Road

Jack - Eu sai com uma peruca


Ontem ficou oficial, eu e Tooth estamos namorando, nós já namorávamos, mas ficou oficial para a faculdade inteira, por isso eu terei que explicar para o time como isso aconteceu. Flynn não vai gostar nada.

O relógio do meu quarto marcava dez horas e eu como toda a pessoa normal que teve a maior noitada da vida, estava no quinto sono, estava. Meu corpo estava sendo balançado com força de um lado para o outro com a tentativa de me despertar, levei até tapas no rosto e isso não se faz, segurei a mão que estava me dando tapas e eu iria mata-lo.

– Jack, acorda, tem alguém na minha cama!

– Regra número um, Hiccup, regra número um. – Respondi mal-humorado, ninguém quer ser acordado pelo seu colega de quarto, muito menos levar tapas, só em casos extremos e alguém na cama do Hiccup não é extremo, seria extremo se fosse minha namorada, mas eu a levei para casa ontem, ou será hoje...

– Tem uma ruiva na minha cama. – Não era um caso extremo, mas conseguiu me tirar o sono, fiz um esforço para abrir os olhos e finalmente começamos a conversar.

– Primeiro você quase faz sexo com a Mavis e agora leva uma pessoa para sua cama, você não acha que está avançando muito rápido não? – Antes que vocês pensem, eu não sinto inveja, ok? Quem estaria com inveja de quase ter realizado um sonho?

Eu me arrastei para fora do meu conforto e fui ao quarto do Hiccup, mas antes, olhei uma última vez para a cama macia e quentinha, dava vontade de chorar. Depois de chutar essa ruiva daqui vou chutar a bunda do Hiccup, ninguém me afasta da minha cama, ninguém.

Entrei no quarto do perna de metal e fui em direção a cama dele, a única coisa que tinha em cima dele, além do travesseiro e do cobertor, era uma peruca ruiva, mas não era uma peruca qualquer, era a peruca mais embaraçada que eu já vi.

– Uma peruca ruiva, sério? – Peguei a peruca com uma das mãos e dei um puxão de leve, mas a peruca fez algo que uma peruca não faz.

A peruca gritou.

– Isso definitivamente não é uma peruca. – Eu larguei os cabelos vermelho fogo e a dona dele começou a sair debaixo das cobertas, ela estava muito bem escondida.

– O que vocês estão fazendo? – Ela disse irritada, mas não saiu da cama, ninguém sairia do conforto de uma cama quente.

– Uma peruca falante, você tem cada gosto, Hiccup.

– Quem é você? – Hiccup falou assustado, não é toda vez que ele leva uma ruiva para a cama dele.

– Sou Merida Dunbroch, a gente já se apresentou. A dona do apartamento deve ter falado que eu ficaria aqui por algum tempo.

– Não, ela não disse nada. – Hiccup parecia confuso, mas não posso culpa-lo, a culpa era minha.

– Na verdade, ela falou que alguém viria, eu esqueci de falar isso para você.

A dona do prédio é a mãe da Rapunzel, Gothel, quando ela falou que uma garota de dezoito anos iria se mudar para Berk e passaria um tempo no nosso apartamento até o dela estar completamente arrumado, eu não acreditei, eu achava que era uma piada! Gothel é tão contra o namoro adolescente, principalmente o da filha com o Flynn, e eu não tenho uma boa fama, uma mulher e um homem morando no mesmo apartamento só pode dar merda.

– E quando foi isso? – O moreno falou irritado.

– Há quase um mês atrás, eu achava que a Gothel estava zuando. – Gothel nunca mais tocou no assunto, isso só ajudou a achar que era uma piada.

– Bem, vocês me deixaram entrar – Merida saiu da cama e apontou para o Hiccup – e você me ofereceu o seu quarto, você falou que o sofá estava bom para você, Gothel sugeriu expulsar você do apartamento, mas você falou que o sofá era perfeito.

Bebida é uma coisa incrível, a sua memória a curto prazo desaparece, eu me lembro de ter falado com a Gothel quando cheguei da festa, mas não me recordo do assunto e nem nada e parece que Hiccup também se lembrou de algumas coisas.

– O sofá da sala sempre foi confortável. – ele disse, Hiccup não tem uma reputação muito boa com a Gothel, é difícil para ele pagar o aluguel no prazo, ela conhece as condições dele, mas são negócios. – A gente pode te mostrar a cidade, não tem nada melhor para fazer mesmo.

Estava perto da hora do almoço e eu não sou um expert em culinária, eu sairia para comer no shopping de todo jeito então não neguei e a Merida também não.

