Road

Hiccup - Eu dancei com um fantasma


Eu dancei com um fantasma.

Existe somente dois destinos para o dia de hoje, o primeiro seria que eu encontrasse alguém no baile, dançasse com ela e tivesse uma noite boa, o segundo destino seria o dia da minha execução pública, lado bom? Pelo menos eu estaria vestindo um terno. Estava usando o terno que Merida me ajudou a escolher e tentei fazer o melhor nó possível na minha gravata, sou péssimo nestas coisas.

Merida estava no sofá da sala, que era minha cama, assistindo televisão. Era outro filme de romance. Ela não parecia muito feliz assistindo o filme, então decidi pedir a opinião dela.

– Então, como eu estou? – perguntei gesticulando tudo isso.

Ela diminui o som da televisão e se virou para mim, a expressão do rosto dela não mudou nem um pouco, um tédio total.

– A gravata não combina. – Eu já sabia.

– Eu esperava mais um comentário como “Uau, você está um gato”

– Não espere ouvir isso sair da minha boca.

– Ok, eu preciso de um conselho, um que pelo menos seja melhor que “mostre os seus dentes para ela, eles são tão brancos” ou então “é só não agir como você” – Não estou reclamando que os conselhos deles eram ruins, só não eram bons... ou uteis.

– E qual o problema com o segundo conselho? Foi mal, só estava brincando.

– Não vou mentir, eu estou totalmente nervoso – Eu estava suando frio, Jack conseguiu colocar uma pressão enorme em mim com o papo do baile ser a coisa mais importante da minha vida e isso funcionou, ele me deixou paranoico – Preciso de sua ajuda, você é uma garota, certo?

– Da última vez que eu chequei, eu era uma garota.

– Como eu exatamente chego em uma garota? – Merida não era exatamente a pessoa certa para essa pergunta, os garotos viam até ela o contrário não ocorria, mas ela via vários filmes de romance, então ela poderia me ajudar. Jack tinha experiência, mas não queria me transformar em um Jack, Ralph nunca mais iria me deixar pôr os pés na Wreck-it se eu fizer isso.

– Ok, você está seriamente me fazendo considerar a hipótese de bater em um cara que tem uma perna de madeira.

– Por que você está tão irritada? E minha perna não é de madeira, ela é de metal. – uma coisa que eu preciso entender sobre o sarcasmo é que isso pode deixar as pessoas irritadas e agora eu tinha uma Merida irritada.

Ela se levantou do sofá e foi em direção a meu pescoço, não exatamente para me estrangular como eu achava que ela iria fazer, mas ela ajeitou minha gravata.

– Quer um conselho? Tenha atitude, ninguém gosta de alguém sem atitude. – Ela falou dando uns tapinhas no meu peito.

– Igual esse cara? – Apontei para a TV, a cena era simples, o cara pegou a garota pela cintura, puxou a para seu corpo e a beijou, uma típica cena de romance.

– Não, esse é o vilão, qual o seu problema, você quer agir como um canalha?

Não sou muito familiarizado com filmes de romance, mas aquela não me pareceu uma cena em que o cara se enquadra como “vilão”. Mas não queria discutir minha falta de senso nesses tipos de filme, me foquei no conselho da Merida e o repeti para mim mesmo.

– Ter atitude, ok, ter atitude.

A escola era cinco minutos a pé do apartamento, uma longa jornada de cinco minutos onde eu repetia os conselhos que meus amigos me deram, não eram exatamente detalhados, um deles é útil, os outros? Nem tanto. Entrei na festa e a primeira coisa que fiz foi procurar por meu amigo, Fishleg. E eu o encontrei, ele parecia estar tendo um ataque de pânico, dava para ver o suor escorrer pelo seu rosto e os movimentos inquietos que ele fazia com o corpo.

– Como eu estou? – ele perguntou ofegante. – Será que ela vai saber que sou eu?

