–O que aconteceu Scorpius?

–Eu acho melhor você sentar. E antes que eu comece, lembre-se você sempre pode pular fora do barco, eu não vou ligar. E mais uma coisa, eu vou estar aqui. Sempre.

–Scorpius sem drama. Me fala logo o que aconteceu.

Scorpius Malfoy se sentou na mesinha em frente ao sofá em que tinha sentado Rose, ele fechou os olhos e lembrou, lembrou-se do que tinha acontecido na noite anterior.

FLASHBACK ON

Astória Malfoy estava empenhada em fazer com que seu marido e seu filho finalmente se entendessem, pois aquele não era o momento para problemas particulares atrapalharem a união familiar que era mais que necessária. Então ela armou para que Scorpius e Draco fiassem a sós.

Os dois tinham sido desmaiados através de uma poção e levados para o porão. Quando acordaram encontraram uma carta de Astória.

'Vocês têm até amanha de manhã para se resolverem.

PS: Não se matem’

–Não acredito que sua mãe vez isso.

–Na verdade eu estou surpreso que ela tenha feito antes.

–Já que pelo visto estamos presos aqui proponho que fazer o que ela manda, nos resolver.

Digo depois de um longo tempo em silencio.

–Resolver o quê? Você vai para Azkaban Scorpius somente por orgulho ferido.

–Orgulho ferido?

–Isso mesmo. Eu entendo que você tenha desviado um pouco do caminho que estava seguindo com a recusa do Potter em te aceitar como auror, mas você ficou com raiva de mim, com raiva de si, da nossa família e por puro orgulho começou a agir como as pessoas esperam que os Malfoy's ajam, porque não adianta ser bonzinho quando se carrega o nome Malfoy. Não adianta fazer o certo quando temos tantos familiares envolvidos com artes das trevas, inclusive o pai.

–Não é bem assim...

–É sim. Eu passei pelas mesmas coisas Scorpius, e quando passei era mil vezes pior, a guerra tinha acabado a pouco tempo, eu era comensal, meu pai era comensal, minha tia, minha mãe... Sabe o que é tentar fazer o bem quando já se foi um comensal? Eu digo, ninguém acredita. E você nem ao menos pode ficar com raiva porque elas têm razão. Não se pode confiar em alguém que tem a Marca no braço. Eu confesso que durante os primeiros anos eu me joguei completamente em bebidas e garotas, mas então um dia eu olhei para mim e me perguntei "É isso que eu sou?". Logo depois conheci sua mãe, e ela acreditou em mim, então comecei a trabalhar arduamente para o bem da comunidade trouxa sem esperar que eles me retribuíssem com um sorriso ou gratidão, depois do que minha família havia feito era mais que uma obrigação ajudar as pessoas, mas eu nao fazia porque era uma obrigação fazia porque eu me sentia melhor, me sentia menos imprestável, me sentia mais um homem que pudesse merecer sua mãe.

Draco encarava os olhos do seu filho, não com ódio ou com raiva, olhava com tristeza porque seu filho infelizmente nao tinha aprendido com seus erros. Olhava com tristeza porque aquela talvez seja a ultima vez que conversará com ele antes de vê-lo atrás de uma grade.

–Eu nao queria ter um filho, porque o nome Malfoy não é bem visto, nao queria que você tivesse que viver com os mesmos fantasmas que me assombravam, mas sua mãe insistiu tanto... E ela sempre consegue qualquer coisa de mim. Quando ela me contou que estava gravida fiquei arrependido na hora, pensei "Merlim acabei de condenar uma criança", mas Astória e eu conversamos e decidimos que nao deixaríamos você viver carregando o peso que carrego com meu nome, decidimos fazer de tudo para que evitar que isso aconteceria um dia. Foi nesse dia que resolvemos nos mudar da Mansão Malfoy e comprar uma casa nossa, um lugar onde iriamos construir nossas lembranças e deixar o passado para trás. Quando você nasceu e eu te peguei no colo pela primeira vez eu olhei em seus olhos, eles nao eram tão intensos como são agora, você sorriu para mim e todas as minhas preocupações sobre seu futuro foram embora. Porque, me chame de louco, mas eu vi em seus olhos bondade, amor... Porem o tempo passou e você comprovava cada vez mais que nao era um Malfoy que todos esperavam e eu nunca me senti tão feliz.

