Está na hora de esquecer a razão, foque em seus sentimentos.

" Os que amam profundamente, jamais envelhecem; podem morrer de velhice, mas morrem jovens, o amor é a imagem de Deus, mas não uma imagem da vida, e este sim, é a verdadeira essência de toda a natureza divina "

Mansão RF/Brasil

Na manhã seguinte, Jaime acordou cedo e logo se encaminhou até a sala onde Cirilo já o esperava, juntamente com Davi e Maria Joaquina que tinha acabado de chegar de Nova York, haveria uma reunião logo pela manhã junto com todos da banda.

— Finalmente Jay, cadê o restante do pessoal? – indagou Cirilo assim que Jaime sentou-se no sofá pequeno.

— Devem estar dormindo ainda. – respondeu Jaime sorrindo para Maria Joaquina e ignorando a presença de Davi no local.

Logo em seguida Bia e Janjão desceram as escadas com cara de tédio, não era de costume de ninguém da banda acordar cedo, Janjão sentou ao lado de Cirilo, enquanto Bia ficou junto com Jaime na pequena poltrona em que ele estava sentado.

— Cadê os outros? – perguntou Cirilo novamente, mais dessa vez perguntou para Bia e Janjão.

— A Valéria disse que já vem, a Alicia estava terminando de tomar café, e o Paulo não sei nem aonde ele está. – respondeu Janjão naturalmente.

Alicia desceu as escadas rapidamente e se jogou no sofá irritada, Paulo e Valéria chegaram logo em seguida e sentaram cada um em uma poltrona diferente, já que não havia mais espaço no sofá.

— Lisa, Ally e Jonas finalmente vocês chegaram, da próxima vez sejam mais responsáveis. – disse Cirilo rudemente.

Casa dos Magalhães/São Paulo/Brasil

Helena observava Pedrinho e Júlia brincando no quintal da casa, os dois eram melhores amigos, inseparáveis, por um instante a antiga professora sentiu saudades da época que trabalhava com crianças.

— Foram tão diferentes comigo, nem parecem aquelas crianças de antes, eu só queria entender o que houve... – falou Helena emocionada.

Ela só queria entender, porque seus alunos haviam mudado tanto, eram ricos e famosos, mais mesmo assim Helena sentia como se faltasse uma coisa dentro de cada um deles, e ela queria ajuda-los.

— Crianças? Coloquem seus cassacos, nós vamos sair. – falou Helena sorrindo para os dois que apenas assentiram com a cabeça.

Mansão RF/Brasil

Pov Valéria.

Cirilo falava a agenda de shows que iriamos fazer aqui no Brasil, aquela reunião estava um tédio, as vezes Davi me encarava e eu desviava o olhar rapidamente, Maria Joaquina sorriu para mim, sorri de volta, sempre que eu a vejo sinto uma culpa enorme torturar minha alma.

— Escutem, nos shows eu vou convidar alguns cantores brasileiros famosos da atualidade, pois será interessantes cantarmos músicas brasileiras. – falou Cirilo entusiasmado.

— Bom, acho que seria interessante, é uma forma de mostrarmos a nossa verdadeira raiz. – falou Alicia sorrindo.

Percebi que enquanto Alicia falava Paulo a fitava com um olhar bobo, senti pequena pontinha de ciúmes dentro de mim, mais logo afastei essa ideia, deve ser apenas impressão minha, dei de ombros.

— Quero que cada um de vocês, além da Maria Joaquina, tente compor uma música, que expresse seus sentimentos. – disse Cirilo para nós.

Assenti concordando, Cirilo começou a falar mais e mais, e mesmo que eu tentasse prestar atenção, algo me incomodavam, Bia e Jaime estavam rindo que nem malucos e tiravam toda a minha concentração.

“ Bia estava com as mãos apoiadas nos ombros de Jaime, a poltrona que os dois estavam sentados era bastante pequena, por isso estavam praticamente colados um no outro, ela ria e falava algumas coisas no ouvido dele, fazendo Jaime rir também. “

Senti um embrulho no meu estômago ao ver essa cena, uma sensação ruim, como se eu estivesse sentindo... algo que eu nunca havia sentindo antes, e os dois continuavam ali juntos e felizes, senti meu sangue ferver.

— Será que dá pra vocês calarem a boca? Que saco! – gritei com raiva encarando Jaime e Bia, todos na sala me encaram incrédulos. – é que eu quero escutar o que o Cirilo tá falando. – falei mais calma dessa vez.

— Tá bom Valéria, desculpa se nós te atrapalhamos. – falou Bia ficando em silêncio, os outros me encararam de uma forma estranha, mais logo prestaram atenção apenas em Cirilo.

