POV. Ally

Até que a tarde foi bem divertida, apesar de estar ignorando o garoto debochado totalmente. Maria, a mulher que trabalha na casa há anos é um amor, passei algum tempo conversando com ela. Gostei muito de Trish e Dez também, seríamos bons amigos. Percebi que o garoto debochado não gostou muito da minha interação com seus amigos. Ciúmes, talvez. Depois do almoço, eles quiseram ir para a piscina, eu disse que não tinha biquíni e que Mimi havia me dito que faríamos compras para mim hoje à noite. Vesti um shortinho e uma regata e disse que apenas ficaria na espreguiçadeira lendo. Estava tão concentrada em minha leitura que nem percebi quando Dez se aproximou e me pegou no colo, apenas joguei meu livro na espreguiçadeira e me debatia e gritava para que me soltasse, mas não adiantou, ele pulou comigo na água. Quando voltei à superfície, olhei para ele com meu melhor olhar assassino, mas logo comecei a rir e a jogar água nele, Trish entrou na brincadeira, o garoto debochado ficou apenas observando perdido em pensamentos. Ficamos o resto da tarde na piscina, até dar 18:00 e os dois terem que ir embora. Eu fui para meu quarto tomar banho para que quando Mimi chegasse eu já estivesse pronta para sair. Tomei um banho demorado para lavar os cabelos. Escolhi a melhor roupa que eu tinha, que era uma calça jeans e uma blusinha simples preta, calcei minha única sapatilha e já estava pronta. Eu não tinha nada de maquiagem e essas coisas, Mimi me disse que compraríamos tudo que uma garota precisa. Eu estava muito animada, porque não me lembrava da última vez que havia feito compras, foi quando mamãe ainda era viva e no orfanato eu tinha pouquíssimas coisas. Seria muito bom ter minhas coisas. Resolvi mandar uma mensagem para Mel , mas a mensagem não foi entregue. Estranho! Eram 19:00 quando Mimi e Mike chegaram, ela passou no meu quarto e disse que iria apenas tomar um banho para que pudéssemos sair. Eu resolvi descer para comer alguma coisa antes de sair. O loiro debochado estava sentado à mesa mexendo no celular, o ignorei como das outras vezes e fui pegar um pedaço do bolo de chocolate maravilhoso que Maria havia feito. Me sentei de frente para ele e comecei a comer quieta. Vez ou outra mesmo com os olhos exclusivamente em meu bolo, eu o sentia olhando pra mim. Até que perdi a paciência.
— O que foi? – perguntei o encarando desafiadoramente.
— Apenas pensando no porque apenas eu consigo ver o quanto você é insuportável. – disse ele dando um sorriso sarcástico.
— Insuportável? Eu ainda não fiz nada para que você me ache insuportável, espere até eu começar. – digo sorrindo zombeteira – Se você achou que eu sou daquelas garotas que abaixam a cabeça para que garotos como você pisem nelas, você está muito enganado. Eu posso fazer você desejar não ter nascido. – digo ameaçadoramente.
— Ah, é? E como faria isso?
— Mexa comigo e verá. - Eu disse me levantando da mesa e indo escovar os dentes para sair. Logo que terminei, Mimi bateu na porta do meu quarto já pronta e saímos. No carro, Mimi ligou o rádio e começamos a conversar enquanto ela dirigia.
— Como foi seu primeiro dia de aula, querida? – perguntou.
— Foi bom, conheci pessoas novas bem legais.- Contei a ela como foi as aulas e sobre as pessoas que conheci.
— E como Austin tem te tratado? – Como eu responderia essa pergunta? Eu não poderia dizer: Seu filho é um verdadeiro idiota e pediu para eu fingir que não o conheço na escola. Então, respondi simplesmente:
— Bom, está tudo tranquilo. – Ela não pareceu acreditar muito, mas deixou o assunto de lado e começamos a conversar sobre banalidades. Ela me contou sobre a loja de colchões e que é a loja que mais vende no país. Em por volta de 25 minutos, chegamos ao shopping. Fazia tanto tempo que eu não entrava em um desses, que já havia até me esquecido como era. Primeiro, fomos ver as roupas. Tinha tantas roupas lindas. Mimi me ajudou a escolher várias blusas, shorts, calças, camisetas, casacos, saias e vestidos, ela tinha muito bom gosto e eu gostei de tudo que me sugeriu. Compramos muitas roupas mesmo, eu disse que não precisava de tudo aquilo, mas ela insistiu. Depois fomos ver os sapatos, eu estava no paraíso, eu tinha uma paixão por sapatos. Escolhemos sapatos de salto, sapatilhas, rasteirinhas e tênis. Depois fomos em outro lugar em que fiquei maravilhada, uma loja de maquiagens, eu sempre fui apaixonada por maquiagem, mas no orfanato não usava muito. Agora eu poderia usar. Compramos uma maleta que vinha com tudo que eu precisaria. Fomos em uma loja de lingeries, comprei várias calcinhas e sutiãs e alguns conjuntos mais bonitos, esses eu guardaria para uma ocasião especial e comprei também algumas camisolas. Depois fomos em uma loja de moda praia comprar biquínis, maiôs e saídas de praia. E por último, fomos comprar bolsas. Comprei bolsas grandes, pequenas e até mochilinha. Compramos também uma mala enorme para o caso de viajarmos. Depois que havíamos feito todas as compras, estávamos exaustas e famintas, então Mimi disse para irmos colocar as compras no carro e voltar para comer. Enquanto voltávamos, ela se lembrou que havíamos esquecido de comprar assessórios para eu usar, então fomos em uma loja de semi jóias e compramos várias coisas e aí sim fomos comer. Agradeci Mimi pelas compras e ela disse que eu não tinha nada que agradecer, que eu agora era sua filha. Fiquei emocionada, Mimi realmente me considerava sua filha. Depois de comer, fomos embora. O caminho de volta também foi agradável, eu me sentia muito bem e confortável com Mimi. Quando chegamos em casa, levamos todas as sacolas para o closet que havia em meu quarto e deixamos lá, amanhã eu arrumaria tudo. Mimi me desejou boa noite e foi dormir, pois estava exausta assim como eu. Fui tomar um banho rápido e vesti apenas uma camiseta confortável e caí na cama. Meu despertador toca e eu me levanto, dou uma olhada no WhatsApp para ver se a mensagem que enviei para Mel foi entregue, mas não. Estava começando a ficar preocupada, o que será que aconteceu? Mel não ficava tanto tempo sem olhar o Whats. Fui ao banheiro fazer minhas higienes matinais, fui até às sacolas e escolhi uma calça jeans clara que havíamos comprado ontem e uma blusinha preta com grandes flores cor- de- rosa estampadas nela e uma sapatilha nude, me perfumei , passei uma maquiagem leve, mas bonita. Um batom rosa claro e coloquei um dos brincos que havia comprado. Penteei meus cabelos e fiz um rabo de cavalo alto e desci já com as minha coisas.

