P.O.V. Ali.

To tão nervosa. Se o Austin vier eu tenho que impressioná-lo.

Afinal, não é todo dia que se é beijada por um cara super gato como ele.

Então cada um e todos os mínimos, mesmo microscópicos detalhes devem funcionar de acordo com o plano.

–Tá pronta Ali?

–To Trish. Ele ta ai?

–Tá.

Eu vou entrar dançando. Bom, eles vão apagar as luzes, vou dançar uma coreografia de dança do ventre, dar boas vindas, subir pra trocar de roupa e ai sim vou poder curtir a festa.

P.O.V. Austin.

De repente todas as luzes se apagam e algumas luzes se acendem envolta do palco.

–Caros convidados! Deem as boas vindas á nossa aniversariante Ali Dawson!

Ela dançou uma música conhecida da tal Shakira.

–Essa não é a voz da Shakira.

–É a voz da Ali.

–Ela tem esse vozerão?

–Tem.

O jeito que a barriga dela se movia parecia que não tinha ossos assim como o resto de seu corpo.

Quando ela acabou, fez aquele sinal de monges com as mãos como se rezasse e prestou reverências.

–Gostaram??

O povo gritou.

–Desculpa, não ouvi. Gostaram?

Eles gritaram mais alto.

–Ótimo! Aproveitem a festa e divirtam-se!

Alicia tornou a subir as escadas e quando voltou estava com um lindo vestido azul.

–Porque não me disse que sabia cantar desse jeito?

–Ai! Que susto!

–Me desculpe.

–Tudo bem.

–Você tem ossos certo?

–Tenho.

Disse ela rindo.

–Desculpe é que eu nunca vi nada parecido com aquilo que você fez.

–E se impressionou?

–Muito.

–Ótimo. Quer beber alguma coisa?

–Não obrigado.

–De nada.

–Aproveitando a festa Moon?

–Sai daqui agora Charlie! Você não foi convidado.

Os seguranças vieram e arrastaram Charles para fora.

–Desculpe senhorita.

–Sem problemas, mas eu não quero tornar a vê-lo aqui dentro. Certo?

–Sim senhorita.

–Desculpe por isso.

–Sem problemas.

–Você sabe dançar Austin?

–Sim.

–Então prove.

–Como?

–Dance comigo.

–Certo.

Ela me puxou para a pista e ergueu a mão e a girou como quando o DJ faz ao mexer o disco e a música mudou.

Nunca tinha dançado daquela forma em meus duzentos anos, mas foi divertido.

Era como dançar tango. Achei que fosse ficar louco com o jeito que o corpo dela se movia, com a proximidade de nossos corpos, com o contato.

Quando acabou eu senti os meus olhos. Eles estavam quentes, muito quentes e quando eles ficam assim ou estou com sede ou estou sentindo desejo e no momento estou sentindo as duas coisas.

–Austin! Seus olhos.

–Eu tenho que ir.

Ela não me deixou ir.

–Shh, calma. Vem comigo.

–Eu tenho que...

–Deixa eu te ajudar. Por favor.

Ela me levou pra cima, entramos em um cômodo que logo presumi ser o quarto dela.

Alicia tocou levemente o meu rosto.

–Você é um anjo?

Eu ri.

–Sou um vampiro.

–Nossa!

–Está com medo?

–Estou.

–Ótimo.

–Não tenho medo de você. Tenho mede de perder você.

–Você não vai.

Ela sorriu pra mim.

–Se sente melhor? Acha que consegue descer?

–Sim.

–Foi culpa minha?

–Não.

–Que bom. Isso me deixa muito aliviada.

–Porque?

–Só de pensar que eu posso estar machucando você eu...

–Não é culpa sua. Silas me fez vampiro.

–O seu pai.

–Sim. Ele me encontrou morrendo de Gripe espanhola.

–Nossa! Que horrível.

–Meu nome do meio é o nome da minha mãe biológica. Mônica.

–Onde você nasceu?

–Inglaterra.

–Olha! Seu rosto voltou ao normal.

–Aquele era o meu normal Alicia.

–Tanto faz. Vem.

Ela me puxou e nós descemos até o primeiro andar.

–Austin, o que houve lá encima?

–Nada Alina.

–Tudo bem. Não vou contar pra ninguém sobre o Austin.

–Ela sabe?

–Sabe.

–Você sabe que a família toda vai ser implicada se isso acabar mal né?

–Mal tipo, eu virar a refeição?

–Exato.

–Alina!

–Não, tudo bem. Eu entendo. Numa boa.

–Alicia...

