–Minha mãe biológica? – Eu perguntei.

–Sim. – Ela disse. – Aqui pega o livro, ele é seu agora. – Ela disse, me estendendo o livro rosa, eu o peguei desfiz o laço e olhei as fotos, era um bebê, parecido com o que eu sonhava, o que diziam ser eu.

–Sou eu? – Eu perguntei.

–Sim. – Disse a mulher com brilho nos olhos, passei mais uma pagina lá estavam os que diziam ser meus pais biológicos, uma mulher loira de olhos azuis como eu, e um homem alto e forte de cabelos pretos e olhos castanhos esverdeados.

–Esta é a Clarissa, sua mãe. – Ela disse apontado para a mulher da foto. – E este é o seu pai John. – Ela disse apontando para o homem. – Aqui tem uma foto da família completa. – Ela virou a pagina e tinha uma foto da Clarissa, John, o Johnson, a bebe e a Anna.

–Você é?

–Sua parente? – Ela disse antes que completasse. – Não, mas eu estive com sua mãe desde que ela era uma criança, eu estive com você e agora vou continuar com você.

– O que aconteceu? Eles estão realmente mortos? – Eu perguntei.

–Sua mãe fazia parte de uma raça muito diferente, ela podia transformar matéria, ela podia ver a vida de todos com um toque ou um olhar, ela podia levitar, não, não é o mesmo que voar, é só a alguns centímetros do chão, é assim como quase todos em nosso planeta, ela era uma guerreira, só que diferente, o seu pai era um guerreiro, mas não tinha os talentos dela. Sendo assim o treinamento dela e de pessoas como ela começava cedo, todos que eram como ela eram colocados em um lugar distante, lá eles aprendiam a controlar os poderes, lutar, tudo que era necessário, e no final um do grupo seria escolhido para possuir o controle total dos poderes, este poderia ter o controle do que chamam de “controle estelar”, para eles as estrelas significavam sabedoria e poder, quem as tinha se tornava o mais forte assim o líder. E sua mãe foi a escolhida.

–Por isso aquela mulher Margo, a odiava, ela queria ser a escolhida. – Eu completei, começando a entender tudo.

–Isso, Margo sempre teve o coração cheio de ódio, mas eu não a culpo, a mãe dela já era voltada para o mal, e o que ela fez com a irmã pequena.

–Ela a matou? – Eu perguntei.

–Isso, mas ninguém sabe o porque, ninguém entende. –Ela fez uma longa pausa. – Bom o resto da historia você sabe, você sonhou com tudo, Margo ficou furiosa e começou uma guerra, não sabemos como ela conseguiu tantos guerreiros, para causar a nossa destruição, sobraram muitos de nós, espalhados pelo mundo, mas só alguns como sua mãe, e uma dessas pessoas é você. – Ela disse como se estivesse me passando uma missão.

–Eu carrego parte do poder da minha mãe? No sonho era isso que eu via. – Eu disse a ela.

–Sim, quando sua mãe foi morta parte do poder dela passou para você, para proteção, a linha correta seria sua mãe escolher alguém para ficar com o poder quando ela estivesse velha, assim como ela foi escolhida, mas como o ciclo foi interrompido, você foi á válvula de escape para o poder.

–E o que exatamente eu tenho que fazer? – Essa historia toda podia não fazer sentido, mas o que na vida faz, eu nunca fui muito de acreditar nessas coisas, mas os filmes e livros tão ai pra isso né.

–Você tem que se manter viva, se proteger contra Margo. – Ela fez uma pausa dramática. – E você tem que acabar com o perigo.

–Que seria?

–Você tem que matar Margo. Mas primeiro tem que se prepara.

–O QUE EU NÃO, EU NÃO POSSO MATAR UMA PESSOA, EU NEM A CONHEÇO, MEU DEUS, ISSO É, É LOUCURA. – Eu gritei.

–ELA MATOU SUA FAMILIA, SEU POVO. – Anna também gritou, e uma mulher que parecia antes calma e serena havia despertado, eu fiquei calada, uma mulher que eu não conhecia havia matada minha família, a família que eu não conhecia, eu comecei a chorar. – Eu sei que parece muita coisa, mas você agora tem que nos proteger, tem muitos como você por ai, os últimos, você precisa protegê-los econtrá-los, Clariss nós estamos aqui para te ajudar. – Anna agora havia amenizado o tom de voz, eu ainda chorava, não muito, mas me doía aquilo me doía muito, eu queria ter conhecido minha família, eu queria tê-los comigo agora.

Percebi que havia alguém na porta do corredor, era o loiro, eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo, mas fui em direção a ele.

–Me tira daqui. – Eu disse em tom baixo para ele, ele fez sinal para segui-lo então eu fui.

Estávamos a quase cinco minutos caminhando em silêncio enquanto o meu choro cessava.

–Jace. – Disse o garoto loiro quebrando silencio e me tirando de meus devaneios.

–O que? – Eu perguntei confuso.