Realmente eu não entendia o que tinha acabado de acontecer, quando me dei por conta eu já estava fora de si gritando com os dois, acho que deve ser pelo fato de eu estar nervosa com a presença de Davi, é né? Com certeza foi isso, apenas isso.

— Bom dia! – disse uma voz entrando na casa, levei um susto ao perceber que se tratava da professora Helena.

— Quem deixou você entrar? – perguntou Cirilo arrogantemente, antes que Helena pudesse responder, Eu, Jaime e Maria Joaquina a abraçamos.

— Eu vim aqui para ajudar vocês, quero entender, porque uma parte de vocês me tratam tão mal? Porque tudo que eu fiz na minha vida foi tentar ajudar vocês, eu os amo como se fossem meus filhos. – confessou Helena deixando todos nós em silêncio, uma lágrima rolou de seus olhos.

— E como você pretende nos ajudar? – perguntou Alicia abatida com o que a professora Helena havia acabado de contar.

Logo Pedrinho veio me abraçar, junto com Júlia a filha de Helena, ela era tão linda e cheia de vida, parecia me lembrar alguém...

Pov Valéria Off.

(...)

— Quero que vocês me contem de seus problemas, como faziam antes, acho que posso ajuda-los. – respondeu Helena com lágrima nos olhos.

De repente todos ficaram em silêncio, foi quando Cirilo levantou a mão e todos repararam que ele estava completamente abatido, como se um choque de realidade tivesse percorrido suas veias.

— Já que assim Helena, eu quero ser o primeiro a conversar com você, vamos ver se consegue mesmo me ajudar. – disse Cirilo.

Os dois seguiram até o escritório do local, Cirilo sentou-se de frente para Helena e encarou os olhos castanhos e brilhantes da professora quando várias lembranças invadiram sua mente, o encorajando.

— Eu não queria estar aqui Helena, não queria precisar da sua ajuda, a verdade é que eu não queria precisar da ajuda de ninguém. – falou Cirilo.

— Eu te entendo, mais se você deixou seu orgulho de lado e veio até aqui comigo é porque tem algo importante a dizer. – Helena respondeu.

— Quando eu fui embora do Brasil eu era um jovem cheio de sonhos e imaturo, chegava a ser chamado de idiota pelos outros. – falou Cirilo com um nó na garganta ao lembrar de tempos atrás.

— As pessoas chamam de idiotas aqueles que agem com o coração Cirilo, mais Deus os chama de sábios. – falou Helena sorrindo verdadeiramente.

— Nessa época, eu ainda acreditava no amor, e achei ter encontrado a mulher certa para mim, eu e Margarida nos casamos professora, fomos felizes por um tempo, mais... – Cirilo tentou achar as palavras certas. – eu comecei a magoa-la diariamente ela acabou fugindo em uma tentativa de ser ver livre do monstro que eu havia me tornado, quando ela morreu.

— Talvez ela tivesse apenas dado um tempo a relação de vocês, uns dias antes de morrer, Margarida me confessou que ainda te amava, e que tinha orgulho de João ser filho de vocês dois. – contou Helena com lágrimas nos olhos, deixando Cirilo totalmente abatido.

— Eu a amava professora, a amava com todas as minhas forças, quando eu vi que ela tinha partido para sempre senti que meu mundo havia desmoronado. – confessou Cirilo não contendo as lágrimas.

— Todos nós erramos Cirilo, independente do que aconteceu, vocês dois se amaram muito, dizem que tudo aquilo que faz história na nossa vida deixa um símbolo que nos marcará para sempre, João é o fruto do amor de vocês, e é ele que você deve amar mais que tudo. – disse Helena bem convicta em suas palavras, Cirilo a olhou nos olhos.

— Eu não consigo, é como se cada vez que eu olhasse para ele eu visse a Margarida ali, e eu não quero amar e perder as pessoas que amo de novo Helena, não quero me sentir fraco ou dependente de alguém. – respondeu Cirilo sendo o mais sincero possível.

— Quando você ama, você não se torna fraco, pelo contrário, você se sente capaz de tudo, fraco você está sendo agora, com peno de se machucar de novo, com medo de viver Cirilo, João é seu filho, e ele que vai fazer sua luz interna brilhar novamente. – falou Helena secando as lágrimas dele.

— Me promete uma coisa? Que você vai tentar dar valor aqueles que são importantes na sua vida, tente, ao menos tente, e você verá resultados, não deixe quem você ama ir embora dessa vez. – disse Helena o abraçando.

(...)