– Ninguém vai reconhecer você, quantos caras loiros de mais de dois metros nós temos aqui? – A festa era um mescla de baile de formatura só que no anonimato, nós tínhamos que usar essas máscaras ridículas. Para algumas pessoas as máscaras eram perfeitas, mas para outros elas eram totalmente inúteis.

– E quantos caras com uma perna nós temos? – Como eu falei, inúteis.

– É mais fácil a gente andar com uma placa escrita com nosso nome do que usar essas máscaras.

Ele não me respondeu, um grupo de garotas entraram no salão, eram dez garotas no total e pelos olhos do Fishleg, uma delas era o par dele, todas estavam bonitas, vestidos lindos, maquiagem, cabelos lindos e com as máscaras.

– Ai meu Deus, é ela! – Seja lá qual delas for, estava deixando Fishleg maluco e eu também.

Não conseguia suportar aquilo, Fishleg se movia tanto que estava me deixando preocupado, pelo menos ele tinha um par, eu tinha que achar um par, querendo ou não ele estava muitos passos a minha frente.

– Fishleg se acalma! – Ele tentou se acalmar fazendo respirações rápidas e curtas e isso não parecia estar ajudando. – Você pode parar de fazer mistério sobre o seu par? Somos melhores amigos. – Ele não me contou sobre o seu par, nem me deu uma única dica de quem era, eu estava começando a achar que ele tinha inventado tudo, isso antes dele falar que uma daquelas dez garotas era o seu par.

– Jura que você não ficar nervoso ou gritar? – Ele perguntou tentando recobrar o ar. –Eu estou saindo com a Ruffnut.

– Não é o irmão dela que está preso por vender drogas? – O que posso dizer? Os assuntos se espalham rápido por Berk.

– Liberaram ele semana passada, falta de provas. Têm mais uma coisa que eu quero que você saiba, eu vou pedir ela em namoro hoje.

– Sério?

– Nós estamos meio que ficando já faz três meses. – Isso foi um choque, eu e Fishleg somos melhores amigos, não acredito que ele escondeu isso de mim por três meses. – Me deseje sorte.

Fishleg pegou um pouco do Ponche que tinha na mesa e foi em direção a Ruffnut.

– Boa sorte. – Um lado de mim estava feliz por ele o outro estava meio bolado por ele não ter me contado que estava saindo com ela a três meses.

Enquanto ele caminhava para o encontro com Ruffnut ele parou, talvez o ataque de pânico tivesse voltado e ele precisava respirar como um cachorrinho de novo, mas eu estava enganado, ele virou para mim e se aproximou um pouco para que eu conseguisse ouvir sua voz.

– Hiccup, boa sorte para você também.

– Valeu.

Esperei uma hora para ver quem estava disponível e quem não estava. Eu tentei a sorte com três garotas, não tive sucesso, fui em direção a mesa de comida para pegar algo e bolar um novo plano de ataque. Mas parecia que alguém queria tirar sarro de mim.

– Acho que você foi rejeitado por metade das garotas. – Me virei para ver com quem estava falando comigo, mas acho que nunca a tinha visto na escola, ela era loira, magra, e vestia um vestido branco, seus cabelos estavam amarrados por uma trança, não conseguia enxergar seus olhos por causa da máscara, mas eles pareciam tem um tom de cinza e de azul dependendo do ângulo que você os olhava.

– Eu só tentei três garotas até agora. – Me defendi.

– Eu estava me referindo as garotas que não tem um par. – Meus olhos se arregalaram com a informação.

– Você quer dizer que só tem mais três garotas que podem dançar comigo?

– Na verdade duas, você tentou mais da metade. – a loira deu uma risada abafada e depois um gole na bebida. – Talvez você tenha tentado a metade errada.

Ela estendeu a mão para mim. Isso não podia ser real, ela estava me chamando para dançar. Uma coisa que faltava na descrição dela é que ela era linda e gosta de fazer caridade.

