Scorpius sentou-se na cama devagar para não acordar a ruiva que dormia ao seu lado. Pela janela o sol já anunciava um novo dia. Rose estava de bruços com as costas nuas, o lençol a cobria só da cintura para baixo. Sorrindo o loiro encarou as sardas nas costas dela e desejou que aquele momento durasse muito.

Levantou da cama com muito cuidado, com a varinha convocou a calça que provavelmente ficara na sala. Ele devia ir embora antes que ela acordasse, desceu as escadas com essa intenção. Até que chegou na sala e viu a bagunça que os dois haviam deixado o lugar.

Enquanto arrumava as coisas com a varinha sorriu com as lembranças da noite anterior. Os dois não precisaram de palavras para demostrar a saudade que sentiam dos braços um do outro.

Ele olhou para a esquerda. Sete. Oito passos e ele iria embora. Sem precisar se despedir de Rose, e ela o entenderia. Ela saberia o porquê não a esperou acordar para ir embora. Olhou para a direita, e percebeu que já havia dormido com Rose três vezes, mas nunca haviam tomado café da manhã juntos, um dos dois sempre sumia pela manhã.

...

Rose girou na cama e não sentiu nenhum impacto, então ela soube que ele já tinha ido. A ruiva tentou não parecer uma daquelas bobas que ficavam encarando o lado vazio da cama enquanto lembravam-se da noite anterior, mas era exatamente aquilo que estava fazendo.

No primeiro momento ele se odiou por isso, então riu sozinha xingando o maldito Malfoy mentalmente por fazê-la agir como uma boba. De todos os relacionamentos que teve, os longos, os curtos e os de uma noite, Rose nunca, nunca, agiu como uma boba, mas ali estava ela agindo como tal.

Levantou-se da cama quando sentiu vontade de cheirar o travesseiro para ver se o cheiro dele havia ficado. Vestiu com seu robe preto e desceu as escadas pensando na bagunça que os dois haviam feito na sala na noite anterior.

Porém, não havia bagunça ou qualquer cosia que provasse que algo tenha acontecido ou que alguém tenha pisado naquela sala de tão arrumada que se encontrava.

...

Astoria Malfoy adorava cozinhar e Scorpius aprendera com ela, no entanto, há muito tempo ele não parava para fazer um café da manhã ou uma comida caseira que seja. Mas fazia por Rose e para Rose.

-Nossa Sophie esse cheiro está maravi...

Rose parou quando percebeu que diferente do que imaginou não era Sophie que cozinhava.

-Pensei que já tinha ido.

Scorpius sorriu do olhar confuso de Rose. Ele adorava surpreende-la.

-Sente-se o café já está quase pronto. E, estou esperando a omelete dourar um pouco mais.

Mesmo estranhando (e amando!) a situação Rose sentou-se observando o loiro terminar de preparar a omelete. Duas xicaras e dois pratos pousaram na mesa.

Scorpius estava estranhamente feliz. Todo momento que dividia com Rose era um momento feliz, mas aquele em especial era mais. -Você é um jovem bastante prendado, senhor Malfoy. Seu dote deve ser bastante caro.

-Nisso a senhorita tem razão, mas com toda certeza eu faria um desconto para ser seu.

Retrucou Scorpius colocando majestosamente a omelete nos pratos.

-Eu iria fazer um suco, mas uma viciada em café é uma viciada em café.

Rose riu. Ela, fez a garrafa de café pousar na mesa ao mesmo tempo em que o loiro sentava.

-Uau! U-aa-u!! Isso está uma delícia, Scorpius. De verdade. Eu achei que estaria pelo cheiro, mas é um milhão de vezes mais gostoso do que eu poderia imaginar.

-Obrigado. Eu sinceramente não achei que iria ficar tão gostoso. Há muito tempo que não cozinho.

-É como andar de vassoura a gente nunca esquece.

Scorpius assentiu com a cabeça e sorria para Rose.

-Sabe, Ro... Tudo aquilo que falei ontem é verdade. Eu realmente pretendo deixar tudo ao terminar essa missão.

-Tem certeza que não foi só algo dito no calor do momento? Promessas feitas entre lençóis não são válidas. Juro que não ficarei ressentida se elas não significarem nada.

