Rock Forever

Nunca é tarde para reconhecer seus erros.


" Deus fez do arrependimento a virtude dos imortais. "

Pov Carmem Carrilho

Estava jogada no sofá de Cirilo tentando descansar um pouco, perguntava para mim mesmo o que eu ainda estava fazendo ali, em Nova York, é simples, não conseguia deixar João sozinho, ele era como um filho para mim, e uma mãe de verdade nunca abandona seu filho.

— Srta. Carrilho? O Sr. Rivera ligou, estava muito alegre e estranho, até pediu que você conferisse seus e-mails. – falou Anne uma das empregadas da casa.

— Que estranho. – falei já checando meus e-mails.

Vi um novo e-mail de Cirilo, estava nervosa, pra quê aquele suspenso todo? Abri o tal e-mail nervosa, nele estava escrito o seguinte:

“Querida Carmem, queria ter coragem de lhe ligar e falar tudo isso por telefone, ou então, queria ir até aí para lhe dizer tais palavras: eu sou um idiota, sim, sou um idiota, desculpe por ter sido tão babaca com você, ter sido tão desumano, a única coisa que você fez durante todos esses anos foi me apoiar, sempre esteve ao meu lado, aguentando o desprazer de minha presença, e o que lhe dei em troca? Sofrimento, agi como um mostro, só Deus sabe o quanto me sinto horrível só em lembrar da dor que causei em você, sei que palavras não mudarão o nojo e ódio que deve estar sentindo por mim agora, eu não a culpo, pode me denunciar se quiser Carmem, assim pagarei pelos meus erros, desculpe ter me transformado em um monstro, desculpe por ter apagado o brilho dos meus olhos assim, desculpe por ter esquecido de tudo que passamos juntos, hoje percebo, o quanto fui fraco, deixei que a dor de uma perda me transformasse nisso, deixei que o dinheiro comprasse a minha alma, nem eu mesmo entendo como me perdi assim, só me lembro que de repente me olhei no espelho e não me reconheci mais, fico mal em pensar que machuquei você Carmem, minha doce Carmem, a garotinha que dividia o lanche comigo na escola, a garotinha que eu mais admirava, te fiz sofrer Carmem, justo você, afinal, a única coisa que sei fazer é destruir a felicidade das pessoas que estão ao meu redor, como se as pessoas tivessem culpa por tudo que passei, agora, eu entendo, me arrependo de tudo isso Carmem, quero recomeçar, quero valorizar as pessoas que amo, não quero perder você, não quero perder o João, mais sei que a melhor coisa a fazer é deixa-la livre para ser feliz, tentar superar o trauma que esse monstro aqui causou em você, por isso Carmem, quero que venha para o Brasil, traga João, quero poder recuperar o tempo perdido com meu filho, sei que não mereço o perdão de vocês dois, mais venha.

Eu amo vocês dois e quero que você seja feliz Carmem, acima de tudo.

De: Cirilo Rivera. “

Lágrimas teimosas rolaram pela minha face, encarei o teto tentando entender tudo aquilo, porque? Porque aquilo, depois de tudo? Meu coração dizia que suas palavras eram sinceras, e se ele realmente estiver arrependido, o admirarei por isso, as pessoas deviam reconhecer seus erros assim como têm orgulho em exibir suas qualidades.

— Mais é o Cirilo, esse é o Cirilo. – falei suspirando, aquelas palavras não saíram da boca do Sr. Rivera, aquelas palavras, tão puras, saíram da boca do Cirilo, o garotinho inocente e sincero que conheci.

Aquele era ele, o verdadeiro Cirilo, o cara que reconhecia seus próprios defeitos e sabia se desculpar, era impressionante a forma como a vida mudava as pessoas, e eu queria tanto saber o que ou quem fez Cirilo enxergar tudo isso, corri até o quarto de João.

— Vamos preparar nossas malas meu príncipe, iremos para o Brasil. – falei fazendo cócegas no garotinho que estava pulando em cima da cama.

Pov Jaime Palilo

Assim que cheguei do passei com Valéria fui jogar vídeo - game ao lado de Pedrinho, depois passei a noite inteira no jardim me divertindo com Bia, eu estava feliz com ela, Bia era uma ótima pessoa e sua companhia era bastante agradável, depois de um tempo, resolvi seguir para o meu quarto e dormir.

— É, parece que vai chover. – falei fechando as cortinas da janela. – ainda bem que já coloquei o Pedrinho pra dormir e ele é bem corajoso.

Deite-me sobre a cama e tentei dormir, Valéria não saia dos meus pensamentos, o conselho da professora Helena ecoava pela minha cabeça, e se eu tentasse? E se eu... não Jaime, esqueça isso, Valéria está feliz com Paulo, é isso que importa, aquela madrugada chegou mais rápido do que eu esperava, era mais de meia-noite e uma tempestade horrível acontecia, o barulho dos trovões era assustador.

— Jaime? – escutei uma voz me chamando, olhei para frente e pude ver Valéria embrulhada com seu coberto, ela estava em pé.

— Valéria, o que houve? – perguntei preocupado, ela não estava bem.

— Desculpa te atrapalhar, é que eu não consigo dormir, esses trovões, eles me assustam pra caramba, tenho medo de ficar sozinha, eu posso dormir aqui com você? – perguntou Valéria nervosa.

— Claro que pode, mais... me desculpa perguntar Valéria, mais porque você não foi dormir com o Paulo? O quarto dele fica até do lado do seu, e sei que Paulo ia cuidar de você. – perguntei nervoso.

É que eu me sinto mais segura com você. — Valéria disse olhando para os cantos envergonhada, sorri com sua confissão. – Mais se você não quiser, eu posso... – ela ia continuar, mais eu a interrompi.

— Claro que não Valéria, eu estou aqui para proteger você, e sempre estarei. – falei sorrindo para ela.

Valéria se aconchegou nos meus braços e eu a abracei forte, percebi que ela estava tremendo e seu rosto estava vermelho, senti meu coração apertar só de imaginar o medo que ela devia estar sentindo sozinha, Valéria sempre teve medo de trovões, era uma espécie de trauma para ela, mais eu iria protege-la.

— Obrigada por existir. – ela disse sorrindo e se aconchegando mais em meus braços, inalei o cheiro doce dela enquanto acariciava seus cabelos.

E finalmente fechei os olhos e consegui dormi em paz, só Deus sabe o quanto que a presença dela me fazia feliz, esse amor não correspondido estava cravado em meu peito para toda eternidade.