– Eu não danço muito bem.

– Eu posso ariscar e você? – Sua mão ainda estava estendida como um convite, esperando para eu aceitar. Eu segui os conselhos que eu recebi, dei um sorriso mostrando meus dentes brancos e depois tomei atitude. Uma coisa irônica era que Jack e Merida me deram o mesmo conselho, mas do jeito deles.

Fomos a pista de dança e todo mundo começou a dançar uma música lenta, não parecia que eu conseguiria estragar tudo, só não parecia.

Vocês ficariam surpresos como coisas inesperadas acontecem rapidamente, uma hora eu estava convidando uma garota e não tendo muito sucesso e na outra uma garota estava me convidando. Uma hora eu estava dançando e na outra a minha perna quebrou e eu fui parar no chão.

Se a minha perna não fosse uma prótese eu teria uma fratura composta e virado o pé em uma posição que seria fisicamente impossível, isso quebrou o clima de todo mundo que estava dançando, o som da minha perna quebrando foi alto e o da minha queda maior ainda, a prótese não estava a mostra, então era uma cena forte.

– Minha perna está quebrada.

– Precisamos levar você a um hospital. – ela falou segurando a minha mão com força, talvez tenha pensado que eu estava sentindo muita dor, pois minha mão estava prestes a quebrar.

– Ah, eu não quis dizer esse tipo de perna. – Ergui a barra da minha calça mostrando a prótese destruída, houve uns sussurros de alivio e alguns suspiros. Mas o que eu realmente queria era sair dali, meu rosto estava vermelho de vergonha, eu estraguei tudo com essa garota e agora eu tenho chance com mais uma, depois que eu deixei minha perna cair no meio do salão as chances se reduziram a zero se elas já não eram zero.

– Eu vou até o meu armário, eu acho que consigo consertar. – Me esforcei para me levantar e fui arrastando a minha perna para fora do salão.

– Eu te ajudo.

Nós fomos até meu armário onde eu peguei uma caixa de ferramentas, sorte que eu tinha esquecido de tirar as coisas do meu armário quando as aulas acabaram, ir arrastando a minha perna para casa seria um dia para ser lembrado.

Eu abri a caixa de ferramentas e tentava consertar a minha prótese com as coisas que tinha lá, mas eu não tinha ideia de como consertar, eu só tinha dito aquilo parar não estragar o clima na festa e ter um motivo para sair dali.

– Deixa que eu conserto, você não parece ser bom com essas coisas.

– Você sabe consertar uma prótese? E para sua informação eu sou muito bom em consertar coisas.

– Não tem outro lugar para fazermos isso? Eu não consigo enxergar direito. – Os corredores tinham pouca luminosidade para deixar o clima mais romântico, era o tema do baile, amor misterioso.

– Têm a piscina.

A piscina sempre ficava com as luzes ligadas e tinha bastante espaço, ninguém iria me encontrar e ficar me zuando por ter estragado a festa ou por ter perdido a perna no meio de uma dança.

– Veja por um lado bom, pelo menos não foi a perna boa. – a loira falou enquanto consertava a minha perna.

– Acho que eu sou a primeira pessoa que conseguiu quebrar a perna dançando uma música lenta.

– Músicas lentas, elas são as mais letais, você realmente deveria evita-las. – Ela deu uns tapinhas na prótese e ela parecia perfeita – Pronto, eu acho que dá para durar até amanhã.

– Obrigado e bem, foi mal, por estragar tudo.

– Você ainda tem algumas horas para se redimir comigo, eu vou pegar uma bebida para a gente.

Não sabia quem ela era, mas parecia tão irreal, ela me chamou para dançar quando eu não tinha mais chances, ela consertou a minha perna e o mais importante, ela está me dando uma segunda chance. Deve ter sido a perna.

– Hiccup.

A voz era de um homem, pensei que era de Fishleg, mas eu me enganei, como eu queria que eu não tivesse me enganado. Tinha três caras atrás de mim.