Nós nos trocamos e fomos para meu carro. Estávamos na rua principal, então decidi puxar papo, odeio silencio.

– Por que Berk? – Comecei com a pergunta mais clichê do mundo, mas ela era padrão! É como o “Oi, bom dia, como vai você?”.

– Eu só vim aqui para trabalhar como modelo. – Não pareceu impossível a ideia dela ser modelo, alta, jovem, ruiva, olhos azuis, o cabelo é um bom disfarce, mas precisa se esforçar para ser feia com os olhos azuis e ruiva, acredite, já fiquei com várias com essas características e nenhuma era feia. – Também vou fazer faculdade, mas isso só semestre que vem.

– Olha para frente! – Não sei quem gritou, mas eu realmente me perdi um pouco naqueles olhos azuis, ter esse tipo de olho deveria ser crime.

– Você tem certeza que é modelo? – Não é que eu não acredite em toda ruiva de olhos azuis que eu acabo de conhecer, mas eu não acredito, nada pessoal.

– A produção faz o meu cabelo, ok? Eu não tenho paciência para cuidar dele. – Resposta válida, nunca tive que me preocupar com meu cabelo, mas já penteei o cabelo da minha irmã mais nova, Emma, e digamos que eu não sou a pessoa mais delicada com nós.

– Acho que a sua juba já diz tudo. – Ela parece não gostar que mencionem o cabelo, mas qual é! Ele está quase berrando “fale sobre mim”.

– E você?

– Eu trabalho meio período em um café, vou acabar o ensino médio e vou começar a faculdade ano que vem também.

– Jack?

– Eu não trabalho, mas estou fazendo faculdade, sou atacante no time de futebol e tenho namorada, só para você saber. – Ninguém espera que eu esteja solteiro, mas melhor não alimentar esperanças.

– Bem, seria engraçado eu namorar alguém menor que eu, não que você seja pequeno, só não está na altura ideal. – Devo admitir, ela pelo menos sabe usar as palavras.

– Já vi que vão se dar super bem. – Hiccup disse dando uma risada baixa, e nós três começamos a rir, não sei o porquê, mas não conseguíamos parar, acho que temos problema.

Nossa primeira parada, Shopping Center, quando a cidade é pequena e a faculdade enorme, o Shopping Center costuma ser o lazer de todos os estudantes, logo, ele é gigante, pelo menos é assim aqui, todo tipo de loja para todo tipo de desejo, mas parecia não se encaixar a uma Dunbroch.

– Não tem nenhum lugar mais emocionante? – Ela disse enquanto passávamos por várias lojas de sapatos e roupas.

– A gente leva uma mulher ao shopping e ela quer mais emoção que isso?

– Você é tão machista! Não tem algum lugar que eu possa andar de skate ou sei la, me divertir.

Eu e Hiccup trocamos olhares e ele entendeu tudo, melhores amigos tem um sexto sentido para essas coisas.

– Essa é sua área, Hiccup.

– A gente pode ir na Wreck-it, ver se vai rolar algo, o Ralph deve saber. – Isso mesmo, vamos levar nossa companheira de quarto para assistir uma corrida ilegal de motos, devo admitir, isso é melhor que ir ao shopping.

Preciso dizer que a Wreck-it é a loja onde eu sou mais odiado, o Ralph mãos GG acha que eu sou má influência para a Vanellope, garoto pegador, pai super protetor, combinação horrível.

Entramos no carro e ficamos batendo papo, a conversa fluía bem, não esperava conversar assim com uma garota que acabei de conhecer, mas qual é, para mim ela é meia garota.

Chegamos a Wreck-it e Ralph me olhou nos olhos, dizem que um olhar fala muita coisa e esse dizia que se eu chegasse perto da filha dele, ele ia me quebrar todo.

– Eai, Ralph. – Disse levantando a mão a qual ficou sem receber nenhum contato, deixar alguém no vácuo não é legal.

– Jack. Estou de olho em você. – Não precisava do aviso, mas isso deixou as coisas bem claras.

Deixei Hiccup levar Merida para conhecer a loja de motos junto com o Ralph e ela realmente parecia se divertir mais ali, fiquei sentado na cadeira que tinha em uma parte mais isolada, mas ainda conseguia vê-los e ouvi-los, não queria encontrar Vanellope, gosto do meu rosto como ele é, bonito.

Não demorou muito até a Van encontrar os três.

– Meu nome é Vanellope futura corredora de fórmula um e você é?

– Eu sou Merida, você deve ter a idade dos meus irmãos, eles são trigêmeos, uns pestinhas. – Ralph odeia garotos, principalmente se eles forem trigêmeos de olhos azuis e ruivos, uma ameaça potencial para Vanellope.