— Bom dia, Ma. – cumprimentei a mulher de estatura baixa com um beijo na bochecha.
— Bom dia, querida. Dormiu bem? – pergunta carinhosa.
— Dormi.- menti. Na verdade, eu não havia dormido bem, havia tido o mesmo pesadelo que me assombra há 7 anos.
— Tome seu café, o menino já deve estar descendo. – disse colocando as coisas na mesa.
— Obrigada, Ma. Estou sem fome. – respondo.
— Aconteceu alguma coisa? – pergunta preocupada.
— Não, eu apenas não tenho fome pela manhã às vezes. – E era verdade.
— Tome pelo menos um suco de laranja. – disse ela. Obedeci, até porque eu adorava suco de laranja. Quando estava tomando meu suco, o loiro debochado desceu.
— Bom dia. – falou
— Bom dia, meu menino. – respondeu Ma, enquanto ele lhe dava um beijo na bochecha assim como eu havia feito. Fico calada, apenas tomando meu suco. Ele se senta na mesa e começa a comer panquecas. Ele as come com tanta paixão que tento segurar o riso, mas falho miseravelmente. Ele me olha confuso.
— O quê? – pergunta.
— Você devorando essas panquecas como se fossem a comida mais deliciosa do mundo. – digo rindo.
— Mas são mesmo.- disse ele simplesmente, voltando a devorar as panquecas.
— Panqueca é a comida preferida do meu menino. – responde Ma, que ouvia a conversa.
— Dá pra perceber. – digo. O loiro deboche acaba de devorar suas amadas panquecas e sobe para escovar os dentes e pegar seus materiais. Me despeço de Ma e saio em direção ao carro para esperar o loiro deboche. Ele sai de casa com a mochila nas costas e entra no carro. Eu faço o mesmo, coloco o cinto e ele liga o rádio. Eu amava a música que estava passando, era Thank you, Next da Ariana Grande, comecei a cantarolar e a olhar a paisagem. Mesmo olhando pela janela conseguia sentir o olhar surpreso do loiro sobre mim.
— Você canta bem. – diz com surpresa na voz.
—Obrigada. – respondi apenas e continuei cantarolando as músicas seguintes até chegarmos no local onde o loiro deboche me deixaria. Assim que chegou, eu desci e o loiro seguiu seu caminho e eu fui andando. Dessa vez a escola ainda não estava tão cheia, chegamos mais cedo do que ontem. Fui até meu armário para ver meus horários e pegar meus livros. Me encontrei com Cassidy, mas infelizmente teríamos aulas diferentes, eu iria para a aula de química e ela de filosofia. Eu amava química. Entrei na sala e vi que a tal de Brooke estava lá, me sentei longe dela. Ao meu lado, estava um garoto alto, de cabelos castanhos e muito bonito.
— Oi. – ele disse.
— Oi – eu respondi.
— Eu sou o Elliot. Você é nova aqui, não é? Não me lembro de ter te visto e com certeza eu me lembraria se já tivesse visto. – disse ele me olhando.
— Sim, eu sou nova aqui. Meu nome é Allycia, mas pode me chamar de Ally.
— Muito prazer, Ally. – disse gentilmente. Ele parecia ser um garoto legal, além de muito gato. A professora logo chegou e já nos jogou a bomba de um projeto de química em dupla que valeria metade da nota do bimestre. Todo mundo começou a reclamar ao mesmo tempo. A professora disse que não adiantava reclamar e que ela tinha colocado os nomes de todos os alunos da classe em papeizinhos e que iria sortear as duplas.
—Allycia e Elliot. -Ela disse depois de algum tempo. Elliot olhou para mim com um sorriso e sussurrou para que apenas eu ouvisse:
— Parece que hoje é meu dia de sorte. – disse ele com um sorriso de lado e piscou para mim.