– Dennis. – Dennis é um troglodita, talvez seja a terceira vez fazendo o terceiro ano, mas o hobby dele em todos esses anos nunca muda, implicar com os nerds da escola, minhas notas não são ruins, mas também não são ótimas, mas a de Fishleg são excelentes e eu fui envolvido no hobby dele por tabela.

– Então você conseguiu um par? Quanto você pagou para ela? – Ele também é um idiota.

– Qual é, hoje é o dia do baile, você não pode simplesmente me deixar em paz? – Tentei apelar para o coração dele, afinal, ele é humano.

Mas você deve entender que a humanidade de alguns são menores que as de outros.

– Relaxa, a gente só veio aqui dar um presente de despedida. – seu sorriso não era de bondade, era um sorriso feliz, de diversão de pura maldade – Peguem ele.

– A qual é pessoal, vocês não fariam isso com alguém sem uma perna, fariam? – Eu olhei nos olhos dos caras que me pegaram e eu pude ver a bondade que eles tinham – É, vocês fariam, pelo menos deixa eu tirar a rou-

Meu corpo afundou na água, antes de ser arremessado eu vi “ela”, assistindo a cena com dois copos na mão, isso foi humilhante.

– O que vocês estão fazendo? – É nesta parte do filme em que o herói salva a donzela indefesa, mas a realidade não é essa. A donzela indefesa não era uma donzela e já tinha sido jogada em uma piscina e o herói usava saia.

– Vejam só o perneta tem uma namorada.

– Que tal vocês saírem antes que acabem parando no hospital? – ela jogou os dois copos no chão e começou a estalar os dedos da mão e do pescoço, ela me lembrava um pouco a Merida.

– Você está me ameaçando? – Dennis falou de forma intimidadora, ele se aproximou perto o suficiente para estar ao alcance dos braços dela e em uma fração de segundo o gigante estava caído.

Vocês já viram um nariz quebrado? Se vocês nunca viram eu posso dizer a vocês que ele solta muito sangue, muito mesmo.

– Você quebrou o meu nariz! – Dennis falou em pânico enquanto o sangue caia em sua camisa.

– Ainda tem mais dois para eu quebrar. – Os dois caras que me jogaram na piscina saíram correndo de lá quando ouviram isso, Dennis demorou um pouco mais para sair, mas seguiu os seus capangas.

Ela ajeitou a saia e massageou o punho que usou para fraturar o nariz do Dennis.

– Você não vai sair da piscina? – Minha heroína falou com um sorriso no rosto.

– A agua está ótima, acho que vou ficar mais um pouco. – Eu mergulhei um pouco para ver se a vergonha sumia e se eu conseguisse achar um rosto com um pouco mais de dignidade, Splash, alguém tinha entrado na água, eu fui até a superfície e recobrei o folego – O que você está fazendo?

– A agua realmente está ótima.

Sua saia não afundou na água, ela estava flutuando, parecia uma flor no meio da água, era até engraçado ver o rosto de constrangimento dela, que ela tinha um lado para se embaraçar.

Eu ajudei a afundar o vestido na água e comecei a ouvir um pronunciamento sobre a última dança do baile, minha noite tinha acabado no maior fiasco.

– Quer dançar? Acho que a nossa primeira tentativa não foi muito boa.

– Aqui? Na piscina?

Ela agarrou a minha mão e a levou a sua cintura, ela começou a me guiar e nós estávamos dançando, a piscina não era funda o suficiente para termos que nadar para não nos afogássemos, ela cobria quase metade do meu peito. Ficamos rindo e dançando com a situação.

Uma hora a loira parecia estar rindo sozinha e isso me deixou curioso.

– Do que você está rindo?

– Sua perna não me machuca tanto na água. – Isso realmente me deixou envergonhado, não bastava perder a perna no meio de uma dança eu ainda tive que dançar ruim, meu rosto queimava e eu queria me enterrar em algum lugar para que ninguém me achasse.

