No dia anterior não tive nenhum sinal dele, procurei para ver onde ele estava sentado depois que voltei do recreio. Será que ele não havia ido à escola ou eu que não procurei direito?

Assim que passei pela porta vi Mônica me encarando ansiosa, ela me encarou por cada passo que eu dei até chegar à minha carteira. Estava pronta para perguntar a ela o motivo de tanta euforia, entretanto antes que eu pudesse falar algo vi uma pequena caixinha encima do meu lugar de sempre.

–é seu?- perguntei a Mônica

–não, já estava ai a hora que cheguei acho que é para você!

Peguei a caixinha de presente cor de creme, que tinha um lacinho preto. Creme, será que era uma coincidência? Havia uma delicada corrente dourada e um pingente de ferradura dentro dela, atrás um papel escrito meu nome e mais nada. Não havia dúvidas com certeza era de Bernardo!

–você viu se alguém colocou aqui?

–não, como eu disse já estava ai quando cheguei! Awn, que fofo! Você tem alguma suspeita de quem seja?

–talvez, mas não quero arriscar- Não queria falar para ela, se ela conhecesse a história dele, me daria um sermão, dizendo que eu não deveria me envolver com ele assim como fez Bruna ontem.

–mas por que uma ferradura? Nada contra, mas podia ser algo mais sei lá, romântico, está certo que é uma pulseira de pingentes, você pode colocar outras coisas. A não ser claro que você goste de ferraduras, já parei de falar!- disse ela levantando as mãos e vendo que estava falando demais

Realmente, seria mais fofo se fosse um coração ou algo assim, será que a ferradura tinha algum significado? Pelo que me lembro, não citei gostar de cavalos em nosso único e curto diálogo.

Fiquei curiosa para saber as intenções dele, não tinha coragem de falar com ele, mesmo sentado duas cadeiras atrás da minha. Então tive a brilhante ideia de persegui-lo no recreio para saber se descubro algo sobre ele. E essa ideia me trouxe onde estou. Pelo que parecia ninguém sabia onde ele ficava no recreio, não saber, era uma forma das meninas mostrarem que o esqueceram. Sentia-me uma espiã, talvez uma das três panteras! Enquanto ele andava no corredor entre os outros alunos eu andava normalmente, como se estivesse indo à cantina ou à biblioteca, contudo houve uma hora que ele virou em um corredor onde não havia muitos outros alunos, era a hora de acordar a parte ninja em mim. Tentava fazer o mínimo de barulho, e me escondia estre os pilares para que ele não me visse se olhasse para trás. Ele virou em um corredor, assim que virei o mesmo, algo me puxou.

Dei um giro e parei colada a uma superfície plana, Bernardo estava à minha frente, ele segurava meus pulsos contra a parede, e seu corpo prensava levemente o meu, conseguia sentir o meu coração batendo rapidamente em meu peito por causa do susto em ser pega e da cena que me deixava corada.

–ora, ora, o que faz aqui Donzela? Totalmente indefesa, não estava me seguindo estava?

–E-eu...

–já virou uma stalker? Não sabia que você está tão apaixonada por mim assim

Quando ele soltou essas palavras meu orgulho imediatamente me trouxe de volta a meu estado normal. Não acredito que ele disse aquilo!

–Não estou apaixonada por você!

–tem certeza?–ele roçou a bochecha dele na minha, a sensação foi como um pequeno choque na espinha, pude sentir a fragrância do perfume que ele usava, aquele cheiro iria ficar marcado em minha memória

–absoluta! Só queria saber qual era a sua!

–Digamos que tenho certo interesse por você Donzela, vejo que está usando a pulseira que eu te dei!- ele acariciou meu pulso com o dedão onde estava a pulseira

–Por que uma ferradura?- não tinha intenção de perguntar aquilo, mas foi a primeira coisa que consegui pensar para tentar manter uma distância entre nós e fingir que a primeira frase que ele me disse foi indiferente, apesar do meu coração ter dado um salto naquela hora

–Você é supersticiosa, e uma ferradura, dá sorte, não é atoa que você conseguiu um encontro comigo aqui hoje, longe de todo mundo, só eu e você...sozinhos- ele cheirou me pescoço, e depois meu cabelo

Não foi uma pergunta sobre eu ser supersticiosa, foi uma afirmação de alguém que tem certeza do que diz! Como ele sabia disso? Será que eu dava tanto na cara ou ele me perseguia?

–Como você sabe se eu sou supersticiosa?

Ele fingiu não ouvir minha pergunta ao invés disso passou seus lábios por minha bochecha, indo da maçã do meu rosto e parando perto de meus lábios, aquilo era quase uma tortura, estava implorando para que ele me beijasse logo quando ele falou:

–não consegue ou não quer resistir?

Antes que eu conseguisse dizer algo ele me beijou me prensando ainda mais contra a parede. Ele tinha uma pegada ótima, literalmente perdi o folego com aquele beijo, mas durou pouco, ele se afastou, deu um risinho e simplesmente saiu, ele dava passos cada vez mais distante, firme e satisfeito, quando virou o corredor eu deslizei pela parede e fiquei sentada no chão tentando entender meus sentimentos.