–Meu nome é Jace. – Ele disse olhando para mim e dando um leve sorriso.

–Ah, sim, é meu nome é Clariss, mas com tudo isso eu acho que você provavelmente já sabe. – Eu disse meio cabisbaixa.

–É eu sei. – Ele disse com uma curta risada abafada.

–Mas é legal da sua parte deixar eu me apresentar, desde que eu entrei aqui ninguém o fez. – Eu disse.

–Bom é que todos estão empolgados com a sua chegada, mas não confie muito na Isabelle, a garota que você viu primeiro, ela ainda não te conhece direito e você não a conhece direito, ela pode ter sido meio falsa com todos aqueles sorrisos, mas ela é uma garota legal. – Ele disse olhando fixamente para frente.

–E quando a segunda, a Angel. – Eu disse com esforço para lembrar o nome dela.

–Ela é sincera, a confiança dela é bem mais fácil de conquistar.

–Cadê o Thomas? – Eu perguntei.

–Ah ele provavelmente deve estar no banho, mas ele tava cansado então ele deve estar dormindo, cuidar de você não é tão fácil assim. – Ele disse dando um sorriso.

–O que? Vocês estavam me seguindo? – Eu perguntei escondendo o pânico da voz.

–Mais ou menos, não em tempo integral, só nos momentos em que você nos viu e alguns outros.

–Ah claro, fico bem mais tranquila. – Eu disse sendo sarcástica, ele deu uma risada.

–Eu vou te levar para casa, o Thomas pediu. – Ele disse enquanto entravamos no elevador.

–Eu pensei que ele me levaria. – Eu disse desapontada.

–Como eu disse, ele esta cansado. Mas te garanto que também sou boa companhia. – Ele disse enquanto selecionava o andar no elevador.

Já estávamos do lado de fora da casa, era tão lindo e mágico ali, as estrelas já estavam no céu e brilhavam muito, a floresta não parecia assustadora, parecia o tipo que se você entra encontra fadas e borboletas brilhantes, o rio parecia tão sereno e seguro.

–Vamos. – Disse Jace estendendo a mão para mim, ele tinha uma pedra com um brilho azul em sua mão.

–O que é isso? – Eu perguntei apontando para a pedra.

–é assim que nós vamos chegar na sua casa, da para ir de carro e andando, mas demoraria muito. – Ele disse rindo.

–O Thomas não usou isso. – Eu disse insegura.

–É por que ele desenvolveu a capacidade do transporte, eu não sei como, ele é o único alem de você que pode fazer isso por si só.

–Eu consigo? – Eu perguntei achando uma boa idéia.

–Sim, mas ainda não sabe como, então não é seguro, agora vem. – Eu coloquei a minha mão na dele, fechei os olhos e uns dez segundos depois estávamos na porta da minha casa.

Eu peguei meu celular e olhei as horas, eram quase dez da noite, eu tava ferrada, minha mãe ia me matar, talvez ela estivesse na policia agora prestando quixa de desaparecimento, o pior tinham uma cinco chamadas perdidas de casa, duas do meu irmão, umas duas do meu pai e da minha mãe e sete da Mary, agora eu estava oficialmente liquidada.

–Merda. – Eu balbuciei e fui correndo bater na porta, já que eu não estava com as minhas chaves. Minha mãe abriu a porta instantes depois.

–Menina, você é louca, Meu Deus filha, Meu Deus. – Ela disse me abraçando desesperadamente. – O que houve, onde você esteve, você esta bem? – Ela disse com um olhar extremamente preocupado, eu não sabia o que dizer.

–É me desculpe senhora, a culpa foi toda minha, eu encontrei com a Clariss enquanto ela voltava para cá e eu pedi a ela que me ajudasse a comprar um presente para minha irmã. – Disse o Jace, que minha mãe nem havia reparado que estava ali, ele havia sido esperto, e o presente me ajudava a ter um álibi para o livro de fotos que ainda estava em minhas mãos.

–Isso, isso, e meu celular descarregaram, me desculpa, foi mal mesmo. – Eu disse ajudando na historia.

–Claro, claro, ta mas pelo amor de Deus filha, não faz mais isso. – Disse ela me abraçando de novo. – Vem vamos para dentro filha. Você quer entrar? – Ela se direcionou a Jace. - Vocês comeram enquanto estavam fora, devem estar com fome.

–Eu estou bem senhora, muito obrigada mesmo, eu tenho que ir, e me desculpe mais uma vez. – Ele disse para minha mãe. – Ah e Clariss, você fica com o presente da minha irmã para mim, depois eu busco, se não estraga a surpresa.

–Sim, eu fico. – Eu disse enquanto ele já ia embora. – Ah Jace espera. – Ele voltou para trás. – Obrigada. – Eu disse sorrindo, ele pareceu sussurrar um de nada e sorriu, então foi embora.

Eu entrei em casa, repeti a historia para toda a família, e subi para meu quarto, fui dormir, não olhei mais o álbum, não mandei mensagem para a Mary, eu só precisava dormir.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.