Roses

Família, Baile e Adeus


– Eu sei exatamente o que se passa com você - ele impediu que uma lágrima caísse - Sou seu amigo, só quero te ajudar.

Pelo pouco que se lembrava, Emma jamais viu Neal ser tão confiante em relação a qualquer outra coisa - pelo menos quando adolescente.

– Vá embora! - ela tentou fazer com que ele a deixasse em paz - Quero ficar sozinha.

– A Emma que eu conheço não chora pelo cara, ela o parte em dois - ele deu risinho enquanto se afastava um pouco dela.

– Me chamou de Emma? - a loira o observou atentamente.

– É que você nunca gostou do nome Elizabeth. - Neal explicou - Você pode confiar em mim, agora podemos ir?

Ele lhe estendeu a mão, primeiro Emma hesitou em aceitar o gesto, mas quando suas mãos se tocaram com certeza significava um “Sim”.

...

– O que aconteceu com você? - Killian perguntou enquanto a abraçava - Todos nós pensamos que você tinha m...

– Morrido? - ela o interrompeu - É um a longa história.

– Mamãe? - ambos se voltaram para um menino que olhava de forma confusa para Milah, mas estava curioso o suficiente para se meter na conversa.

– Liam, eu disse pra você ficar no Granny´s até a mamãe voltar - ela o repreendeu.

– Já tenho seis anos, sou quase um adulto! - ele protestou.

Killian não pôde deixar de sorrir com a tamanha teimosia daquela criança, mas só depois percebeu que Milah se se intitulou de “mãe” quando respondeu ao garoto.

– Ele é seu filho?

– Sim - ela respondeu com os olhos cravados no chão.

Killian sentiu uma ponta de raiva. Se Liam tinha seis anos significava que ele fora traído por Milah quando estavam juntos? Ou... os olhos do garoto eram azuis como os dele; seus cabelos possuíam a mesma tonalidade castanha.... Será que expressava outra coisa?

– Ele é “aquele cara”? - Liam perguntou a mãe, como se Killian não estivesse lá.

– É sim - Milah se emocionou.

O garoto sorriu de tal forma que quase todos seus dentes apareceram, e ele abraçou Killian rapidamente, mas depois se afastou envergonhado.

– Eu não sei como explicar, mas... Você é pai... Pai do Liam.

...

A mansão do Sr.Gold estava insuportavelmente fria. Ou era isso, ou Emma estava nervosa o suficiente para imaginar tal fato. Neal a conduziu até a sala de estar, e não demorou muito para que o pai do mesmo surgisse através da porta de mogno.

– Vejo que trouxe visitas - o mais velho disse ao filho - É um prazer revê-la, senhorita.

Emma apenas tentou sorrir, não queria que Gold percebesse a sua fragilidade, apesar de seus olhos permanecerem vermelhos e suas pernas voltadas para a porta de entrada, tudo indicava uma posição de fuga.

– Ela não é visita, pai. - Neal falou - A partir de hoje ela vai morar aqui.

– O que?! - a loira se assustou - N-Não posso, desculpe.

Emma girou os calcanhares indo em direção à entrada, até pensou em procurar Killian para, quem sabe, obter alguma explicação, mas seus pensamentos foram interrompidos por uma voz feminina.

– Elizabeth? - ela chamou.

– Sim. - a loira respondeu involuntariamente, e virou-se para ver quem era.

Se deparou com uma mulher bonita, de meia idade, os olhos verdes da mesma se encheram de lágrimas quando encarou Emma.

...

P.O.V EMMA ON

Fiquei o resto do dia sem comer, falar ou respirar direito. Segundo a Sra. Miller, aquilo poderia indicar o início de uma depressão, mas achei aquela teoria sem cabimento algum. Talvez quando eu soubesse a verdadeira razão por Killian ter me deixado de lado, apesar de tudo o que passamos juntos, eu parasse de agir daquela forma.

– Posso me sentar aqui? - Neal surgiu por entre alguns arbustos do jardim.

– Claro - tentei sorrir, mas quando avistei uma roseira, a tristeza tomou conta novamente.

– Não gosto de te ver assim - ele me encarou - Quero te ajudar.

– Vai passar com o tempo - tentei cair na minha própria mentira.

– Não vai - ele disse baixo - mas eu vou estar aqui se precisar de um abraço.

– Eu preciso - sequei algumas lágrimas fugitivas.

Acho que ambos ficamos confusos naquela hora, nos aproximamos vagarosamente e o abraço foi recíproco. Senti como se a solidão tivesse desistido de ser minha companhia.

Horas depois, já no quarto de hóspedes, eu já estava com uma leve dor de cabeça de tanto ouvir a Sra. Miller reclamar ao celular. Primeiro foi porque Storybrooke não possuía um aeroporto; segundo porque não tinham médicos descentes - e eu discordei totalmente -; e terceiro porque o próximo ônibus só sairia na noite do dia seguinte. O que me incomodou bastante foi que ela não convocou ninguém para “resgatá-la”, e ao invés disso, preferiu desligar o celular e esperar.

