Kagura não podia reclamar de sua vida. Ela tinha um emprego que gostava, morava com seu pai adotivo, seu bichinho de estimação gigante e praticamente com seu “irmão mais velho” quatro olhos. Recebia constantes cartas de seu pai caçador de aliens e super protetor. Tinha vários amigos. Mas o que ela estava vendo naquele instante destruiria qualquer aura de bom humor em volta da garota. Tudo tinha começado há alguns minutos atrás....

*Flashback mode on

“Ah como sukonbu é maravilhoso” Kagura cantarolava enquanto se dirigia ao parque para realizar uma de suas atividades favoritas: Uma boa briga com o capitão da primeira divisão do Shinsengumi, Okita Sougo. Ela provavelmente o encontraria no parque da cidade, vadiando alguma patrulha como de costume. Brigar a tarde inteira era uma rotina que os dois tinham construído sem nem perceber, mas naquela hora a garota ruiva pensou que aquilo tivesse mudado.

Sougo realmente estava lá, mas acompanhado por uma jovem de cabelos azuis e uniforme branco, que o atacava com duas espadas. “Nobume.” Kagura tinha a impressão de já conhecer ela, era a garota que tomava conta de Soyo-chan há algum tempo atrás. “Porque ela está com o sádico? E porque isso me incomoda tanto?”

*Flashback mode off

Agora Kagura estava ali, observando de longe a briga dos dois. Era realmente muito diferente, parecia muito mais sério do que suas comuns vadiagens com Sougo. Por algum motivo o coração da Yato doía, era como se aquela imagem a quebrasse ao meio. Antes que seu cérebro pensasse em alguma coisa, seus pés saíram em disparada dali, em direção a algum lugar longe.

Sougo’s POV

Eu estava apenas tirando um cochilo no parque, esperando a chegada daquela peste do Yorozuya, quando meus instintos me avisaram de perigo, apenas um segundo antes de um ataque de Nobume.

“O que você quer?” Perguntei entediado, ainda meio sonolento.

“Só estava entediada e decidi vir te matar hoje.” ela falou do seu jeito frio de sempre. Que saco, eu não tinha a mínima vontade de lutar com aquela garota. Quando nos conhecemos foi até interessante descobrir que havia alguém no mundo com um nível de sadismo tão alto quanto o meu, mas agora quando nós lutávamos eu me sentia lutando com um espelho. Aquilo não tinha a mínima graça, mas para evitar que aquela louca por donuts cortasse minha cabeça fui obrigado a sacar a espada. Só estava tentando achar um jeito de acabar com tudo o mais rápido possível, quando vi aquilo.

“Aquilo” Era a pessoa que eu estava esperando nos observando de longe, ótimo ela com certeza vai interromper essa chatice. Mas por algum raio de motivo confuso, a china girl fez uma cara triste e saiu correndo. O que tinha dado nela? Melhor ainda, porque eu me importava? De qualquer jeito, alguma coisa dentro de mim dizia que eu tinha de ir atrás dela. Guardei minha espada na bainha e me afastei, mas fui obrigado a me esquivar de um dos ataques de Nobume.

“Aonde pensa que vai Okita Sougo? Tentando fugir?”

“Isso não é do seu interesse.”

“Suponho que tenha algo a ver com aquela amiga da Soyo Hime-sama que acabou de passar por aqui. Não sabia que eram tão amigos.”

“Porque essa curiosidade repentina pela minha vida?”

“Não leve para o lado pessoal, apenas gostaria de entender o motivo de você arriscar ser cortado ao meio pelas costas só para ir atrás daquela garota.”

“Como eu já disse, não é da sua conta. Mas tente me impedir e será a única a ser cortada aqui.” falei e sai correndo o mais rápido possível. Porque diabos estava fazendo aquilo? Não era como se eu tivesse algum sentimento por aquela pirralha, mas eu tinha uma necessidade incompreensível de encontrá-la, sem nenhuma lógica ou motivo, apenas precisava. Mas isso ia ser difícil apenas correndo como um maluco por ai.

Kagura’s POV

Acabei chegando no prédio abandonado onde tinha ficado quando fui sequestrada junto com Kirie... E com ele. Eu definitivamente estava furiosa e frustrada. Como uma tarde comum tinha se tornado essa merda complicada? Comecei a chutar várias coisas e destruí-las só para aliviar minha tensão, mas aquilo somente não era suficiente.

“MORRA, MORRA, EU TE ODEIO! TOMARA QUE QUEIME NO INFERNO! BEBA ÁCIDO E DERRETA POR DENTRO! SEJA LANCHINHO DE SADAHARU! ENGULA UM JUSTAWAY!” Comecei a gritar em plenos pulmões, dificilmente alguém escutaria aquilo. Eu não sabia exatamente quem estava xingando, tecnicamente ninguém havia me feito mal.

“Só fique... Longe de mim...” Minha voz falhou, mas continuava alta, apesar das lagrimas que insistiam em cair. Dei um murro numa pilastra quebrada e a esfarelei, alguma parte do meu ser desejando que aquilo fosse à cabeça de alguém.

“Vá embora, vá embora.” Quem diabos era essa pessoa que me atormentava tanto? Droga, se Gin-chan e Megane me vissem assim iam me internar num hospício.

“Eu não posso ir antes de te prender por depredação de patrimônio publico.” Uma voz entediada surgiu do nada, me pegando de surpresa. Uh-oh. Ele não. Tentei enxugar as lagrimas, mas já era tarde demais. E aqui estava eu, pagando de fraca na frente desse idiota mais uma vez. E agora com certeza iria ser pior, o que esse sádico bastardo vai fazer me vendo chorando e fazendo um escândalo? Provavelmente tirar uma foto e me zoar para sempre. Hoje definitivamente não é meu dia de sorte, agora era eu que desejava encontrar uma maquina do tempo.