Rio

Escola e Túlio!


A infância de Blu foi normal, criado como um garoto normal. Acordava a mãe adotiva todo dia, feliz e satisfeito com a vida.

Linda, para manter os dois, abriu uma livraria, que fez muito sucesso para os leitores da cidade.

Quando cresceu, principalmente na escola, o garoto se sentia deslocado, como se ali não fosse o seu lugar.

Anos se passaram e Blu iria completar dezoito anos, ou seja, iria se formar na escola. Ele não era de muitos amigos, na realidade, não tinha nenhum.

Certo dia de manhã, o garoto acordou e foi despertar Linda, sua “mãe”:

—Linda, acorda! - Ele não a chamava de mãe, mas ela nunca se preocupou com isso.- É hora de levantar!

—Bom dia, Blu!

A manhã dos dois era sempre igual, tomavam um café com torradas, escovavam os dentes, linda tentava dar vitaminas a Blu sempre sendo vitoriosa e por fim abriam a livraria. Nesta manhã, a mulher falava no telefone:

—Eu adoraria ir, mãe, mas quem vai ficar com o Blu? E ainda mais eu tenho a livraria, não vai dar, desculpa. Tenho que ir, tchau. - Ela interrompe a ligação. Blu, seu lanche para escola tá pronto! - Gritou chamando o garoto que terminava de se arrumar no andar de cima.

—Já tô indo!

Quando o garoto ia descer as escadas, olhou para baixo e gritou:

—Eu não consigo descer, Linda.

—Você consegue, não deixa seu medo de altura te vencer.

—Não dá!

—Vou te ajudar, vem!

Ela tapa os olhos do garoto com as mãos e o ajuda a descer:

—Viu? Você conseguiu!

—Odeio ter medo de altura!

Desde pequeno, ele tinha este medo, nunca conseguiu vencê-lo, não sabia o motivo de tê-lo:

—Fiz seu lanche do jeito que você gosta, queijo e presunto e como estamos no inverno chocolate quente com marshmallow, está na garrafa térmica.

—Valeu, Linda.

—De nada.

—Você me leva?

—Hoje não dá! Vai de ônibus.

—Aaa, sério mesmo?

—Vai logo, se não você se atrasa.

O garoto ficou na frente da livraria, esperando o ônibus passar, demorou cerca de quinze minutos, subiu e o motorista o cumprimentou:

—Bom dia, Ganderson.

—Eai, Luke?

—Tá de mal humor hoje?

—Só não tava a fim de ir pra escola.

— É seu último ano, garoto, aproveita porque depois você vai sentir falta.

—Nunca!

Ele foi para o fundo do ônibus e sentou no assento sozinho, para seu azar, os gêmeos estavam sentados na frente, quem eram eles? Jack e Jenna, os que mais zoavam ele na escola:

—Olha, Jenna, é o Ganderson.

-É mesmo, ou seria melhor, Blu? Não precisa fazer jus ao seu nome pintando o cabelo de azul. - Diz a morena bagunçando o cabelo do jovem.

—Me deixem em paz! - Ele coloca a touca do seu moletom.

—Acha que vai ser fácil assim?

—Só quero que me esqueçam! Não vejo a hora de sair desse inferno de vida que chamo de escola. - Proferiu o garoto se encolhendo no banco.

—Fale o que quiser, vai sentir nossa falta! - Fala a garota, tirando a toca da cabeça dele. - Ganderson, aproveite nossas zoeiras, no futuro, eu sei que você lembrará disso e dará muita risada.

—Só na sua mente, Jenna.

—Ouve minha irmã, Blu, aproveita isso enquanto pode.- Diz Jack bagunçando os cabelos azuis tingidos de Blu. -Eu odeio vocês, Jenna e Jack! -Nós também, Ganderson, nós também!

A vida do garoto vivia sendo atormentada pelos dois, Blu rezava para sair da escola e nunca mais encontrar aqueles dois na vida. Era tudo o que mais desejava.

A escola era um inferno na terra, Blu não se dava com ninguém, com muito esforço tirava sete ou oito nas provas, geralmente suas notas eram essas, Linda nunca pegava no pé do garoto por conta da escola.

Os professores também não eram muito fãs do garoto, estranhavam o seu jeito de ser, o jeito de se vestir e seu cabelo azul, resumindo, Blu não se encaixava ali, sabia que aquele não era seu lugar.

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Enquanto Blu estava na escola, Linda estava na livraria, arrumando as prateleiras, quando um homem um tanto diferente entrou na loja, falando a língua natal do país, mas com certa dificuldade:

(PS: Já está traduzido do inglês)

—Olá, você tem algum livro sobre animais?

—Olá e sim, eu tenho, sobre que tipo de animais?

—Aves.

—Certo, temos muitos naquela prateleira, procuro sobre alguma ave em especial?

—Araras!

—Araras? Bem eu nunca ouvi falar, mas com certeza em algum dos livros deve ter algo sobre isso.

—É uma ave do Brasil, meu país natal, vim passar as férias aqui nos Estados Unidos e amo ler sobre aves, um dia quer trabalhar com elas.

—E sou a Linda. – Fala a morena aceitando o aperto de mão. – No que você trabalha?

—Eu trabalho em um orfanato, mas estou estudando para cursar biologia ou veterinária.

—Legal, mas você está de férias, não deveria estar estudando, esse é um momento de descanso.

—Eu sei, mas a ida a biblioteca não é tão inútil as vezes, mesmo que você esteja de férias, você acaba encontrando garotas lindas nelas, eu sou o Túlio.

—E eu a Linda.

—Linda, você aceitaria tomar café comigo?

—Por que não? Mas pode ser aqui? Eu mesma faço.

—Se não for incomodo.

Cerca de dez minutos depois a morena volta com dois cappuccinos na mão:

—Tomara que goste de cappuccino.

—Eu amo, quantos anos você tem, Linda?

—Trinta e Seis, e você?

—Trinta e Oito.

—E em que lugar do Brasil você vive?

—Rio de Janeiro.

—Legal...

—Você não sabe o que é Rio de Janeiro, né?

—Não.- Eles caíram na risada.

Eles ficaram conversando por meia hora:

—Então quer dizer que o Blu tem dezoito?

—Sim, esse ano ele se forma, mas ele ainda não sabe o que quer da vida.

—Que pena.

—Só sei que piloto de avião ele não vai ser, com esse medo de altura que ele tem.

—Você é casada? Ou divorciada?

—Nenhum dos dois, eu adotei o Blu com dezoito anos.

—Meio jovem não?

—Eu encontrei ele na minha porta, foi o melhor que pude fazer...

—Eu sei. Tem uma menina lá no orfanato, ela chegou lá aos dois aninhos de idade, o nome dela é Jade, parece que ela combina com o Blu. Os dois podiam se encontrar qualquer dia.

—Se você conseguir trazer ela pra cá...

—Não, você tem que ir pro Brasil, o Blu vai amar lá, ainda mais na época que estamos!

—Eu e o Blu? Brasil?

—Sim, eu posso pagar a viagem, porque ganho muito no orfanato.

—Túlio, dinheiro não é problema, mas, eu não sei, eu tenho a biblioteca, o Blu tem a escola e não dá pra sair daqui do nada!

—Vai, Linda, conversa com ele, não é verdade que ele não se dá tão bem com as pessoas da escola, então....

—Quem é ele, Linda? E por que estão falando de mim? – Eles nem tinham notado, mas Blu acabara de entrar na biblioteca.