– Nesta cidade ninguém está disponível por causa de um maldito baile! - dessa vez ela falava comigo arrogantemente - Ainda bem que nós iremos embora amanhã.

– Achei que ficaria por mais tempo - eu disse.

– Não podemos querida. - a mulher sorriu - Eu consegui uma consulta com o melhor especialista em amnésia do país, e em breve você se lembrará de tudo.

– Que bom... - eu sorri - Sra.Miller, eu posso lhe pedir uma coisa?

– Tudo o que quiser, filha.

P.O.V EMMA OFF

...

O baile havia começado às 19hs em ponto. A música animada percorria todos os quatro cantos da escola - inclusive a vizinhança. Nem parecia que aquele lugar era frequentado por estudantes.

Todos os presentes estavam fantasiados de personagens de contos de fada, parecia até que tinham combinado, e pode-se dizer que estavam bem realistas.

– Emma não veio com o Killian. - MM, a Branca de Neve, comentou com o marido - Ela nem mesmo me procurou pra desabafar.

– A volta de Milah é muito recente, ainda mais quando ela e Killian possuem um filho juntos. - David falou.

Do outro lado do salão, sentado próximo a mesa de ponche, o “Capitão Gancho” observava os casais dançarem felizes, e se perguntava qual rumo tomaria na vida agora que seu passado voltara repentinamente. Mas Killian foi retirado de seus pensamentos quando avistou Milah e Liam entrarem pela enorme porta, ambos sem fantasia, mas preferiu manter distância e ir embora por outra porta.

Desta vez, ele adentrou no jardim, que estava completamente iluminado dando um brilho especial a todas as rosas que ali estavam.

– O que eu estou fazendo?! - ele ouviu alguém reclamar, mas a pessoa estava além do jardim, próxima a floresta - Eu nem deveria estar aqui.

Killian foi até lá, pois poderia ser algo grave. E era. Gravíssimo para sua conduta, seu raciocínio, e principalmente para seu coração.

Há alguns passos dele, Emma permanecia virada de costas e com os olhos voltados para o céu - observando as estrelas, ou melhor, conversando com elas -, mas Killian só conseguia perceber o quanto ela estava linda naquele vestido azul, parecia até uma princesa... Não, ela era uma princesa, ele tinha certeza.

– Emma? - ele a chamou.

A loira se assustou, não por ele ter despertado de seus pensamentos, mas sim por ser Killian Jones. Ela se virou lentamente, e ambos ficaram em silêncio quando se encararam. Emma pôs-se a tomar o rumo contrário dele, mas foi impedida por seus próprios pés quando ele a chamou novamente.

– Fica, - ele disse - precisamos convers...

– Não temos nada pra conversar. - ela o interrompeu - Agora se me dá licença, eu preciso arrumar minhas coisas pra viagem.

– Viagem? - ele repetiu.

– Estou indo embora com Gold, Neal e a Sra.Miller... a minha família.

– Desde quando Neal faz parte da sua família?! - Killian se alterou.

– Desde que você me esqueceu! - ela gritou - E... não foi atrás de mim.

Killian se aproximou com tamanha rapidez que Emma se assustou, e mesmo lutando com todas as suas forças para se afastar, não conseguia. Um podia sentir a respiração do outro, e aquela ligação que um tinha com o outro também começara, primeiro com as batidas aceleradas dos corações, e depois com o desejo de acabar com o espaço que havia entre eles. Mas não chegaram a encostar os lábios, pois foram interrompidos por uma voz infantil.

– Pai, a mamãe está te procurando.

Emma se afastou bruscamente, e notou que a criança fazia a pergunta exatamente para Killian. “Pai? Ele não me contou que Milah estava grávida... Mentiu de novo”.

– Por que brinca com os meus sentimentos? - Emma deixou algumas lágrimas caírem - Vejo que já encontrou sua família também.

– Emma, espera. - ele a segurou pelo braço.

– Acha que todo esse teatrinho que você fez não machuca?... Por favor, me deixa em paz.

– Não estou brincando. - ele ignorou a criança que o puxava na direção oposta - Eu só estou confuso.

– Então me deixa escolher por você: fique com ela, vai ser melhor assim. - ela secou as lágrimas - Enquanto eu retomo minha vida de antes, e assumo minhas responsabilidades.

– Vai se casar com Neal?! - ele gritou, parecendo estar com dor.

– Minha vida não lhe diz respeito. - ela falou friamente - Adeus, Sr. Jones.

“Uma estrela cadente caiu do seu coração

e pousou nos meus olhos

Eu gritei alto, conforme ela os rasgava,

e agora ela me deixou cego

As estrelas, a lua, todas elas

foram explodidas

Você me deixou no escuro

[...]

Na sombra do seu coração”.

Cosmic Love - Florence + The Machine