Sol, visando atacá-lo por cima com suas espadas. O loiro, sem demonstrar preocupação, ergueu a mão esquerda ao alto e disparou uma esfera amarelada e brilhante, a qual explodiu ao entrar em contato com as armas do guerreiro do vento, lançando-o para trás. Apesar disso, este conseguiu cair em pé.
-Sol: Mas eu direi assim mesmo. Eu manipulo a luz e as chamas e sou capaz de uni-las em lindas estrelas explosivas. Vocês morrerão em meio a uma explosão brilhante de beleza incomparável. Em outras palavras, por um breve instante, vocês, seres de alma horrenda e corrompida, compartilharão a minha beleza suprema. É por isso que meu estilo de luta é perfeito.
-Fernand: Eu nunca ouvi tanta baboseira em tão pouco tempo. Quero ver você falar de beleza quando estiver soterrado e com dezenas de fraturas!
-Sol: Quanta falta de respeito! Quer ser o primeiro a abandonar a feiúra?