POV . AUSTIN

Que aula é essa que não passa! Estava na aula de filosofia com Cassidy, Dallas, Dez e Trish e que tédio de aula. Eu nunca conseguiria entender filosofia, o lado positivo é que Brooke não estava nessa aula. Amém! Filosofia e Brooke juntas é a visão do inferno. Já era a última aula antes do intervalo e eu estava contando os segundos. Quando finalmente a aula acabou peguei minhas coisas e saí da sala como se a mesma estivesse pegando fogo, as aulas de filosofia são realmente insuportáveis para mim. Fui em direção ao meu armário guardar os livros, quando vi Allycia sair da sala em que estava ao lado de Elliot. O cara não perde uma, não pode ver uma carne nova no pedaço que parte para cima, ele já deve ter ficado com todas as meninas desse colégio, Allycia seria a próxima vítima. Os dois passaram por mim e Allycia ria de alguma idiotice que ele havia dito. Revirei os olhos, se ela soubesse como Elliot é, sairia correndo de perto dele, mas não sou eu que vou avisar. Não tenho nada a ver com isso, talvez ela mereça ganhar uma lição para deixar de ser marrenta. Guardei meus livros e fui para a cantina, meus amigos já estavam na mesa. Elliot estava na mesa ao lado, conversando com seus amigos, fiquei atento à conversa.

— Vocês viram a gata que chegou no colégio? – disse Elliot
—Não – disse John
— Ah, eu tive aula com ela, é gata mesmo.- Disse Adam
— Sua próxima vítima?- Perguntou John sorrindo maliciosamente para Elliot
— Quem sabe? – disse e olhou para onde Allycia estava sentada com Cassidy e Dallas.
Cassidy quase não sentava mais com a gente, estava sempre com Allycia, só o que faltava era perder todos os meus amigos pra ela. Já estou tendo que dividir os meus pais e daqui a pouco perco todos os meus amigos pra marrentinha. Que saco! O que será que essa garota tem que todos gostam dela? O sinal do fim do intervalo tocou e eu fui direto para o meu armário pegar os livros para as últimas aulas. Cassidy, Dallas e a marrentinha estavam perto do armário de Dallas que era próximo ao meu conversando.
—É sério, eu tenho total pavor a aranhas, da última vez que vi uma quase tive um ataque cardíaco. – ouvi a marrentinha dizer rindo, Dallas e Cassidy riram também. Interessante, a esquentadinha tinha medo de aranhas. Acho que está na hora de pregar uma peça nela e mostrar quem manda.