Logo em seguida Cirilo saiu meio abalado, um tempo depois Davi entrou no escritório e sentou rapidamente na cadeira em frente a professora.

— Eu vou lhe deixar chocada professora. – alertou o judeu logo no inicio deixando Helena curiosa e preocupada.

— Há uns anos atrás, quando eu resolvi ter um relacionamento com Maria Joaquina, pensei principalmente no quanto eu gostava da sua presença e no quanto ela me fazia bem. – Davi respirou fundo. – mais assim que Maria Joaquina virou compositora da banda e eu passei a ver a Valéria novamente eu fiquei dividido, não aguentava ficar perto de Valéria sem poder agarra-la ou beija-la, assim como eu não suportava vê-la com o outro, e a gente acabou tendo um caso.

— Você está me dizendo que teve um caso com a Valéria? Eu não posso te julgar Davi, mais eu não entendo, se você amava a Valéria porque não foi sincero com a Maria Joaquina? – perguntou Helena decepcionada.

— Eu amo as duas professora, eu e Valéria demos um tempo no caso, só que há uns meses atrás quando fui para Nova York, cai em tentação de novo e acabei me envolvendo com ela novamente. – confessou Davi. – mais antes dela voltar ao Brasil, Valéria terminou comigo.

— Ela fez certo Davi, mesmo que talvez vocês se amem, isso não iria fazer bem para nenhum dos dois. – disse Helena com plena certeza.

— A Valéria é minha professora, eu fui o único homem que a tocou, e ela não tinha o direito de terminar tudo assim. – disse Davi obsessivo.

— Para de falar assim Davi, a Valéria não é a sua propriedade, e as coisas não acabaram ainda, antes que toda essa confusão acabe, você e Valéria precisam contar tudo a Maria Joaquina. – falou Helena o encarando.

— Não, eu não posso professora, já pensou como isso iria magoa-la? – disse Davi receoso e totalmente nervoso.

— A verdade mais cedo ou tarde vai aparecer, e é melhor que ela saiba por você do que pelos outros Davi. – disse Helena o deixando pensativo.

(...)

Assim que Davi saiu pela porta, Alicia entrou batendo o pé e sentou meio constrangida em estar ali, mais ela precisava contar.

— Eu estou tentando ser forte Helena, já faz um mês que eu passo por uma luta diária tentando me controlar, mais cada dia que passa minha vontade só aumenta, parece que no lugar de diminuir só aumenta a minha fraqueza. – Alicia encarou a professora. – Eu uso Drogas.

— Alicia, fica tranquila viu? Não vou julgar você, muito pelo contrário sinto admiração em ver que você está tentando parar. – falou Helena sorrindo.

— Estou tentando parar de usar drogas professora, mais é como se meu corpo implorasse por essa substância. – confessou Alicia.

— Cada vez que a fraqueza tomar conta de você, se olhe no espelho e veja o quão forte você é, olhe para a mulher que você se tornou agora, encare tudo que aquela garotinha skatista de anos atrás conseguiu. – disse Helena segurando a mão de Alicia. – Aí você verá que nada é impossível, e que você é forte e capaz de conseguir, eu acredito em você, acredite também Alicia, não há nada que você não possa.

Alicia a abraçou com força, Helena sentiu uma lágrima de felicidade descer de seus olhos, para ela, nada era impossível, contando que você queira com toda a sua alma tudo pode realizar, querer é poder sim.

(...)

( Coloquem: https://youtu.be/rtOvBOTyX00 )

Alicia se retirou cheia de confiança, Valéria entrou meio triste, a Ferreira caminhou em passos lentos até a cadeira e se sentou.

— Bom professora sei que você ficará decepcionada com o que eu vou lhe contar, tudo começou quando... – antes que a Ferreira continuasse Helena a interrompeu rapidamente.

— O Davi já me contou tudo Valéria. – revelou Helena, Valéria apenas abaixou a cabeça, já era de se esperar que ele tivesse contado.

— E eu disse para o Davi que vocês deviam contar tudo a Maria Joaquina, até se sentiriam menos culpados. – disse Helena determinada.

— Eu sei disso professora, mais cedo ou mais tarde terei que enfrentar todos, serei julgada e criticada, mais esse será o preço que vou pagar pelas meus erros. – afirmou Valéria triste. – eu só quero paz, quero me sentir bem comigo mesma, entende? Terminei com o Davi para tentar ser feliz de verdade, porque eu não suportava mais o que estava acontecendo.

— É assim que as pessoas com consciência pesada se sentem, mais uma coisa eu posso te afirmar: você não ama o Davi. – afirmou Helena.