Rose sabia que ela estava sendo chata batendo naquela tecla, mas as coisas com Scorpius não ocorriam no tempo que deviam ocorrer. Ela já se importava demais com ele. Já o desejava demais. Sentia uma falta absurda das coisas mais idiotas dele. Ela não podia se apegar a uma falsa esperança, não quando demorou tanto para aceitar a ideia de que não tinham um futuro juntos.

-Não quero passar minha vida fingindo ser outra pessoa. Na primeira vez que ficamos juntos, eu estava tentando me encontrar, você já estava na fase “já sei quem não quero ser”. Desde aquele dia eu descobri quem eu não quero ser. Eu não quero ser uma máscara, quero ser só o Scorpius, mas também não sei quem esse é. Mas quando estou com você, eu sinto que esse sou eu. Isso faz algum sentindo para você?

-Faz. Eu achei eu já sabia quem eu era, mas então percebi que na verdade já tinha esquecido, quando estamos juntos, eu me lembro.

-Oh Merlim! Nós somos tão clichês. Nossas famílias são rivais. Passamos de uma noite de sexo para algo mais. Eu sou rebelde e você é toda cheia de regras, pelo menos por enquanto. E, para completar nossa lista de clichês nos encontramos um no outro. É claro que esses são só os mais clássicos.

-Que sorte a nossa então. Há pessoas que passam a vida buscando um só clichê e nós somos a mistura de vários.

Rose comentou beijando Scorpius.

-Isso também quer dizer que a gente vai dar gente juntos. Afinal, clichês sempre funcionam.

Os dois se beijaram novamente, mas foram atrapalhados pelo grito de Melanie que vinha da sala.

-Pode entrar Sophie. Eles não transaram em cima dos convites de casamento.

-Graças a Merlim. Imagina eu ter que refazer todos.

-Se eu reencontrasse o amor da minha vida eu não daria a mínima para os seus convites, seria em cima deles mesmo. Sorte sua que a Rose é uma puritana...

-Eu discordo do puritana.

Scorpius comentou. Rose vinha atrás dele vermelha de vergonha.

-Opa, a noite rendeu. Viu Rose, eu disse que se fosse lesse aqueles contos na internet ele iria gostar tanto que iria ficar para o café da manhã.

Melanie disse maliciosamente.

Rose ficou mais vermelha ainda e olhava com ódio para as amigas.

-Então eu devo agradecer a você pelos truques novos que ela usou?

Scorpius retrucou achando graça da reação de Rose.

-Não só a ele. Dei alguns dos filmes que achei na casa do Victor para ela. Espero que tenha ajudado.

Sophie entrou na brincadeira.

-Scorpius você não tinha que ir?

Rose insinuou nervosa. Ela estava acostumada a falar abertamente de sexo com suas amigas, mas não tinha costume de falar disso na frente de alguém, ainda mais se esse alguém fosse Scorpius. Além disso, Sophie podia ser uma pessoa bastante vingativa e desde que Rose e Melanie fizeram a mesma brincadeira com ela, a ruiva estava marcada para sofrer nas mãos da amiga e, aquela era o momento que Sophie havia esperado.

-Tenho sim. Você me leva até a porta?

-Levo sim.

-Até mais meninas. Como sempre, foi um prazer.

-Até mais loiro, depois continuamos esse papo.

Sophie e Melanie despediram-se com uma piscada.

-Me lembre de nunca deixar você três juntos por mais de três minutos.

Rose comentou do lado de fora do apartamento.

-Ô por que? Adorei te deixar toda corada.

-Você é um idiota.

-O idiota. –Corrigiu-a Scorpius- Tenho que ir. –Conclui ele com um sorriso triste.

Rose suspirou fundo e exclamou “Eu sei”.

-Você vai ficar bem?

Scorpius perguntou passando as mãos no rosto de Rose.

-Vou sentir sua falta.

Ela confessou baixinho quase como se fosse um segredo.

-Não mais do que vou sentir sua falta. Mas é só essa missão. Eu juro. No momento que acabar eu serei eternamente seu.

Scorpius disse beijando-a.

-Scorpius. Quão perigosa é essa missão?

-Não se preocupe comigo. Eu ficarei bem.

-Volte inteiro.