Draco engoliu em seco e se segurou para nao chorar ali na frente de seu filho, mas nao chorava na frente de ninguém.

–Até que chegou aquela maldita carta, quando você me disse o que o Potter tinha lhe respondido... Nunca senti dor maior em meu coração, porque a culpa era minha, eu tinha falhado com você com sua mãe. Não era para você sofrer pelo nome que carregava, mas aconteceu. Sua mãe me convenceu quando você começou a abusar do dinheiro, da bebida e das garotas que era só uma fase e que você encontraria seu caminho assim como eu encontrei o meu, mas aqui estamos nós a dois de seu julgamento por ter atacado trouxas, isso porque eles nao sabem do seu envolvimento com aquelas pessoas.

–Pai...

–SABE, eu jurava que você iria encontrar outra coisa que amava para fazer, mas acho que ficou tão cego de raiva por nao ter conseguido que nunca tentou olhar para o lado, não é mesmo? Nunca pensou em outras possibilidades. Queria ser auror porque queria, queria esfregar na cara do Weasley que era muito melhor do que ele achava. Como nao conseguiu foi para o lado oposto. Diga-me fica filho está feliz com as decisões que tomou?

–Estou porque acredite quando eu digo que quando tudo isso passar o senhor vai sentir muito orgulho de mim.

–Quando isso passar? Você sabe quantos anos no mínimo você vai pegar naquele julgamento Scorpius? No mínimo a vida toda.

–Eu tenho um ótimo advogado...

–Advogado nenhum vai ajudar nesse caso garoto. Quando você vai entender que nao tem jeito? Que você jogou toda sua vida fora. Quando vai entender que só tem dois dias para se despedir desse mundo "livre".

–Não seja tão pessimista pai...

–Não estou sendo pessimista estou sendo realista. Scorpius você tem ideia de quem vai ser o juiz do seu caso?

–Meu advogado ainda nao conseguiu essa informação

–Não? Pois eu te digo. Hermione Granger Weasley. Entendeu porque você definitivamente nao tem muito tempo como bruxo livre.

–Como é?

Scorpius perguntou preocupado, mas nao por si, seus pensamentos se encontravam em uma ruivinha.

–Isso mesmo que você ouviu. Hermione Weasley vai ser a juíza do seu caso, e provavelmente boa parte dos Weasley farão parte do juri.

–Como o senhor sabe disso?

–Ela mesma foi ao meu consultório me dizer isso.

–Porque ela faria isso?

–Ela disse que só foi me avisar porque sabia que Ronald estava fazendo tudo isso para se vingar de mim, e que não achava justo que o filho pagasse o pecado do pai.

–E pra evitar que o filho pague pelos pecados do pai ela resolve que vai julgar.

–Não, ela fez isso para evita que Ronald espalhasse pela impressa. Ela fez um acordo com o marido.

–Como assim?

–Eu não sei o que se passa na casa dos Weasley, o caso é que ela me disse isso e pronto.

FLASHBACK OFF

Sentada no sofá Rose escutou toda a historia de Scorpius atônica.

–Minha mãe vai julgar o caso?

–Segundo meu pai sim.

–E ele tem essa informação porque ela foi pessoalmente ao consultório dele informar a ele.?

–Tem alguma coisa estranha nisso tudo Scorpius. Primeiro porque ela foi lá informar. Segundo que Hermione Weasley não participa de um julgamento desde antes do meu nascimento. Terceiro ela esta fazendo isso para evitar que a informação do seu julgamento chegasse à imprensa...