– Ela adoraria conhecer seus irmãos, mas acho que não rola.

– Ela é uma gracinha.

– Vocês são um casal? – Adoro essa garota, ela vai crescer causando discórdia, mas Hiccup e Merida? É como ver um gigante junto de um anão perna de pau.

– Não, nós não somos um casal, ela é uma graça. – Se era possível uma cor mais vermelha que o cabelo da Merida, ela o tinha no rosto.

Os dois saíram da loja ainda constrangidos, serem consagrados namorados por uma criança abala qualquer um e eu não podia perder essa chance.

– Não sabia que vocês eram um casal agora.

– Não enche Jack. – Uma outra coisa legal do Hiccup é que ele fica vermelho fácil. – Daqui a uma hora vai rolar uma corrida.

– O lugar de sempre?

– O lugar de sempre.

Esse papo de “lugar de sempre” é simplesmente o melhor lugar para se assistir à corrida, ver a corrida através das câmeras não dá tanta emoção, têm um lugar que o Hiccup achou que você consegue ver as melhores partes da corrida, é em um morro, dá para ver a linha de chegada e boa parte do percurso.

Fomos dirigindo mantendo segredo para onde iriamos, não queríamos estragar a surpresa, não gosto do silencio, então comecei a puxar assunto, mas desta vez foi com o Hiccup, não conhecia Merida tão bem, não queria que isso soasse como um interrogatório.

– Hiccup, você não precisa comprar uma roupa para sua festa de formatura? – Depois das provas iria ter o baile de formatura, os bailes são famosos em Berk, é uma questão social como o Flynn diz.

– Eu vou comprar a roupa mais barata que eu achar, mesmo se ela for a mais feia, não é como se eu tivesse um par. – Isso pareceu chamar a atenção da Merida.

– Você não tem um par? – Ela disse como se isso fosse a pior coisa do mundo.

– Não, eu não tenho um par, não é como somente eu estivesse sem par. – Ele falou dando nos ombros.

Nós não comemos nada no shopping, então nós iriamos comer em algum lugar, tínhamos tempo, nós ficamos divido entre o McDonalds e o Burger King, mas foi dois a um para o rei, nós passamos em um Drive-thru do Burger King e pedimos um Whooper com batata frita e refrigerante para cada, menos Merida, ela pediu dois Whoopers, para uma modelo, ela come bastante.

Nós chegamos ao “lugar de sempre” e estacionamos longe da rua, cada um segurando o seu lanche e nos sentamos em cima do carro.

– Então, o que vocês querem me mostrar?

– Melhor você não piscar, vai ser rápido. – O barulho do ronco do motor estava longe, mas podia ouvir o barulho aumentando e um vento passou por nossas costas quase nos empurrando, deixando o som da moto, seguido de outro motor e o mesmo vento.

– O que foi isso?

– Corrida de motos. – Hiccup disse dando uma mordida em seu hambúrguer.

Essa corrida era um percurso diferente do que o Hiccup corre, são cinco voltas e quem acabar primeiro vence, o percurso é diferente, mas a emoção é igual. Para a nossa surpresa, Merida parecia ter gostado mais de assistir as corridas do que o shopping, mas cai entre nós, quem não gostaria?

A corrida deixou ela mais animada, o primeiro lanche dela já tinha sido devorado enquanto a gente ainda estava na metade do nosso. Ela começou a conversar comigo e com o Hiccup sem tirar os olhos da corrida e devorando seu segundo lanche.

– Sobre o terno, você precisa comprar um bonito, a garota que você vai dançar merece isso.

– Não adianta, ele não tem bom gosto. – Era verdade, mas Hiccup não aceitava isso.

– Vocês não se cansam desse assunto?

– Eu te ajudo com seu terno se você me levar de novo a Wreck-it, Ralph falou que o Felix vai conserta o meu skate, eu quero assistir uma próxima corrida também, viu?

– Você não tem algo melhor para fazer do que me ajudar com meu terno?

– A faculdade só começa ano que vem, acho que tenho bastante tempo livre.

– Já vou dizendo que não sou motorista de ninguém aqui.

– Eu tenho carteira, Jack, só preciso do carro.

– Ninguém toca no carro.

Nós conversamos sem tirar os olhos da corrida até ela acabar, o sol tingia tudo de vermelho, sinalizando o começo da noite, nossas barrigas estavam cheias de fast food. Eu me levantei do carro e olhei para Merida, seus cabelos pareciam chamas, estavam lindos como o sol, seus olhos eram uma mescla de azul com vermelho, por um momento meu coração parecia ter parado. Em pensar que algumas horas atrás ela era uma peruca.