— Você não é a primeira pessoa a me falar isso, mais eu o amo sim, ele foi o meu primeiro amor professora, o único homem a quem eu me entreguei por completa, por isso eu o amo. – disse Valéria meio sem graça.

— Não Valéria, você que sempre sonhou em viver um amor de cinema, ele foi o único que você se entregou, aonde? Na cama, mais será que você realmente o ama? Não, você se sente na obrigação de amar o Davi, e no fundo você queria viver um amor impossível. – disse Helena séria. – mais se você o amasse nunca teria aceitado ter um caso com ele, você teria deixado ele ser feliz com a Maria Joaquina, porque quando a gente ama alguém de verdade queremos ver essa pessoa feliz.

— Mais eu não seria feliz sem ele professora. – retrucou Valéria não entendendo tais palavras.

— Você só seria feliz se ele fosse feliz Valéria, entenda que o amor não é egoísta, ele é puro e sincero. – disse Helena com lágrimas nos olhos. – o Davi não te ama, porque se ele te amasse ele a deixaria livre para ser feliz, ele te tiraria daquele universo cheio de culpa em que você estava.

— Mais é muito difícil existir um amor assim nos tempos de hoje, se alguém tivesse a capacidade de me amar assim, eu acho que seria a pessoa mais feliz desse mundo. – comentou Valéria com os olhos brilhando.

— Quando você amar alguém de verdade você irá entender. – disse Helena sorrindo para e abraçando a antiga aluna.

— Talvez eu comece a amar de verdade em breve professora. – falou Valéria se referindo ao que estava sentindo por Paulo.

— Depois me conte tudo mocinha. – disse Helen rindo junto com a Ferreira.

(...)

Jaime entrou assim que a Ferreira saiu, o garoto mal conseguia acreditar que finalmente contaria de seus sentimentos a alguém.

— Pode se sentar Jaime. – falou Helena sorrindo para ele. – anda fazendo muita coisa errada? Porque hoje descobri tanta coisa.

— Calma professora, vim aqui apenas falar sobre uma coisa que estou sentindo, mais não aprontei nada. – falou Jaime totalmente nervoso.

— Eu amo uma garota desde que eu tinha 10 anos de idade, e nós nunca nem se quer nós beijamos, mais eu a amo com todas as minhas forças, é ela que torna o meu mundo mais colorido, é ela que me faz acordar todas as manhãs com um sorriso no rosto porque sei que vou vê-la, ela é meu mundo, é minha vida, e tudo aquilo que eu faço a cada dia da minha vida é apenas com um único propósito: fazer ela feliz, porque quando ela sorri sinto que o sorriso dela poderia iluminar o mundo inteiro, há 15 anos eu espero diariamente que ela repare o quanto que eu a amo, há 15 anos eu acompanho a vida cheia de decepções que ela tem, porque mesmo com todos esses anos de espera meu amor nunca diminuiu, pelo contrário, cada dia que passa eu a amo, mais e mais. – declarou Jaime com as palavras mais puras e sinceras que haviam dentro dele.

— Se anos atrás alguém me contasse que Jaime Palilo me falaria essas palavras eu não acreditaria, seus olhos brilharam ao falar dela, seria muito intromissão se eu perguntasse quem é essa sortuda? – disse Helena tentando conter as lágrimas que rolavam sobre a sua face.

— É a Valéria professora, eu sei de tudo sobre a vida dela, assim como sei que ela está gostando de outra pessoa, e que pra ela eu sou apenas um amigo, mais se ela for feliz, seja com quem for, eu serei feliz também, porque eu a amo da forma mais verdadeira que alguém podia amar. – disse Jaime, deixando Helena admirada.

— Então admita, como tem tanta certeza que ela não sente o mesmo por você Jaime? Tente. – encorajou Helena com um sorriso nos lábios.

— Eu sei que ela não sente o mesmo, e tenho medo de acabar estragando a nossa amizade professora. – admitiu Jaime de cabeça baixa.

Helena abraçou o garoto sorrindo, o restante da banda não foram falar nada com Helena, mais não porque não quisessem, e sim porque não tinham nada sério a falar, Valéria caminhou até a varanda e suspirou enquanto observava as estrelas.

“ Talvez ela esteja começando a entender o que Helena falou, mais se ela nunca amou Davi qual foi o sentindo de tudo que fez de ruim? “

A Ferreira olhou para Paulo que estava próximo a ela e sorriu para ele, talvez o amor de verdade estivesse bem perto dela, e Paulo a fazia muito bem, estava na hora dela finalmente esquecer todo passado e lutar para construir um amor ao lado do Guerra?