–Eu sei o que você está sentido. É a sensação de que falta alguma peça do quebra-cabeça. Eu também acho que tem mais por trás disso tudo, mas meu pai negou-se a me dar qualquer outra informação.

–Pelo menos agora vocês estão mais ou menos, não?

–É eu diria mais ou menos, mas isso não é importante agora, o importante é o que você vai fazer? Seja qual for sua decisão eu te apoio plenamente.

Rose encara Scorpius. Ele a olhar preocupado, a ruiva percebe e a saber que ele está preocupada de alguma forma com ela ameniza o medo que estava sentido desde que soube quem vai julga-lo.

–Você desistir.

O loiro diz.

–Scorpius você acha mesmo que vou jogar tudo pro a logo agora que sei quem vai te julgar? Agora que preciso ficar mesmo. Quem mais poderia te manter fora de Azkaban se não eu?

–Não me preocupo em ficar o resto da minha vida em Azkaban se isso evitar qualquer sofrimento a você.

–Eu estou bem, juro. Não vou negar que fiquei abalada com essa noticia, mas qualquer um ficaria...

–Mas para você significa mais, ela é sua mãe...

–No momento você precisa mais de mim que ela... Se bem que ela nunca precisou de mim de qualquer forma.

–Rose se você se machucar de alguma forma enquanto estiver aqui, eu nunca vou me perdoar.

–Se essa é sua preocupação então trate de se manter fora de Azkaban, essa é a única coisa que poderia me ferir nesse momento. Porque se eu não conseguir salvar um inocente tudo que fiz durante todos esses anos de nada terão valido.

–Eu não vou convencer você a se mandar, né?

–Tanto quanto eu não vou convencer você a não se preocupar.

–Rose...

–Scorpius eu estou bem... Minha única preocupação agora é entrar em contato com Richard, o resto pode ser deixado para lá.

–Você é teimosa senhorita Weasley.

–Tanto quanto você Senhor Malfoy.

–Sabia que geralmente eu odeio que me chamem de Malfoy, mas na sua boca não parece tão ruim.

–E aí está você de volta... Estava demorando. Quase que sinto saudade desse seu lado brincalhão sabia?

–Admitindo que sentiu minha falta?

–Eu disse “quase”.

–Sabe o que esse meu lado brincalhão acha?

–Sei que vou me arrepender de perguntar, mas o quê?

–Ele acha que você está tão determinada de me deixar fora de Azkaban porque não vai conseguir se aguentar sem que eu esteja enchendo sua paciência.

–Diga ao seu lado brincalhão que ele talvez possa ter razão...

–Talvez

Ela repete quando vê o enorme sorriso que se formou nos rosto de Scorpius.

...

Há poucas quadras dali Ronald Weasley batia na porta 25 de um hotel qualquer.

–Bom dia.

Diz Richard assim que vê.

–Eu sou Ronald Weasley.

–Eu sei quem você é.

Richard diz friamente.

–Posso entrar? Creio que talvez possamos ter alguns assuntos em comum.

–Duvido muito, mas entre.

–Percebei que não gosta muito de mim.

–Que rápido o senhor não.

–Estão nesse caso vamos direto ao ponto. Você não tem vergonha na cara de estar fazendo a defesa de um Malfoy?

–É muita audácia sua vim até aqui falar em vergonha na cara.

–Não sei qual o seu problema comigo, mas sua raiva contra mim não podem deixa-lo ajudar um criminoso.

–O que eu faço ou não da vida não é da sua conta.

–Que seja, mas pense bem se ele merece uma defesa. Os Malfoy’s estão há anos comprando os juízes para não serem presos ou se fazendo de inocentes essa a primeira vez em décadas que temos uma chance de fazer justiça; Pense bem, caso contrario terá sangue de inocentes na sua mão. Até mais. E sinceramente espero não o vê no julgamento. Você parece ser uma boa pessoa não se deixe persuadir por canalhas como o Malfoy.

[...]