Roses

Mágoas e Mentiras


– Somos de mundos diferentes, Elizabeth! - ele exclamou enquanto tocava o meu colar com pingente de cisne - Isso não poderia ter acontecido...

– Do que você me chamou? - perguntei ainda confusa enquanto dei um passo para trás - Repete.

– Esquece tudo o que eu disse, ok? - Killian tentou se explicar, mas aquilo não me convenceu.

Ele tentou pousar sua mão no meu ombro, mas o repeli como se ele próprio tivesse uma doença contagiosa. Aquela não foi minha intenção, porém eu sentia uma raiva tão grande que só aumentava. Por que ele estava mentindo pra mim? Por qual motivo?

– Sr. Jones, por favor - o encarei.

– Emma, eu não sei.

Não reconheci o homem que estava ali na minha frente. Sua aparência física estava como antes - creio que apenas os olhos perderam parte do brilho -, mas seus sentimentos estavam tão evidentes quanto a chuva de meteoros no último verão.

– Estou cansada de ser a pobre mulher que perdeu a memória num acidente! - exclamei ao apontar o dedo para o rosto dele, eu estava mais agressiva que antes - E você sabe!

Quando Killian ia abrir a boca - para contar mentiras ou meias verdades -, Mary Margaret surgiu, e nosso olhar se voltou para a mulher que parecia aflita.

– Por que vocês dois não acalmam os nervos? - ela perguntou baixo - Chamaram a atenção de toda Storybrooke.

Foi então que eu percebi onde estávamos. Os curiosos saíam de toda parte nos observar, ou até mesmo olhar pela fresta da janela - um problema em cidades pequenas. Abaixei minha cabeça tentando esconder a vergonha que sentia.

– É melhor... - ele ia falando, mas eu não deixei que terminasse a frase.

– Cada um seguir seu caminho, de preferência em direções opostas - terminei.

Agora a única coisa que me incomodava era meu pingente - o qual Killian não parava de olhar. Resolvi “presenteá-lo”. Puxei a gargantilha tão forte que a mesma se arrebentou. Deixei que ficasse ali mesmo no chão. Ignorei o que viria depois e comecei a andar em direção à saída da cidade.

Eu sou assim: Não suporto mentiras.

P.O.V EMMA OFF

...

– Killian, você possui um cérebro?! - a voz de Regina foi ouvida por toda prefeitura - Eu me lembro muito bem de ter dito pra me encontrar aqui em uma hora.

O homem se encontrava com a cabeça baixa, voltando seu olhar para o chão. Regina imaginava o que ele estava sentindo naquele momento, e apostava sua vida que ele estava confuso demais para raciocinar como deveria.

– Você tinha que manter essa boca fechada. - ela se enraiveceu batendo os punhos na mesa - Agora essa mulher deve estar ainda mais perdida.

Novamente, Killian não pronunciou uma palavra, o que irritava ainda mais a prefeita.

– Nada faz sentido... - Regina ficou confusa - Por que Gold está fingindo que não a conhece?

– Por que ele pretende enganá-la, com a minha ajuda - Killian disse.

A irmã o repreendeu com um olhar que só suas órbitas castanhas conseguiam causar-lhe medo.

– Conte-me tudo, - Regina ordenou - desde o começo.

Killian desabou em um a cadeira que um dia havia sido confortável e pensou muito bem nas palavras que estavam prestes a serem ditas.

– Quando Gold chegou à cidade, ele me telefonou. Ele queria toda a quantia em dinheiro vivo da minha dívida pela manhã. Mas como você bem sabe Regina, eu não tenho um tostão... Então Gold me mandou levar Emma até ele. No início eu não entendi o porquê, mas depois que eu tive aquele sonho, tive certeza... Eu juro que só soube quem era ela depois.

– Emma é realmente Elizabeth... Como esse mundo é pequeno - a irmã disse - Mas isso não justifica o que você fez hoje, tinha que vir aqui primeiro.

– Regina, será que ainda não entendeu? - Killian se levantou - Gold me telefonou essa manhã, e me mandou fazer isso, então eu não poderia ter te obedecido.

– Quer dizer que o Neal aparecer de surpresa no Granny´s, você se preocupar tanto com ela foi tudo uma armação?

– Foi. - ele fechou os olhos - Mas eu tive que fazer isso.

– Por quê? - Regina perguntou.

– Ou eu participava do plano, ou não veria você novamente.

“Gold sabe que o quanto sou fraco quando o assunto é família”.

– Killian, se ainda não percebeu ele está te controlando como antes!

Regina foi até a porta e a abriu num estrondo, e após fazer um gesto para que o irmão saísse, ela falou:

– Do Sr.Gold cuido eu, agora vá atrás dela.

– Não posso. - ele argumentou.

– Isso é uma desculpa pra disfarçar o medo que você está sentindo - Regina se aproximou - Agora me obedeça imediatamente.

...

Emma andava a passos rápidos em direção ao... ao que ela ainda não sabia, a cidade de Storybrooke era pequena, e ainda sim desconhecida. Ela só não contava com uma certa mulher de pele branquíssima - MM - que a seguia silenciosamente.

– Ei! - ela chamou a outra, que continuou no mesmo ritmo. - Tem ideia pra onde está indo?

– Não importa, eu só quero sair daqui.

– Emma, eu e metade da população vimos que você não é prima do Killian... - MM sorriu quando a loira parou - E eu acidentalmente ouvi sobre a sua perda de memória.

– Isso não tem mais importância - Emma cruzou os braços.

Mary Margaret se aproximou dela e com toda a calma, disse:

– Tem importância sim, você só está com medo desse novo sentimento, não é mesmo?... Está magoada com o Killian porque o ama.

Não obteve resposta.

– Quer desabafar? - MM insistiu.

– Q-Quero - Emma disse baixinho.

– Ótimo. - a outra puxou o braço da loira - Vamos pra minha casa.

Após andarem alguns minutos, Emma avistou Neal que acabara de sair da loja do pai.

– Mary, eu preciso fazer uma coisa, pode me esperar?

– Claro.

A loira correu até o homem, que não havia percebido sua presença por causa dos fones de ouvido, mas assim que ela lhe chamou, percebeu de quem se tratava.

– Oi - ele sorriu sem graça.

– Eu queria pedir perdão por ter te ameaçado daquele jeito, geralmente não trato as pessoas assim.

“Geralmente trata”, ele pensou.

– Está tudo bem, não precisa.

– Preciso sim.

Neal sorriu ao se lembrar o quanto Elizabeth podia ser persuasiva. Eles ficariam “discutindo” o dia todo sobre aquilo se ele não interviesse.

– Se quer realmente meu perdão, aceite o meu convite pra jantar comigo essa noite.

– Mas...

– Apenas como amigos - ele insistiu.

– Está bem. - ela disse sem pensar - Eu preciso de respostas, e se você e seu pai sabem sobre mim, por favor, me ajudem.

– Eu tenho todas as respostas. - ele sussurrou no ouvido dela - Às 20hs na minha casa.

"Eu não sou uma pessoa perfeita
Há muitas coisas que

eu gostaria de não ter feito

[...]

Eu encontrei uma razão para mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para começar de novo
E a razão é você".

The Reason - Hoobastank