–Tá. Já entendi o recado.

Ela recuou e saiu andando. Alicia subiu as escadas e ouvi a porta bater.

P.O.V. Ali.

Eles são namorados! Como eu sou estúpida!

Nunca vou conseguir competir com uma vampira gata daquelas.

Sinto as lágrimas escorrerem, borrando a minha maquiagem e manchando a fronha branca do meu travesseiro.

–Como eu sou iludida. Eu sou uma idiota!

Alguém bate a porta.

–Quem é?

–Sou eu Ali. O que aconteceu?

Abri a porta pra Trish entrar.

–Fecha a porta.

–O que aconteceu?

–Eles são namorados.

–Quem?

–Austin e Alina.

P.O.V. Austin.

Ela deve ter ficado magoada.

–Porque você fez isso Alina?

–Você nunca vai ser um deles Austin! Entenda.

–Mas, isso não quer dizer nada.

–Não quer dizer nada?!

–Ela é o meu amor!

Gritei e até a música parou.

–Eu estive esperando por ela por tanto tempo e agora você estragou tudo!

–Austin...

–Não! Me deixa em paz!

Alina estragou a minha chance com Alicia.

P.O.V. Alina.

Que porcaria! Na minha tentativa de protegê-lo acabei magoando ele e agora vou ter que dar um jeito.

Subi as escadas e bati na porta do quarto dela.

–Quem é?

–Sou eu. Alina.

–Vá embora.

–Por favor, ele te ama.

Alicia abriu a porta.

–Ele é seu namorado!

Eu ri.

–Austin e eu não somos namorados.

–Não são?

–Não.

–Então porque você me odeia?

–Eu não te odeio. Não gosto de você particularmente, mas Alicia tenho inveja de você.

–De mim? Isso é bobagem.

–Não. Não é!

Contei pra ela a minha história e ela me abraçou.

–Eu sinto muito.

–Tá. Agora vai atrás dele.

–Obrigado.

Ela desceu as escadas correndo e tropeçou no último degrau caindo de cara.

–Ai.

Alicia se levantou rapidamente e saiu correndo.

P.O.V. Austin.

Aqui estou eu no meio do mato quando ouço ela gritar por mim.

–Austin! Austin! Austin, cadê você?

–Estou aqui.

Ela quase caiu de susto.

–Desculpe.

–Você tem que parar de fazer isso.

–Me desculpe.

–Tudo bem.

–O que houve com os seus sapatos?

–Meu salto entalou na grama e quebrou.

Ela disse rindo.

–E veio da sua casa até aqui, a pé?

–Foi.

–E descalça?

–Foi. E você perdeu o tombo que eu levei na escada.

–Machucou muito?

–Nada. Ai!

–O que houve?

–Que porcaria! Me picou.

–O que?

–Uma saúva. Eu odeio essas formigas.

Alicia começou a apertar a picada e o veneno saiu todo.

–Pronto.

–Como fez isso?

–Meu pai me ensinou. Ele foi escoteiro.

–Sei. Vem, vou te levar pra casa.

Tomei-a em meus braços e a levei de volta para sua casa.

–Essa foi com certeza a melhor festa de aniversário de todas! Obrigado.

Ela me deu um beijo na bochecha.

–A sua maquiagem.

–Eu sei. Toda borrada.

–Você...

–Chorei, mas o problema já foi resolvido.

–Me....

–Shh! Pare de se desculpar. Não foi culpa sua.

–Foi.

–Não foi. Eu tirei conclusões precipitadas.

–Que tal entrarmos e dançarmos mais uma música?

–Ótima ideia. Mas, vou colocar um sapato e retocar a maquiagem.

–Ótima ideia.

Ela riu.

Quando Alicia desceu as escadas ela estava estonteante.

Ela usava um vestido brilhante curto e decotado. E algo me dizia que ela o colocou pra mim.

O povo liberou a pista para que pudéssemos dançar.

–Essa foi a melhor tarde da minha existência.

–Ótimo. Fico feliz que tenha se divertido.

–Tchau.

Disse depositando um singelo beijo nas costas de sua mão.

–Tchau. Te vejo amanhã.

–Esperarei ansioso.

Quando cheguei em casa não me cabia em mim de tanta felicidade.

–Se divertiu Mônica?

–Muito.

Eu nem liguei pro fato do meu irmão ter me chamado pelo meu nome do meio.

–Eita! Que bicho mordeu ele?

–Ele está apaixonado.

Minha mãe disse tudo. Eu estou perdidamente, completamente e incondicionalmente apaixonado por ela. Alicia Dawson.