– Eu estava pisando no seu pé?

– Estava mais para massacre. – Ela falou dando uma risada tímida. E esse foi o golpe final.

– Mas a gente dançou uns trinta segundos. – Protestei.

– E foi o massacre mais rápido que eu já vi, meus pés estavam nocauteados no primeiro round.

Ela era incrível e engraçada também.

– Você é incrível. Quantas coisas eu preciso fazer para saldar a minha dívida? Você consertou minha perna, me chamou para dançar, duas vezes e bateu no cara que me jogou na piscina.

– Não sei, mas os juros são altos. – Ela colocou seus braços envolta do meu pescoço e me encarou com aqueles lindos olhos azuis.

– Eu acho que consigo pagar. – Tirei dela o mais lindo sorriso. Agarrei a cintura dela com as duas mãos e aproximei dela a medida que música começou mudar, era uma música lenta e romântica, o clima parecia perfeito.

– E como você pretende pagar? – Ela foi se aproximando de mim. – Já vou dizendo que não dou descontos para os garotos fofos.

E eu fui me aproximando dela.

Nossos rostos cada vez mais próximos, a respiração começando a se tornar ofegante, nossos narizes eram a única coisa que nos impedia de nos beijarmos. Eu a trouxe mais perto do meu corpo a envolvendo em meus braços. Inclinei meu rosto para que nossos narizes não se tocassem e fiquei olhando nos olhos dela, os olhos mais encantadores que eu já vi. Senti suas mãos fazendo uma leve caricia em minhas costas e em meus cabelos, meus lábios se aproximaram até o seu encontro.

O beijo foi doce e meio atrapalhado, sentia o gosto de tutifruti do ponche em sua boca, passava minha mão pelas costas de forma gentil e conseguia sentir o seu coração batendo, fui explorando cada vez mais a sua boca enquanto ela me dava permissão para entrar, suas mãos passavam timidamente pelos meus cabelos e em um instante nossas bocas se soltaram, nós voltamos a nos olhar, a respiração ofegante e nossos corações batendo descontroladamente.

– E como está a minha dívida agora?

– Acho que ainda falta mais um pouco.

Nossos lábios se selaram em um novo beijo, sua língua acariciava meu lábio inferior pedindo passagem, não tinha mais o nervosismo e nem a insegurança do primeiro, meu corpo já não me obedecia mais, não conseguia mais resistir a ela, fui dando passagem e o calor de sua língua invadia a minha boca. O desejo tomou conta de mim, meu corpo se colou ao dela como eu nunca tinha me colado em alguém, sua mão agarrou em meus cabelos e arranhou as minhas costas em resposta. Eu segurava sua nuca com força, impedindo que aqueles lábios macios se soltassem dos meus enquanto a outra mão percorria pela suas costas em um movimento de vai e vem. Eu estava quase entregue aquele beijo quente e úmido, mas minha língua parecia ter vontade própria, foi invadindo os lábios de forma intensa e penetrante, a loira já não tinha forças para impedir minha língua e as horas que eu passei beijando a Mavis foram essenciais. Seu corpo tremia com meu toque, suas mãos agarravam meus cabelos com mais intensidade e suas unhas afundavam em minha carne parecendo que iria me rasgar. E isso me deixou excitado, tirei a mão daquelas costas e comecei a percorrer as pernas e a bunda, explorando-as, suas mãos perdiam a força com os avanços que eu fazia com minha língua e seu corpo tremia ao meu toque e em um movimento conjunto de ambos, ela se agarrou firmemente a mim, suas pernas fecharam em minha cintura, suas mãos agarravam as minhas costas e sua língua ficou estática, seu corpo tremia involuntariamente enquanto nosso beijo chegava ao ápice e ela parecia implorar por ar. Afrouxei a minha mão de sua nuca e depois de um tempo ela começou a me largar, separamos os lábios e começamos a respirar de forma ofegante. O que pareceu durar uma eternidade tinha durado cinco minutos, até o termino daquela música.