-Eu só ficarei inteiro quando voltar porque meu coração vai ficar aqui.

Rose riu.

-Eu sei que isso deveria soar romântico, mas...

-Foi meio idiota.

Completou Rose rindo.

-Até mais, Scorpius.

-Até mais, Rose

... NAQUELA NOITE EM LONDRES

Hugo Weasley sentou-se na varanda de sua casa. Enquanto observava as estrelas lembrava-se da conversa com a mãe. O pai dele, Ronald Weasley, de alguma forma, ainda desconhecida, havia conseguido o endereço de Rose Weasley.

Sua mãe, Hermione, obviamente queira ir ao encontro da filha ‘perdida’ e, ela, contava com a participação do filho nisso, mas a verdade era que Hugo estava receoso para reencontrar a irmã.

Hugo não odiava Rose, nunca a o odiou. Ele não se afastou dela porque a família toda se afastou ou porque seu pai o obrigou a isso.

A verdade é que Rose, foi criada para ser a filha perfeita, ele, Hugo, sempre foi o segundo. Ninguém esperava que ele fosse perfeito. Ninguém esperava as melhores notas, ou o melhor comportamento dele porque já teriam isso de Rose. E, Hugo gostava disso, gostava de viver na sombra da irmã perfeita.

Porque assim ele podia ser imperfeito a vontade e seus pais não iriam se importar, pois tinham a filha perfeita para se gabar. Quando Rose resolveu quebrar essas expectativas que os pais colocaram sobre ela, foi duro para Hugo.

A princípio ele gastava quase todo seu tempo livre intermediando as discussões entre os pais e a irmã. Ele escutava os dois lados da história e tentava fazer os três se entenderem (o que nunca dava certo).

Com o passar do tempo, Hermione e Ronald, desistiam aos poucos de Rose. E, com isso aumentavam as cobranças sobre Hugo. No início eram só as notas, depois com os amigos, depois com a forma como estava priorizando o quabribol, com o tempo que gastava jogando vídeo game quando podia estar estudando...

Quando seus pais começaram a implicar com Hugo e exigiam perfeição do filho, ele se ressentia com Rose. Na cabeça jovem de Hugo se Rose não bancasse a chata e simplesmente mantivesse o roteiro ele não teria que abdicar das coisas que realmente gostava para ser o filhinho perfeito dos pais.

Ao passo que envelhecia Hugo percebeu o quão injusto havia sido com Rose, mas já era tarde. Ela havia sumido no mundo, no entanto agora ela voltara e, ele não sabia como agir. Não quando havia sido o pior dos irmãos.

...

NAQUELA NOITE EM MUNIQUE

ROSE WEASLEY.

—Rose, me explica mais uma vez, por que estamos aqui.

Melanie questionou baixinho no ouvido de Rose que estava ao seu lado.

—Porque amamos a Sophie.

Rose respondeu tentando convencer a si mesma. Naquele mesmo dia assim que chegou no apartamento, recebeu a notícia de que nesta noite iria ser a despedida de solteira de Sophie, uma informação estranha para Rose, uma vez que, elas junto com Melanie eram as madrinhas de casamento e ainda estavam planejando a tal despedida. No entanto, a sogra de Sophie decidiu quebrar a tradição e, ela mesma oferecer a despedida.

Portanto, Sophie, Rose e Melanie foram atraídas para a pior despedida de solteira de todas. A começar pelas convidadas que consistia em sua maior parte de velhas e, da família de Victor. Por serem todas de idade, não havia música atual, nem mesmo antiga, simplesmente não tinha música porque a tia-avó de Victor tinha um grave problema no ouvido.

E, para fechar com chave de ouro, o striper (N/A - sim, não tinha música, mas tinha stripper. Velha também pode ser safada kkk) era um senhor que devia estar na casa dos 65 anos, baixinho, e tinha uma abobora no lugar de barriga.

E como Melanie e eu éramos madrinhas, estávamos na primeira fila daquele espetáculo maravilhoso.

-Rose. Acho que não amo a Sophie ao ponto de aguentar isso.

-Nem eu. Vamos fugir?

Digo desviando o olhar do striper enquanto algumas senhoras davam gritos animados.

-No três.

Melanie diz baixinho.