Ela é a garota mais bonita, linda, engraçada, fofa e maravilhosa do mundo.

Alicia vale a espera. Totalmente.

Tive que esperar duzentos anos para encontrá-la,mas valeu a pena. Esperaria mais duzentos se fosse necessário.

Ela tem aquele lindo rostinho de boneca, lábios vermelhos e doces. Ela é extraordinária, linda, incrível.

Depois de esperar um bom tempo eu fui até a casa dela, escalei a árvore e entrei pela janela.

Ela estava dormindo tranquilamente, como um anjo e para o meu deleite, Alicia começou a falar o meu nome enquanto dormia.

Quase esqueci de dizer que vampiros não dormem e nem produzem qualquer tipo de fluído corporal, bom quase nenhum.

Eu não produzo lágrimas, suor e nem nada assim. Mas, de acordo com as pesquisas do meu pai que nos usa como cobaias as vampiras ovulam e os vampiros produzem esperma.

É. Nojento.

Deitei-me ao lado dela na cama e ela rolou e me abraçou como se eu fosse seu travesseiro.

Estava tão perdido em pensamentos que nem percebi quando ela acordou.

–Uhm! Austin? O que está fazendo na minha cama?

–Me desculpe. Apenas, acho fascinante ver você dormir.

–Então tá.

–Só isso?

–O que você quer que eu diga? O meu cérebro não acordou ainda.

Deixei-a para que se vestisse e se arrumasse.

–Vou buscar o carro e já volto tá?

–Tá.

Disse ela com preguiça.

Assim que o meu carro estacionou o pai dela veio. E quando eu desci ele me olhou com uma cara...

–Quem é você menino?

–Sou Austin Moon.

–Sei. Entra rapaz.

–Sim senhor.

O pai de Alicia se sentou.

–Senta aí filho. Vamos conversar.

Me sentei.

O senhor Dawson pegou uma espingarda e engatilhou a mesma.

–Quais as suas intensões com a minha garotinha?

–As melhores possíveis.

Alicia que vinha descendo as escadas arregalou os olhos ao ver a espingarda nas mãos do pai.

–Papai!

–Estou só cumprindo meu dever. E eu tenho licença.

Ela deu um tapa na testa.

–Ai Jesus! Me acuda.

Depois deles me convidarem para tomar café com eles e eu recusar. Ela subiu as escadas, escovou os dentes e desceu outra vez.

–Tchau pai.

–Tchau princesa. Se cuide e não faça nada que eu não faria.

–Certo. Eu te amo.

–Também te amo filha.

Abri a porta para que ela entrasse.

–Obrigado.

–De nada.

Depois de estarmos dentro do carro ela diz:

–Me desculpe pelo meu pai. Ele é meio louco, mas é uma boa pessoa e nunca matou ninguém.

–Eu sei.

–Ótimo. Ele sempre consegue espantar os caras.

–Eu imagino.

–Ainda bem que você é á prova de balas.

Nós rimos.

Chegamos a escola ao mesmo tempo em que Dez e Patrícia.

–Oi.

–Oi.

–Ali! Quase me esqueci.

–Fale logo.

–Você tem que dançar com a gente no show de talentos esse fim de semana!

–O que vão dançar?

–Pussycatdolls. Buttons.

–Não. Já vi o clipe, nada feito.

–Por favor! Alina vai dançar com a gente.

–Alina irmã do Austin?

–A própria. Precisamos de você e da sua super voz. Please!

–Hum? O que vai me dar em troca?

–O que você quiser.

–Um Jimmy Shoe novo. Pra substituir aquele que eu detonei indo atrás do Austin.

–Feito!

–Contem comigo.

–Oba! Já até bolei os figurinos. Quer ver?

–Claro.

As duas saíram andando e conversando sobre as roupas e quando elas se encontraram com Alina e Rosalice o assunto se intensificou.

–Gostaram?

–Sim. É lindo.

–Minha mãe é costureira e ela vai me ajudar com os figurinos.

–Ótimo.

–E a sua mãe Ali? Nós nunca a vimos por aqui, onde ela está?

–A minha mãe... morreu quando eu tinha cinco anos. Ela tinha um problema chamado Ataxia de Friedreich.

–O que é isso?

–É um defeito genético. Uma doença neuromuscular degenerativa, ela teve um ataque do coração e morreu.

–Nossa! Que coisa.

–Tudo bem. Você não tinha como saber.

Que coisa. Eu não sabia sobre a mãe dela.

–Você...

–Não. É um gene recessivo.

–Isso é muito bom.

–Nem me fale.