– Acho que eu quitei até os juros agora.

– Não tenha dúvidas.

Quando eu sai da piscina eu parecia estar pesando trinta quilos a mais, meu terno tinha absorvido mais agua que meu corpo conseguia aguentar. Mas não queria ser pego por estar nadando na piscina do colégio, tentei tirar a maior quantidade de agua possível e quando eu consegui tirar o suficiente a loira estava me esperando na saída. Nós saímos de lá fazendo um rastro atrás de nós, totalmente inrastreaveis.

Eu estava acompanhando ela até a casa e me pareceu o momento perfeito para saber o nome dela.

– Qual o seu nome?

– É segredo, a máscara serve para alguma coisa. – Ela disse dando uns tapinhas na máscara.

– Você não espera que eu te chame de loira ou de você, né? – Era inútil, ela não iria me dizer seu nome.

Mas eu podia ser persistente.

– Eu não sei nada sobre você. – Ela me encarou com um rosto que podia dizer “Sério?!” – Ok, você sabe consertar pernas, quebrar valentões, dançar. Tem algo que você não consegue fazer?

– Viver. – Sua voz saiu triste. Foi a primeira vez que eu a vi com uma cara triste.

– Viver? – perguntei confuso.

– É uma coisa interna. Aqui é o máximo que a gente chega, foi uma noite legal, não tinha imaginado ela deste jeito, – Ela torceu a saia do vestido e a água saiu como se nós acabássemos de pular na piscina. – mas foi divertido.

– Eu não esperava que minha perna caísse no meio da pista de dança. E que eu dançasse com uma garota incrível. Mas eu ainda não sei quase nada sobre você.

– Você sabe que eu não sei beijar.

– Eu posso te ensinar. – Dei um sorriso meio tímido, eu não esperava uma resposta positiva, mas acabei recebendo.

E nós nos beijamos mais uma vez, um beijo calmo, lento e rápido. Devo admitir que beijar quando você está sóbrio é muito melhor do que quando você está bêbado. Nossas respirações estavam normais, mas meu coração queria sair pela boca.

– Astrid, meu nome é Astrid.

– Sou Hiccup. – Eu falei sem conseguir conter a felicidade – Nós iremos no ver de novo?

– Mais rápido que você imagina.

A primeira coisa que eu fiz foi ver se meu celular não tinha sido danificado pela água, enviei uma mensagem para Fishleg sobre Astrid e como ela quebrou o nariz do Dennis e também como eu precisava encontra-la de novo. Voltei para o apartamento com um sorriso gigante. Minha noite foi perfeita.

A noite sim, mas a manhã não.

Estava dormindo no sofá do meu apartamento quando uma ligação do celular me acordou, era o Fishleg, eu mal atendi o celular e ele nem esperou eu dizer “Oi”.

– Hiccup, nós temos um problema. Dennis não se lembra de ter visto alguém com você, ele não se lembra de ter quebrado o nariz, ele estava bêbado. E tem mais uma coisa. Não tem nenhuma Astrid na nossa escola.

– Oi para você também. Como assim, não tem nenhuma Astrid na nossa escola? Têm que ter, eu não dancei com um fantasma.

– Não tem nenhuma Astrid no primeiro, segundo e no terceiro ano. Na verdade, o problema não acabou aqui. Ninguém viu você com alguém. Eu preciso desligar, eu estou namorando a Ruffnut é nosso primeiro encontro!

Tu tu tu, A linha ficou muda.

– Eai, como foi ontem? – Jack foi em direção a geladeira e eu estava meio perdido no sofá com essa bomba que Fishleg me mandou.

– Eu acho que eu dancei com um fantasma.

– Ela era bonita?

– Linda.

– Então não vejo problema algum. – ele falou enchendo o copo de leite.