-1. –O striper está puxando as calças.- 2- As velhas começam a ir para frente do palco.- 3-Ele tira a calça e corremos para o lado oposto.

....

Do bar consigo ver o olhar de Sophie pedindo socorro. Naquele momento o striper estava fazendo uma dancinha especial para ela. Eu até queria ajudar, mas Melanie e eu concordamos que era divertido demais.

—Então. Você e o Loiro.

Melanie comenta ainda rindo de Sophie.

-Agora entendo porque me fez pedir tantas bebidas.

-Sem enrolações, Rose. Fui eu que te ensinei isso.

-O que tem para saber? Nós transamos. É só.

Sophie se aproxima de nós, e senta-se ao meu lado no bar.

-Obrigada pela ajuda.

-Qual é Sophie. Tinha um striper lindo dançando sensualmente para você. Nós não íamos atrapalhar.

Comento.

-Quer saber, Rose? Quando você se casar com Scorpius, vai ver que tipo de striper vou encontrar para sua despedida.

-Não diga essas coisas Sophie. Sabe muito bem que a nossa querida Rose não pensa em casar. Ainda mais com um cara que é só sexo ocasional.

Melanie comentou acidamente.

-Ele não é só um cara com quem transo ocasionalmente. Ele é diferente. Ele me faz agir como uma idiota. E, ficou para o café da manhã. –Digo com um sorriso bobo- Viu! Ele me faz agir como se eu tivesse dezesseis anos.

Melanie e Sophie se olham cumplices.

-Sabe o que estou pensando, Mel?

-Acho que sei, Sophie.

-Será que a nossa, Rose. Acabou de admitir que está apaixonada, Mel?

-Eu diria que ela já passou pelo estagio da paixão, Sophie.

-Vocês são duas idiotas.

Comento as fazendo caírem na gargalhada.

-Acho que tem razão Mel. Olha só como ela ficou toda irritadinha.

Bufo e mais uma vez elas riem da minha cara. Odeio isso. Odeio ser o motivo de piada.

-Ok, paramos, mas vamos nos concentrar nas coisas importantes agora.

-Antes disso –Interrompe Melanie.- Só para ficar melhor entendido Rose você pode falar em alto e bom som que você ama o Scorpius, só para fins educacionais.

Olho para Melanie com desdém e ela ri vitoriosa.

-Mel. –Recrimina Sophie.

-Certo. Rose, eu odeio ser a portadora das más notícias, mas você sabe que ele e você...

-Ele disse que ia largar o trabalho, após essa missão.

Informo-as já prevendo o que iam dizer. Com o canto do olho observo Sophie segurar um grito de animação.

-Rose! Isso é ótimo! Merlim! Merlim! Merlim! Vocês... Ele... Merlim! Vocês irão ser tão felizes.

-Menos, Sophie. Eu não gosto disso. Não gosto de promessas, ou coisas que me deem esperanças. Eu estava bem com a não possibilidade termos um futuro, mas agora que eu sei que podemos ter ... E, se nesse tempo distante ele mudar de ideia e eu ficar aqui esperando como uma besta. Não gosto de ser idiota.

-E se ele não mudar de ideia? Rose, não tenha medo de ser idiota. Sophie e eu sabemos que teve o coração ferido, mas não pode permitir que o medo de se ferir novamente te impeça de ser feliz. Scorpius parece bem seguro do sente por você.

-Eu também estou segura do que sinto por ele, mas quando estou com ele. Então ele some e eu fico assim perdida.

-E você acha que eu não estou nenhum pouco perdida? Agora mesmo estou desejando nunca ter conhecido Victor, ou ter concordado com esse casamento de última hora. Tenho inúmeras dúvidas sobre o nosso futuro. Não sei se vou conseguir ter somente um homem pelo resto da minha vida. Mas então eu lembro dos nossos momentos felizes e todas essas perdem sentido e, quando eu o vejo não há mais porque ter dúvidas.

-O que seria de mim sem vocês?

Pergunto recebendo um abraço das duas. E, ali no bar da pior despedida de solteira da história das despedidas de solteiras, percebo que estou agindo feito uma idiota, e estou bem com isso, afinal estou apaixonada por Scorpius Malfoy e o amor nos faz agir feito idiotas.

....